26.2.06

Tentativa de esboçar uma cantiga de escárnio...Em jeito de trouvador, escrevi'eu cantiga a muy nobre Presidente do Governo Regional da Madeira

a Don Alberto João Jardim
Don Alberto João, de muy foliõm tinha, mas em quest’ocasiõm su vista nõm tivemos
E de muy lamentar isto é, que tam bem ele desfila,
[quanto touro em gelo desliza
Don Alberto João, tam criativo el’era, sua banha est’anno nõm bailou, na ilha da Madeira
E de muy lamentar isto é, que tam bem ele desfila,
[quanto touro em gelo desliza
Don Alberto João, de língua muy peçonhenta, mirado nõm quis neste carnaval ser
E de muy lamentar isto é, que tam bem ele desfila,
[quanto touro em gelo desliza
Don Alberto João, que cercado de vazio s’encontra, est’ano por urso nõm passou
E de muy lamentar isto é, que tam bem ele desfila,
[quanto touro em gelo desliza
E tam bem a Madeira el’governa, qu’a cidade do Funchal aos porcos está entregue
E de muy lamentar isto é, que tam bem ele desfila,
[quanto touro em gelo desliza
E de festeiro est’anno nõm foi, per qu’ilha da Madeira nõm vio seu mayor bobo cortez
E de muy lamentar isto é, que tam bem ele desfila,
[quanto touro em gelo desliza
E seu jeito d’y bailar é tam bom, qu’em Quinta da Vigia governar c’a banha ele fazia
E de muy lamentar isto é, que tam bem ele desfila,
[quanto touro em gelo desliza
Há trint’annos qu’ele passeia sua banha per’i, desfilando pelo poder na regiõm da Madeira
E de muy lamentar isto é, que tam bem ele desfila,
[quanto touro em gelo desliza
Há trint’annos de rídiculo, pobre Madeira vive, desfilando em túneis e pontes com su mentira
E de muy lamentar isto é, que tam bem ele desfila,
[quanto touro em gelo desliza
Desfilado do poder per’ilhas Desertas dev’ele ser, e Madeirenses ganharõm su perdida dignidade
E de muy lamentar isto é, que tam bem ele desfila,
[quanto touro em gelo desliza
Corrido a couce de besta dev’ele ser, que líder regional peor qu’homem grogue ele é
E de muy lamenter isto é, que tam bem ele desfila,
[quanto touro em gelo desliza
Entre bailador e líder, povo deve escolher, mas melhor qu’ele ninguém, pera noss’alegre riso
E de muy lamentar isto é, que tam bem ele desfila
[quanto touro em gelo desliza

19.2.06

Foi há um ano...como podia ter sido há dois, cinco, dez, ou quinze

Foi há um ano...
Pela terceira vez desde 1974, um partido atingia a maioria absoluta.

Foi há um ano...
Pela primeira vez, o Partido Socialista atingia a maioria absoluta.

Foi há um ano...
Um dos governos que mais prejudicou Portugal era severamente castigado pelos eleitores.

Foi há um ano...
A grande maioria dos portugueses atribuiu um capital de confiança raramente concedido a uma facção política.

Foi há um ano...
Anunciava-se um ciclo de alterações em relação aos últimos 3 anos.

Foi há um ano...
Foi inaugurada uma nova retórica ao nível do Executivo que passava por uma reorientação das premissas, em nome do desenvolvimento do país.

Foi há um ano...
E, como que através de uma manobra administrativa, o futuro de Portugal passou a ser mais positivo.

Foi há um ano...
Os cargos políticos anteriormente ocupados pela coligação PSD-CDS tinham os seus dias contados.

Foi há um ano...
Os cargos políticos destinados ao PS começavam a ser contados.

Foi há um ano...
E a forma embaraçosa de governo presidida por Santana Lopes viu anunciada a sua substituição pela forma vazia e desprovida de qualquer substância de José Sócrates.

Foi há um ano...
Iniciou-se uma nova fase (vulgo cor) na hipocrisia política.

Foi há um ano...
E o desemprego não parou de aumentar desde então.

Foi há um ano...
E as perspectivas futuras não se apresentam como optimistas.

Foi há um ano...
E a inércia, aliada à mesquinhice souberam que iam manter-se bem instaladas em S. Bento.

Foi há um ano...
A corrupção, o clientelismo e o desrespeito total pelos eleitores não conheceram alterações.

Foi há um ano...
E o populismo ganhava um novo estilo, enfeitado por frases que tudo anunciam mas que nada realizam.

Foi há um ano...
E Portugal continua a afastar-se dos seus parceiros comunitários.

Foi há um ano...
E a vontade de fugir daqui não foi abalada.

Foi há um ano...
Apenas há um ano? De certeza?



De facto não, foi há 364 dias, mas é como se tivesse sido.

18.2.06

O Estado laico português...a manobra de marketing...o cadáver da velha...não perca! Em exibição, numa televisão pública perto de si!

Amanhã, dia 19 de Fevereiro de 2006, o laicíssimo Estado Português, a República Portuguesa, implantada a 5 de Outubro de 1910, herdeira do republicanismo francês e do liberalismo Euro-Atlântico, vai levar um golpe baixo na sua dignidade e na sua lei fundamental. A RTP, televisão pública, vai dedicar uma edição especial ao traslado de uma cidadã que faleceu no ano passado. De acordo com as fontes daquele órgão de comunicação social, a a razão é ela ter sofrido uma alucinação (induzida talvez por insolação ou consumo de substâncias estranhas, não tenho a certeza...) na qual terá visto uma mulher com 2000 anos que deu à luz um homem de religião hebraica e que foi pregado a uma cruz pelos indivíduos da sua própria comunidade. Tradução: é tudo muito bonito, estado laico, respeito pela liberdade religiosa e pelo direito de não seguir qualquer religião, mas no fim uma série de cretinos da televisão pública e de tentáculos da Igreja Católica S.A., e já agora da Opus Dei também, conseguem levar por diante uma versão oficial asquerosa segundo a qual, apesar de o Estado ser laico, a maior manobra de publicidade e marketing ocorrida em Portugal em 1917 terá sido uma verdadeira "aparição"... Afonso Costa, onde andas tu quando precisamos de ti?

Parabéns, Querido Líder!


Quinta-feira, 16 de Fevereiro, o Querido Líder da Coreia do Norte, aliás, República Popular Democrática da Coreia, o glorioso comandante Kim Jong-Il, celebrou o seu 64º aniversário. A sua grandiosa construção, o paraíso socialista que é o seu país, regozija-se por poder contar com semelhante génio à frente dos destinos da Nação. Camarada Kim Jong-Il, aqui ficam os meus desejos para esta tão solene ocasião! Que as tuas milhares de garrafas de conhaque te acompanhem e que o teu povo continue a idolatrar-te da forma que mereces. Que o teu próximo aniversário seja tão auspicioso como a noite de núpcias de Átila o Huno!

8.2.06

Eu publico, e vocês?


Só consegui encontrar um dos famosos cartoons em que Maomé é retratado de forma "ofensiva". Estranho, pensava que se encontrava tudo na internet... Menos na versão chinesa do Google!
Coloco-o aqui, apesar de este blog ser visitado por um número de pessoas com apenas um algarismo, como forma de afirmar que orientações religiosas não têm, não devem e não podem ter qualquer efeito limitativo na nossa expressão, muito menos nos media de estados democráticos. Ainda para mais, quanto a vaga de contestação sever de cobertura ao programa nuclear iraniano e à vitória do Hamas nas eleições palestinianas.
A reacção do governo português foi, como seria de esperar, patética, para dizer o mínimo. Mostrando que o seu interesse em não ficar mal visto junto dos estados maioritariamente muçulmanos é maior do que a defesa dos princípios demcráticos de um parceiro estratégico na União Europeia e na NATO, a nossa equipa governativa, em particular, Freitas do Amaral, adoptaram a pior postura possível nesta questão, ao deixarem em aberto a possibilidade de cedências em futuros diferendos culturais. Traduzindo: fizeram a vontade dos extremistas que manipularam toda esta questão e que convenceram milhares de pessoas a agirem violentamente contra a Dinamarca e contra a Europa. Se esta fosse a minha arte, já teria feito um cartoon com José Sócrates, Freitas do Amaral e os líderes de uma série de países que mostraram a sua "indignação" face ao sucedido.
And now, for our non-portuguese readers, I took the decision of publishing the so-called "infamous" cartoon because in my conception, no religious doctrine can influence the expression of the media in democratic countries. So feel free to enjoy the Muhammad cartoon I published on my blog, unfortunatly I didn't find the other ones, which make me wonder if the internet is as free as it seems... And I'm pretty sure the controversy will calm down, as soon as Hamas has installed itself in Palestine and Iran has reached the status of nuclear power.

A figura eternamente cómica

Acho uma certa piada à figura de Hugo Chávez. A sério, num Mundo em que os Chefes de Estado e de Governo assumem uma postura protocolar rígida e onde as suas declarações seguem parâmetros previamente definidos de forma a enquadrarem-se nos seus interesses instalados, tem bastante piada uma figura que profere declarações mais dignas de uma comédia, ao mesmo tempo que reúne uma grande atenção em torno de si. É por isto que eu acho particularmente interessante que as suas intervenções (quase) hilariantes sejam na sua grande maioria canalizadas contra George Bush e contra a política externa dos EUA. Chávez assume uma postura que ele afirma como socialista e gosta de pensar que, juntamente com Fidel Castro e Evo Morales, representa um contra-poder latino-americano face ao neo-liberalismo económico protagonizado pelas multinacionais norte-americanas que no seu entender, têm o objectivo (político) de assegurar o controlo das transacções comerciais a nível mundial. Ao mesmo tempo, Chávez encarna uma concepção pseudo-romantizada do ideal socialista da América do Sul, que passa por assumir uma retórica agressiva face ao "inimigo".
O que Hugo Chávez parece esquecer, ou ignora deliberadamente, é que o "inimigo" não pode ser corporizado num único indivíduo ou na mesma entidade política. Mais ainda, Chávez vive num Mundo próprio, ditado pela sua popularidade junto do eleitorado que ele identificou como alvo, e que importa satisfazer a todo o custo. O que na América Latina provoca reacções mais fracturantes, a política dos EUA face ao seu antigo "quintal", é assim cavalo de batalha de uma nova espécie de caudilho que tenta, a todo o custo, dar uma imagem democrática. Chávez parece ainda não ter em conta que os EUA não são nenhuma superpotência hegemónica e que a vantagem daquele país sobre a América Latina não indica necessariamente um domínio imperial, ou talvez se tenha apercebido disso e é por este motivo que não cessa nos seus ataques verbais a Washington, talvez isso se reflicta nas próximas eleições. Seja como for, Donald Rumsfeld não prima pela capacidade cerebral e dar a Chávez argumentos que ele pode usar contra os EUA é tão idiota como algumas das afirmações anti-americanas do presidente da Venezuela.
A propósito, Chávez disse recentemente que não teria qualquer problema em encerrar as refinarias venezuelanas nos EUA e vender o petróleo nacional a outros países. O mesmo indivíduo que, quando Jorge Sampaio lhe pediu para se debruçar sobre os adiamentos sucessivos do julgamento do co-piloto português da Air Luxor que se encontrava há vários meses detido no país a aguardar julgamento, afirmou não o poder fazer uma vez que na Venezuela existe separação de poderes. Engraçado que Chávez, um líder que se afirma como socialista, detenha o poder de ordenar o encerramento de infra-estruturas tão importantes como refinarias de petróleo e de vender aquele recurso a outros países. Onde está, então, o processo democrático e a separação de poderes?

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