12.8.08

Geórgia - Rússia, o conflito continua

As horas passam e nada parece melhorar - nem os ataques russos param, nem os georgianos parecem aceitar que cometeram um erro com consequências graves para o seu país, como de costume quem sai prejudicado da situação é a população civil, vivam eles na Ossétia ou em qualquer outra parte da Geórgia.

De acordo com este artigo da BBC, alguns dos responsáveis europeus pela política externa e relações internacionais consideram que estamos próximos de atingir tensões semelhantes às que se viviam na Europa antes da II Guerra Mundial, com pelo menos uma acusação de a Rússia estar a agir como a Alemanha hitleriana em 1938 ou a Jugoslávia de Milosevic em 1991. Tal como já aqui disse, a missão de manutenção da paz que a Rússia realiza na Ossétia do Sul desde o final da guerra civil tem muito pouco de pacífica e nos últimos dias serviu apenas de suporte a uma retaliação armada.

O Le Monde apresenta cinco questões relevantes sobre o conflito: as possibilidades de se estender a outras regiões, o papel da UE e dos EUA e o objectivo de Saakashvili são aqui tratados, embora seja muito difícil fazer uma previsão exacta sobre quais os desfechos prováveis e eu ache muito difícil que a UE possa servir de mediadora na resolução do conflito.
Por sua vez, o Guardian refere a proximidade das forças russas a Tbilissi e a probabilidade cada vez maior de uma guerra aberta entre os dois lados, mesmo depois de a Geórgia ter aceite os termos de uma trégua. O artigo aponta ainda as aparentes contradições entre as declarações russas de que não iriam estender as suas acções militares além da Abecázia e da Ossétia do Sul e os bombardeamentos que atingem localidades georgianas nas proximidades da capital.
Da perspectiva russa, o Moscow Times apresenta os acontecimentos de domingo e de segunda-feira e dá destaque a uma declaração de Medvedev que, no mínimo, se pode considerar infeliz:   Medvedev, meeting the leaders of the State Duma factions in the Kremlin on Monday, cautioned the West not to flirt with "aggressors."

"I will remind you that history has plenty of examples of pacifying an aggressor. Western countries were engaged in this 70 years ago," Medvedev said, referring to the Munich agreement of 1938. The agreement, signed by Germany, Britain, France and Italy, "untied the hands of the Hitler regime" to annex and occupy part of the former Czechoslovakia, he said.
Pode não vir da mesma escola de Vladimir Putin mas aprende depressa.


Já o Kommersant realça a forma como o ocidente se torna cada vez mais crítico das acções empreendidas pela Rússia e como isso pode vir a ter consequências negativas nas relações entre os dois lados. Mais interessante é este artigo do mesmo jornal em que é calramente referido que uma das condições que a Rússia impõe para o cessar-fogo é a saída de Saakashvili do poder, uma vez que ninguém na Rússia aceitaria falar com ele. Depois de ter referido que não pretendia mudar o regime na Geórgia mas que alguns líderes devem considerar se o que estão a fazer é o melhor para os seus povos, a Rússia recusa-se a dialogar com o presidente da Geórgia e pretende estabelecer um tribunal ad-hoc em que Saakashvili seria indiciado por crimes de guerra. O mesmo jornal acusa ainda, através de uma notícia avançada pela agência RIA Novosti, que os EUA estarão a treinar mercenários ucranianos e bálticos que combatem ao lado das tropas georgianas no conflito.
Do ponto de vista dos georgianos, a Rússia é acusada de deliberadamente bombardear posições civis em várias localidades afastadas da região da Ossétia do Sul - entre as várias acusações apontadas ao Kremlin, encontram-se a utilização de bombas de fragmentação e o ataque indiscriminado a alvos civis. A opinião pública georgiana apresenta-se cada vez mais crítica em relação ao ocidente que consideram estar a falhar nos seus compromissos. Para terça-feira à tarde foi convocada uma manifestação de unidade nacional em Tbilissi.

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4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

A comunidade internacional deverá reclamar uma solução igual para Ossétia, reclamada antes para o Kozovo e chama-se: AUTO-DETERMINAÇÃO. De outra forma as Nações Unidas continuarão a perder a sua credibilidade. À semelhança dos responsáveis sérvios, as autoridades Georgianas deveriam pagar pelos crimes praticados contra os habitantes da Ossétia.
Não se pode ter "dois pesos e duas medidas" como costumamos dizer.

Zé da Burra o Alentejano

12 agosto, 2008 09:57  
Anonymous Anónimo said...

Fui para ver que o vc escriviu quando os USA invadiram iraque e nada achei. Isto foi porqué?

Ainda nao savia escrever?

12 agosto, 2008 10:51  
Blogger João said...

De facto, não, ainda não sabia escrever - tal como não sabia escrever quando os EUA entraram na guerra do Vietname...aliás, eu aprendi a escrever de propósito para poder criticar na internet todos os que não são americanos, isto porque, obviamente, este blog tem como razão de existir louvar os EUA e as suas políticas. USA all the way, nunca ouviu dizer?

Mas dou-lhe os parabéns por me ter descoberto a careca e peço desculpa por não ter cumprido a quota obrigatória de crítica aos EUA que é exigida cada vez que criticamos um país que não se chame Estados Unidos da América.

12 agosto, 2008 14:22  
Anonymous Anónimo said...

É verdade! tem que se chamar sempre os EUA porque são a potência dominante, à qual a europa ocidental presta vassalagem, algumas vezes até com prejuízo da própria Europa. Quem manda na NATO? são ou não os EUA? A NATO existe apenas para servir os interesses dos EUA.

Zé da Burra o Alentejano

12 agosto, 2008 15:38  

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