28.12.06

O biénio dos ditadores

Em 2006, deixaram o nosso Mundo criaturas adoráveis como Slobodan Milosevic, Augusto Pinochet e Saparmurat Niyazov. Dois deles ex-ditadores [deixaram o poder em 2000 e 1990, respectivamente], outro um ditador no poder. No hemisfério ocidental, mais concretamente na ilha de Cuba, um outro ditador deixou de o ser de facto, embora por esse Mundo fora ainda se façam largos elogios ao senhor Castro, apesar de Cuba ser uma ditadura pessoal que atirou milhares de pessoas para a prisão e onde os seus cidadãos passaram por tantas privações que muitos acharam menos arriscado atravessar os 200km que os separam dos EUA em embarcações rudimentares. É bem provável que 2007 seja o seu ano.
E que dizer de um senhor que vive no extremo oriente, mais concretamente no lado norte da península coreana e que herdou o poder do seu paizinho? Ainda não é idoso, mas também não o era Niyazov, o "pai dos turquemenos" que deixou o nosso Mundo no dia 20 de Dezembro. É bem possível que o estilo de vida faustoso e boémio de Kim Jong-il lhe custe a vida em breve, o que seria a melhor notícia possível para 22 milhões de norte-coreanos. Uma outra boa notícia seria o afastamento de Mahmoud Ahmadinejad [o falecimento é altamente improvável] de Teerão, quer pela via pacífica, quer pela via violenta. Outros indivíduos que também não fazem falta nenhuma são Hugo Chavéz [o comediante de serviço, que podia passar do Palácio Presidencial de Caracas para o Palácio da Comédia de Buenos Aires] e Evo Morales [que ficaria melhor a vender cassetes de música folclórica andina], embora estes não sejam necessariamente ditadores mas gostam de fingir que são.
Mais para norte, George W. Bush também podia desaparecer de cena, mas esse não tem influência nenhuma - ou acham mesmo que nos EUA o presidente decide alguma coisa? Além disso em 2008 vai deixar Washington para se dedicar ao seu rancho e fazer o que ele realmente gosta. Para os lados da África Subsaariana, Robert Mugabe também podia fazer um favor aos seus compatriotas e esticar o pernil. Afinal um indivíduo que gosta de se comparar a Adolf Hitler deve ter algo na cabeça que não funciona muito bem, e há bastante tempo.
E em Portugal? Muito gostava eu que José Sócrates fosse engolido por um dos buracos da sua administração, mas acho pouco provável. A segunda edição do governo de Cavaco [desta vez com uma dupla de estoiro à frente do estado] parece estar aqui para ficar, para grande mal dos portugueses... Apesar disso, vamos tentar ter um bom ano de 2007 sim?

25.12.06

Prenda de natal histórica

Não escrevo isto hoje por acaso, pois vou assinalar uma pequena efeméride pessoal - será patética para uns, indiferente para outros e bizarra para mais alguns mas não deixa de ter importância.
Quanto vale ao certo, uma prenda de natal? Para muitas pessoas, as prendas de natal são apenas uma obrigação social, algo que abrimos na noite de 24, agradecemos e uns dias depois já nos esquecemos que existem. Para outros são coisas que vão inteiramente contra as expectativas e que alimentam um ressentimento crescente em relação à pessoa que a ofereceu. Mas felizmente, para muitos outros, são objectos cujo uso nos traz uma enorme felicidade e que acabam por durar anos e anos sem fim.
É o caso desta prenda em particular, que eu recebi há 15 anos atrás, no natal de 1991.

Apesar de já ser bastante conhecida noutros país há alguns anos, em Portugal era algo muito recente e que, tal como os seus homólogos de outras marcas e categorias, tinha entrado no nosso país quase de rompante. Num instante não era conhecida, no outro era quase um objecto de culto. Para quem na altura era um miudinho, desembrulhar um embrulho enorme e descobrir que a minha prenda era algo chamado NINTENDO ENTERTAINMENT SYSTEM [conhecido para a posteridade como NES] dava um ar sério - aquilo era mais do que um brinquedo como eu até então recebia, era um sistema de jogos, coisa que eu não tinha, e pela primeira vez em minha casa, tinha acesso a divertimento virtual interactivo. Depois de, com o devido apoio logístico de adultos, ter ligado a máquina cinzenta à televisão e à corrente eléctrica, tinha nas mãos um paralelepípedo preto e cinzento com 5 botões que controlavam a acção que decorria no écran - acção essa a duas dimensões e com um número de cores bastante reduzido, tratava-se de Super Mario Bros., o jogo mais vendido do Mundo, com 40 milhões de cópias por todo o planeta.
E que há de especial nisto tudo? Um miúdo recebeu uma máquina de jogos no natal, grande coisa, isso acontece em todo o Mundo, todos os anos. Têm razão, acontece, mas esta foi a mais especial delas todos - foi provavelmente a melhor oferta material que me podiam ter feito. Foi graças àquela coisa cinzenta com cabos e entradas que passei a conhecer um verdadeiro Universo de criatividade e que podia assumir outros papéis e desempenhar missões e divertir-me mais com os meus amigos... Foi, digamos, um verdadeiro investimento.
Claro que em 1991 já se encontrava obsoleto - o original foi lançado no Japão em 1983, nos EUA em 1985 e na maior parte da Europa Ocidental entre 1986 e 1987. Além de que simultaneamente em Portugal já existia uma máquina mais poderosa e com jogos bem mais avançados de uma marca concorrente, uma máquina chamada Mega Drive que na época era a coisa mais avançada que existia no país. Não durou muito tempo, ainda eu não conhecia quem estava por trás do meu recém-oferecido NES, e já um ano antes no Japão se encontrava à venda o seu sucessor, que nas terras do Sol Nascente era conhecido como Super Famicom mas que no ocidente seria imortalizado com o nome de Super Nintendo e que se tornou, em pleno direito, a máquina mais avançada e mais vendida do Mundo nos anos que se seguiram.
Isso para mim era um desconhecimento total. No espaço de algumas semanas, passei de ignorante a jogador e isso tornou-se numa parte substancial das minhas referências. Há muita gente que os desdenha [sobretudo porque nunca os jogaram], há muita gente que os considera como divertimentos infantis e quem considere que fazem mal ao cérebro. Problema deles, eu há 15 anos conheci um dos maiores divertimentos da minha vida e posso sem dúvida nenhuma afirmar: foi a melhor prenda de natal que já recebi até hoje!

24.12.06

Season's Greetings!


As imagens em si não são originais, mas a montagem é da autoria do indivíduo responsável por este espaço. Enjoy!

22.12.06

Oh, que tristeza...

Este espaço encontra-se de luto. Isto porque, caso vocês sejam uns incultos voltados para o umbigo e desconheçam, o grande Turkmenbashy faleceu na noite do dia 21 de Dezembro de 2006. Deixa-nos a todos de semblante carregdo e sem a mesma alegria que antes nos caracterizava e que podia ser expressa através da contemplação desta estátua do glorioso líder da República do Turqumenistão, um homem com uma visão tão abrangente e de uma liderança tão sólida que, vendo a necessidade do seu povo em ter no poder um homem como ele, fez-se eleger presidente vitalício e redigiu uma cartilha que orienta a vida pessoal e social de cada cidadão da gloriosa República do Turquemenistão.
Hoje o Mundo é mais pobre....

19.12.06

Joseph Barbera

Ontem morreu Joseph Barbera, um dos maiores nomes da animação norte-americana. Criador de personagens como Tom&Jerry, Huckleberry Hound, Flinstones, Jetsons, Scooby Doo, Top Cat, Hong Kong Phooey e Yogi Bear, Joseph Barbera e o seu parceiro William Hanna foram responsáveis por uma das maiores vagas de entretenimento no campo da animação que conhecemos.

16.12.06

Merry XMAS - from The Simpsons

14.12.06

La Belgique, elle existe encore?

E se uma notícia de televisão acabasse com um país?

Não foi essa a intenção da RTBF, numa emissão que pode ter parecido demasiado ousada [há quem diga de mau gosto], mas que teve o seu grau de originalidade, lá isso teve!
O que eu gostava de perguntar é o seguinte: se tal emissão provocou uma reacção tão forte e precipitada dos cerca de 90% dos telespectadores que acreditaram no que viram e ouviram, não estará já na hora de a Bélgica [e os belgas] pensarem um bocadiho sobre o que querem do futuro e sobretudo se querem continuar a ser um único país?

11.12.06

Terroristas portugueses!

Portugueses na al-Qaeda...?

8.12.06

Bens de elevado Valor de Exibicionismo e de Indução de Inveja

Não é que haja algum mal em gastar bastante dinheiro no mês para Dezembro em presentes para oferecerem uns aos outros, parto do princípio que adultos responsáveis [a palavra-chave é mesmo "responsável"] devem poder fazer ao dinheiro aquilo que bem lhes apetece.
O que começa a ser estranho é que, num país onde os salários são significativamente mais baixos que nos seus vizinhos da Europa Ocidental, as pessoas gastem uma quantidade de dinheiro superior à dos seus 'compatriotas' europeus nesta altura do ano. O que há então com os hábitos de consumo dos portugueses?
Não é novidade nenhuma, o português "comum", que para ser "comum" deve ter um salário abaixo da média europeia, sente-se dimínuido na sua auto-estima, que é como quem diz, sente-se pobre. Como resolver isso? Comprando bens de consumo de elevado VEII. Este VEII é um acrónimo criado pelo indivíduo que escreve isto e que significa Valor de Exibicionismo e de Indução de Inveja. Como podem deduzir, trata-se do indicador que que permite modificar a percepção do nível de vida de cada indivíduo em função da artilharia de consumo de que dispõe.
O VEII é apurado através da ponderação dos bens de consumo detidos por um indivíduo e que são indutores de sentimentos de inveja dos seus colegas, vizinhos, amigos e conhecidos. A sua consequência será, obviamente, comprar um outro objecto de elevado VEII capaz de anular o sentimento de inveja que entretanto se formou devido à aquisição vistosa do outro indivíduo.
Quais são, então, os bens que dispõem um elevado VEII? Simples, tratam-se de bens que concentram, dentro da sua estrutura física, uma componente tecnológica avançada, este é o requisito número um. Na segunda posição, encontra-se o design do artigo, que deve reflectir a imagem que o indivíduo quer projectar de si - a cor negra ou o cinzento metalizado são comuns, uma vez que projecta uma imagem de modernidade e de avanço tecnológico. O terceiro factor é o nome do artigo e as suas características quantitativas, que se reflectem em longas linhas de especificações técnicas onde se incluem acrónimos anglo-saxónicos e combinações de algarismos e letras que 99% das pessoas não sabem o que significam [e mesmo que soubessem não lhe saberiam dar uso]. Finalmente, o quarto e último factor - o preço. É extremamente importante, uma vez que se for demasiado barato, passa a imagem de que o indivíduo tem um baixo nível económico, se for demasiado carto, dá imagem de parvo porque largou uma fortuna por alguma coisa que custou metade a outro.
Ora bem, exemplos concretos destes bens com elevado VEII: telefones de terceira geração, capazes de realizar videochamadas, com câmara fotográfica de elevada resolução [à escala de um telefone, lá está], de reduzidíssimo tamanho e capaz de proporcionar um espectáculo luminoso a quem o contempla; televisões de écran plano, plasma ou LCD e de alta definição, capazes de dar aos espectadores uma experiência semelhante à de um cinema [para depois os desperdiçarem com a televisão portuguesa]; computador pessoal com os números mais elevados do mercado no que diz respeito a CPU, memória e placa gráfica [para o usarem apenas para conversar na internet]; uma Playstation 2 [em breve 3] para estar em sintonia com os outros que também têm uma [e depois para comprar jogos que existem para as outras plataformas e conseguir não perceber nada do assunto]...
Já devem estar a ver onde é que eu estou a chegar. Que fique claro, não tenho nada de pessoal contra as pessoas que fazem isto. Vivemos numa democracia e cada um tem a plena liberdade de adquirir e ostentar aquilo que bem lhe apetece, temos inclusivamente a liberdade de sermos saloios e de aumentar a nossa auto-estima com caixinhas de plástico feitas na China. Apenas lhes peço uma coisa: não se queixem de que não têm dinheiro, ok? É muito diferente uma situação em que um indivíduo não tem dinheiro para ter um nível de vida decente, de uma situação em que não pode financiar um estilo de vida baseado em bens de elevado VEII.

3.12.06

Keep moving!

Já se está a tornar um pouco obsessivo não acham? Enfim, isto é mais para os que ainda não perceberam como é.

2.12.06

Wii in Japan


Duas semanas depois dos América do Norte, foi a vez do Japão - 400 000 unidades disponibilizadas no primeiro dia, e esgotou. É verdade, esgotou e sem incidentes, qualquer semelhança com um outro lançamento ocorrido no mês passado é mera coincidência.

Ora bem, 400 000 num único dia, juntando às mais de 700 000 que foram vendidas em 12 dias na América do Norte, temos um total superior a 1.1 milhões de unidades vendidas, apenas em dois mercados. São os mais importantes, é certo, mas no dia 8 será o lançamento na Europa e Austrália - e aí, podemos ter a certeza de, mais coisa, menos coisa, pelo menos umas 200 000 no primeiro dia. Por este andar, o objectivo das 4 milhões de unidades até ao final do próximo mês de Março estará cumprido.

Ora bem, isto não passou ao lado dos media de todo o Mundo. Sobretudo daqueles que compreendem a importância deste evento e que já se tinham pronunciado quanto a ele há duas semanas atrás. Provas disso podem ser encontradas aqui, mas também aqui e, já agora, aqui também. No entanto, em Portugal, a única coisa que se encontra é isto. Qual a razão? Quando no mês passado, teve lugar um outro lançamento, quer no Japão, quer na América do Norte, houve uma atenção muito maior dos media portugueses, até mesmo da televisão que raramente se pronuncia sobre o fenómeno, apesar de ter tido uma escala cinco vezes menor. Qual é então a razão para ignorar um evento de muito maior dimensão e de maior significado para o futuro da indústria?

1.12.06

Perdidos na estepe

Uma franja significativa da opinião pública detestou um certo pseudo-documentário narrado por um pseudo-jornalista de um país verdadeiro chamado Cazaquistão. Consideram-no insultuoso e ofensivo, para dizer o mínimo e acham que não devia ser exibido.
Isso é, simplesmente, demonstrar porque é que a ideia do filme está certa. Através de uma personagem fictícia que representa uma imagem que muitas pessoas no ocidente consideram ser verdadeira [mas que não é], quem detesta o filme considera-o um insulto em retratar um país inteiro daquela forma. Mais uma vez, errado. É preciso ser ignorante e desprovido de qualquer espírito livre para poder ver "Borat" como um insulto ao Cazaquistão - em primeiro lugar, porque não é um verdadeiro documentário. Em segundo, porque um dos objectivos do filme é expôr a ignorância das pessoas, fazendo-as acreditar no que aparce num pseudo-documentário apresentado por um pseudo-jornalista.
Finalmente, porque na mente de muitas pessoas, apenas frases e acções cinzentas podem provocar riso. Tudo o que vai além disso é "ofensivo" e "insultuoso", que digamos, são adjectivos que podem ser usados para criticar qualquer coisa de que não gostamos.

Click Here