18.6.06

No guts, no project

A possibilidade de a constituição europeia ser alvo de uma nova abordagem por parte da UE foi adiada até 2008, uma vez que não existe um consenso suficientemente alargado entre os estados membros para que se chegue a uma conclusão sobre a aprovação do documento. É assim que, um ano depois da reprovação por parte dos eleitores em França e na Holanda, os governos da UE decidiram tratar de um projecto que se tornou num problema e num empecilho para as suas agendas internas e externas.
Ao aperceberem-se que o documento era impopular junto de uma parte substancial da população, os estados preferiram suspender o assunto, em vez de o abordarem directamente, faltou a coragem de o encarar de frente e de apontar os pontos que mais discórdia suscitaram, tal como faltou uma campanha eficaz e uma forma de fazer passar a mensagem às populações sobre os potenciais benefícios do documento. Em vez disso, prevaleceu a tese de que a aprovação da constituição iria permitir o desmantelamento do estado-providência e abrir as portas a alargamentos ilimitados , quando estas questões podem conhecer desenvolvimentos à luz do actual tratado. Merecem, assim, um aviso claro dos seus eleitores, por demonstrarem falta de coragem e de vontade política, mas também de alguma hipocrisia uma vez que defendem o documento ao nível europeu mas não investiram o suficiente nele na sua frente interna, mesmo que involuntariamente, caso por exemplo da França onde Chirac não soube lidar com o assunto e sofreu uma de muitas derrotas pessoais que afligem os últimos anos da sua presidência.
Não é possível injectar vitalidade num projecto quando aqueles que têm o dever de o manter de pé não utilizam mais do que retórica vazia e até se mostram envergonhados em discutir o assunto perante o seu próprio eleitorado. Seria muito mais apreciável que, caso assim o entendam, acabassem com o projecto de um só golpe em vez de o manterem em suspensão como fazem desde há um ano atrás.

1 Comments:

Blogger MoonnooM said...

Este post...tem muito que se lhe diga. Claro que para mim é particularmente caro por todo o trabalho que se tentou fazer na divulgação e "discussão" do Projecto de Tratado Constitucional para UE...enfim. Tentar, apesar de díficil, tenta-se. Realmente o pior é ver não só a falta de desinteresse da população mas, sobretudo, a falta de informação que, quem a deveria prestar, não presta. Acho ridículo que se queira ir para a frente com um projecto quando a maior parte da população o desconhece.
Acho impressionante que continuemos a encara a UE com um único propósito: os fundos estruturais. Futuramente enfrentaremos algo para o qual ainda não estamos preparados: a diminuição brusca destes devido ao alargamento a 25. Há décadas na UE, a receber subsídios e continuamos na cauda da Europa...será que só a mim é que me revolta?! Em tanto tempo não tivemos a capacidade nem o empreendedorismo para os aplicar eficazmente naquilo que ERA realmente necessário?!......!:/


Enfim...este assunto daria pano para mangas!;)**

18 junho, 2006 18:21  

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