31.8.06

31 de Agosto

Hoje acaba o prazo dado pelas Nações Unidas para o Irão suspender o enriquecimento de urânio e evitar uma possível imposição de sanções. Claro que para o Irão, isto é igual a quase nada. Da mesma forma que o Irão ignora virtualmente tudo o que lhe é dirigido, os EUA encontram-se num buraco negro sem grandes perspectivas de saída. Depois de se terem afundado no Iraque, onde ainda continuam amarrados a uma guerra civil não assumida, os EUA não conseguem fazer a sua palavra chegar a Teerão, ao mesmo tempo que quem ocupa a cadeira do poder no Irão repete a mesma mensagem pré-gravada, que o Irão tem o direito à tecnologia nuclear. E mais uma vez vemos o cinismo de tudo isto, os iranianos assumem a posição de país muçulmano pobre que apenas está a tentar utilizar tecnologia nuclear para fins civis sem objectivos militares…ao mesmo tempo que realiza testes de mísseis e fornece armas ao Hezbollah.
A União Europeia não sabe ao certo o que fazer. Desejosa de adquirir uma voz respeitável a nível global, não quer repetir as palavras dos EUA, mas também não quer ver o Irão com tecnologia nuclear, enquanto a Rússia e a China afirmam ser contra qualquer sanção, como forma de proteger os seus interesses na república islâmica. O Irão faz o seu papel, quer obter tecnologia nuclear e provavelmente desenvolver armas nucleares como forma de galvanizar o “mundo islâmico” e dar alguma dose de realismo às palavras raivosas do presidente que, sempre que é preciso, agita a bandeira anti-ocidental e nega o holocausto. Como não estamos de forma a alguma a falar de um país semelhante aos que são nossos vizinhos, é bem possível que aquele indivíduo esteja à frente do Irão durante mais uns sete anos, apesar das condições de vida dos iranianos não terem melhorado, em parte porque o seu presidente passa o tempo a lançar pragas ao resto do Mundo e a apresentar o Irão como país mártir, mas por outro lado, naquela região o martírio é apreciado de forma doentia…pode ser que lhe façam esse favor.

30.8.06

Carcassone



Festa total

Para o regozijo da cidade de Lisboa [ok, só uma parte], as obras do túnel do Rossio, encerrado desde Outubro de 2004, estão paradas e a data de conclusão é desconhecida. Depois de ter sido apontada para 31 de Agosto deste ano [ainda têm umas 30 horas até ao final do dia de amanhã], foi adiada para Maio de 2007 e agora para 10 de Novembro de 2011. Note-se a precisão incrível com que prevêem acontecimentos a ter lugar daqui a 5 anos, ao mesmo tempo que foram incapazes de prever a conclusão com um prazo mais pequeno.

Aquilo é que é amor ao trabalho de reabilitação do túnel! E aos pagamentos da REFER, diga-se, porque recuperar uma secção de um túnel ferroviário que não oferecia condições de segurança aos passageiros [há cerca de 80 anos, segundo me consta] não pode sair barato. Aliás, acho que não pode haver maior beneficiário deste adiamento do que a própria construtora, juntamente com o Metro de Lisboa e a Carris, que passaram a ter uns 70 mil passageiros extra todos os dias que deixaram de poder sair na estação do Rossio para terem que sair em Entrecampos ou em Sete Rios.
A juntar isto ao túnel do Marquês, e temos todos os ingredientes para fazer um verdadeiro carnaval em Lisboa, em final de Agosto. Buracos e poeira não faltam pela cidade, só é preciso que os lisboetas se lembrem de bater o pé para a festa ser total.

29.8.06

Dois Emmys para o Daily Show



The Daily show with Jon Stewart ganhou 2 Emmys, um para o melhor programa de comédia, outro para a melhor escrita. Não é a primeira vez que o telejornal satírico recebe estes galardões, mais do que merecidos.

Ouviram falar disto, televisões portuguesas?

14 mil milhões

Não são 100 milhões, não são 500 milhões, não são mil milhões...são mesmo 14 mil milhões, ou se quisermos, 9,5% do PIB português. Não é a fortuna de um oligarca russo, nem de um xeique árabe, muito menos de um jovem milionário americano, é sim, o valor acumulado dos impostos por pagar em Portugal em 2005.

14 mil milhões de Euros é suficiente para comprar uma ilha e criar nela um novo país, se metade dessa quantia tivesse sido paga o défice poderia já ter sido coberto. 14 mil milhões de Euros financiavam a recuperação e reconstrução de todas as estruturas em Portugal que necessitassem de intervenção e seria mais que suficientes para modernizar as escolas, hospitais e restantes edifícios públicos.
Vou ser um bocadinho cínico e dizer que a larga maioria desta quantia deveria ter sido paga não pelas PMEs, nem por pessoas de rendimentos baixos e médios, mas sim pelas maiores empresas de Portugal, pelas que estão cotadas na bolsa, pelas que são privilegiadas pelo governo e pelas autarquias [e que chegam a atropelar concursos públicos] e que fazem parte de uma coroa decadente que compõe a maior parte da chamada "elite" portuguesa.

28.8.06

Air shower


Esta invenção japonesa consiste numa cabine com 2 metros de altura e 90 cm de largura onde durante 20 segundos, cada pessoa é bombardeada por jactos de ar que limpam as poeiras agarradas ao corpo. Segundo o fabricante, não só limpa a pessoa como ainda dá uma sensação de frescura, semelhante à de um banho. Não está nada mal, num dia quente de verão, para quem não estiver em casa e quiser sentir-se fresco, passar por uma destas cabines e levar um banho de ar.

Paradoxo

Porque é que a afamada sociedade da informação não se reflecte numa maior consciencialização dos povos ao ponto de se tornarem mais auto-conscientes e reivindicativos? Supostamente, a rápida circulação de informações em grande escala deveria permitir isso mesmo, possibilitar uma planificação mais rápida e organizada das acções tendo em vista situações de abuso de poder ou semelhantes, mas isso acontece em poucos casos. Estarão os consumidores a saber aproveitar o que as novas tecnologias lhes permitem? Ou os fornecedores de serviços preferem não fomentar situações dessas?

27.8.06

Pinguins


Não sei ao certo porquê, mas gosto muito destas criaturas. Os pinguins são daqueles animais que apesar de não terem uma forte carga simbólica ou carismática, sempre me captaram a atenção, desde há bastante tempo. Talvez seja por viverem em condições adversas ou por terem um aspecto inconfundível, seja lá o que for, eu gosto de pinguins e não me importava nada de fotografar alguns pessoalmente no habitat natural.
Ad nauseam - parte II

Há alguns meses fiz uma ligação para este anúncio, sem saber que o podia inserir aqui no blog.

Agora aqui fica a actualização. Um dos melhores anúncios que eu já vi, uma pérola num oceano de mediocridade!

26.8.06

Narrativa original

Não é bom ver como conseguimos tornar uma questão simples num evento capaz de fazer correr tinta/bytes [depende do meio usado], demonstrando que, afinal de contas, em Portugal existem correntes próprias de pensamento e quando queremos também somos dados ao fantástico e à encenação complexa. Basta ver isto e esperar que os outros se roam de inveja perante a nossa capacidade.

Game Over

Proponho que a progressão social nas nossas sociedades seja alvo de uma reestruturação total.
O actual sistema de pseudo meritocracia [aquele em que, às vezes, os melhores progridem] será substituído pelo seguinte sistema:
- a cada pessoa, desde a nascença, seria atribuída uma pontuação numérica cujos valores aumentariam numa progressão fixa todos os anos
- essa pontuação poderia sofrer aumentos avultados consoante os feitos de cada pessoa na sua vida. Por exemplo, durante o período escolar, uma distinção iria aumentar a pontuação. Na vida adulta, uma acção notável na carreira, ou qualquer outra coisa que o destaque
- na vida de cada um, passariam a haver limiares de passagem a uma categoria superior. Para os atingir seria necessário ter uma certa pontuação e ainda cumprir mais um requisito, uma password própria
- a password seria atribuída depois de ultrapassar um certo nível de pontos e quando o indivíduo se destacar em algo
- formas de perder o acesso ao patamar conquistado seriam uma pena de prisão ou um abandono das funções, em que a pontuação seria ultrapassada e o lugar do indivíduo posto em causa
Estas são as directivas necessárias para que as nossas vidas fiquem mais parecidas com um jogo de vídeo. Ainda não encontrei uma forma de contornar a parte da morte e das vidas extra, por culpa da efémera e fraca natureza humana e das nossas necessidades biológicas, uma vez que nos jogos, as personagens não precisam de comer para sobreviver

25.8.06

Monty Python - Upper-class twit of the year!

Um momento desportivo emocionante.

Frutos numa árvore

Vivemos num Universo esférico, o que significa que temos um centro a partir do qual nos começámos a expandir e que se iniciássemos uma viagem em linha recta em qualquer direcção, regressaríamos ao ponto de partida.
Por vezes eu gosto de pensar que esse Universo esférico mais não é do que um ponto da numa página infinitamente maior, que compõe uma celestial obra, cujas páginas contêm todos os Universos paralelos ao nosso, bem como as instruções para podermos passar de uns para outros.
Tal obra celestial tem o seu lugar numa estante, junto de outras que contêm exemplos de universos e regiões inexploradas com que nós só podemos sonhar, e que se inserem numa verdadeira sinfonia de escala infinitamente superior cuja compreensão está acima das nossas mentes.
Somos um ponto final numa frase, frase de um livro dos Universos, livro que compõe uma colecção da sabedoria, colecção disposta numa estante inter-universal, estante que faz parte de um enquadramento de geradores de Universos, frutos numa árvore cósmica se quisermos.

24.8.06

Orion


Nebulosa de Orion
Quando olharem para o céu nocturno e virem uma linha de três estrelas ténues que parecem formar um arco na horizontal, esta nebulosa está directamente abaixo.

23.8.06

Plutão

Plutão foi despromovido…é verdade, depois de 76 anos em que foi considerado como “planeta”, eis que depois de uma intensa [e aposto eu, apaixonante…] discussão, os astrónomos votaram, por um resultado renhido, a despromoção de Plutão à segunda divisão dos corpos celestes que compõem o sistema solar. A inconsistência quanto à definição de planeta contribuiu para isto e eu se fosse plutoniano [às vezes gosto de pensar que existem] ficava muito irritado e interpunha um providência cautelar. Muita sorte temos na Terra em os plutonianos não terem uma tecnologia suficientemente avançada para nos atingir, mas isso ainda não sabemos. Vai ser preciso esperar até 2015, quando a sonda New Horizons chegar a Plutão e iniciar a sua exploração do ex-planeta, uma vez que até aqui nenhuma sonda foi enviada àquele lugar [estão a ver os problemas que a despromoção de Plutão me trazem??], o que até demonstra o certo desprezo com que tratávamos aquela espécie de planeta que afinal já não é.

Max Power


Homer: Max Power, he's the man, whose name you'd love to touch. But you mustn't touuuuuuuuuuuuuch. His name sounds good in your ear, but when you say it, you mustn't fear!'Cause his name can be said by anyone!

22.8.06

Censura

A ser verdade, uma tentativa de eufemizar a cobertura televisiva dos incêndios, sobretudo o do Parque Nacional da Peneda-Gerês, representa uma interferência muito negativa do governo para como serviço público de televisão. Espero que o poder judicial honre a sua função, tantas vezes desonrada, e apure a verdade dos factos, para que os responsáveis de tal forma de censura sejam punidos exemplarmente. Caso contrário, é mais uma proeza para a galeria…

Tom&Jerry censurados

Em Inglaterra, todos os desenhos animados da série Tom&Jerry estão a ser revistos um por um de forma a alterar as cenas onde as personagens dão uma imagem positiva do tabaco. Este trabalho serva para evitar influenciar negativamente os espectadores e os afastar do vício do tabaco.
Posso não ser fumador mas isto parece-me ridículo, mais uma vez. Uma grande parte dos espectadores de Tom&Jerry são provavelmente adultos nostálgicos, julgo que esses não precisam de orientações subtis dessas. Quanto às crianças, suponho que os pais não sirvam para nada além de os pôr à frente da televisão, uma vez que diminuir o consumo de tabaco passou a ser uma função dos desenhos animados. O facto de terem sido feitos há 40 e 50 anos atrás não lhes diz nada, e mesmo que subtis estarão à mesma a desvirtuar aquelas obras que são, afinal de contas, ficção, não necessariamente lições de moral.

21.8.06

Elementos de identidade

Quais são os elementos que definem os portugueses e que consolidam a sua ligação ao país?
É comum ouvirmos que temos elementos que acentuam o nosso carácter nacional e quase sempre são elementos que em princípio deveriam fazer-nos recordar do país, mas que não são mais do que simples objectos ou correntes totalmente secundárias na nossa mente e que não contribuem para a nossa identificação nacional.
Esses símbolos são quase sempre os mesmos:
- o mar - sim, foi um elemento importante na história portuguesa, mas não deixa de ser verdade que uma quantidade de portugueses vive no interior e que a maioria da população mundial vive próxima do litoral
- o fado - não sei porque pretende isto ser símbolo nacional, talvez porque seja o único estilo de música reconhecido como exclusivo de Portugal, o que demonstra uma falta de variedade no nosso panorama musical e uma forma de nos contentarmos com o que temos
- Fátima - ok, isto é ridículo e nem sequer vou comentar…quem acompanha este blog desde há algum tempo sabe o que eu penso disto, por isso não vou escrever aquilo tudo outra vez, mas por extensão, ser português não significa ser católico
- a selecção de futebol - é apenas um desporto, ao fim e ao cabo
- a gastronomia - há muita gente que não conhece quase nada da gastronomia portuguesa, o que significa que esta não tem de ser necessariamente um elemento de identidade
- o sol e o clima - este é muito badalado…há quem diga que um dos elementos que definem Portugal e a identidade dos portugueses é o sol e o clima ameno…claro, a Serra da Estrela em Janeiro e Beja ou Santarém em Julho são dos exemplos mais típicos de Portugal
- a saudade - elemento muito complicado de definir e que se considera ser único na medida em que o seu vocábulo só existe na língua portuguesa, o que não significa que seja necessariamente um elemento identitário. Sem pretender aprofundar o conceito, diz respeito a uma realidade distante que incorporamos de maneira quase inata na nossa mente e que nos faz desenvolver um sentimento conhecido como saudade. Isto não é um elemento identitário uma vez que não está presente na mente de todos os portugueses e mesmo os que afirmam ter esse sentimento por algo, não é nada que não exista noutros povos.
Suponho que estes elementos estão presentes na maioria da cabeça dos portugueses, sobretudo devido a campanhas de publicidade baratas, mesmo que só sejam invocados fora das fronteiras e sejam irrelevantes para o resto. A verdade é que estes elementos não definem de maneira nenhuma a identidade portuguesa, nem mesmo as suposições do que nós julgamos ser relevantes nas definições da identidade dos portugueses. Qualquer estereótipo sobre a forma de ser dos portugueses tem um valor igual a zero, uma vez que os estereótipos são extrapolações decorrentes de uma única ideia que pode ter sido formulada há séculos atrás.

E finalmente, eram estes os elementos que estavam presentes nas cabeças das pessoas que implantaram a República, que combateram junto aos liberais na guerra civil, que protagonizaram a Revolução de 1820, a Restauração de 1640, a aclamação do Mestre de Avis em 1385...? Não me parece, e no entanto devemos mais a esses indivíduos do que à maioria dos portugueses que se dizem patriotas e apontam como símbolos identitários aqueles que eu expus.

O enterro da morte

Uma cerimónia fúnebre é sempre um momento de bastante consternação na nossa realidade, exceptuando talvez para aqueles que ansiavam que o falecido esticasse o pernil, mas isso é outra história.
Ao enterrar um morto, a família fica suspensa no tempo. Não há passado, não há futuro, há apenas a visão de um caixão com o corpo do seu parente a ser colocado debaixo da terra e um luto generalizado.
Quase parece inaceitável que assim não seja, toda a gente pede “respeito” embora eu não saiba muito bem o que essa palavra significa. Ao enterra um familiar, a família pretende simbolizar não propriamente o fim de um ciclo e o início de outro, mas o próprio enterro de um familiar representa uma suspensão no tempo. Talvez uma crença sublimada de um regresso, uma vez que tudo o que é enterrado o foi com o objectivo de ser recuperado um dia. Ou uma forma de reconhecimento, garantindo-lhe um lugar nesta terra, até após a morte.
Seja qual for a motivação, nenhuma delas é um ritual de passagem, é apenas uma celebração dolorosa e deprimente com um objectivo pouco claro. Durante a cerimónia, apenas têm lugar lamentações e manifestações de luto, não pela pessoa mas pelo evento. Não representa de maneira nenhuma o passar para uma nova realidade ou um novo futuro [não desejado, note-se] mas sim apenas um sentido moral de enterrar o falecido e de deixar o seu corpo apodrecer com o tempo.
É por isto que eu defendo a cremação, pura e simples. Após a morte, os nossos corpos não devem ocupar espaço na Terra, já fizemos isso em vida. Devemos todos ser reduzidos a cinzas após a morte uma vez que não faz sentido enterrar um corpo como forma de o honrar. Reduzir um corpo a cinzas, pelo contrário, representa o fim de uma era e o início de outra, a substituição do papel daquela pessoa e a consequente renovação. Da mesma forma que de uma floresta reduzida a cinzas se ergue outra, anos depois, a cremação de um falecido representa uma passagem para o futuro e uma transição dolorosa mas necessária. Afinal, nenhum de nós possui o dom da fénix.

20.8.06

Pelos lados do Irão

Para que o levem a sério, o Irão está a realizar um exercício militar em grande escala, e até testou um novo míssil de médio alcance, preparando-se para uma eventual “acção do inimigo”, ou seja EUA e, sobretudo, Israel.
Afinal, não se promete a erradicação do estado de Israel para depois não se fazer nada quanto ao assunto. Financiar o Hezbollah e outros movimentos terroristas não chega, é preciso o próprio estado fazer algo quanto a isso, terão pensado os grandes ayatollahs, e o que agora vemos é que o Irão abandonou os “complexos” de assumir claramente que deseja o fim dos seus “inimigos” para mostrar orgulhosamente ao ocidente que pelo menos parece estar bem defendido.
Ao mesmo tempo, trata-se de uma forma de galvanizar o mundo árabe e tentar ultrapassar a antiga rivalidade entre iranianos e árabes, que ao longo da história se desprezaram mas que, pela força das circunstâncias, o presidente do Irão trata de recalcar para poder unificar os objectivos do Médio Oriente em torno do fim de Israel.
Parece que as promessas que o elegeram, nomeadamente aquelas que prometiam acabar com a pobreza e melhorar as condições de vida ficaram na gaveta…se o Irão fosse uma democracia, o actual presidente já teria como certa uma derrota nas próximas eleições. Mas não vai acontecer nada disso, se eu estivesse numa posição de poder a nível global, acho que os deixava dizer tudo o que teriam a dizer até que se reduzissem a nada, uma vez que quanto maior for o teatro, menor a substância e menos têm a defender.

19.8.06

Naquele tempo...

Como é que antes do Yahoo, do Google e da Wikipedia é que as pessoas sabiam as respostas às suas perguntas? Naquele tempo deviam ser mesmo muito ignorantes!

Ah....agora continuam a ser? Pois........estou a ver.......

Ah, sim claro.......pois, faz sentido....a tecnologia só é útil se a soubermos utilizar....

Não me digam......há apenas 15 anos as pessoas até eram mais sensatas? Quem diria....

O futuro?

Em meados do século XX, o imaginário colectivo colocava as pessoas do início do século XXI a viver no espaço, na Lua ou em Marte, com carros voadores ou com tecnologia que nos permitia um transporte instantâneo de um ponto para o outro. Colocavam-nos ainda com roupas semelhantes a folhas de alumínio estilizadas e ter robots como funcionários domésticos.
Em 2006, o presente tem muito pouco a ver com o futuro de 1950. Estivemos na Lua algumas vezes mas sem deixarmos estabelecimentos permanentes. Nunca enviámos um ser Humano além do nosso satélite natural, mas projectámos a nossa imagem para além das fronteiras do Sistema Solar graças à sondas Voyager.
Não temos carros voadores, suponho que mais por uma questão burocrática do que propriamente científica, mas as viagens aéreas democratizaram-se, pelo menos no mundo desenvolvido. Da mesma forma que temos televisões de écran plano e de alta definição, que infelizmente acabam por ser usadas para ver lixo, o que faria o seu criador chorar lágrimas de luto pela sua criação.
Do nosso lado, temos telefones pessoais que nos permitem tirar fotografias e gravar pequenos vídeos e que desperdiçamos em sinfonias capazes de fazer vir ao de cima o gorila enfurecido dentro de cada um de nós, ao mesmo tempo que as mensagens MMS são muito populares entre pessoas que não sabem escrever...go figure it out. Faz algum sentido, se não sabem escrever, mostrem o conteúdo!
Entretanto, a massa bruta, conhecida como estupidez, idiotice ou simples parvoíce nunca deixou de ser a mesma. Uma verdadeira visão utópica do futuro não é prever cidades no espaço, colónias na Lua ou em Marte ou carros voadores que dispensam motores de explosão. É simplesmente um Mundo sem pessoas estúpidas, mas por outro lado, alguém tem de ser alvo da troça e alguém tem de ser objecto de uma parte das críticas deste blog.

18.8.06

Vitória?

O Hezbollah diz que venceu…não foi exterminado, sobreviveu, logo venceu. Há que ter em conta que o conceito de vitória muda de indivíduo para indivíduo, e no caso de grupos terroristas compostos por fanáticos que não têm lugar no Mundo, a sobrevivência [pelo menos do seu líder] já é uma vitória, para que possam anunciar aos outros fanáticos inseguros e semelhantes parasitas que são “mais fortes que Israel”. Há-de durar muito tempo…

Jardim zoológico para os desfavorecidos encefálicos

Periodicamente, as pessoas deviam ser obrigadas a dar provas da sua racionalidade. Deveriam ser instituídos testes anuais chamados “Verificação anual da racionalidade humana”, que iriam consistir em exames escritos, orais e físicos aos cidadãos com o objectivo de apurar se cada um é merecedor do título de “Ser Humano racional”.
Através das respostas dadas a perguntas do género “o que faria se visse uma câmara de televisão nas imediações?”, “como reagiria se lhe oferecessem um bilhete para um concerto do Tony Carreira?”, “o que define uma pessoa estúpida?” e, finalmente “por palavras suas, como acha que lhe deveríamos chamar?”, uma entidade especializada poderia assim passar atestados de racionalidade e de irracionalidade às pessoas. Quem fosse considerado racional, prosseguiria a sua vida normalmente até ao próximo teste, quem fosse considerado irracional, seria exibido num jardim zoológico, numa secção própria para o efeito: a cidade dos irracionais, patrocinada pela TVI e pelo jornal 24 Horas, estrategicamente colocada antes das aves raras, como forma de demonstrar a evolução das espécies no reino animal.
Na cidade dos irracionais, é possível observar como aquelas criaturas vivem o seu quotidiano em cativeiro, sem interferências da racionalidade exterior.
Para gáudio dos visitantes, poderemos observar assim os calhaus nas seguintes actividades:
- a divertirem-se, assistindo aos Morangos com Açúcar e à Floribella, à Praça da Alegria, à Fátima Lopes e àquele programa do Manuel Luís Goucha, bem como ao Fiel ou Infiel e a toda a programação da TV Record
- a instruírem-se, lendo o 24 Horas, a revista Lux e a Caras, bem como os livros de Paula Bobone e Margarida Rebelo Pinto e as revistas Maria e semelhantes
- a laborarem, trabalhando afincadamente na modificação dos seus carros com o objectivo de atrair as fêmeas com um festival de cores digno de um pavão - não existe fêmea desta subespécie que resista a um carro modificado, acreditem! Outra forma de laboração desta espécie é através de um engenho conhecido como Playstation, muito popular entre estas criaturas
- em meditação, de preferência num daqueles aparelhos que se encontram nos solários e que colocam a pele cor-de-laranja [talvez o perigo cancerígeno daquelas máquinas não seja acidental…]
- em auto-melhoramentos, sobretudo as fêmeas mas também os machos, através da extracção de produtos químicos que realçam as suas [des]virtudes físicas e aumentam de tamanho algumas partes do corpo [e não me estou apenas a referir a silicone], por vezes momentaneamente
- em cópulas, sobretudo os mais jovens calhaus, em cuja hierarquia a predominância se mede no número de fêmeas menores fecundadas e na exuberância das peles que envergam; normalmente, estas peles são retiradas de expressões bastante populares entre aqueles jovens e que podem ser visionadas diariamente na MTV, um esboço de levar música à subespécie dos calhaus…perdão, aos desfavorecidos encefálicos! As referidas peles são bastante vistosas e atingem um valor muito elevado na sociedade rudimentar destes seres
- em actividades do dia-a-dia destinadas a passar o tempo, como utilizar a parede de um edifício como encosto, colocar sinais tribais nestes através de latas de tinta, utilizar as cordas vocais como forma de interpelar semelhantes que se encontram a um quilómetro de distância, deslocar-se a estabelecimentos de assistência médica sem quaisquer sintomas, etc
Tentamos proteger espécies animais afastadas da nossa, quando nos esquecemos de olhar para estes nossos primos [em milionésimo quinquagésimo décimo segundo grau, entenda-se] que se separaram da espécie humana quando esta estava a dar os primeiros passos [há uns bons 2 milhões de anos atrás] e que apresentam uma perspectiva de estudos fascinante. Desperdiçar esta oportunidade de colocar milhões de criaturas em exibição, será tão mau como nunca erradicar a malária no globo, ou nunca atingir a alfabetização universal.
Realizem-se testes com esse efeito, reúnam-se os “desfavorecidos encefálicos” e criem-se jardins zoológicos para o efeito. A alimentação dos animais ainda não está decidida.

17.8.06

Scrubs

Aqui está, uma das melhores séries do momento. Ainda em vigor, em Portugal podem vê-la na SIC Radical, mas não me perguntem o horário porque não é lá muito estável e o canal não ajuda.
Enjoy!

Alargamento

Aparentemente, o alargamento do sistema solar está a provocar discussões acesas entre os astrónomos, tudo devido à definição de planeta que poderia abrir as portas a mais três corpos celestes:
- Caronte, lua de Plutão mas que se considera como parte de um planeta duplo

- Ceres, até aqui apenas um asteróide da Cintura de Asteróides entre Marte e Júpiter

- Xena, também conhecido como UB2003, um objecto além de Plutão

Por causa destes três corpos diminutos, alguns dos maiores astrónomos do Mundo podem paralisar as suas investigações para defenderem o seu ponto de vista. Agora digam-me lá, não há mais Universo além daqueles três objectos? Por acaso vai haver alguma alteração significativa na forma de encararmos o sistema solar, se aqueles três forem "promovidos" a planetas? Vão ter algum privilégio especial? Vamos poder viajar até lá frequentemente? E por acaso alguém perguntou às luas se gostam de ver o seu estatuto diminuído em detrimento de objectos que chegam a ser mais pequenos do que elas? Sim, por acaso alguém se preocupou com a opinião de Ganímedes? E com Io, alguém quis saber de Io? Perguntaram alguma coisa a Titã? Alguém se ralou com Mimas ou Enceladus? Deram ouvidos a Umbriel, Obéron ou Tritão? Ha! Seus anti-democráticos...

16.8.06

Peninha - homenagem


Peninha 10
Originally uploaded by Poseidon2006.

Homenagem a uma das melhors personagens de ficção [será?] que já foram criadas.

Esta foi a única forma que encontrei de contornar as dificuldades do Blogger em deixar-me colocar imagens...

Flickr

This is a test post from flickr, a fancy photo sharing thing.

15.8.06

Emperor - The Loss And Curse Of Reverence

Memories of torment strikes me. Attempts were made to suffocate me at birth. Fools, I was already ancient. Thou can not kill whats breeds within Thee.
Alas, this agony. The emptiness of earthborn pride. Hath stirred my faithful heart. Which guided me to darker paths, far away from their pestilent ways. Cleansed was I from deceitful grace. Yet, put to scorn was I, by those unclean. Enslaved by ignoance, they blindly spat upon the deity of hate. Awake is the darkest fiend.
By the fallen one I shall arise.
Upon bewildered masses. To whom the indulgence of my soul portray as sin made god. I shall revile and quell the source. Whence mockery of my kind derive. This I know. Facile shalt my quest not come to pass. Deathwish be my gift to all at last.
Honour. Commended no longer as virtue. Yet, shalt be extolled at light's demise.
By the fallen one I shall arise
Believer, speak not to me of justice. For none have I ever seen. By God, I shall give as I receive. Betrayer, speak not to me at all. You and this world ripped my fucking heart out. Again... and again... and again...

Grrr

Alguém que como eu acredita na tecnologia e nas melhorias que ela pode trazer à nossa vida pode rapidamente sentir-se frustrado quando esta falha e não corresponde às nossas expectativas. Foi o que aconteceu ontem e hoje, depois de múltiplas tentativas de tentar colocar aqui quatro ficheiros de imagens e para ver apenas "erro na página" e não conseguir colocar nenhuma imagem online. É motivo mais do que suficiente para arrancar os cabelos, não há uma razão aparente, apenas diz "erro na página" apesar de o utilitário do Blogger fazer o upload das imagens normalmente.
E o que mais me irrita nisto tudo é que se tratam apenas de umas imagens pequenas num blog desconhecido no meio da internet. Eu não ocupo nem um bilionésimo de espaço neste mundo virtual e no entanto, é a mim que me contrariam! Arrrrrgh!

14.8.06

15 de Agosto

Amanhã é o aniversário da Batalha de Aljubarrota. E também é feriado. Não estão relacionados. Já viram bem o calendário? Dia 15 de Agosto é o dia da “senhora da ascensão” ou outra treta qualquer que os católicos inventaram. Não é dia da Batalha de Aljubarrota, a batalha em si apenas foi colada a uma celebração religiosa. Porque razão não existem celebrações oficiais num dia tão relevante para a história portuguesa como o 15 de Agosto? Será que a salvaguarda do então reino de Portugal contra o que era então o reino de Castela não é motivo mais do que suficiente para tratar o dia 15 de Agosto com um pouco mais de importância?

Campeonato europeu de atletismo

2 medalhas de ouro, 2 de prata [ok, uma não entra na contabilidade final] e uma de bronze…nada mau. Espero que em Pequim seja alargado. Até lá, não as percam.

13.8.06

De volta à estaca zero

Será que só eu acho que a generalidade da blogosfera portuguesa, com raras excepções, é uma treta? Não posso ser o único, eu não sei se este blog é alguma coisa de jeito ou não mas invisto muito mais esforço nele do que a maioria dos bloggers portugueses, disso podem ter a certeza. A maioria parecem-me ser uma cambada de presunçosos, ansiosos de mostrar/exibir [através das virtudes de um monitor] conhecimentos de política e arte que o público não partilha...para depois entrarem num ciclo incestuoso de se citarem uns aos outros e colocarem múltiplos links para os mesmos blogs. Passar pela blogosfera portuguesa é como atravessar a superfície de uma esfera, por mais longe que possamos ir, voltamos ao ponto de partida.

12.8.06

Pedido de esclarecimento

Alguém me explica porque razão ninguém associa o Super Homem ao Clark Kent? Pelo que eu sei, um par de óculos não conta como disfarce, e nem sequer são aqueles óculos de carnaval com um nariz e uma barba, são uns simples óculos que fazem toda a diferença.

Resolução 1701

Um mês depois, eis que a ONU aprova uma resolução que exige um cessar-fogo no conflito do Médio Oriente. Foram precisos 31 dias para que os membros do Conselho de Segurança chegassem a uma posição passível de ser aprovada pelos cinco membros permanentes. É frequente a ONU ser injustamente acusada de incompetência e de paralisia, quando na verdade esta se deve sobretudo aos seus membros mais pesados. Um Conselho de Segurança cujos membros permanentes com direito de veto precisam de um mês para chegar a uma resolução sobre o conflito precisa de uma reforma urgente, já existiam sinais claros disto - nos últimos 15 anos, os conflitos nos Balcãs, Ruanda, Congo e Iraque mostram-no claramente - e agora ninguém pode fugir a essa evidência.
Infelizmente prevalece uma mentalidade de bipolarismo, onde as resoluções respeitantes a conflitos propostas pelos três membros ocidentais - EUA, Reino Unido e França - são frequentemente vetadas pelos dois outros membros - Rússia e China - que as consideram contrárias aos interesses de pelo menos um dos lados do conflito [mas que na verdade é uma forma velada de dizer "as nossas indústrias de armamento, coitadinhas, vão ser prejudicadas"]. No terreno, a Resolução 1701 ainda não teve efeito, Israel não mostra sinais de pretender aliviar a pressão, sobretudo quando o Hezbollah não mostra sinais de enfraquecimento. Quanto ao Hezbollah, não me consta que cumprir resoluções das Nações Unidas seja com eles, demoram mais tempo a fingir cumpri-las do que a ONU a adoptá-las...

11.8.06

Números do país do Sol Nascente

Quem é minimamente sábio sabe que não pode destronar um imperador e esperar que este desapareça sem dar luta. Aparentemente, a Sony não é sábia.
Depois de ter sofrido uma emboscada no seu território por parte do iPod da Apple, aqui ficam os números provisórios das vendas durante 2006 do segmento mais lucrativo daquele gigante no Japão:
Nintendo DS Lite - 4 118 440
Nintendo DS - 948 214
Playstation 2 - 829 594
Game Boy Micro - 107 750
Xbox 360 - 61 148
GameCube - 58 474
Xbox - 1 599
Fonte: C3News
A PSP, que a Sony apresenta como a coisa mais "in" que existe, que permite jogar on-line, ver filmes [em formato UMD, entenda-se] e ouvir ficheiros mp3, tem 1/4 das vendas da DS Lite. Paralelamente, a DS standard, que difere da DS Lite apenas no tamanho, peso e iluminação do écran [o software e a capacidade técnica são exactamente os mesmos], vendeu mais do que a PS2, a máquina que a Sony apresenta como um triunfo mundial mas cujas vendas à escala planetária não são conhecidas [só o número de unidades "enviadas"]. O Game Boy Advance SP e o Game Boy Micro, apesar de pertencer a uma geração anterior, mantêm-se na tabela, mesmo que sirvam para a mesma coisa uma vez que são ambos "irmãos" do Game Boy Advance lançado em 2001. A Xbox 360, lançada em 2005 e actualmente a máquina mais avançada que existe, bandeira da Microsoft, não chega nem aos 100 000, vende menos que uma máquina portátil de 32-bits. E apesar da descontinuidade da GameCube, esta continua a vender.
Decididamente, o Japão é outro mundo, num bom sentido.

Importações

Há quem seja crítico acérrimo da naturalização de Obikwelu e da sua participação por Portugal nas competições internacionais. Do meu lado, não tenho problema nenhum, tanto quanto eu saiba não há nenhum crime moral em adquirir outra nacionalidade, sobretudo quando se é oriundo de um país como a Nigéria. E se a produção nacional não produz o efeito desejado, qual é o problema em recorrer às importações? Ou não me digam que entre um produto nacional de qualidade inferior em relação a um importado iriam preferir o nacional só porque é português? [estou a divagar, eu sei, mas vocês percebem onde eu quero chegar] Sobretudo quando temos uma boa hipótese de acrescentar uma ou duas medalhas de ouro à nossa ínfima colecção [uma medalha de outro em 1984, outra em 1988 e outra em 1996] nos Jogos Olímpicos de Pequim em 2008.

10.8.06

Europa

O que tem Europa de especial? Não, não se trata do continente, nem do projecto que se apropriou do seu nome. Refiro-me a de Europa, uma das maiores luas de Júpiter, descoberta por Galileu. refiro-a aqui por duas razões. A imediata é porque se trata de um lugar muito fresco - a temperatura média no equador é de cerca de 160º negativos, enquanto que nas regiões polares atinge os 220º negativos, o que só pode servir de atenuante quando estamos a atravessar dias de 36º positivos.

A seguinte é porque este é um dos locais do nosso sistema solar onde se especula que possa existir vida. Sim, existem mesmo hipóteses nesse sentido, se existir vida em qualquer outro corpo celeste do sistema solar é provável que seja em Europa.

A lua tem uma atmosfera muito ténue mas que é composta por oxigénio, embora este tenha ali uma natureza diferente daqueles que respiramos na Terra. Apesar das baixas temperaturas à superfície, o interior é bastante mais quente - até aqui não há surpresa nenhuma, o centro da Terra é infinitamente mais quente do que a superfície.

A característica mais notável de Europa é a seguinte - pelas observações que foram feitas a partir das sondas Voyager e Galileo, foi possível avançar com a teoria de que por baixo de uma camada superficial de gelo com cerca de 100 km de espessura, existe um oceano de água quente que envolve a lua em toda a sua totalidade. As informações que recebemos das sondas enviadas a Júpiter indicam que as falhas na superfície são formadas rapidamente devido à actividade do que se julga ser o oceano subterrâneo de Europa, de uma forma algo análoga à actividade oceânica na Terra num período primitivo da sua evolução.

A existência de um oceano activo de água quente é propícia ao aparecimento de pequenos organismos de estruturas simples, como bactérias que podem sobreviver sem oxigénio e sem recurso à fotossíntese. Há até quem vá mais longe e suponha que possam existir formas de algas incipientes no seu oceano subterrâneo. Para dar credibilidade a esta teoria, as primeiras formas de vida na Terra foram organismos de estruturas celulares simples que surgiram inicialmente na água e que passados milhões de anos se deslocaram para terra firme.

E é por enquanto o que sabemos. Já houve planos, entretanto cancelados, para missões específicas a Europa. Enviar uma missão àquela lua seria extremamente complexo e dispendioso - seria necessário conhecer melhor a composição da superfície, ter uma ideia clara de qual a espessura da camada de gelo envolvente e medições da actividade orgânica e radioactiva na lua, ao mesmo tempo que a sonda teria de lidar com os efeitos das radiações jovianas e da sua pressão gravitacional.

Nunca irá acontecer nos próximos anos, mas em meados do século é possível que tal missão possa ser lançada e aí talvez eu possa conhecer os resultados e finalmente poderemos afirmar com toda a certeza que não estamos sozinhos no Universo, nem mesmo no Sistema Solar.

Este post deveria ter uma imagem de Europa no início, pelo menos eu bem tentei mas ao fim de cinco tentativas e de ver "erro na página" escrito no rodapé perdi a paciência. Vai sem imagens e já é muito bom. Mas para terem uma ideia, Europa é isto.

Em Cuba, no pasa nada.

Eis que subitamente, a grande maioria das opiniões considera que estamos a assistir ao fim da era de Fidel Castro à frente de Cuba.
Claro que não estamos, mas já lá chegamos.
Praticamente desde que chegou ao poder, Fidel Castro, a face visível do regime cubano, e o seu lugar-tenente temporário, Che Guevara, tornaram-se ícones da cultura pop contemporânea. O já falecido deu um grande impulso à indústria da moda, o que ainda é vivo tem legiões de admiradores e de odiadores [eu sei que a palavra não existe mas apeteceu-me escrevê-la].
E que fizeram para isso? Limitaram-se a ser fotografados e entrevistados quando faziam parte da oposição armada ao regime de Fulgêncio Batista que seria por eles derrubado em 1959, foi tudo. O que bastou foi uma farda militar, uma barba e umas palavras sobre luta armada e injustiça. O alinhamento com a União Soviética, as execuções sumárias, a instalação de mísseis nucleares, as restrições à liberdade de expressão, o regime de partido único, as detenções por motivos políticos, as carências de bens alimentares e a ausência de liberdade de associação foram apenas pequenos percalços na carreira de Fidel Castro à frente de Cuba. Afinal, em 46 anos cabe muita coisa e não vão ser um milhão de exilados que vão mudar isso.
A mudança tem que surgir de dentro, todos sabemos, e como pode Cuba tornar-se num país desenvolvido e democrático quando a grande maioria dos cubanos não está mentalizada para isso, ou por medo ou por ignorância? O facto de ser vizinha dos EUA não ajuda, uma vez que estes já mostraram ter alguns problemas no que diz respeito ao desenvolvimento de regimes democráticos, apesar de Cuba não ser o Iraque…
Seja qual for o futuro, eu não gostaria de ser cubano. Não teria qualquer orgulho em ter Fidel Castro à frente do meu país, da mesma forma que não iria gostar de ver o meu país reduzido a um circo de discursos anti-americanos que faz as delícias de milhões de pessoas em todo o Mundo [como é óbvio, essas pessoas nunca foram perseguidas por este regime que tanto defendem] e que agora pouco mais representa do que um destino turístico.
E porque razão nada disto vai mudar, seja qual for o estado de saúde de Fidel Castro? Porque 46 anos à frente de um país são mais do que suficientes para criar as sua próprias infra-estruturas, e se as infra-estruturas físicas são fáceis de alterar bastando haver verbas para isso, as infra-estruturas mentais da população não o são, e mesmo sem os seus discursos de várias horas em directo [podem sempre passar em diferido], Cuba sob a direcção de Raul Castro irá manter a mesma orientação, uma vez que Fidel é apenas a face visível de um sistema. Menos, claro está, para o dito clube de fãs de Cuba, para quem um homem com carisma tem os seus crimes perdoados.

9.8.06

Alaska




Fica tudo mais fresco, não é verdade?

Aquecimento global, aqui?

Ainda bem que vivemos num clima temperado, caso contrário eu já estaria preocupado com as temperaturas a rondar os 35º-36º que se fazem sentir há uma semana e que já se tinham feito sentir durante dez dias no mês passado. Por momentos até julguei que estávamos a ser afectados pelo aquecimento global, mas não senhor, na nossa terra não, somos um país ameno e assim é que é!

8.8.06

Revolução foleira

Eu não sei ao certo quais são os futuros planos dos fabricantes de telefones móveis, e se soubesse estaria a trabalhar para um deles, logo não poderia escrever isto, mas não consigo compreender qual a verdadeira motivação dos consumidores para adquirirem aparelhos com certas características.
Ainda antes da afamada Terceira Geração, aquela que poderia ter rendido ao estado português uma receita muito superior da que foi auferida aquando da venda da licença, tivemos os telefones com WAP. Sim senhor, o meu telefone tem WAP mas não sei muito bem para quê até porque nunca até agora utilizei tal serviço, talvez porque nunca tenha sido necessário da mesma forma que não conheço ninguém que dele necessite. Depois surgiram os écrans a cores [ok, nada contra isso, apenas desperdiça mais bateria] e os toques polifónicos. Toques polifónicos? Mas que raio é isto? Simples, trata-se de uma simulação através de um determinado conjunto de sons, de uma melodia real. Isto veio substituir os toques monofónicos que existiam até então e que consistiam num conjunto de sons simples que imediatamente associávamos ao telefone.
A seguir aos toques polifónicos vieram os toques reais, e aqui foi a desgraça total. Se quando os telefones móveis explodiram ao ponto de qualquer vendedora de fruta e peixeira analfabeta do mercado da Ribeira exibir um com o toque da abertura de Guilherme Tell já foi irritante, os toques polifónicos agravaram a situação e os toques reais destruíram toda a seriedade que aquele aparelho ainda tinha. Não só tornou possível que músicas verdadeiras se pudessem transformar em toques, ao ponto de não se distinguir de uma aparelho de reprodução de som qualquer, como ainda permitiu a gravação de sons para serem utilizados como toques…e isto foi o golpe de misericórdia na respeitabilidade do telefone móvel. Eu não sei o que é que vocês acham, mas eu se fosse um telefone preferia alertar o meu dono para a existência de uma chamada através de um som vulgarmente associado a um telefone que o fizesse atender, em vez de o agoniar com uma música da Shakira ou através de uma sinfonia de peidos.
Depois, temos os wallpapers e as imagens dos ditos telefones…meus deuses, haverá forma mais patética de tratarmos os nossos aparelhos de comunicações do que enfeitá-los com imagens foleiras de corações voadores, carros modificados, emblemas de clubes, logótipos de bandas e pseudo-artistas ou mensagens que fazem um puto infeliz parecer um chulo de primeira? Uma pergunta simples e directa: quem é que pagaria por um wallpaper para o computador? Vocês pagariam um euro que fosse por uma imagem para estar no fundo do écran do vosso computador?
Quanto às fotos…ora bem…tirando o facto de que durante anos tinham um décimo da qualidade de uma máquina fotográfica comum, que as incompatibilidades entre redes tornavam o seu envio frustrante, que o alto preço daquele mesmo envio era desmotivador e que se até aqui já corríamos um risco de ver a nossa privacidade invadida quando saíamos à rua, agora esse risco foi multiplicado por cem mil…ok, à excepção de tudo isso, eu não tenho nenhum problema com as máquinas fotográficas em telefones.
Depois vieram os vídeos…filmar com um telefone…uma grande parte da minha opinião quanto a isto pode ser lida no parágrafo anterior, mas há mais. A possibilidade de fazer pequenos filmes com os telefones torna cada fedelho com um telefone destes [aqueles fedelhos que os pais precisam do dinheiro da segurança social para viver mas que oferecem aos putos telefones de terceira geração quando eles fazem 9 anos, tão a ver? ] numa esperança do cinema. Ou isso ou torna-os em possíveis alvos de assaltos, mas vai dar ao mesmo porque depois o mangalho que o assaltou herda a esperança da sétima arte que até então pertencia à vítima. Ora, a possibilidade de filmar com o telefone abriu novas perspectivas àqueles que o podem fazer. De facto jovem, já podes ficar para a posteridade com o momento em que engravidaste aquela pita de 14 anos da tua turma, com som e tudo! Mas não é tudo, com estas maravilhas da tecnologia é possível assistir a reuniões de pitas nos restaurantes e discotecas à volta do telefone a fazerem as suas curtas-metragens [que na minha sincera opinião se deviam chamar “Batemos com a cabeça num pilar de cimento até ficarmos com uma fractura exposta e agora veneramos um objectozinho a que gostamos de chamar telemóvel”, partes 1, 2, 3, 4, 5, por aí fora]. É fantástico que agora a Sorraia Vanessa, a Lucinda Andreia e a Ágata Isabel possam mostrar as suas lesões cerebrais e problemas mentais ao Mundo sob a forma de vídeos filmados com um aparelho de comunicações pouco maior do que um maço de cigarros.
E agora, eis que chega a estela no firmamento da Revolução Foleira no mundo das telecomunicações. Meus caros, chegou a TV móvel. É exactamente o que o nome diz, ver televisão no seu telefonezinho. Imagine que vai no autocarro muito bem sentadinho a caminho do emprego, e para quebrar a monotonia saca do seu orgulho e começa a ver a MTV, a RTP1 [quantos de nós não queriam estar a ver a Praça da Alegria no autocarro?], a CNN [para podermos esclarecer o velho resmungão sobre o Médio Oriente] ou a Playboy TV [vamos lá ver, quantos homens querem mesmo ter uma erecção em pleno autocarro? Suponho que será útil, sempre podem dizer às fêmeas “eu não a apalpei, eu estou a fazer uma coisa no meu telefone“] que eu suponho que vá reunir a preferência de uns bons 99% dos utilizadores do serviço.
Não sei se já pensaram nisto, mas enquanto estas inovações significam milhões para os fabricantes, elas podem resultar em milhões…de perdas para os empregadores dos utilizadores. É verdade que muitas empresas bloquearam o acesso à internet a partir dos computadores dos seus empregados para garantir uma produtividade mais elevada. Mas é inconstitucional proibir os funcionários de levaram o seu orgulho, a sua miniatura, o seu bebé digital com eles para o local de trabalho. Qual vai ser o resultado quando o funcionário A passou uma boa parte do seu tempo a ver televisão no écran do telefone, ou a jogar ou a navegar na web enquanto fingia estar ocupado no computador da empresa? E nem sequer cheguei ainda aos telespectadores que irão utilizar o serviço de televisão móvel para ver um jogo de futebol no carro porque estão presos num engarrafamento, ou para poderem ver o trânsito quando saem de casa de manhã, boa sorte, pode ser que apareçam nas notícias!

Svalbard




Cenário refrescante do dia.

7.8.06

"Amamos mais o desejo que o ser desejado"

“Amamos mais o desejo que o ser desejado” - como humanos que somos, temos as nossas necessidades básicas. A satisfação sexual é uma delas, todos os seres humanos possuem, em diferentes graus, uma escala de desejo sexual que se manifesta ao longo da vida. E se a necessidade de amar outra pessoa é vital para um número relevante de seres humanos, a necessidade sexual em si é mais do que suficiente para uma quantidade igualmente grande de indivíduos que compõem a espécie humana.
Daqui vem a verdade inerente à frase cujo autor não é necessário nomear. Os seres humanos nas suas interacções desenvolvem desejo por um número incerto de indivíduos com quem contactam ao longo da vida. A quantidade de indivíduos varia, assim como a intensidade do desejo e as formas sob as quais este se manifesta, mas nunca deixa de existir. Torna-se de tal modo uma força relevante em cada ser humano que é visto como sinal de vida possuir desejo por alguém, enquanto as vidas dos que não aparentam desejar ninguém são consideradas como cinzentas e frugais.
Será assim lógico afirmar o seguinte: um humano ao desejar outro está a cumprir uma necessidade básica da sua condição humana, tal como a respiração, a alimentação ou o sono. Deste facto decorre o seguinte: é possível que o desejo acabe por ser uma necessidade mais forte do que a afeição à pessoa desejada. Por outras palavras, é possível desejar alguém com bastante intensidade ao ponto de se cometerem actos totalmente irracionais que coloquem em perigo a vida do próprio ser humano, mesmo que a opinião (racional) da pessoa desejada seja largamente desfavorável.
Ainda não chegámos à frase inicial. Partindo da premissa que o desejo pode impor-se à paixão e à afeição de um humano por outro, o acto de desejar alguém acaba por ser mais importante e por envolver maior entusiasmo para o indivíduo em causa do que a expressão desse mesmo desejo directamente à pessoa desejada. O indivíduo pode desenvolver um desejo de tal forma poderoso que a pessoa desejada acaba por se tornar apenas num destino do seu desejo, passível de ser instrumentalizado e cuja identidade acaba por se tornar irrelevante, uma vez que o desejo se torna na força que comanda as acções do indivíduo que deseja, deixando de ser uma forma de canalizar as suas expectativas sexuais em direcção a uma pessoa desejada. A pessoa desejada é, nesta situação, apenas um humano alvo de um desejo demasiado forte para que o indivíduo que deseja o possa comportar e que o dirige a outro ser humano, mesmo que não tenha desenvolvido nenhuma relação de proximidade ou que não exista qualquer contacto entre os dois.
Como o desejo é a força mais influente nesta situação, o indivíduo que deseja sente mais prazer em desejar do que em consumar esse desejo, o que até pode nunca se verificar. O indivíduo acaba por dar mais importância ao seu desejo por outra pessoa uma vez que é este desejo que comanda uma grande parte da sua existência material e psicológica. No final, o indivíduo ama mais o desejo do que o ser desejado.

Tritão



Tritão, a maior lua de Neptuno. Possivelmente terá sido formada como um planeta até que foi captada pela gravidade daquele planeta azul, Tritão tem uma órbita bastante irregular que a afasta de Neptuno e o seu eixo possui uma inclinação invulgar de 130º, o que implica uma exposição total de cada pólo ao Sol durante décadas, enquanto o outro lado se encontra voltado para a escuridão. Esta lua era praticamente desconhecida até à passagem da sonda Voyager-2 em 1989 que enviou para a Terra as primeiras imagens detalhadas de Tritão. A sua coloração deve-se sobretudo à presença dos hidrocarbonetos na sua fina atmosfera, composta sobretudo por nitrogénio e quantidades mínimas de metano. A passagem da Voyager-2 revelou ainda uma orografia bastante irregular, com depressões e falhas na superfície que chegam a atingir os trinta quilómetros de profundidade. O masi surpreendetne será a presença de vulcões e géiseres que expelem gelo e outros materiais gelados a grande altitude. Tritão ganhou o direito de estar aqui hoje por um motivo muito simples: considere-se a temperatura que está hoje, paralelamente ao facto de Tritão ser o corpo celeste mais frio do sistema solar. A temperatura média à superfície é de -235º, o que a torna mais fria que Plutão. Boas viagens.

6.8.06

Patagónia


Jornalismo irresponsável

Informar o público sobre um conflito vai mais além do que simplesmente fazer uma separação entre os dois lados e lançar acusações de ataques a civis, era bom que os media portugueses percebessem isso. Ao ver a televisão ou até mesmo ao ler alguns artigos, ficamos com a percepção de que o actual conflito se deve a uma acção ilegal de Israel e à sua má vontade em aceitar a existência dos seus vizinhos. Numa frase simples, o culpado é Israel e nada mais há a dizer. Isto sim, é jornalismo irresponsável.

5.8.06

Verão

Sabemos que estamos em pleno verão quando não temos nenhum comentador iluminado a dizer-nos o que devemos pensar ou que devemos fazer em relação a algo. Até os "professores" estão ausentes, e nós sabemos o nome daquele período anual em que não vemos os "professores" durante algum tempo, não sabemos?

Visões do futuro...hoje

Vista actual de Varsóvia.
Futura skyline de Vilnius.
Projecto para Riga.
Eu sei que desenvolvimento não significa necessariamente construção em grande escala, mas não haja dúvida que a renovação urbana é um sinal de desenvolvimento. A comprová-lo estão estas fotos, uma representando uma vista actual de Varsóvia, cidade que já foi considerada como tendo a melhor skyline da Europa de Leste, outra com uma vista futura de Vilnius, capital da Lituânia, e finalmente um cluster de desenvolvimento urbano para Riga, capital da Letónia. Notam algo comum? Ao verem estas imagens conseguem associá-las à Europa de Leste? O desenvolvimento que estes países atravessaram nos últimos anos reflecte-se, entre outras coisas, na renovação das suas cidades que foram bastante afectadas pela arquitectura de inspiração soviética durante quase toda a segunda metade do século XX.
Em Lisboa não se fez nada de semelhante. Em Lisboa encontram-se alguns edifícios arrojados, mas quase sempre exemplos isolados sem que se possa falar de uma verdadeira revolução na cidade. A grande maioria dos edifícios, residenciais ou comerciais, da capital portuguesa não tem qualquer importância ou significado histórico. Há bastantes locais em Lisboa onde seria perfeitamente possível destruir colossos de cimento construídos entre há 20 e há 40 anos atrás para os substituir por agrupamentos de arranha-céus e dar uma nova imagem à cidade, como outras o fizeram. Porém, isso não acontece.

4.8.06

Twilight Princess - actualização




Mais uma vez, um serviço público - novas fotos de Zelda - Twilight Princess.

Ucrânia

Depois de meses de incertezas e de uma perda de credibilidade em grande escala das suas instituições, na Ucrânia o presidente Viktor Yushchenko nomeou o rival das eleições de 2004, Viktor Yanukovych, para o posto de primeiro-ministro.
E isto está aqui porquê? Para já, porque se bem se lembram, no final de 2004 assistimos à maior contestação pública da história recente da Ucrânia quando os apoiantes de Yushchenko tomaram as ruas de assalto para protestar contra um escrutínio fraudulento. O que ficou conhecido como "revolução laranja" iria inspirar movimentos democráticos nas ex-repúblicas soviéticas e tornar-se num alvo a abater por líderes autoritários que teme pelos seus lugares e culminou na eleição de Yushchenko, carismático e que prometeu integrar a Ucrânia nas instituições euro-atlânticas.
Em Setembro, a coligação governante não conseguiu aguentar mais as diferenças que a minavam e Yushchenko demitiu a PM, Yuliya Tymoshenko, para nomear um PM interino, Yuri Yekhanurov que ficaria à frente de um governo de gestão até às eleições legislativas de Março.
As eleições realizaram-se em Março, e quem venceu foi o partido de Yanukovych. Apenas um ano e três meses depois da vaga de optimismo que percorreu o país, a maioria dos ucranianos mostrou o seu descontentamento com o poder reinante e reflectiu o pessimismo que pairava sobre o país. Em segundo lugar ficou o partido de Yuliya Tymosehnko, a ex-PM e aliada tornada rival, tornada pseudo-aliada e que agora é algo que não sabemos bem ao certo mas talvez futura presidente.
Isto aconteceu em Março...discussões prolongaram-se por horas sem fim, cenas de pugilato no parlamento chegaram aos nossos écrans, foram avançados nomes que em seguida foram retirados, Tymoshenko foi dada como primeira-ministra, para logo depois ser negada e substituída por Yanukovych, que em seguida se viu substituído...durante cinco meses a Ucrânia sofreu no seu núcleo o embaraço de mostrar ao Mundo que ainda não sabe viver em democracia e que a revolução laranja não foi mais do que uma espécie de festival de inverno, para gáudio das lideranças da Rússia, Bielorússia, Azerbaijão e todos os estados da Ásia Central.
Agora que Yanukovych vai ser PM, graças aos poderes reforçados que os governos anteriores aprovaram, uma agenda pró-russa vai ser instalada em Kiev, contrariamente aos desígnios pró-europeus e atlânticos das lideranças anteriores. Que herança fica? A liberdade de expressão, pode bem ser. Sobretudo ficará bem gravado na consciência dos ucranianos que com a mesma rapidez que um governo é eleito pelo voto popular, pode ser desfeito pelo voto burocrático.

3.8.06

Galeria

Coloquei online uma pequena colecção de fotos. Algumas tiradas por mim (as toscas) e outras que obviamente nunca poderiam ter sido tiradas por mim. Estão aqui, quem quiser, divirta-se.

Inundações na Coreia do Norte

Soubemos um mês depois que em Julho deste ano, morreram mais de dez mil pessoas nas inundações da Coreia do Norte. O número não é exacto, uma vez que as autoridades de Pyongyang não divulgam pormenores nem permitem assistência vinda do exterior. Podem ter sido muitas mais que não sabemos nem nunca iremos saber, afinal organizações internacionais insuspeitas como a Cruz Vermelha viram a sua entrada recusada e de qualquer forma, a maior parte do território daquele país encontra-se vedado a estrangeiros, quer sejam visitantes, quer se trate do Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas.
Quais foram as verdadeiras consequências? Será que houve um plano de emergência bem elaborado? Ou o regime optou por fazer o mesmo que há dez anos atrás, e deixou as vítimas caírem na sua infelicidade de viverem naquele país? Depois de sessenta e oito anos de existência, julgo que ninguém me levará a mal se eu encarar as declarações e (in)acções das autoridades norte-coreanas com uma ponta de cinismo e cepticismo...dito isto, não me surpreenderia que o governo nada tivesse feito para impedir semelhante tragédia, uma vez que este mesmo governo não impediu que mais de um milhão de pessoas morresse de fome na década passada. Como dizia Estaline, "um morto é uma tragédia, um milhão é uma estatística"

2.8.06

Porque não uma cessação das hostilidades?

Qual é ao certo a diferença entre "cessar-fogo imediato" e "fim das hostilidades"?

Vamos lá ver isto: cessar-fogo implica que o uso da força seja interrompido até que uma solução política seja encontrada. Até aqui tudo bem. Fim das hostilidades implica que...as...hostilidades...terminem... E se não me engano, "fim das hostilidades" foi o melhor que se encontrou uma vez que nem toda a gente estava de acordo com o "cessar-fogo". Afinal, alguém nos vai explicar a diferença?

Simplicidade

Quando olhamos pela primeira vez parece ser de uma complexidade impenetrável. Ficamos confusos, vemos ligações que não compreendemos, variáveis múltiplas que não conseguimos equacionar em simultâneo, interacções que nos parecem ilógicas e uma quantidade de informação demasiado grande para conseguirmos processar.
Depois começamos a observar melhor, fazemos uma abordagem sectorial, realizamos uma verdadeira vistoria de alto a baixo e verificamos cada pormenor, compreendemos os conceitos que estão por detrás do que vemos, aplicamo-los à realidade, contextualizamo-los, abrimos excepções e gradualmente começam a fazer mais sentido.
Alargamos os horizontes, tudo começa a cair de forma harmoniosa nos espaços que abrimos na nossa mente e finalmente inicia-se um processo de informações dentro do nosso cérebro que não teria sido possível antes. À medida que nos dedicamos, sentimo-nos cada vez mais confiantes e então aí, podemos dizer com todo o orgulho: compreendemos.
E o que se segue? A compreensão por si própria? A inteligência em si como valor cristalizado para exibir? De maneira nenhuma, a partir daqui estamos prontos para iniciar o desmantelamento de tudo o que observamos. Face à nossa percepção, tudo pode ser alvo de um processo de destruição, tudo pode ser desmantelado e desacreditado, temos poder e capacidade para desmistificar o Mundo à nossa volta e impulsionar a sua redefinição.
Porque podemos fazer isto? Não é tudo tão complexo? A verdade é que estivemos enganados, quanto menos soubermos mais simples se torna enganar um ser Humano e se nós podemos iniciar a destruição de tudo o que conhecemos, é por um motivo claríssimo: tudo é simples. Na verdade, tudo pode ser reduzido ao mais insignificante princípio unificador, basta encontrá-lo e dominá-lo para determos a chave de acesso para a verdadeira via rápida da Humanidade. E de onde vem isto? O que observamos pode parecer infinitamente complexo, mas é baseado em princípios, motivos e fundações extremamente simples. Mais do que simples, são frágeis, frágeis ao ponto de um Humano devidamente preparado as conseguir demolir e desacreditar, para que sejam colocadas na reciclagem e substituídas por novas realidades que por sua vez serão válidas até que se prove o contrário.
Não há razão para temer isto, é o que a Humanidade faz desde que surgiu o primeiro hominídeo, às vezes apenas falta coragem para ir mais longe, é tudo.

1.8.06

Parabéns, Suíça






A Confederação Helvética celebra hoje 715 anos de existência. País de postal para uns, destino de transacções financeiras pouco claras para outros, simples pormenor no mapa para ainda outros. Dona de uma imagem própria e de uma neutralidade que ainda hoje se mantém, a Suíça continua a ser um dos países mais belos e mais prósperos do Mundo. Raramente ouvimos falar dela, mas quando surge está associada à democracia semi-directa que a caracteriza. Em que outro país pode um grupo de cidadãos propor um referendo nacional? Em que outro país a presidência é exercida de forma rotativa pelas entidades que o compõem?
Parabéns à Suíça.

Desparatização total

Perda de esperança? Ou antes uma oportunidade para muitos…a verdade é que em Portugal as meias-verdades e palavras ocultas fazem parte do quotidiano, algo que se ouve frequentemente da boca dos portugueses, palavras veladas que subentendem alguma coisa, às vezes tão ocultas que um ouvinte desatento não faz ideia do que se trata.
São essas mesmas palavras que são capazes de fazer perder a esperança, traduzem de forma distorcida uma realidade que todos conhecem mas que poucos ousam expor. E poucos ousam expor porque todos têm algo a perder. De facto, é impressionante como num país de dez milhões de habitantes, tantos possam ter algo a perder com o combate à corrupção. Quem segue assiduamente este espaço sabe que eu tenho uma estima pessoal pelos corruptos e corruptores. Gosto frequentemente de os comparar a parasitas portadores de doenças que se hospedam no organismo das ratazanas mais temidas pela Humanidade, como as que foram indirectamente responsáveis pela Peste no século XIV.
Claro que trata-se de óbvio eufemismo, o que eu penso dos corruptos, portugueses em particular, vai muito além disso, na verdade os ditos parasitas animais que eu apresentei apenas fazem o que têm à sua disposição com a sua condição biológica natural. Em relação aos humanos, não necessitam de actuar como parasitas para sobreviver, e é por esse motivo que eu gosto de promover uma desparatização geral daquela espécie asquerosa que infecta os canais nevrálgicos de Portugal e, pior consequência de todas, torna o seu legado perpétuo. A vós, corruptos, desejo-vos um futuro infinitamente pior do que uma barata vítima de um veneno particularmente doloroso que a corrói de dentro para fora.

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