30.6.06

Obras de fachada

Como é possível esperar-se demonstrações de respeito por indivíduos que supostamente são altas figuras do Estado quando estas se cobrem de ridículo durante as suas funções e são substituídas num ápice, sem que a sua falta seja realmente notada? Neste plano, realço o absurdo da questão. O mais grave é que cada vez que um ministro cai e é substituído, o mesmo acontece com os seus secretários de Estado. Todos estes senhores têm privilégios que vão perder ao sair de um Governo, mas enquanto cidadãos não nos devemos preocupar com estes recém desempregados.
Dentro de alguns dias assistiremos [sem grande pompa, é certo] à nomeação do ex-Ministro dos Negócios Estrangeiros para o conselho de administração de uma grande empresa privada cuja área de actuação ele desconhece, mas mesmo assim irá ter um ordenado bastante superior ao que auferia no seu anterior cargo. Ou então ser-lhe reatribuída a regência de uma cadeira que ele nunca perdeu numa universidade, tenho a certeza quase absoluta. Qual é, afinal, o respeito que devemos a semelhantes figuras? O protocolo de Estado faz algum sentido?

Homer phrase

Reverend Lovejoy: Homer, how would you like to be a missionary in Microasia?

Homer: Microasia? That doesn't sound good.

Hey wait! I don't wanna be a missionary, I don't even believe in Jebus! Let me down!

Pilot: Sorry pal.

Homer: Oh, save me Jebus!

29.6.06

Redução ao zero

Não existe felicidade e não existe tristeza. É tão simples quanto isto. Da mesma forma que tudo o que conhecemos como positivo e negativo não são mais do que projecções das nossas próprias escalas de valores, que terminam no momento exacto onde começam as do indivíduo seguinte. Ou seja, tudo o que a Humanidade convencionou e determinou que seria “bom”, “mau”, “positivo” e “negativo”, incluindo obviamente centenas de outros conceitos, não têm qualquer validade universal e a sua definição reduz-se à metafísica e ao princípio da palavra, estando a sua aplicação inteiramente à disposição do indivíduo que a utiliza.
Partindo desta premissa, posso assim avançar com o seguinte: estes conceitos de alcance supostamente universal e que encontramos na base de correntes de valores sociais e religiosos correspondem a idealizações e/ou aspirações restritas de um grupo que as codificou e lhes conferiu esse mesmo carácter universalista, com o propósito de as divulgar ao maior número de pessoas possível, se possível ultrapassando diferenças sociais, económicas, políticas e culturais e contribuindo assim para a formação de sistemas de crenças, onde se incluem não só os aspectos mais triviais do dia-a-dia material como as questões mais profundas de uma consciência metafísica individual e colectiva.
Onde quero então chegar com isto? Simples, é possível encontrar uma sintonia de opiniões e de posições entre indivíduos sobre o que seria favorável nesta situação ou qual será a melhor forma de atingir um resultado mais produtivo no que diz respeito a outra questão, mas não pode existir nenhum código de carácter global que defina e regule a conduta externa e interna dos seres humanos. A única fronteira que é possível traçar encontra-se no ponto em que a actividade deste indivíduo pode prejudicar a do outro ou possa por em risco a sua integridade ou existência, salvaguardando assim a aplicação desta síntese como justificação de actividades criminosas.
O resultado desta ideia, se aplicada na prática poderia ser algo semelhante a uma sociedade composta não por uma massa Humana subdividida em unidades colectivas e individuais, mas sim uma existência Humana em que o “todo” corresponde a um consenso entre as unidades que o constituem, estando estas plenamente conscientes da sua independência e sabendo trabalhar e pensar em conjunto sempre que assim seja necessário, sem colocar em risco a sua integridade.
Por outras palavras, o mais próximo possível da libertação do ser Humano, face aos tradicionais arquétipos da busca da felicidade e da salvação das almas, onde se incluem, entre outras, a procura de ideias construtivas para as nossas vidas, a tentativa de levar o que se chama de “uma vida preenchida” e a busca de um sentido para a existência, todos estes sujeitos à redução ao zero e à sua total redefinição, de forma a serem aplicados numa nova [multi]sociedade composta por mais de seis mil milhões de indivíduos na qual cada um define os seus objectivos e sabe como aproveitar as vantagens para o seu espaço e para o seu território de co-habitar o planeta Terra com outros indivíduos, em tudo semelhantes a ele, mas nunca iguais.

Castigadores da parvoíce? Vocês aqui?!

Hmmm, esta forma de existir enquanto povo é muito parva. Quem me dera que aqui estivessem os castigadores da parvoíce!

Verdade seja dita, se estes senhores existissem não teriam mãos a medir. Os cenários de actuação seriam tantos que eles acabariam por morrer de exaustão, senão vejamos: começar pela Assembleia da República, depois passar pelo Conselho de Ministros, a seguir inúmeras câmaras municipais, depois ainda o Governo Regional da Madeira, a seguir vinham os estúdios de televisão e as redacções dos jornais, depois as agências de publicidade, em seguida os transportes públicos, depois disto os super e hipermercados e centros comerciais e no final ainda uma ronada pela via pública. É muita parvoíce a castigar, seria preciso um exército de castigadores da parvoíce!

28.6.06

Os que já foram grandes

Ainda no espírito do Mundial, há selecções que já atingiram um patamar de grandeza, mas que não estão presentes nesta edição. Porque uma equipa que atinge a grandeza é imortalizada, este post é dedicado a elas.
Uruguai - vencedores em 1930, a primeira edição, disputada no seu país, e em 1950, campeonato disputado no Brasil, para o qual foi construído o estádio de Maracanã e que assistiu à derrota da selecção anfitriã frente aos uruguaios, o que provocou a maior vaga de tristeza colectiva no Brasil apenas comparável à morte de Carmen Miranda. Além de ainda ter ganho as medalhas de outro nos Jogos Olímpicos de 1924 e 1928 Esteve presente no Mundial de 2002 onde não passou da primeira fase e conseguiu empatar 0-0 com a França.
Hungria - teve uma das melhores, possivelmente a melhor, selecção do Mundo na década de 1950. No Mundial de 1954, realizado na Suíça, protagonizaram goleadas incríveis, como 8-3 à Alemanha, 9-0 à Coreia do Sul e 4-2 ao Brasil. Jogadores como Ferenc Puskás, Sándor Kocsis, e Kubala entraram para a imortalidade do futebol e ainda conseguiram ganhar as medalhas de ouro de futebol olímpico em 1952, 1964 e 1968. A sua última presença em fases finais foi em 1986.
Dinamarca - campeões da Europa em 1992, a selecção dinamarquesa chegou a ter alguns dos melhores jogadores do Mundo: Peter Schmeichel, Micheal e Brian Laudrup e Henrik Larsen. Chegados à Suécia como selecção de compromisso, uma vez que não se tinham qualificado, foram como substitutos da Jugoslávia que viu a sua entrada vedada após o início da guerra e espantaram a Europa do futebol ao vencer a Holanda na meia-final e a poderosa Alemanha, campeã do Mundo em título, na final por 2-0. Em 1996 e 2000 não passaram da primeira fase. Nos mundiais, em 1998 atingiram os quartos-de-final após vencerem a Nigéria e só caíram perante o Brasil por 3-2 num dos melhores jogos do torneio. Em 2002 venceram a França na fase de grupos e não se qualificaram para 2006.
Áustria - a selecção austríaca regista muito poucas presenças em fases finais de campeonatos do Mundo e campeonatos da Europa mas será sempre recordada pelo Mundial de 1954 onde chegou às meias-finais e protagonizou o jogo com mais golos na história dos Campeonatos do Mundo, uma vitória de 7-5 frente à anfitriã Suíça. Nunca se qualificou para um Campeonato da Europa, mas vai poder participar como país organizador em 2008, juntamente com a Suíça. O último Campeonato do Mundo para o qual se qualificou foi em 1998 e ficou-se pela primeira fase.
Rússia - como União Soviética, foi campeã da Europa em 1960 e chegou à final em 1988. Nos mundiais não se destacou tanto mas foi bastante temida. Em 1966 chegou ao quarto lugar, a melhor prestação num Campeonato do Mundo e venceu a medalha de outro nos Jogos Olímpicos de 1956 e 1988. Apesar de a Rússia ser a sucessora da União Soviética, a maioria dos jogadores da selecção soviética era oriunda de fora da Rússia, sobretudo da Ucrânia. Como Rússia, estiveram presentes nos mundiais de 1994 e de 2002, onde não foram longe, apesar de em 1994 terem tido o melhor mercador em Oleg Salenko. No Euro 2004 foram eliminados na primeira fase.

França - Espanha



Mais uma vez, a Espanha tudo promete e nada cumpre. Desta vez, os adeptos espanhóis estavam bastante confiantes de que esta selecção chegaria bastante longe, e até tinham razão. A equipa espanhola apresentava-se como imbatível, sobretudo depois dos 4-0 à Ucrânia e da viragem eficaz do resultado face à Tunísia. Mas pela frente encontraram uma selecção ainda bem viva. E um indivíduo que dá pelo nome de Zidane que não foi obscurecido, apenas se tornou menos visível. Sobretudo doeu aos espanhóis verem a sua equipa embrulhada e recambiada numa questão de sete minutos, o espaço de tempo que separa o golo de Patrick Vieira do golo de Zidane, enquanto que a Ucrânia permanece em prova.
A França vai agora enfrentar o Brasil, uma espécie de reedição da final de 1998, cujo resultado eu muito gostaria de ver repetido, mas mais não me pronuncio, porque como já se sabe, quem eu apoio acaba por cair. República Checa, Austrália, Suécia e Japão confirmam isto.

27.6.06

Osaka



Progresso

O que significa, ao certo, o progresso de um país? Na boca de toda a gente, é possível ouvir a expressão "temos de ir para a frente", o que querem dizer com isto? Ir para a frente…é muito vago, o que tem de ir para a frente, o país? Como é que um país empreende esse processo? E quem tem de o fazer?
O conceito de progresso pode significar muita coisa, mas num âmbito mais geral está relacionado com uma melhoria progressiva das condições em todos os sectores. Ou seja, uma sociedade dita progressiva é uma sociedade onde enquanto os anos passam, as condições de vida da população melhoram sem interrupções e retrocessos. O progresso pode também ser aplicado a nível mais particular, onde é possível alguns sectores avançarem e outros recuarem. Isto leva a que um país possa ser líder mundial num sector como o aeroespacial mas estar bastante atrás de outros no que diz respeito, por exemplo, ao sector da justiça.
Assim sendo, quem tem autoridade ou moralidade para afirmar que Portugal "tem de ir para a frente" quando não sabe ao certo o que isto significa? Mais do que uma questão semântica, isto indica que quem profere semelhantes frases não sabe o que pretende para o país, mas como em Portugal existe uma doutrina dominante de concentrar o ponto mais importante da acção na palavra, e não propriamente no acto, o simples proferir daquela frase é suficiente para aliviar as consciências e limpar a mente de suspeitas anti-patrióticas.

26.6.06

Suíça

Como se podem falhar três penaltis seguidos?

Turista ocidental parvo

A indústria do turismo vale milhares de milhões de Euros a nível mundial. Representa um sector importantissimo para uma série de países, dá emprego a um número muito elevado de pessoas e permite a milhões de turistas conhecerem outros locais.
Entre todos estes turistas, encontra-se uma espécie muito particular, uma espécie que eu gosto de chamar, de forma muito simplista, o "turista ocidental parvo". Ora, o turista ocidental parvo, é um indivíduo que corresponde à seguinte descrição:
- é oriundo da Europa, América do Norte, e do espaço Austrália&Nova Zelândia
- tem um poder de compra razoável, que lhe permite realizar viagens inter-continentais
- ponto muito importante, aprecia realizar viagens a países com um nível de desenvolvimento muito abaixo do seu
Qual é a forma de actuar do turista ocidental parvo? Simples, este indivíduo não aprecia aquilo que o progresso e o desenvolvimento tecnológico fez pelo seu país e pelos seus países vizinhos. De certa forma, ele/ela considera que a forma de vida do ocidente, a dependência da economia de mercado, os aglomerados urbanos, a organização das sociedades ocidentais, etc, tornaram os nossos países em entidades vazias de espiritualidade. Por outras palavras, tornámo-nos artificiais, somos cinzentos, fomos nivelados por baixo, a globalização tornou os nossos países todos iguais e não têm interesse nenhum, uma vez que podemos encontrar a mesma forma de forma de vida em Londres, em Praga, em Toronto e em Chicago, pensa ele/ela. Isto cria no turista ocidental parvo um desejo de viajar baseado no seguinte princípio: uma vez que os nossos países não oferecem desafios, vai viajar por países muito menos desenvolvidos.
Passo a explicar melhor: o que seduz este exemplar é uma sociedade maioritariamente rural, onde a maioria das pessoas tem uma dimensão económica muito reduzida - para este indivíduo, um povo é mais acolhedor se for composto por agricultores [desde que façam agricultura de subsistência], artesãos e vendedores de rua - e onde a religião desempenha um papel fulcral, onde não existem vestígios do ocidente e onde as pessoas não vivem em cidades como as nossas.
É isto que encanta o turista ocidental parvo e que o faz desejar que os países da América Central [bem como uma parte da América do Sul], da África Subsahariana e do sul da Ásia não mudem. De facto, o turista ocidental parvo tem uma concepção na cabeça: que nós estamos errados e que eles detêm a receita da felcidade. E essa felicidade atinge-se através de pontos muito simples: pobreza, bens materiais reduzidos ao mínimo, espiritualidade [mais como última esperança], ligação ao campo. E o que encanta ainda mais o turista ocidental parvo é não só a existência de pessoas que vivem assim [uma quantidade assustadoramente grandede indivíduos na pobreza e sem acesso a cuidados médicos e educação] naqueles países mas como as autoridades daqueles mesmos países pouco ou nada fazem para melhorar as suas condições de vida. Ou seja, enquanto que num país ocidental, tais situações seriam alvo de intervenção por parte do estado, em países como o Camboja, o Bangladesh e o Mali, permanecem como um infeliz postal.
O turista ocidental parvo considera assim nefasta toda e qualquer tentativa de desenvolver as sociedades negligenciadas, uma vez que na sua cabeça isto significa "ocidentalização forçada" e traduz-se imediatamente numa profusão de McDonald's e na substituição da força de trabalho agrícola por entregadores de pizzas... Não senhor, isso não pode ser. Um país só é genuíno, só tem encanto e só é verdadeiro se for pobre, se sofrer de isolamento, se tiver infraestruturas débeis e se não tiver futuro. Indigência por toda a parte e pessoas que vivem para o dia seguinte através da agricultura de subsistência e da venda de artesanato? É pitoresco! Cidades caóticas com trânsito descontrolado e mercados que parecem saídos da Idade Média? Cacofonia exótica! Comida que nunca foi alvo de qualquer inspecção de controlo de qualidade, sobretudo quando estamos num país onde a água não é segura e onde existem doenças que no ocidente foram erradicadas e aqui são endémicas? Iguarias desconhecidas!
Sim, o turista ocidental parvo é uma das nossas piores exportações e um dos motivos que leva muitas pessoas naqueles países a não mostrarem grande apreço por aqueles viajantes. Eu acho que também não mostrava. Crianças nas ruas a pedir e idosos sem dentes e definhar é que é bonito! Tal como insectos de todos os tamanhos e formas a habitar nas refeições e ausência de casas de banho, isso é que é pitoresco, exótico e encantador, são os últimos paraísos do planeta.

25.6.06

Jogos Olímpicos

Não sei ao certo como devo começar este post.

A minha curiosidade levou-me a investigar as potenciais cidades candidatas aos Jogos Olímpicos de verão de 2016. O resultado foi muito variado, encontram-se possíveis candidaturas em toda a parte do Mundo. Cidade do Cabo, Nova Deli, Tóquio, Bangkok, Madrid, Moscovo, Chicago, Buenos Aires, Rio de Janeiro, Montréal...muitas candidaturas indefinidas e poucas certezas, ainda porque alguns países não elaboraram uma triagem entre as suas potenciais candidatas ao evento.
Houve uma que me chamou a atenção, nada mais nada menos do que Lisboa. Fiz uma investigação mais profunda e descobri que ainda nos últimos anos do século XX existiu uma proposta de candidatar Lisboa aos Jogos Olímpicos de 2008. O projecto não era realista e foi retirado. Mas, já no início do século XXI, eis que uma série de individualidades, sobretudo o Presidente do Comité Olímpico de Portugal, começaram seriamente a ponderar uma candidatura da capital portuguesa aos JO de 2016. Podem ler um artigo satírico sobre o assunto aqui.
Tenho 99% de certezas que a proposta já foi apagada, até porque os resultados das minhas buscas sobre a potencial candidatura começam em 2004 e terminam em 2005, o que me leva a concluir o seguinte: os dirigentes desportivos e políticos portugueses sempre gostaram muito de fantasiar com a ideia de grandes acontecimentos de renome mundial a decorrer em Portugal. Ainda na década de 1980, houve quem idealizasse o Mundial de 1998 em Portugal, segundo aquele artigo houve quem quisesse os Jogos Olímpicos de 2004 no Porto [estávamos em 1993], e entre 2004 e 2005, houve uma séria troca de ideias onde o Presidente da Câmara Municipal de Lisboa deu o seu apoio a uma possível candidatura de Lisboa. Chegou mesmo a ser estabelecida uma data para o seu anúncio público.
Não tendo nada contra a candidatura [realista] da capital portuguesa a tais eventos, e partindo do princípio que a proposta já caiu num fosso mais fundo do que o buraco das obras do metro no Terreiro do Paço, afirmo o seguinte: tendo os Jogos Olímpicos de 2012 sido atribuídos a Londres, é altamente improvável que os de 2016 fossem atribuídos a Lisboa, uma vez que o COI aplica uma política de rotatividade entre os continentes que recebem os Jogos. Os dirigentes sabem isto muito bem, embora afirmassem que a não atribuição dos JO de 2012 a Madrid [candidata muito forte] aumentasse a hipótese de realizarmos os JO de 2016 em Lisboa. Por outro lado, e como nenhuma cidade candidata vence à primeira tentativa, é de criticar a queda pura e simples de Lisboa, uma vez que poderia ser uma rampa de lançamento para uma candidatura mais séria em 2020 ou em 2024.
Por outro lado, não sei se os dirigentes que tiveram esta ideia pensaram apenas do ponto de vista económico e na visibilidade que os JO poderiam trazer a Lisboa e ao país, ou se tiveram em conta a realidade desportiva em Portugla, uma vez que o fraco investimento que o estado português realiza nas modalidades que não sejam o futebol resulta num panorama bastante desolador, onde países mais pequenos [e mais pobres] do que Portugal ostentam uma colecção de medalhas exponencialmente superior e detêm infraestruturas bem mais desenvolvidas nesses aspectos. Por isto, não sei se o interesse era totalmente económico e/ou turístico ou se o desenvolvimento do desporto em Portugal foi uma das preocupações dos "ideólogos" desta proposta.

Is anyone hungry out there?

Proponho um blog sobre comida. Não, não é um blog com receitas de iguarias que não conhecemos ou de que nunca ouvimos falar, é antes um blog sobre comida, sobre factos relacionados com comida, sobre desenvolvimentos no mundo da comida, sobre acontecimentos estranhos que têm a ver com comida e sobre proezas que envolvem comida. A Welsh View: Food and Drink.
Visitem e vão comer qualquer coisa.

24.6.06

Criadores de Mundos

Poucos actos são mais admiráveis para um Humano do que criar um Mundo. Mais do que imaginá-lo, mais do que idealizá-lo e delimitar as suas características, mais do que determinar aspectos que gostaríamos de ver realizados no nosso próprio Mundo, criar um Mundo de raíz, inteiramente novo, onde a nossa imaginação se torna no elemento unificiador, da nossa palavra emanam aspectos físicos e metafísicos e das nossas decisões se alteram as vivências dos seus habitantes.
Que sejam apreciados os criadores de Mundos, ainda que estes consistam em palavras e imagens, são das mentes mais criativas da espécie Humana e dos que demonstram uma vivência própria de acordo com as nossas capacidades inatas.

Metafísica da liberdade

Aqui nada nos detém. Somos pássaros, somos criaturas voadoras, elevamo-nos acima de tudo e de todos e conseguimos observar tudo em todas as direcções. Enquanto muitos não conseguem ir além do que vêem à frente, nós movemo-nos em todas as direcções, quer na vertical, quer na horizontal. Aqui não há limites, não existe ponto de partida nem existe fim, tal como não existe nada que se assemelhe a um trilho bem delineado. O trilho somos nós que o fazemos para nós próprios e para mais ninguém, ninguém nos segue, não seguimos ninguém. Intersectamo-nos por acidente mas nada advém daí, pelo contrário, aprendemos com o erro e não o repetimos tão depressa, aqui plano e realidade deixam de fazer parte de dimensões separadas e fundem-se para formar algo chamado existência máxima, aquilo com que alguns sonham mas que poucos atingem.

Mais do que a terceira dimensão, fizemos a transição para um plano superior, um plano ao qual nos orgulhamos de pertencer. Neste plano, dissecamos todos os ângulos, não há condicionantes, não há obstáculos à nossa progressão. As nossas coordenadas mais não são do que meras orientações à nossa liberdade de nos dirigirmos onde quisermos. Sim, somos pássaros, mas temos uma vantagem, não temos predadores. Os predadores somos nós, somos nós que do alto da nossa superioridade observamos atentamente as vítimas e sem elas se aperceberem, infligimos-lhes ferimentos mortais e afirmamos a nossa supremacia perante seres que apenas têm um função, servir-nos. É assim que somos seres absolutos, perfeitos, cada um perfeito na sua unicidade, autónomos uns dos outros, cada um com o seu próprio caminho. Assim seria o nosso futuro, assim poderia ser o nosso presente...se nenhuma besta extraviar as ideias.

23.6.06

Chicago



É isto que acontece quando eu apoio alguém


Confirma-se a regra: quando eu mostro apoio por alguém, perdem. Foi assim ontem com a República Checa que perdeu 2-0 com a Itália e terminou a sua participação no Mundial, uma vez que só tinha 3 pontos da sua vitória contra os Estados Unidos. Uma das minhas maiores esperanças para este torneio esfumou-se, mas ainda há outras que permanecem em prova. Por sua vez, os media portugueses bombardeiam-nos com imagens da festa do Brasil, como se ganhar ao Japão para uma equipa que já está qualificada fosse uma proeza incrível. Seja como for, o Brasil vai jogar com o Gana e a Austrália com a Itália. Do meu lado, espero que a Espanha chegue aos quartos-de-final e possa eliminar o Brasil, em nome da competitividade.

22.6.06

Blades will bleed, shields will shatter

Zelda

Final de 2006.

Parvoíce etimológica

Se um racista é uma pessoa que despreza outra[s] por motivos raciais, um socialista deveria ser uma pessoa que despreza outra[s] por motivos sociais.

Tem uma certa lógica. Aquele indivíduo não pode ver condutores de autocarro à frente dele, é um socialista como eu nunca vi! Já aquele ali, não é melhor, detesta pessoas que morem na Damaia, é outro que tal!
Da mesma forma, se progresso significa desenvolvimento em direcção ao futuro, congresso seria o oposto, uma vez que os prefixos "pro" e "con" são antónimos.

21.6.06

Holanda



Behaaglijk hollands meid

O próximo adversário de Portugal...na primeira foto, claro! Na segunda, uma perspectiva mais bela sobre a selecção holandesa. Até lá, ainda temos o promissor Itália - República Checa e o Austrália - Croácia. Hoje ficou comprovado que Portugal joga melhor sem algumas das suas super-estrelas, infelizmente no banco está um senhor chamado Scolari...

TvCabo = máfia

É indigno, para não dizer vergonhoso, que as transmissões desportivas em directo de eventos que pretendem ser universais e atingir o maior número possível de pessoas no universo dos telespectadores sejam tantas vezes entregues a consórcios que as exibem perante um contrato pago. Estou a falar, como já devem ter adivinhado, dos canais de televisão pagos que transmitem, entre outros, sem que sejam limitados a isto, eventos como o Campeonato do Mundo para uma audiência de telespectadores pagantes, ao abrigo da exclusividade dos seus direitos de transmissão para aquele país. Por ter pago uma soma de dinheiro maior que os seus concorrentes, determinado canal obtém os direitos exclusivos de transmissão para aquele país e mais nenhum canal, nacional ou estrangeiro, pode infringir este monopólio, sob consequência de ser processado judicialmente. Passa-se exactamente isso com a TvCabo em Portugal, que assegurou o exclusivo da transmissão da grande maioria dos jogos do Mundial e bloqueia o sinal de qualquer canal estrangeiro que os transmita, como por exemplo, a M6. Isto vai contra as bases da economia de mercado, é anti-concorrência, é monopolista e revela falta de ética.

Feliz solstício de verão

Hoje começa o verão e temos a noite mais curta do ano

EUA vs. Coreia do Norte

Depois de bastantes meses silenciosos, o diferendo acerca do programa nuclear norte-coreano regressa às preocupações assumidas de Washington quando existem rumores de que a Coreia do Norte se prepara para testar um míssil sobre o Oceano Pacífico. O míssil em causa é o Taepodong-2, que de acordo com os peritos, numa primeira fase de desenvolvimento pode atingir os EUA [os extremos mais ocidentais do território], logo é visto como uma ameaça à sua integridade. Trata-se assim de uma oportunidade para alguns decisores no Pentágono ponderarem a destruição do míssil durante o seu voo, através do sistem anti-míssil em que Washington investiu avultadas quantias nos últimos anos. Porém, esta não é, de maneira nenhuma, uma posição maioritária, muito menos consensual. Porque as intenções dos norte-coreanos são desconhecidas e isto baseia-se simplesmente numa referência que os media oficiais do país fizeram ao teste, o que implica, até certo ponto, um reconhecimento oficial da existência do Taepodong-2 e numa imagem de satélite de Maio deste ano que supostamente representa uma base de lançamento para mísseis Taepodong.
É verdade, todos sabemos, que a administração Bush não deu provas de saber lidar com Pyongyang, e o próprio presidente norte-americano é a prova viva disso mesmo. Se soubesse, esta situação nunca teria a exposição pública que está sofrer nos media internacionais. É perfeitamente possível que os norte-coreanos estejam a fazer um grande bluff com o objectivo de testar a retórica norte-americana. Se a Coreia do Norte lança para o ar afirmações de que estará a preparar um teste de um míssil de alcance intercontinental e os EUA ponderam a sua destruição em pleno voo, é uma forma de Pyongyang apurar, até certo ponto, a reacção dos EUA quando o regime de Kim Jong-il realizar um teste nuclear a sério. Mais ainda, esta possibilidade de os EUA abaterem o míssil norte-coreano em pleno voo, tratando-se de um teste, irá ter algum peso na credibilidade dos norte-coreanos, pelo menos do lado daqueles que desconfiam das intenções de Washington, qualquer coisa como "destruir uma arma que está a ser testada por outro país com base em suspeitas é imoral e revela uma faceta imperialista"e fará vir ao de cima reminiscências com o Iraque.
Por outro lado, toda esta discussão pode não ser mais do que uma cortina de fumo lançada pela Coreia do Norte para lembrar a comunidade internacional de que o seu programa de armamento existe e que, apesar da moratória aprovada em 1999, um ano após um projéctil norte-coreano ter sobrevoado território japonês, os norte-coreanos não pretendem ver as suas actividades militares restringidas, pelo menos no campo da retórica. Do lado dos EUA, é alarmista e falso [o Pentágono sabe muito bem] assumir que os norte-coreanos pretendem atingir o seu país através de mísseis intercontinentais. Isto provém de uma opinião na cabeça dos líderes políticos norte-americanos que a Coreia do Norte pretende atingi-los ao máximo, quando qualquer estratega com o mínimo de racionalidade [espero que não se possa ser estratega sem racionalidade] dirá que nenhum país com o tamanho e com os recursos da Coreia do Norte vai tomar a iniciativa de atacar os EUA, isso nunca irá acontecer, muito menos com armas nucleares.
Do lado da China vêm pressões sobre Pyongyang no sentido de não proceder ao lançamento do míssil e de agir com tacto nesta questão, enquanto que os serviços secretos sul-coreanos consideram que o projéctil foi abastecido com combustível suficiente para ser lançado, mas não confirmam se o propósito deste é militar, podendo o lançamento ter como objectivo o lançamento de um satélite. Seja como for, a Coreia do Norte já ganhou a sua exposição aos media.

The urban world in 2050

A BBC apresenta um artigo bastante bom onde seis peritos em urbanismo e desenvolvimento expõem as suas perspectivas sobre as grandes áreas urbanas em 2050. Preocupações como o ambiente, a energia, as fracturas sociais e o estrangulamento automóvel são apontadas como factores de risco em meados do século XXI.
Do meu lado, não sou perito, mas acrescento a minha preocupação de que as metrópoles cujo crescimento perde qualquer ordem ou plano se tornem em locais onde o estado se fragmenta em múltiplas entidades e onde se assiste a um recrudescimento de fenómenos reminiscentes a situações feudais, com todas as consequências que isso implica para o ambiente, educação, cultura, infra-estruturas, etc, que aparece mencionada de forma algo dissimulada no dito artigo.

20.6.06

Calma, comentadores iluminados!

Diz um comentador iluminado que a última vez que Portugal chegou aos oitavos-de-final de um campeonato do Mundo foi há 40 anos. Senhor muito iluminado: há 40 anos não existiam oitavos-de-final, as selecções passavam da fase de grupos para os quartos-de-final, uma vez que o campeonato do Mudo era feito com 16 equipas. A primeira vez que se realizaram oitavos-de-final foi há 20 anos, naquele campeonato em que Portugal fez um figura digna de uma comédia daquelas mesmo horríveis.

Evolução virtual

Quando observamos a evolução tecnológica que pudemos testemunhar nos últimos 60 anos, é impossível não ficarmos verdadeiramente espantados com os saltos qualitativos que a Humanidade deu no seu engenho. Este post é dedicado aos jogos de vídeo, odiados por uns e amados por outros, com uma grande dose de investimentos milionários pelo meio e que tornaram possíveis os desejos de criação de mundos virtuais nas nossas televisões quando estas não passavam de objectos de actividade passiva.

Quando observamos o desenvolvimento dos jogos nos últimos 34 anos, os sucessivos saltos que a indústria conheceu foram abissais. Quando em 1972, todos ficaram surpreendidos com Pong e com a Magnavox Odissey, dificilmente se poderia imaginar onde estariam dentro de dez, vinte ou trinta anos.
O fenómeno começou a crescer e em 1980 surge Pac-Man, pela mão da Namco, que se irá tornar num dos ícones da indústria.
Alvo de inúmeras sequelas, remakes, cópias e recriações da personagem, é uma das bandeiras da indústria. Quem teve oportunidade de o experimentar na sua era nunca esquecerá a criaturazinha amarela perseguida por fantasmas.
Daqui em diante, os maiores desenvolvimentos vão ter lugar no Japão, sobretudo através da Nintendo, que em 1981 lança o êxito Donkey Kong nas salas de arcada. Além de ser inovador, o jogo introduziu a que provavelmente se tornou na personagem mais carismática da indústria, Super Mario, ainda hoje desejado.
No início da década de 1980, porém, um crash no mercado dos jogos de uso caseiro atrasa os desenvolvimentos da indústria, e teremos de esperar até 1985, ano do lançamento da Nintendo Entertainment System (NES) nos EUA e em 1987 na Europa para jogarmos outra revolução, desta vez no sector das plataformas a 2 dimensões, Super Mario Bros. A NES vendeu 60 milhões de unidades, enquanto a congénere da Sega, a Master System, ficou-se pelos 13 milhões apesar de apresentar títulos bastante bons.

Estava lançada uma competição que nunca iria parar. As máquinas de 8-bits tornaram-se objectos perseguidíssimos no Japão, EUA e Europa. A Nintendo e a Sega tornaram-se nos dois maiores guerreiros, cada um com a sua bandeira, enquanto que remetiam a concorrência - Atari, Commodore, NEC - para os seus cantos.

Pela primeira vez, os jogos podiam ser encontrados por todo o lado e passaram a fazer parte daquilo que nos EUA muito polidamente chama "diversão familiar". Os títulos sucediam-se e as vendas atingiam vários milhões de exemplares. O apogeu seria atingido com Super Mario Bros. 3 (1988) que se tornou no jogo mais vendido de todos os tempos com quase 18 milhões de cópias em todo o mundo.

Os anos passavam e a tecnologia desenvolvia-se exponencialmente. Em 1989 a Sega lança uma verdadeira potência sem rival à altura, a Mega Drive, conhecida nos EUA como Genesis, com tecnologia de 16-bits largamente superior à NES. Em 1991, a 16-bits da Sega foi dotada da sua mascote da bandeira, o ouriço Sonic, que iria ser um concorrente directo de Mario pela preferência dos consumidores. A Mega Drive iria atingir as 35 milhões de unidades vendidas.
Contudo, a Nintendo estava já envolvida na sua evolução, e se inicialmente uma parceria com a Sony para o desenvolvimento de uma drive de cd-rom para o seu projecto de 16-bits não teve sucesso, em 1990 seria lançada no Japão, o Super Nintendo [conhecido nas terras do Sol Nascente como Super Famicom], tecnicamente anos-luz à frente da NES e mais avançado que a Mega Drive, onde pontificaram títulos como Super Mario World, F-Zero, Zelda III e Super Mario Kart. Esta maravilha da tecnologia seria lançada nos EUA em 1991 e na Europa em 1992. Foi, juntamente com a Mega Drive, a máquina de jogos de maior qualidade alguma vez lançada. O Super Nintendo foi um fenómeno que vendeu 49 milhões de unidades em todo o mundo.

As tentativas de tirar o máximo das suas máquinas por parte da Nintendo e da Sega levaram a desenvolvimentos que tiveram tanto de estranhos como de fracassados. Do lado da Nintendo, a Super Scope prometia uma nova experiência para shoot’em-ups, mas acabou por falhar o objectivo. O mesmo se pode dizer do projecto SatellaView, exclusivo para o Japão, onde um complemento para o Super Nintendo permitia aos jogadores fazrem downloads por satélite de componentes para os seus jogos, serviço que esteve disponível até ao ano 2000, vários anos após o desaparecimento da consola da praça pública.
Do lado da Sega, tivemos a Mega CD, que oferecia ao jogador jogos em cd-rom - estávamos em 1993 e os jogos em cd prometiam ser a maior revolução da indústria - com qualidade o mais próxima possível da realidade e que acabaram por ser dominados por títulos á base de full motion video realizados pela Digital Pictures e que se tornaram em grandes flops. Tivemos ainda, em 1994, a Mega Drive 32X, um complemento que permitia jogar na Nega Drive jogos com qualidade 32-bit e que possibilitou a conversão de alguns excelentes títulos arcade da Sega. Porém, a conversão doméstica não correspondeu às expectativas e a 32X acabou por não ter o sucesso esperado.

Por esta altura, o mercado das 16-bits estava saturado e a indústria fervilhava em rumores sobre a nova geração: os 32-bits prometiam ser o maior salto que os jogadores alguma vez testemunharam. Jogos em 3 dimensões, rotações completas, conversões perfeitas de jogos arcade, interactividade total. Foi com este espírito que a Sega lançou a Saturn em 1994 [1995 nos EUA e Europa], juntamente com a Playstation da Sony, que com base na experiência de ter trabalhado com a Nintendo uns anos antes, empreendeu o desenvolvimento da sua própria máquina.
As duas máquinas eram impressionantes, exibiam jogos nunca antes julgados possíveis nas nossas casas, acrescentavam uma nova dimensão ao que significava jogar e os consumidores mostravam-se encantados com títulos como Virtua Fighter, Daytona USA, Sega Rally e NiGHTS into dreams para a Saturn e Destruction Derby, WipeOut, Gran Turismo e Resident Evil para a Playstation. Embora tecnicamente superior, a Saturn teve um volume de vendas bastante abaixo da Playstation, que contava com uma excelente máquina de marketing por trás de si e esta afirmou-se no ocidente como a consola de uso doméstico mais vendida. A Playstation iria vender 102 milhões de unidades enquanto que a Saturn se iria ficar pelas 10 milhões.

Em 1996 a Nintendo salta de geração e coloca-se à frente da concorrência com a Nintendo 64, uma máquina que, contrariamente às suas congéneres de 32-bit, apresentava software à base de cartuchos, o que se veio a tornar numa condicionante ao desenvolvimento de jogos por parte das software houses. Apoiada sobretudo em jogos da casa-mãe, a Nintendo 64 apesar de não ter tido o sucesso de vendas da Playstation, contou com títulos explosivos, como Super Mario 64, Goldeneye, Banjo Kazooie, Donkey Kong 64, Zelda - Ocarina of Time e Majora's Mask, alguns dos quais figuravam entre as listas dos melhores jogos de todos os tempos. A N64 seria a segunda consola do mercado, a seguir à Playstation, com 32 milhões de unidades vendidas.
Do ponto de vista da qualidade, os jogos da N64 estavam bastante à frente dos apresentados pelas máquinas de 32-bit, consequência da arquitectura interna da consola da Nintendo que apresentava características mais avançadas que as suas rivais e introduziu pela primeira vez um joystick 3D analógico no comando que seria incluído desde o início com a consola.

O mercado assim não pensou e a N64 trouxe à Nintendo uma margem de lucro muito menor do que a Playstation conseguiu para a Sony. Em 1998 a Sega lança a sua última máquina de uso doméstico, a Dreamcast, a primeira consola de 128-bit. Tecnicamente, era uma máquina impressionante e permitia jogar os mais recentes lançamentos da Sega para as salas de arcada, além de oferecer lançamentos genuínos, como Shenmue, um jogo absolutamente único. Apesar de oferecer a possibilidade de jogar em rede e de incluir um modem incorporado, o público não respondeu da mesma forma. Inicialmente, as vendas foram bastante animadoras, mas o mercado foi agitado pelos rumores da Sony sobre a PS2, que seria lançada no ano 2000 e que, apesar da tecnicamente inferior e de não oferecer as mesmas possibilidades que a Dreamcast, acabou por vender bastante mais que a máquina da Sega devido ao capital que a Playstation construi junto dos jogadores e graças também à publicidade e investimento que a Sony largou naquela máquina. O resultado foi a venda de apenas 11 milhões de unidades.

No virar para o século XXI a indústria encontrava-se em mais um momento de transição. No final do ano 2000, a Sony lança a PS2, um sucessor natural da Playstation que incorporava um leitor de DVD, o que se revelou um componente vital daquela máquina, atenuando em parte o altíssimo preço de lançamento [feita a conversão, cerca de €500] 82 milhões. Ao mesmo tempo que a Sega acabou com a Dreamcast, a Microsoft anunciou a sua estreia no mundo das consolas com o lançamento da XBox, cujo hardware era superior ao da concorrente de Sony. A possibilidade jogar em rede a partir de 2002 tornou a Xbox num produto apetecível pelos consumidores, mas não ao ponto de contrariar as 82 milhões de unidades que a PS2 vendeu, face às 24 milhões de unidades da Xbox. Os jogos disponíveis, apesar de serem bastante bons, não apresentavam uma diferença abissal em relação aos da PS2.

A Nintendo entrou no mundo dos 128-bit em 2001 no Japão e em 2002 na Europa, através da GameCube, a sucessora da Nintendo 64 e que era até 2001 conhecida com Dolphin. Introduziu um novo formato - mini DVDs - e foi uma autêntica lufada de ar fresco no mundo da Nintendo, com títulos que atingiram um novo nível de realismo e de fluidez. Jogos como Super Mario Sunshine, F-Zero GX, Pikmin, Metroid Prime ou Super Smash Bros. Melee tornaram-se bandeiras da consola. Infelizmente, o mercado encontrava-se já bem conquistado pela PS2 e o marketing da Nintendo não foi eficaz ao ponto de conquistar novos jogadores. A grande maioria dos que compraram uma GameCube é constituída por quem já acompanhava a Nintendo e mais uma vez, o apoio da casa-mãe na produção de jogos foi vital, uma vez que as third-parties voltaram-se na sua grande maioria para a Xbox e PS2. A GameCube vendeu 21 milhões de unidades.
Em 2006, o panorama é este: PS2 nos seus últimos meses continua a ser popular. Xbox 360 lançada no final de 2005 vendeu 6 milhões de exemplares até agora e como consola de nova geração ainda não conquistou uma posição fulcral no mundo dos jogos, apesar de ser bastante avançada. Em parte, a possibilidade de apenas tirarmos o máximo partido das suas capacidades numa televisão de alta definição contribui para isto. Na E3 de 2006, foram mostradas ao mundo a PS3, que consiste num avanço quantitativo da PS2 onde se inclui um leitor de DVD Blu-Ray e a Nintendo Wii, conhecida até então como Revolution.
Prevê-se que sejam ambas lançadas até ao final de 2006. A PS3 apresenta "mais do mesmo", ou seja, uma melhoria ao nível dos gráficos e a familiaridade com as suas predecessoras, além de incluir um disco rígido e de permitir o visionamento de DVDs Blu-Ray, um formato ainda incógnito e que entrará em competição com os DVDs HD, sem prognósticos. O preço de lançamento, entre os €500 e €600 não cativa os consumidores. Por sua vez, a Wii da Nintendo foi a máquina mais popular da E3 por um otivo muito simples: não oferece mais do mesmo, pelo contrário. A Nintendo concluiu que o panorama da interactividade nos jogos de vídeo permanece o mesmo desde há bastantes anos e introduziu uma nova dimensão para a sua próxima máquina: a da imersão no jogo através de um comando simples mas sensorial que acrescenta uma nova dose de realismo aos jogos, simplificando a imersão no jogo, mas subindo o nível de exigência.
Já são conhecidas as tendências do mercado, a qualidade é muitas vezes preterida em nome da quantidade, mas o projecto da Nintendo é muito ambicioso e se tiver sucesso,será mais uma vez a N a determinar o padrão da qualidade no mundo dos jogos de vídeo, um título que nunca lhe escapará, por mais insucessos comerciais que sofra. Num mercado saturado como este, as ideias novas são uma necessidade urgente, e esta é uma transição surpreendente mas natural do simples "pressionar botão para qualquer acção" para a imersão parcial no mundo virtual. Só o tempo o dirá.

Consequências estranhas

Consequência da crescente importância das marcas e dos patrocínios no mundo do futebol: o novo estádio do Arsenal, cujo actual recinto é conhecido como Highbury Stadium, vai-se chamar Emirates Stadium, uma vez que o Arsenal vendeu os direitos do nome do novo complexo à linha aérea dos Emiratos Árabes Unidos.

19.6.06

Taipei



Novo estatuto da Catalunha

Porque razão tantas pessoas em Espanha ficaram tão preocupadas com o referendo ao estatuto da Catalunha? Estava já na altura de tomarem consciência que os sentimentos nacionalistas de muitos cidadãos espanhóis que falam outra língua são mais fortes do que os sentimentos de identificação com um ponto comum e que esta é a consequência natural de um século XX bastante conturbado, quer para a região, quer para o estado onde se insere.
Há quem refira que este será o princípio do fim da Espanha como a conhecemos. Não sei se a Espanha vai durar até ao fim do presente século, mas se o estado espanhol não conseguir reunir as regiões autónomas em torno de uma identidade comum, é bastante provável que outras regiões [nem me refiro ao Euskadi] comecem a aspirar a voos mais altos, nomeadamente autonomia alargada. A Catalunha vai passar a ser, juntamente com o Euskadi, uma das regiões mais autónomas da Europa, o que do ponto de vista catalão faz sentido: trata-se de uma das regiões mais desenvolvidas de Espanha, com uma identidade própria e habitada maioritariamente por indivíduos cujas ideias para a sua região divergiram durante muito tempo das ideias de quem ocupou o poder central.
O presente estatuto, apesar de toda a controvérsia que suscitou, nomeadamente se deveria referir-se à Catalunha como uma nação, , conseguiu reunir a oposição da Esquerda Republicana da Catalunha [independentistas] e do Partido Popular [unionistas], porque não ia demasiado longe para uns e porque ia demasiado longe para outros. Acabou por vencer com mais de 70% de votos a favor, mas não creio que as previsões mais fatalistas de fragmentação da Espanha se venham a concretizar, pelo menos tão depressa.

18.6.06

No guts, no project

A possibilidade de a constituição europeia ser alvo de uma nova abordagem por parte da UE foi adiada até 2008, uma vez que não existe um consenso suficientemente alargado entre os estados membros para que se chegue a uma conclusão sobre a aprovação do documento. É assim que, um ano depois da reprovação por parte dos eleitores em França e na Holanda, os governos da UE decidiram tratar de um projecto que se tornou num problema e num empecilho para as suas agendas internas e externas.
Ao aperceberem-se que o documento era impopular junto de uma parte substancial da população, os estados preferiram suspender o assunto, em vez de o abordarem directamente, faltou a coragem de o encarar de frente e de apontar os pontos que mais discórdia suscitaram, tal como faltou uma campanha eficaz e uma forma de fazer passar a mensagem às populações sobre os potenciais benefícios do documento. Em vez disso, prevaleceu a tese de que a aprovação da constituição iria permitir o desmantelamento do estado-providência e abrir as portas a alargamentos ilimitados , quando estas questões podem conhecer desenvolvimentos à luz do actual tratado. Merecem, assim, um aviso claro dos seus eleitores, por demonstrarem falta de coragem e de vontade política, mas também de alguma hipocrisia uma vez que defendem o documento ao nível europeu mas não investiram o suficiente nele na sua frente interna, mesmo que involuntariamente, caso por exemplo da França onde Chirac não soube lidar com o assunto e sofreu uma de muitas derrotas pessoais que afligem os últimos anos da sua presidência.
Não é possível injectar vitalidade num projecto quando aqueles que têm o dever de o manter de pé não utilizam mais do que retórica vazia e até se mostram envergonhados em discutir o assunto perante o seu próprio eleitorado. Seria muito mais apreciável que, caso assim o entendam, acabassem com o projecto de um só golpe em vez de o manterem em suspensão como fazem desde há um ano atrás.

Expectativas baixíssimas

Os festejos intensos a propósito da vitória da selecção A de futebol ontem frente ao Irão puseram em evidência um aspecto preocupante dos adeptos portugueses, já visível depois do primeiro jogo: o nível de exigência desce a cada ano que passa. É bem verdade, que mais justifica festejos como os de ontem em que até se ouviam carros a buzinar, por termos ganho ao Irão e termos assegurado a passagem aos oitavos-de-final? Festejaram por os jogadores cumprirem a sua obrigação? As expectativas estão terrivelmente baixas, mas por outro lado não escondem que Portugal pode ser campeão do mundo, em que ficamos? Os adeptos de uma equipa com estofo de campeã não perdem tempo a festejar vitórias contra equipas que mal sabem fintar. Como será na qualificação para o próximo Europeu? Suponho que vão lançar fogo de artifício e festejar toda a noite nas ruas se vencermos o Cazaquistão por 1-0.

17.6.06

Níveis de ozono em Portugal

De acordo com o Público de hoje, os níveis de ozono em Portugal durante o verão de 2005 atingiram os níveis mais elevados da UE. Valores na ordem dos 361 microgramas por metro cúbico/hora, como os que foram registados no nosso país, ultrapassam, e bastante, o limiar de 240 a partir do qual a população em geral tem de ser alertada para a ocorrência. Situações semelhantes verificaram-se noutros países europeus, sobretudo na parte meridional do continente - Espanha, França, Itália, Grécia e Roménia - onde os valores superiores aos 300 microgramas foram registados em várias ocasiões.
Que podemos concluir daqui? Que embora o ozono não seja produzido directamente pelas fontes de poluição atmosférica - sobretudo veículos movidos a combustíveis fósseis e unidades industriais - é derivado da mistura que resulta das emissões poluentes com a luz solar. O ozono é um dos componentes do fenómeno conhecido como smog que felizmente não é comum em Portugal, mas que não será impossível de se verificar no longo prazo. É uma consequência plausível, num país onde a exposição ao sol é elevada [Lisboa é possivelmente a capital europeia com maior número de horas de sol/ano] e onde os automóveis são largamente utilizados como principal meio de transporte, sobretudo nas cidades.
Ao mesmo tempo, é importante lembrar que Portugal é um dos poucos países desenvolvidos que o Protocolo de Quioto autorizou, embora de forma não explícita, a aumentar a emissão de gases causadores do efeito de estufa. A meta geral para a União Europeia aponta para uma redução de 8% até 2010, mas a UE estabeleceu metas diferenciadas para os seus membros de acordo com o nível de desenvolvimento. Assim, Portugal está autorizado a aumentar a sua produção daqueles gases em 27%. Porém, este limite pode não ser cumprido, como este documento demonstra.
Já sabemos que Portugal será um dos países europeus mais afectados pelo aquecimento global.
Agora tomamos conhecimento de que registámos os níveis de ozono mais elevados da Europa durante o verão de 2005. Ao mesmo tempo que ultrapassamos o nosso limite de emissão de gases de efeito de estufa como estava definido pelo Protocolo de Quioto, e que o presidente da Agência Portguesa para o Investimento afirma que a meta do Protocolo de Quioto pode comprometer o investimento em Portugal. Já devem imaginar onde isto vai dar. Se a degradação ambiental e a mudança climática são problemas transnacionais que não podem ser enfrentados de forma descoordenada e sem um esforço comum por parte da comunidade internacional, como poderá Portugal enfrentar o problema se nem a nível interno é capaz de contribuir para uma melhoria das condições atmosféricas?
Já podemos calcular as consequências, pelo menos a nível nacional, e elas estão à vista: uma contribuição, ainda que pequena, considerando as dimensões de Portugal, para o agravamento das mudanças climáticas a nível global. E isto reflecte-se no nosso dia-a-dia, através de um clima cada vez mais agressivo, vagas de calor frequentes nos meses mais quentes, arrefecimentos acentuados nos meses mais frios, tempestades mais violentas, como as que por aqui passaram nos últimos três dias. Fenómenos que agravam a condição do solo e da vegetação no território nacional, tornando-o mais propício a incêndios florestais, à erosão e, finalmente, à desertificação.

Odeio a Portugal Telecom

Odeio a Portugal Telecom.

Odeio os seus serviços.

Odeio as suas ramificações.

Odeio a forma como lidam com os clientes.

Odeio as tendências monopolistas.

Odeio a forma como se anunciam aos consumidores.

Odeio a TV Cabo e as suas opções de baixíssima qualidade e os seus serviços, péssimos para o consumidor.

Odeio a NetCabo e o seu serviço deplorável que consegue falhar nas alturas menos indicadas.

Numa palavra: odeio!

E por causa disto, eu espero sinceramente que a PT seja engolida numa OPA, não do Grupo Sonae, mas de um grupo empresarial de reputação duvidosa oriundo de um país onde a corrupção é lei e que coloque criminosos condenados por burla agravada e por fraude a dirigir as empresas do Grupo PT. Que os pulverizem até à última acção. Tenho dito!

16.6.06

Argentina ou Holanda

Portugal arrisca-se a jogar com a Argentina nos oitavos-de-final. Se a equipa portuguesa vencer o Irão amanhã, irá garantir o apuramento e a partir daí as hipóteses de encontrar a equipa argentina serão de 25% [mais ou menos, talvez não], dependendo do resultado contra o México no último jogo e dependendo ainda do resultado do jogo Holanda - Argentina, que se irá realizar no mesmo dia do Portugal - México mas quatro horas depois. Significa isto que duas horas antes de começar o Holanda - Argentina, ambas as equipas já sabem quem será o seu adversário em qualquer eventualidade, vantagem que Portugal não terá.
Hoje a Argentina despachou a selecção da Sérvia e Montenegro com um resultado de 6-0, o que deve ser alvo de muita investigação por parte da equipa portuguesa. Caso contrário, arriscam-se a que no dia seguinte a um possível jogo com a Argentina, os títulos dos jornais tenham escrito qualquer coisa como "Último tango em Leipzig" ou "Último tango em Nuremberga".
Já agora, porque razão são os comentários da Sportv tão maus e desequilibrados? No jogo Brasil - Croácia, tivemos um brasileiro a juntar-se ao narrador de serviço [o que é logo um sinal de imparcialidade] e hoje no México - Angola tivemos um português treinador de uma equipa angolana, o que é outra garantia de isenção durante a transmissão. Onde está então o profissionalismo e imparcialidade de uma estação que nem consegue evitar frequentes perdas de sinal durante a transmissão dos jogos?

Manipulação democrática - será possível??


Nenhum de nós será surpreendido ao descobrir que, de entre todos os estados que se afirmam como “democracias”, apenas alguns deles o são, de facto. O que, no alto dos seus ideais, deveria ser um valor absoluto, é na verdade um factor flexível e desigual, alvo de constantes deformações por parte de estados que se dizem democráticos.
Suponham o seguinte: o conceito de “democracia” corresponde a 100% do ideal que pretendemos atingir para os nossos países, ou seja, corresponde à perfeição. Todos sabemos que a perfeição não existe, e neste caso passa-se o mesmo, o que significa que na melhor das hipóteses, podemos atingir entre 90 a 95% do ideal pretendido, o que é bastante positivo. Porém, dos 192 estados soberanos que existem no Mundo, apenas uma pequena parte destes podem afirmar que se encontram nesse intervalo. São estes os estados onde os poderes se encontram separados, de jure e de facto, onde não existe promiscuidade entre diferentes esferas do poder e entre sector privado e sector público, onde a imprensa não é alvo de coacção, onde a criminalidade é reduzida ao ponto de não perturbar a vida dos cidadãos, onde as empresas desempenham a sua função de conferir dinamismo e inovação à economia ao mesmo tempo que cumprem as suas responsabilidades legais e sociais, onde os cidadãos não são alvo de perseguições e/ou detenções arbitrárias, etc. Tudo o que queremos para os nossos países mas que não conseguimos atingir em pleno. Não conseguimos atingir porque os resultados variam bastante, vão desde os resultados abaixo dos 10% até aos resultados acima dos 90%.
Onde quero eu chegar? Simples, actualmente considera-se que a maioria da população mundial vive em estados democráticos e se há trinta ou quarenta anos atrás, isso era um privilégio de países considerados como parte do “Mundo Ocidental” [possivelmente da Índia também], a queda do bloco de Leste e os processos de reformas democráticas em muitos países da América Latina, África e Ásia permitiram que a democracia atingisse todas as regiões do globo, onde por princípio, a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, seria considerada como documento quasi-sagrado e inviolável.
Como eu já referi, isto foi atingido em parte, verificando-se que a democracia a nível global continua a ser um valor relativo. Se na generalidade dos países europeus, por exemplo, todos temos acesso a direitos e responsabilidades decorrentes da democracia, existem ainda estados que se afirmam como democráticos e que, na verdade, correspondem a algo mais vago, onde a repressão autoritária ainda se faz sentir, acompanhada de elementos de fachada associados às democracias, como sufrágio universal e actos eleitorais aparentemente livres, ou um mercado com o mínimo de intervenção estatal.
Estão nesta situação países como a Rússia, onde a interpretação do conceito de “democracia” por parte das autoridades leva a que estas considerem o conceito como bastante flexível ao ponto de afirmarem que a democracia russa é diferente da democracia ocidental. A palavra chave aqui é mesmo “democracia”, uma vez que se as autoridades russas apenas afirmassem que o seu Estado é diferente dos ocidentais, as críticas iriam no sentido de tentar recriar o anterior regime.
Existem situações que seriam dignas de figurarem em espectáculos que na língua inglesa são denominados de burlesque shows, tal é a deformação e alienação do conceito que se vivêssemos num Mundo onde as lideranças nacionais fossem íntegras e tivessem alguma réstia de dignidade nas suas concepções cínicas e hipócritas, perguntariam “Mas estão à espera que engulamos isto?”.
Sim, eu aprecio a integridade e a seriedade, quer a nível individual, quer a nível colectivo, e quando assistimos a indivíduos que em nome do seu Estado, afirmam representar a democracia no seu país sabendo nós que estes indivíduos correspondem aos líderes da Coreia do Norte, Turquemenistão, Cuba, Zimbabwe, Bielorússia, Uzbequistão, Venezuela, e afins, toda a sua credibilidade e integridade desaparece e só resta um quadro de absurdo cuja existência é assegurada pela conivência dos líderes democráticos “sérios”, e aqui, lamento dizer-lhes, mas receio bem que apenas uma minúscula minoria de verdadeiras democracias tem a consciência limpa. Portugal não tem, o nosso país é um exemplo de uma democracia verdadeira que não cumpre o seu papel externo e que falha frequentemente no seu papel interno. Ainda assim, antes Portugal do que a China, mesmo que estes não se afirmem como seguidores da democracia.

15.6.06

Finalmente, Suécia, mas...



Depois de quase 180 minutos de infortúnio nos seus dois jogos contra equipas teoricamente mais fracas, a Suécia finalmente marcou um golo e ganhou um jogo no Mundial. O autor da feliz proeza foi Frederik Ljungberg ao minuto 90, uma vez que Larsson estava em noite desfavorável e Ibrahimovic já tinha sido substituído.

A selecção sueca tem agora quatro pontos e está à beira da qualificação para os oitavos-de-final. O seu próximo jogo é com a Inglaterra, orientada pelo conterrâneo Sven Goran Eriksson, e que venceu hoje a Trinidad e Tobago por 2-0, um resultado que não reflectiu de maneira nenhuma o que se viu em campo. Já no primeiro jogo, a Inglaterra não foi além de uma vitória por 1-0 frente ao Paraguai, com um auto-golo do defesa paraguaio, Gamarra. O que vai ganhar um interesse ainda maior é a seguinte situação: os dois primeiros classificados do Grupo B [Inglaterra, Suécia, Trinidad & Tobago, Paraguai] vão enfrentar os dois primeiros classificados do Grupo A, que já está, em parte decidido - Alemanha e Equador.

Estas duas selecções, porém, ainda não jogaram entre si e têm ambas 6 pontos. O que significa isto: Alemanha e Equador jogam no dia 20 de Junho à tarde para decidir o primeiro e segundo lugar do grupo. Suécia e Inglaterra jogam entre si no mesmo dia, 4 horas depois, igualmente para decidir o primeiro e segundo lugar do grupo, enquanto a Trinidad & Tobago ainda tem uma hipótese, caso vença o Paraguai por pelo menos dois golos de diferença e a Suécia perca.

O primeiro classificado do Grupo A, jogará com o segundo classificado do Grupo B, enquanto o primeiro classificado deste último jogará com o segundo classificado do anterior. Uma vez que o Inglaterra - Suécia decorre DEPOIS de ser conhecida a ordem do Grupo A, podemos já antever alguns cenários interessantes:

- Se a Alemanha ficar em segundo lugar, a Inglaterra irá fazer todos os possíveis para vencer a Suécia e jogar os oitavos-de-final com a anfitriã. A rivalidade histórica tem um peso enorme e derrotar a Alemanha em casa seria maravilhoso para a selecção inglesa

- Se o Equador ficar em segundo lugar, a Inglaterra pode sair contrariada. Em primeiro lugar porque jogar com uma selecção sul-americana que não seja o Brasil ou a Argentina tem muito menos peso e mística do que jogar com a Alemanha. Em segundo lugar porque o Equador já marcou cinco golos em dois jogos e ainda não sofreu nenhum, o que demonstra que o terceiro lugar que agarrou na zona de qualificação sul-americana não foi um acidente. Finalmente, se Equador e Alemanha empatarem e a Inglaterra perder com a Suécia, os ingleses irão jogar com os sul-americanos, uma vez que Equador e Alemanha têm o mesmo número de pontos, mas em caso de empate [neste caso, ambos com sete pontos, caso nenhum deles vença] o Equador ficará em primeiro lugar, uma vez que, seja o resultado 0-0, 1-1, 2-2, 3-3, etc, o Equador tem [e terá] o mesmo número de golos marcados que a Alemanha [actualmente 5] mas apresenta uma melhor defesa, uma vez que ainda não sofreu golos, enquanto a Alemanha sofreu dois da Costa Rica.

- Se a Inglaterra vencer a Suécia por, digamos 1-0, e a Trinidad & Tobago vencer o Paraguai por, digamos 2-0 ou 3-0, a selecção das Caraíbas ficará em segundo lugar, uma vez que irá contar com quatro pontos, tal como a Suécia, mas com mais golos marcados.

Por algum motivo, os últimos dois jogos de cada grupo são disputados em simultâneo. Não haja dúvida, vai ser um belo dia para os seguidores do Mundial!

Somália

Teremos um novo estado integrista no Mundo? Não, pelo menos não na totalidade, mas assim parece. Desde que Mogadíscio foi tomada por uma facção de carácter fundamentalista [há quem os compare aos taliban] denominada União dos Tribunais Islâmicos, que as possibilidades daquele território da África Oriental cair para a esfera dos chamados “estados islâmicos” aumentaram e muito. Não podemos chamar à Somália um estado, isso é certo. Apesar de, quando olhamos para o mapa, vermos um país, de forma ligeiramente triangular, no Corno de África e não se levantarem suspeitas para quem não conhece a situação, aquele território desde 1991 que perdeu toda a coesão e todos os elementos unificadores que um estado soberano possui.

O seu governo é, para todos os efeitos, decorativo. Reside no Quénia e os seus únicos meios são declarações e discursos. Não existe uma autoridade central, não existe um Chefe de Estado propriamente dito, nem existe um aparelho de estado. Existem sim facções armadas que exercem o seu controlo sobre várias partes do território, e a região de Mogadíscio, a “capital”, foi tomada por uma facção fundamentalista. Uma das suas primeiras decisões foi proibir que as pessoas assistissem às transmissões do Mundial de futebol. Faz assim todo o sentido que já existam vozes que afirmem que a Somália vai ser um “novo Afeganistão” e um “viveiro para terroristas” [é que até aqui era um jardim de paz e de ordem, estão a ver…], apesar das negações dos novos “senhores” de Mogadíscio, que aparentemente fornecem à população alguns serviços de educação e de saúde, além de zelarem pelo cumprimento de normas sociais que não vão contra o islão.

Após uma intervenção americana desastrosa em 1993, a Somália desapareceu do panorama global. Foi como se naqueles 600 mil km2 toda a vida tivesse sido sugada e o país tivesse sido apagado. Contudo, a queda do estado somali e a posterior situação de fragmentação do poder por várias facções armadas não significou o fim do país. Há quem aponte a Somália como um exemplo raro de anarco-capitalismo, no sentido em que, devido à falta de regulamentação, as empresas actuam livremente e o mercado é considerado como totalmente livre de intervenção estatal. Enquanto que as facções armadas se encarregam da segurança dos investimentos, o sector privado actua da forma mais desregulamentada possível. Assim se justifica que exista um grande volume de negócios na área das telecomunicações e das linhas aéreas e que nos mercados de Mogadíscio seja possível encontrar os mesmos aparelhos electrónicos que numa capital europeia, americana ou asiática.

Resta saber o que vai acontecer com esta nova facção no poder em Mogadíscio. O que vai mudar naquela região, irão manter o actual status quo? Irão exercer um poder de ferro sobre a população? Poderão empreender uma ofensiva armada contra as outras regiões com o intuito de unificar o país e estabelecer um governo de unidade nacional? Não sei as respostas a estas perguntas, mas uma coisa é certa: se 13 anos depois do episódio que foi transposto para o filme Black Hawk Down é que demonstram preocupações sérias com a Somália, não se surpreendam com o que pode surgir agora.

14.6.06

Boten Anna

Não sou seguidor de techno, nem de qualquer música de dança. Isso não significa que não existam boas músicas neste género, ou pelo menos interessantes. Aqui está o vídeo do que provavelmente será o êxito de verão este ano na Europa. Chama-se Boten Anna e é do sueco Basshunter. Já foi um sucesso na Suécia e Dinamarca, e o conceito do vídeo até tem interesse. Sempre é melhor em sueco do que em espanhol ou em moldavo, como outros êxitos que por aí se ouviram...


Caros visitantes

Através dos meus fiéis contadores, retiro algumas conclusões sobre quem visita este blog e aproveito para deixar alguns comentários e/ou sugestões.
Aparentemente, a maioria dos meus actuais visitantes, cerca de 40%, é oriunda do Brasil. Aqui está o primeiro ponto a realçar, uma vez que a maioria dos artigos deste blog são sobre Portugal e dificilmente são compreendidos por quem não conhece a realidade portuguesa. Mas a internet é um espaço global e, salvo raras excepções, o acesso aos seus conteúdos é livre, pelo menos enquanto a China não detectar alguma ameaça neste blog.
O segundo ponto a realçar, e este sim, mais grave, diz respeito à forma como muitos visitantes vêm cá parar. Se no caso da maioria dos visitantes portugueses, a forma como acabam neste blog resulta de uma pesquisa no Google por tópicos que dizem respeito directamente a Portugal [ou então através de links em comentários que eu deixo em alguns blogs], no caso de muitos visitantes brasileiros, o caso é diferente. Muitos destes visitantes procuram no Google em português por algo que encontrariam muito melhor em inglês.
É assim que vêm cá parar pessoas que procuram por “imagens traje tipico iraniano”, “habitos e costumes da croacia”, “o que levou a separação da servia e monte negro”, “localização da frança” [mais uma vez, esta foi a melhor de todas! É preciso ser-se um grande iluminado para ter de procurar na internet onde fica a França!]…tudo isto consequências do funcionamento do Google e da inépcia dos utilizadores. ah, e eu deixei os erros ortográficos tal e qual como os encontrei. Através da barra de pesquisa, o Google procura pelas palavras pretendidas em toda a página. Significa isto que posso ter escrito uma das palavras num post e a outra pode estar noutro post de há 2 meses atrás, mas o Google vai lá parar de qualquer forma, a menos que o utilizador procure através da Pesquisa Avançada. Os utilizadores que acabam neste blog sem motivo, além de não saberem inglês [porque motivo procuram em português tópicos que mais facilmente se encontram em inglês?], não sabem procurar no Google, uma vez que colocam frases inteiras na barra de pesquisa, em vez de colocarem apenas os pontos mais importantes e alguns vão ao ponto de colocar a sua pesquisa sob a forma de uma pergunta.
A estas pessoas digo isto:
- aprendam a usar o Google!
- procurem em inglês!
- se não sabem inglês, aprendam! É a língua dominante no ciberespaço e se vocês querem movimentar-se no ciberespaço sem saber inglês não vão a lado nenhum
Obrigado pela atenção, se é que lhe deram alguma.

Portugal e racionalidade - conceitos inimigos

O uso da racionalidade em Portugal foi reservado por uma pequeníssima elite de iluminados que retiraram esse valor a 99% da população. É a simples conclusão a que eu chego, após observar alguns fenómenos que grassam pelo país. Como posso eu afirmar isto? Basta ter presente algumas das regras não-escritas da sociedade portuguesa que apelam à obliteração do uso da racionalidade e à prevalência de sistemas que juntam emotividade com uma aparência racional mas que de racionais nada têm.
Em Portugal, uma pessoa que se apresente como racional é imediatamente equiparada a uma pessoa fria na melhor das hipóteses ou a uma pessoa arrogante na pior das hipóteses. Quem mantém o mesmo tom de voz durante uma conversa é um “chato do caraças”. Quem pondera todos os lados possíveis da mesma questão está a perder tempo e “só diz treta”. Quem não chora copiosamente quando recebe uma notícia bastante negativa é considerado insensível. Da mesma maneira que verter umas lágrimas quando assistimos a algo “socialmente comovente” só beneficia quem as verteu [mesmo que não lhe diga respeito], quem não demonstra um entusiasmo delirante ou uma alegria explosiva quando recebe boas notícias é logo alvo de comentários por parte dos seus pares. Ao mesmo tempo, quem não cumprimenta todos os seus conhecidos com uma enorme quantidade de beijos na cara ou de abraços é considerado uma pessoa distante. Assim como quem não extrapola os seus sentimentos até chegar ao ridículo não é levado a sério e quem não berra suficientemente alto na praça pública não será escutado pelo alvo do seu discurso.
É assim que Portugal eliminou a racionalidade da sua vida pública e privada. E uma das melhores provas disto é considerar o actual PR como um homem racional. Suponho que faça algum sentido, quando um povo não sabe o que é a racionalidade, vai atribuí-la a quem simula o seu domínio.

13.6.06

Resolução contra a violência

Adoptar uma resolução contra a violência...com que propósito? As armas vão-se calar? As pessoas vão deixar de ser atingidas? Vai reduzir o número de feridos e mortos? A destruição vai ser reduzida? Qual é então, o propósito de se adoptarem declarações contra a violência quando estas não são acompanhadas de acções concretas que pretendem pôr cobro a tais actos?

Não acredito que quem as adopte possua um sentido tão alienado da realidade que acredite numa receita totalmente dependente da retórica como arma física e metafísica para fazer cessar um conflito. Uma declaração de intenções por si só, tem tanta leigitimidade como um acto violento sem fundamento, é vazio e não tem razão de ser. Quem toma estas decisões limpa a sua consciência de fardos e lava a sua imagem, apresentando-se como alguém preocupado que dispensou uns minutos para condenar o uso da violência, mas estaremos nós assim tão cínicos que definimos o padrão pela negativa, ou seja, a regra é o silêncio e a não-condenação?

República Checa em grande


Mas havia alguma dúvida?

Seoul



12.6.06

Homer, the Smithers


Burns: Simpson, any messages?

Homer: "Here are your messages: 'You have thirty minutes to move your car.' 'You have ten minutes to move your car.' 'Your car has been impounded.' 'Your car has been crushed into a cube.' 'You have thirty minutes to move your cube.'"

Metro chega ao aeroporto

O metro de Lisboa vai sofrer um prolongamento da linha vermelha até ao aeroporto. Na primeira década do século XXI. Será isto uma premonição sobre o futuro do “aeroporto da Ota”? Duvido que assim seja, há imenso dinheiro a ganhar com a Ota, mesmo que só seja possível construir duas pistas e não haja possibilidade de futuras expansões, ou seja, com o futuro totalmente comprometido a longo prazo.
Não tenho nada contra a expansão do metro de Lisboa, muito pelo contrário, é um meio de transporte vital para o quotidiano da cidade. Apenas questiono esta expansão, que deveria ter surgido há décadas atrás. Segundo os media, o curto período de tempo em que o aeroporto da Portela será servido pelo metro não deverá constituir nenhum problema, uma vez que após o encerramento da Portela, a área “deverá ser aproveitada para urbanizações”. espero que estas não estejam já decididas, planificadas e vendidas, na boa tradição da construção civil portuguesa…

11.6.06

Reacção

Sem classe e sem espectáculo...só vencemos porque jogámos contra uma equipa ingénua sem experiência. Fosse o adversário uma equipa da linha da frente e o resultado teria sido bem diferente. Após 5 minutos fulgurantes, vieram 85 minutos de oportunidades perdidas, de desperdícios, de actos sem explicação possível para uma equipa que pretende ser de nível mundial e que elegeu como objectivo mínimo a chegada aos quartos-de-final. Portugal mostrou poucas soluções e uma elevada dependência do veterano Luis Figo. Pauleta esteve no sítio certo à hora certa uma vez e a partir daí foi invisível. Simão esteve muito abaixo do seu nível. Cristiano Ronaldo mostrou uma das suas piores vertentes.
O mínimo que exigia para este jogo era uma vitória por 3-0. Assim não aconteceu e não tivesse sido a baixa qualidade da equipa adversária, teríamos sofrido mais um início de choque, como há dois e há quatro anos. Vencer apenas por 1-0 uma equipa de baixo nível é mau, é mau para a nossa imagem e para o nosso nome e credibilidade. É importante lembrar que na última jornada, caso exista uma igualdade de pontos, um dos critérios de desempate é o número de golos. O México hoje venceu o Irão por 3-1, se no final Portugal e o México tiverem uma igualdade pontual mas os mexicanos tiverem vantagem nos golos, ficaremos para segundo e arriscamo-nos a jogar contra a Argentina, e mais não digo.
Quase que me sinto tentado a dizer que o resultado estaria pré-definido, qualquer coisa como "vamos marcar um golo mas nada mais para eles não se sentirem muito mal, pode ser que se só sofrerem um golo tenham mais hipóteses de passar" mas como não aprecio muito teorias da conspiração vou ficar por aqui.

Quando o futebol e a política se misturam

Hoje às 20:00 tem lugar um jogo muito aguardado do Mundial de 2006, o já célebre Portugal - Angola, que fez fervilhar as cabeças de saudosistas e apologistas da fraternidade entre povos. Com todo o espectáculo decadente de lusofonia e de proximidade entre os dois países, o que vamos ver hoje vai ser mais uma montra política do que um jogo de futebol. E logo um jogo que é imperativo que Portugal vença. No entanto, e como os nossos "iluminados comentadores" assim não o entendem, somos bombardeados com propaganda que considera a selecção de Angola como diferente das outras, como uma "selecção de um país irmão" e até há quem apele a um empate e quem diga que Angola [juntamente com o Brasil] deve receber todo o apoio possível dos portugueses.
Eu como não engulo propaganda e como não reconheço nenhuma razão para tratarmos os países de língua oficial portuguesa de uma forma diferente, afirmo que Angola deve receber o mesmo tratamento que as outras selecções: sem propaganda, sem discursos saudosistas, sem conversas de fraternidade. Apenas o desportivismo que uma selecção adversária merece: respeito e conduta correcta, aquilo que eu espero dos jogadores angolanos. Desportivismo e nada mais, é um jogo de futebol. E que Portugal vença, por bastantes golos, de preferência.
E quanto ao apoio "que devemos dar aos países de língua portuguesa"? Apoiem quem quiserem, que eu apoio a República Checa. Divirtam-se.

Grande ideia que irá acabar no caixote do lixo dos gabinetes do Estado

O mundo não seria muito melhor se todos nós tivéssemos incorporado um pequeno dispositivo na nossa cabeça que traduziria qualquer palavra ou expressão que não percebemos bem para um equivalente da nossa mentalidade? Vejamos, pessoa X diz “isto é importante” e a pessoa Y não dá grande importância, no cérebro de Y desencadear-se-ia uma série de sinapses que traduziriam “isto é importante” para o seu verdadeiro equivalente na perspectiva de Y, que pode ser, por exemplo “vê lá se tratas disto ou eu vou-te aos cornos”. Claro que isto está aberto a todo o tipo de mensagens, não se tratando apenas de ameaças de agressão em caso de inacção. Vejam lá se o Estado me concedeu uma bolsa de investigação para isto?

10.6.06

Condecorações de 10 de Junho

É difícil de acreditar, mas ainda existem pessoas em Portugal que nunca foram condecoradas, nem sequer com uma mísera cruz da ordem do Tó Zé da Esquina que recompensa a esperteza saloia que caracteriza uma boa parte dos portugueses. Eu por exemplo, nunca recebi, nem uma Grã-Cruz da Ordem de Mérito nem uma pequena cruz da Ordem da Preguiça, mas isso é porque o PR nunca teve a oportunidade de contactar com a minha obra.
De qualquer forma, hoje, no dia 10 de Junho, teve lugar, na Câmara Municipal do Porto, a cerimónia de entrega de condecorações a 26 personalidades [se eles de facto têm uma personalidade própria já não sei] que no entender da Presidência da República o merecem. Além de a entrega das ditas cujas condecorações ter beneficiado um grande número de indivíduos oriundos do Porto, até o próprio Rui Rio foi agraciado, foram condecorados professores do 2º ciclo e presidentes de conselhos directivos de escolas do ensino básico.
Talvez eu tenha perdido o contacto com a realidade, mas sempre julguei que estas condecorações se destinavam a reconhecer indivíduos que tinham demonstrado não só excelência nos seus actos, como tinham ainda contribuído de forma significativa para o desenvolvimento de Portugal. Daqui até um presidente de conselho directivo e professor do 2º ciclo da região centro ou até mesmo um construtor civil da zona de Leiria terem sido agraciados vai um longo caminho.
Pergunto-me quando será a minha vez.

9.6.06

Alemanha - Costa Rica

Alemanha e Costa Rica protagonizaram um jogo de abertura com 6 golos e que, apesar do desnível verificado entre as duas equipas, foi bem disputado. Apesar da sua inexperiência e relativa falta de qualidade, a Costa Rica não se mostrou intimidada pelo poder do adversário e pelo factor casa da Alemanha enquanto a selecção alemã mostrou boas capacidades ofensivas, apesar de algumas fragilidades defensivas. Foi uma bela abertura que espero que sirva de exemplo para as próximas partidas. Para o registo, ficam os 4-2 do resultado final.

Projecto cancelado para Cacilhas


O que podem ver nestas imagens são concepções de um projecto de 1999 a desenvolver na doca da Lisnave, zona de Cacilhas, e que previa a renovação da zona através da construção de novos empreendimentos onde se previam alguns arranha-céus, o maior dos quais com cerca de 90 andares e que, a concretizar-se, seria o edifício mais alto da Europa.
Como é óbvio, o projecto foi reprovado pela câmara de Almada. As razões invocadas foram o desenquadramento em relação à zona [atendendo a que seria construído numa zona industrial decadente não vejo qual o problema] e a volumetria dos edifícios. Surpeendente, quando temos em conta que a construção seria financiada a 100% por fundos privados e não pelo Estado ou pela autarquia. A câmara de Almada foi notória na falta de visão que demonstrou ao reprovar o projecto.
Porque iria colocar o concelho de Almada entre os mais proeminentes do país, contribuindo para afastar a sua imagem de dormitório de Lisboa. Porque daria uma vista totalmente nova e inédita em Portugal, quer estivéssemos no local, quer estivéssemos em Lisboa a observar a margem sul do rio Tejo. Porque um empreendimento como este poderia contribuir de forma decisiva para a projecção de Portugal na Europa e no Mundo, uma vez que o nosso país não se distingue pela grandiosidade das suas skylines. Se a câmara de Alamada tivesse alguma visão de futuro e ambição, saberia que algumas cidades ganharam fama mundial devido à grandiosidade e imponência da sua skyline, além de que a construção de empreendimentos como este injecta uma nova vida aos locais que são alvo de intervenção, uma vez que os alvos são frequentemente zonas industriais em decadência ou abandonadas.
Infelizmente, a CM Almada assim não pensou, e o projecto que ganhou a designação de "Manhattan em Cacilhas" foi rapidamente reprovado, nem sequer chegou a alimentar polémica a nível nacional. Talvez porque não houvesse "patos bravos" interessados, a câmara de Almada não sofreu pressões suficientes para aprovar o projecto, mas não se tratava de um projecto de torres de habitação em cimento e betão de má qualidade, tratava-se de algo absolutamente novo em Portugal. Mesmo assim, a CM Alamda não se convenceu e o próprio Governo, na altura com José Sócrates como Ministro do Ambiente, declarou a sua oposição ao projecto. Não sei o que têm contra a construção de arranha-céus em Portugal, existem em quase todos os países europeus e, se forem bem construídos, os seus benefícios são notórios. Qual é, então o problema de se construir [bem] em altura?

8.6.06

Roterdão / Rotterdam



Pânico, histeria e irresponsabilidade

Foi notícia de abertura ontem nos telejornais, a detenção de Mário Machado, dirigente da Frente Nacional, após a exibição de uma reportagem da RTP na qual este ostenta uma caçadeira [que na minha opinião fica melhor numa rua de Bagdade ou de Kabul do que em Lisboa] que afirma estar legalizada. Depois de ter sido ouvido pelo juiz no Tribunal da Boa Hora, foi libertado e foi-lhe aplicado termo de identidade e residência, a menos restritiva das medidas de coacção previstas pela lei portuguesa, o que lhe vai permitir ir à Alemanha durante o Mundial que começa amanhã.
O longo período de tempo concedido a estas notícias, bem como a abrangente cobertura por parte dos media portugueses, demonstra bem que os nossos meios de comunicação não têm responsabilidade nenhuma e não são sérios, por motivos muito simples e de ordem pragmática. São detidos indivíduos todos os dias em todo o país e frequentemente a população fica indignada quando um suspeito de assalto à mão armada, de sequestro ou até de homicídio ou violação sai do tribunal em liberdade, o que não justifica que os telejornais dediquem 10 minutos à ocorrência.
Porque o fenómeno da emergência de grupos como a Frente Nacional, constituída essencialmente por extremistas que pretendem a subversão do estado de direito democrático e a sua modificação de maneira a ajustar-se à suas directrizes, deve ser tratado da mesma forma como são tratados os gangs criminosos que surgiram nos últimos anos nas periferias de Lisboa e Porto - constituídos por indivíduos que aproveitam o estado de direito democrático para cometer os seus crimes de roubo, extorsão, homicídio, entre outros - ou seja, é um assunto que deve ser lidado pelas autoridades e arrastá-lo para a praça pública desta forma apenas vai agravar o clima de alarmismo e de histeria que rapidamente se instala em Portugal a qualquer pretexto.
Há críticos que afirmam que os media portugueses, sobretudo os canais de televisão, conhecem muito bem o seu público. Eu acho difícil, a menos que o objectivo seja mesmo o pânico e a histeria colectiva.

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