8.6.06

Pânico, histeria e irresponsabilidade

Foi notícia de abertura ontem nos telejornais, a detenção de Mário Machado, dirigente da Frente Nacional, após a exibição de uma reportagem da RTP na qual este ostenta uma caçadeira [que na minha opinião fica melhor numa rua de Bagdade ou de Kabul do que em Lisboa] que afirma estar legalizada. Depois de ter sido ouvido pelo juiz no Tribunal da Boa Hora, foi libertado e foi-lhe aplicado termo de identidade e residência, a menos restritiva das medidas de coacção previstas pela lei portuguesa, o que lhe vai permitir ir à Alemanha durante o Mundial que começa amanhã.
O longo período de tempo concedido a estas notícias, bem como a abrangente cobertura por parte dos media portugueses, demonstra bem que os nossos meios de comunicação não têm responsabilidade nenhuma e não são sérios, por motivos muito simples e de ordem pragmática. São detidos indivíduos todos os dias em todo o país e frequentemente a população fica indignada quando um suspeito de assalto à mão armada, de sequestro ou até de homicídio ou violação sai do tribunal em liberdade, o que não justifica que os telejornais dediquem 10 minutos à ocorrência.
Porque o fenómeno da emergência de grupos como a Frente Nacional, constituída essencialmente por extremistas que pretendem a subversão do estado de direito democrático e a sua modificação de maneira a ajustar-se à suas directrizes, deve ser tratado da mesma forma como são tratados os gangs criminosos que surgiram nos últimos anos nas periferias de Lisboa e Porto - constituídos por indivíduos que aproveitam o estado de direito democrático para cometer os seus crimes de roubo, extorsão, homicídio, entre outros - ou seja, é um assunto que deve ser lidado pelas autoridades e arrastá-lo para a praça pública desta forma apenas vai agravar o clima de alarmismo e de histeria que rapidamente se instala em Portugal a qualquer pretexto.
Há críticos que afirmam que os media portugueses, sobretudo os canais de televisão, conhecem muito bem o seu público. Eu acho difícil, a menos que o objectivo seja mesmo o pânico e a histeria colectiva.

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