10.8.06

Europa

O que tem Europa de especial? Não, não se trata do continente, nem do projecto que se apropriou do seu nome. Refiro-me a de Europa, uma das maiores luas de Júpiter, descoberta por Galileu. refiro-a aqui por duas razões. A imediata é porque se trata de um lugar muito fresco - a temperatura média no equador é de cerca de 160º negativos, enquanto que nas regiões polares atinge os 220º negativos, o que só pode servir de atenuante quando estamos a atravessar dias de 36º positivos.

A seguinte é porque este é um dos locais do nosso sistema solar onde se especula que possa existir vida. Sim, existem mesmo hipóteses nesse sentido, se existir vida em qualquer outro corpo celeste do sistema solar é provável que seja em Europa.

A lua tem uma atmosfera muito ténue mas que é composta por oxigénio, embora este tenha ali uma natureza diferente daqueles que respiramos na Terra. Apesar das baixas temperaturas à superfície, o interior é bastante mais quente - até aqui não há surpresa nenhuma, o centro da Terra é infinitamente mais quente do que a superfície.

A característica mais notável de Europa é a seguinte - pelas observações que foram feitas a partir das sondas Voyager e Galileo, foi possível avançar com a teoria de que por baixo de uma camada superficial de gelo com cerca de 100 km de espessura, existe um oceano de água quente que envolve a lua em toda a sua totalidade. As informações que recebemos das sondas enviadas a Júpiter indicam que as falhas na superfície são formadas rapidamente devido à actividade do que se julga ser o oceano subterrâneo de Europa, de uma forma algo análoga à actividade oceânica na Terra num período primitivo da sua evolução.

A existência de um oceano activo de água quente é propícia ao aparecimento de pequenos organismos de estruturas simples, como bactérias que podem sobreviver sem oxigénio e sem recurso à fotossíntese. Há até quem vá mais longe e suponha que possam existir formas de algas incipientes no seu oceano subterrâneo. Para dar credibilidade a esta teoria, as primeiras formas de vida na Terra foram organismos de estruturas celulares simples que surgiram inicialmente na água e que passados milhões de anos se deslocaram para terra firme.

E é por enquanto o que sabemos. Já houve planos, entretanto cancelados, para missões específicas a Europa. Enviar uma missão àquela lua seria extremamente complexo e dispendioso - seria necessário conhecer melhor a composição da superfície, ter uma ideia clara de qual a espessura da camada de gelo envolvente e medições da actividade orgânica e radioactiva na lua, ao mesmo tempo que a sonda teria de lidar com os efeitos das radiações jovianas e da sua pressão gravitacional.

Nunca irá acontecer nos próximos anos, mas em meados do século é possível que tal missão possa ser lançada e aí talvez eu possa conhecer os resultados e finalmente poderemos afirmar com toda a certeza que não estamos sozinhos no Universo, nem mesmo no Sistema Solar.

Este post deveria ter uma imagem de Europa no início, pelo menos eu bem tentei mas ao fim de cinco tentativas e de ver "erro na página" escrito no rodapé perdi a paciência. Vai sem imagens e já é muito bom. Mas para terem uma ideia, Europa é isto.

3 Comments:

Blogger Woman said...

Sentes-te só no nosso sistema solar? Qualquer dia temos companhia...

Beijinho

11 agosto, 2006 16:19  
Blogger João said...

O sistema solar é bonito, mas muito despovoado. Se só cá estivermos nós a encher este planeta, será muito infeliz.

11 agosto, 2006 18:48  
Anonymous Anónimo said...

também se especula que possa haver vormas de vida primitivas em Titã (a grande lua de Saturno)por possuir atmosfera e ter um raio equatorial maior que Mercurio...as baixas temperaturas é que estragam tudo :P

19 junho, 2008 13:58  

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