30.4.06

Zelda - Twilight Princess - quando seremos recompensados?





A Nintendo gosta muito de nos fazer sofrer... Eu como gosto sempre de dar alguma coisa nova, aqui ficam mais umas fotos de Legend of Zelda - Twilight Princess, enquanto não o temos nas nossas mãos, teremo-lo nos nossos olhos.

Memorial


Os Moonspell, a maior banda portuguesa em termos de vendas e fama a nível mundial, lançaram o seu último álbum, Memorial, que representa um aumento na agressividade em relação ao anterior, Antidote, mas que não perde em carga melódica e até representa um progresso no que diz respeito ao som ambiente.

A reacção na imprensa da especialidade foi bastante boa e o calendário de concertos para os próximos meses prevê a presença em alguns dos grandes festivais Europeus de Metal e de Rock, entre os quais o Graspop na Bélgica e o Summer Breeze na Alemanha. Está ainda marcada uma actuação em Marrocos, o que é inédito para esta banda e pouco comum naquele país do norte de África.

O que eu gostava de saber é porque é que esta banda, que mais do que músicos, são autênticos Embaixadores [com E grande] de Portugal pelo Mundo fora e que apesar das letras em inglês incluem elementos portugueses, não recebem nenhum reconhecimento oficial e, para todos os efeitos, não são considerados como “música portuguesa”?

29.4.06

Arrivederci, Cavaliere!

Finito, Silvio!


Quase três semanas depois, Berlusconi demite-se, que é uma forma pseudo-airosa de encobrir o reconhecimento [tácito] da vitória da coligação de Romano Prodi nas eleições legislativas de 9 e 10 de Abril.
Na sequência da eleição dos candidatos apoiados por Prodi para Presidente do Senado e para Presidente da Câmara Baixa, Berlusconi viu-se sem alternativas e depois de insistir teimosamente na tese de irregularidade eleitoral [embora sem explicar muito bem como], acabou por, de forma tácita, reconhecer a derrota através da demissão, mostrando que mesmo no momento em que encerra a sua carreira política [espero eu, para o bem dos italianos], não deixa de abandonar os seus arquétipos mais ridículos e que contribuíram para o descrédito do seu país nos últimos cinco anos.
Pela frente a Itália terá um Governo frágil, liderado por Romano Prodi, mas não sob o seu controlo uma vez que as divergências ideológicas dentro da sua coligação podem tornar qualquer assunto comum num impasse capaz de fazer cair o executivo. Não é nada positivo, para um país que necessita, o mais depressa possível, de assumir um rumo claro, longe das contradições de Berlusconi, um Primeiro Ministro que assumia uma capa de liberalismo económico e tradicionalismo social mas que poderia hipotecar toda a sua reputação em nome da popularidade e imagem junto do eleitorado.
Tempos interessantes aguardam a Itália, um dos países fundadores da CEE e que não se pode dar ao luxo de ficar para trás no directório informal das potências comunitárias.

Yokohama



28.4.06

Buraco negro e a sua assinatura em breve descodificada



Está em curso a tentativa de captação de padrões de ondas gravitacionais oriundas de explosões de estrelas ou de buracos negros, na verdade pode estar muito próxima. Através de um super computador da NASA, é possível simular a colisão de dois buracos negros com base na Teoria da Relatividade e esta simulação serve de base à procurar de situações como aquela no Universo através da captação das ditas ondas.
Se tiver sucesso, esta pesquisa será uma das mais relevantes da actualidade e pode mudar o percurso da astrofísica e do nosso entendimento do Universo. Podem assim criar-se novos ângulos sobre interrogações como a natureza dos buracos negros, como funcionam e qual o seu papel no Universo.
Trata-se de um avanço inédito na pesquisa espacial e que deixará um legado de valor incalculável para o futuro. Já detendo conhecimentos razoáveis da observação electromagnética e da captação de ondas de rádio vindas de locais remotos do Universo, este novo avanço vai permitir no futuro iluminar os buracos negros de forma a compreender melhor o fenómeno. Os buracos negros constituem estruturas virtualmente desconhecidas e a forma como a força da gravidade é por eles distorcida, consequentemente deformando o espaço e o tempo em seu redor, é algo impossível de testemunhar. Através desta pesquisa, teremos mais alguma luz sobre a escuridão dos buracos negros.

JSR e a arquitectura Europeia



Hoje, durante o Telejornal da RTP1, uma das três montras de informação diárias das 20:00 que os portugueses utilizam à hora do jantar para observar o seu país e o Mundo, José Rodrigues dos Santos brindou-nos com uma informação que me deixou de rastos perante a sua dimensão e importância, ou se quisermos, cretinice e ignorância. Terá o tão ilustre apresentador de tão honrado segmento afirmado que um grupo de soldados da GNR se deslocou a Madrid para participar numa formação de membros do “futuro exército Europeu”. Estas palavras fizeram-me soar a sirene de alerta: qual futuro exército Europeu? Quando é que a sua criação foi decidida? Quando vai entrar ao serviço da Europa [entidade tão difusa quanto confusa]? Será que José Rodrigues dos Santos sabe alguma coisa que eu não sei?

As dúvidas dissiparam-se uns segundos depois, como aliás era óbvio, uma vez que nada que seja proferido por aquele indivíduo se aguenta muito tempo no Passeio da Credibilidade, uma espécie de Hall of Fame para as informações, que consiste numa longa e faustosa galeria onde as informações e declarações mais relevantes são emolduradas e protegidas, acompanhadas por uma imortalização do indivíduo que as proferiu e/ou formulou. A Lei da Gravidade está lá, a Teoria da Relatividade Geral lá se encontra, a investigação do caso Watergate também figura dos seus corredores, mas por mais que eu tente, não consigo lá encontrar nada de José Rodrigues dos Santos.
A sua afirmação caiu assim por terra uns cinco segundos depois [nada mau…] quando se tornou claro do que se tratava: afinal, a GNR marcou presença numa acção de formação em Madrid destinada a formar agentes que irão fazer parte da força de reacção rápida da União Europeia, cujos módulos incluíam, além de aulas teóricas, uma simulação de sequestro de um avião, do qual vimos imagens. Acrescente-se ainda que participaram agentes da autoridade de cinco países, pelo que posso concluir que para José Rodrigues dos Santos, a Europa apenas tem cinco países.
Já sabemos que Portugal é um deles, por analogia suponho que a Espanha também, afinal foi a anfitriã, quais serão os outros três? Itália, França e Argentina [com o estatuto de observadora], de forma a fazer um Mundial de Hóquei em Patins interessante?

A Paz e o Hamas...não me parece.


Quando pensamos em paz
Nunca nos lembramos do Hamas

E é bem verdade. Observando a conduta e a retórica do actual governo palestiniano, dir-se-ia que este parece mais empenhado em galvanizar o mundo árabe e ainda o Irão para financiar o seu mandato, após o cancelamento dos financiamentos directos da UE. A Noruega, por sua vez, não os cancelou, lá terão as suas razões… Seja como for, o Hamas está apenas a fazer a sua parte, e como é óbvio a parte que compete a um braço político de um movimento armado responsável por uma série de atentados nunca poderia ser das mais louváveis. Não é por acaso que eu raramente me pronuncio sobre o conflito israelo-palestiniano, uma situação de tal forma complexa e que ultrapassa os limites do Médio Oriente de uma forma tão avassaladora que quase parece impossível que uma disputa por um território pouco maior do que o Alentejo consiga incendiar debates e dividir opiniões em todo o Mundo.
A verdade é que por mais avanços que o processo tenha conhecido no final do século XX com os acordos de Oslo, essa era já parece remota. Actualmente em Israel, o Kadima abriu negociações com o Partido Trabalhista para formar um governo de coligação, o que tendo em conta os últimos anos do panorama político israelita, só podem ser boas notícias. Por outro lado, a presença do Hamas no governo da Palestina e a delicada situação em que este coloca o presidente Abbas tornam o processo de paz num redemoinho que ameaça regressar ao período que se seguiu à visita de Ariel Sharon à Esplanada das Mesquitas em Setembro de 2000 e que impulsionou a segunda intifada.
Não, de facto, paz não rima como Hamas…só tecnicamente claro, mas não é forçoso que um poema seja feito com rimas.
PS: e só para me armar em engraçado, em Finlandês a palavra "hammas" significa "dente", com isto um finlandês pode dizer que quando lhe dói um dente está a queixar-se das acções do Hamas. Muita razão terá.

Citizen Dog



Citizen Dog é uma criação de Mark O’Hare que infelizmente já acabou mas que foi imortalizada em três álbuns. Trata-se de um Mundo onde as relações dono - animal de estimação [sobretudo em relação aos cães] são ligeiramente diferentes do que nos parecem. Ou talvez não, talvez exponha a verdadeira natureza das relações entre os Humanos e os seus animais de estimação de uma forma que não nos apercebemos. Afinal de contas, se os cães pudessem falar, diriam o mesmo que o Fergus!






Singapura




É importante referir que, à semelhança dos posts com imagens de Hong Kong e de Tokyo, nenhuma destas fotos foi, infelizmente, tirada por mim.

Arábia Saudita...esse país moderado.


Em notícia dada hoje pelo DN, o Ministro dos Negócios Estrangeiros afirmou a intenção de “estreitar relações” com os países árabes moderados. Entre estes países que o senhor MENE [Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, é bom não esquecer] considera “moderados”, encontra-se a Arábia Saudita. Não sei se a escolha infeliz do termo “moderados” foi consciente ou não, mas o que não deixa de ser um facto é o integrismo fundamentalista do estado e da sociedade saudita. Considerar este país como “moderado” é análogo a considerar a Coreia do Norte como bem governada.
Será que alguém informou o senhor MENE acerca disto? Eu preferia não pensar que Portugal estaria a seguir um pragmatismo cínico [por oposição a um pragmatismo construtivo] no qual os Direitos Humanos seriam apenas uma preocupação secundária… Não foi da boca do senhor MENE que ouvimos críticas legítimas ao papel desempenhado pelos EUA? Estaremos nós empenhados em tornarmo-nos nuns EUA em miniatura a bem das nossas relações comerciais com países “moderados”?
Talvez ninguém soubesse isto, compreende-se, afinal, esta informação não é pública.

A Revolução tem um nome

In 2006, Wii will take control ...

E finalmente, nada será como dantes.

27.4.06

Perguntem aos curdos, perguntem aos árabes...perguntem aos iraquianos!

Será que fui o único a reparar que nos media, cada vez que o Iraque é assunto de notícia [e não o é poucas vezes], as três entidades politicamente mais proeminentes são tratadas como se de diferentes grupos étnicos se tratassem? Cada vez que leio ou ouço uma notícia relacionada com o processo de democratização do Iraque, são sempre referidos “os shiitas, os sunitas e os curdos”. Para que conste, a divisão entre sunitas e shiitas remonta ao período da sucessão do profeta Maomé e a sua origem é de carácter político, muito embora tenha dado azo a diferentes práticas e rituais. Os sunitas e shiitas do Iraque, sejam quais forem as suas diferenças de carácter religioso, são maioritariamente árabes. Isto significa que têm o árabe como língua e identificam-se com a cultura árabe, não havendo outros pontos de divergência. Obviamente, como acontece com outras comunidades de cariz religioso, as diferenças foram exacerbadas ao ponto de transcenderem o aspecto doutrinal e de assumirem um papel político claro, sem que com isso se possa falar em diferenciação étnica.
Os curdos por sua vez, não são árabes. Constituem um grupo étnico próprio, com efectivos numerosos na Turquia, Iraque, Irão e Síria [a região onde estes são maioritários é definida historicamente como Curdistão e os seus habitantes, cerca de 27-28 milhões, são considerados como o maior grupo étnico sem Estado do Mundo] e em menor número no Líbano, Azerbeijão e Arménia. A sua origem não é certa mas é possível que a sua existência tenha sido documentada pelos sumérios há cerca de 5000 anos atrás, muitos séculos antes da ascendência da cultura árabe. A sua língua é próxima do persa [farsi, língua oficial do Irão], constituindo um idioma Indo-Europeu [logo, da mesma família que o português, inglês, russo, grego e sânscrito], ao contrário dos árabes, cuja língua é de origem semita, tal como o hebraico. A religiosidade dos curdos é diversa, sendo a sua maioria muçulmanos [sobretudo sunitas, havendo um número de shiitas no Irão] mas existindo yezidis [seguidores da religião tradicional curda pré-islâmica], judeus e cristãos.
Estamos esclarecidos?

Hong Kong

Fonte: Nine Dragons Software


Tokyo



26.4.06

20º Aniversário



No dia 26 de Abril de 1986, o uso da energia nuclear teve o pior desfecho possível. Por representar o maior acidente nuclear da História, por ser um símbolo vivo do perigo que representa a má utilização desta fonte de energia, por ainda continuar a ser uma ameaça tão destruidora como o foi há 20 anos atrás, o acidente de Chernobyl é aqui recordado.

25.4.06

Efemérides e celebrações

Para mim que nasci já em plena democracia e na iminência da integração Europeia de Portugal, a data de hoje surge-me mais como curiosidade histórica do que propriamente como algo a viver e celebrar intensamente, por mais que tentemos é impossível recriar o ambiente vivido na altura e uma coisa que falta à nossa geração [quem me conhece, sabe qual é a minha idade] é o testemunho consciente de acontecimentos que tiveram um impacto fulcral na nossa vida, na ordem vigente e na sociedade em que vivemos. Nascemos já em democracia, tínhamos poucos dentes quando Portugal aderiu à então CEE, estávamos a aprender a ler quando caiu o Muro de Berlim e quando foi constituída a União Europeia as nossas maiores preocupações eram brincar no recreio da escola primária e ver os desenhos animados dos fins de semana de manhã. Por comparação, os nossos pais testemunharam de forma directa e indirecta acontecimentos de grande relevância no plano nacional e internacional: a guerra colonial, a guerra do Vietname, o assassinato de John F. Kennedy, o Maio de 68, a chegada à Lua, o escândalo Watergate, o 25 de Abril, o PREC, o 25 de Novembro, a morte de Sá Carneiro, a adesão de Portugal à CEE, a queda do Muro de Berlim e a dissolução da URSS dois anos depois [que alguns de nós recordam mas sem a maturidade necessária para a compreender]. O que é que nós vimos, com consciência e maturidade? George W. Bush a tornar-se presidente [eu preferia não ter visto], os atentados de 11 de Setembro, António Guterres a demitir-se [isto parece muito pobrezinho…], Santana Lopes a chegar a PM [ainda parece mentira, mas não, isto aconteceu mesmo!] e pouco mais… O único acontecimento digno de figurar num álbum de recordações, gravado a letras de ouro, é o campeonato ganho pelo Benfica na época 2004/2005, esse ninguém nos tira e ainda o Benfica a vencer o Manchester United e o Liverpool na época seguinte.

Por isso, celebrar o derrube do antigo regime, uma oligarquia apodrecida e desfasada da realidade gerida por um círculo de criaturas que faziam de Portugal um quintal dos seus interesses, quase parece um acontecimento remoto e distante. Porém, é em nós que reside o futuro da democracia, não naqueles que, com um misto de orgulho e dor, recordam os tempos em que foram presos e torturados pela PIDE e que afirmam que Portugal está perdido. É à nossa geração que compete incorporar os valores da Democracia e dos Direitos Humanos à escala global, sem complexos e sem que o nosso passado recente, nomeadamente o período 1926-1974, constitua um obstáculo ao nosso desígnio. Não sei ao certo qual era o grande objectivo dos militares que derrubaram o regime de Marcello Caetano, mas o restabelecimento da democracia em Portugal implica sobretudo uma grande responsabilização da nossa parte, que fora negada durante os 48 anos de autoritarismo paternalista, e não estamos a ser responsáveis quando o país em que vivemos continua a ter o nível de vida mais baixo da Europa Ocidental [e para quem possa estar a pensar, não, isto não é apenas uma questão de dinheiro], quando cerca 80% da nossa população não concluiu o ensino secundário, quando temos quase um milhão de analfabetos e quando cerca de 20% dos portugueses vivem na pobreza. Quanto mais ênfase é dado às comemorações do 25 de Abril de 1974, mais a nossa mente colectiva se afasta do presente e do futuro e regressa àquele tempo, em que existia uma ideia para Portugal que hoje está muito afastada ao que era naqueles dias. Ao abdicarmos da nossa responsabilidade enquanto cidadãos, estamos a permitir que a classe política decida por nós o rumo do país, reduzindo a nossa participação à mera validação de programas eleitorais a cada quatro anos [e às vezes menos]. Ao colocarmos todo o peso da responsabilidade na classe política [incompetente] que dirige o país, estamos a recriar o Estado Novo, sem os mesmos instrumentos daquele período, mas igualmente afastado dos verdadeiros desígnios nacionais.

Pelo triunfo da classe operária!

O Casino de Lisboa não devia ter sido inaugurado no último dia 19 de Abril, devia sim ser inaugurado hoje, dia 25 de Abril. Qual a melhor forma de celebrar uma data que representa a libertação das classes trabalhadoras portuguesas oprimidas por um regime autoritário e explorador do que com a inauguração de um local onde essas mesmas classes podem dar asas à aspiração da sua vida, ou seja, onde podem, com bastante sorte, tornar-se podres de ricas e passarem a viver "À burguesa e à capitalista"?

E pronto, acabou-se o único sítio livre de conversas da treta

Agora que já é possível falar ao telefone na linha azul do Metro de Lisboa, acabou -se o único espaço público livre de conversas irritantes que até então se limitavam aos autocarros. Pois é, a partir de agora vamos ouvir pérolas do género ‘tou…sim…tou aqui no Metro…ah, sim…pois, olha a gente faz assim, diz ao cretino que vá à #$@&§, diz-lhe assim mesmo que eu mandei e a gente depois vê se ele gosta mais daquela rameira. Olha tenho que ir, a gente depois vê-se, beijinhos.’ além de umas grandes conversas em ucraniano, ou ainda coisas como ‘alô…ué cara, cê tá com uma voiz…nossa…cê viu mula sem cabeça? É melhor se você deixar essa bobagem de seita para trás que esses criminosos lhe estão ficando com a grana toda, né?’. Isto sem falar nas mais variadas formas de crioulo que vamos poder ouvir nas carruagens… Seja em que língua for, todas estas conversas vão ser proferidas com um volume de voz largamente superior ao do ruído que as composições do Metro fazem quando entram na secção da linha que vai do Colégio Militar até à Amadora…quem anda de Metro sabe o que eu estou a dizer.
Ah, até ao verão, todas as linhas vão estar preparadas para o efeito...

24.4.06

Revolution


Uma revolução tem como objectivo principal o desmantelamento de uma situação ou de uma ordem vigente e a sua substituição por outra, considerada como “revolucionária”. Através de uma linha de acção que se considera como indo contra a ordem estabelecida, uma revolução quando tem sucesso, altera a dita ordem e substitui-a por outra, naquilo que é denominado uma “mudança revolucionária”. Após a revolução ter tido lugar, alteram-se algumas [poucas ou muitas] regras e o padrão passa a ser determinado pelo conteúdo da revolução.

Em 2006, a Nintendo anuncia que irá realizar uma revolução. Depois de décadas a produzir aquelas que são, sem dúvida, as maiores criações no Mundo do entretenimento virtual e as melhores plataformas para os suportar, anuncia-se para o corrente ano uma máquina que, afirma, será uma revolução. Ainda é cedo para disso ter a certeza, mas por outro lado, se já tivéssemos todas as certezas antes da sua concretização, não seria uma verdadeira revolução, pois não?
Podemos sim, antes do lançamento, afirmar que nunca os jogos [conceito que eu acho muito curto para exprimir a maravilha tecnológica que representam] conheceram uma revolução tão importante como a que vão conhecer este ano. Anterior a 2006, talvez a transição dos 16 para os 32 bits há 11/12 anos atrás [onde a Nintendo esteve ausente] possa ser comparável, mas pelo que é conhecido da Nintendo Revolution, esta será a maior delas todas.

23.4.06

Lisboa, infeliz capital, tantas vezes maltratada

Porque se torna o ambiente em Lisboa cada vez mais insuportável? A presença de edifícios degradados e cinzentos já fere suficientemente a vista, mas esta cidade tem decididamente uma componente especial que a torna impossível de contemplar em dias cinzentos e chuvosos como o que foi hoje. Não é apenas um problema das estruturas físicas, os seus habitantes e administradores também têm a sua responsabilidade e à medida que a cidade perde população [cerca de 250 000 pessoas nos últimos vinte anos] ganha uma periferia cada vez mais saturada…como se o que eu estou a dizer fosse alguma novidade!
Já todos o devemos ter sentido, quantas vezes eu vou a passar a pé por uma rua de Lisboa e quando tomo contacto com o que está em redor [e não me refiro apenas aos edifícios e às atracções, refiro-me a tudo o que está ao alcance dos sentidos] penso para comigo mesmo “Não gosto do que vejo, não gosto do que ouço, não gosto do que sinto…alguma coisa tem de mudar e depressa”, tantas que já é impossível contar.
Mas afinal, Lisboa não é mais do que um microcosmos de Portugal, não é verdade? “Portugal é Lisboa, o resto é paisagem”, muitas vezes ouvi dizer. Se Lisboa é a nossa montra precisa de uma séria reformulação, e não me refiro apenas ao nível das infra-estruturas físicas. Uma cidade é o que os seus habitantes fazem dela e se Lisboa é hoje uma caricatura deplorável de Portugal, nós merecemos.

Napoleão


Coroação de Napoleão, por Jacques-Louis David
Como teria sido a evolução da Europa se Napoleão nunca tivesse sido derrotado? Poderia o Imperador ter assinado a paz com a Grã-Bretanha e permitido a esta lançar-se no seu "esplêndido isolamento" terminando com as Guerras Napoleónicas e permitindo à Europa inteira assimilar os ideais da Revolução Francesa? Como teria o Império Russo lidado com a situação? Será que Napoleão estaria preparado para adoptar uma postura pragmática em relação ao status quo Europeu e atingiria um entendimento entre a França, Grã-Bretanha, Prússia, Áustria e Rússia?

Portugal lava mais branco

Em Portugal, a História lava-se mais branco. Apesar de vivermos em democracia e de termos rompido com o antigo regime [1926-1974] isso não impede que a nossa História continue a ser vista sob uma lente altamente manipuladora que distorce a realidade e nos apresenta a História de Portugal como um processo de oito séculos desde a independência marcado por autênticos heróis nacionais sem defeitos, um extraordinário povo que se mobilizou nas alturas certas e uma tradição de não-violência em contraste absoluto com a Espanha. Afinal, os espanhóis é que massacraram os indígenas na América Central e América do Sul, nós não lhes tocávamos. Os portugueses nunca chacinaram os nativos em África, nós apenas os salvámos das guerras que mantinham entre as tribos. Nós sempre tolerámos toda a gente, até a nossa inquisição era mais suave que a espanhola…isto é, até terem sido assinalados os 500 anos da eliminação de mais de quatro mil judeus em Lisboa, uma das primeiras etapas de um processo que haveria de expulsar mais de 10% da população portuguesa da altura e que acabou por estar proximamente ligada à progressiva degradação da economia nacional. Mas não, nós sempre fomos bonzinhos!

E agora, um momento de Black Adder IV

Black Adder Goes Forth - Episode 6: Goodbyeee
Baldrick: Permission to ask a question, sir...
Edmund: Permission granted, Baldrick, as long as isn't the one about where babies come from.
Baldrick: No, the thing is: The way I see it, these days there's a war on, right? and, ages ago, there wasn't a war on, right? So, there must have been a moment when there not being a war on went away, right? and there being a war on came along. So, what I want to know is: How did we get from the one case of affairs to the other case of affairs?
Edmund: Do you mean "How did the war start?"
Baldrick: Yeah.
George: The war started because of the vile Hun and his villainous empire- building.
Edmund: George, the British Empire at present covers a quarter of the globe, while the German Empire consists of a small sausage factory in Tanganyika. I hardly think that we can be entirely absolved of blame on the imperialistic front.
George: Oh, no, sir, absolutely not. (aside, to Baldick) Mad as a bicycle!
Baldrick: I heard that it started when a bloke called Archie Duke shot an ostrich 'cause he was hungry.
Edmund: I think you mean it started when the Archduke of Austro-Hungary got shot.
Baldrick: Nah, there was definitely an ostrich involved, sir.

Círculos altamente restritos

Hoje, graças à comunicação social, ficámos a saber que existe uma associação altamente elitista em Portugal cujo critério para os seus membros é definido pela incapacidade de reconhecer o apito em devida hora. Outras restrições que este restrito círculo impõem ao público em geral incluem o analfabetismo, a incapacidade de utilizar linguagem articulada, a impossibilidade de realizar uma soma simples e a existência de uma célula cerebral por metro quadrado de superfície. Refira-se ainda que os membros de dito círculo têm uma escolaridade média de um ano e meio [viram-se obrigados a sair, pois já tinham 15 anos na altura em que transitaram para o 2º ano do 1º ciclo do ensino básico] embora revelem uma inteligência inferior à de uma criança em idade pré-escolar. Verdade seja dita, são um autêntico grupo de elite, como eles já há poucos no nosso país!

21.4.06

Vírus...infecção...tratamento...

Fomos infectados por um vírus, é a simples conclusão a que cheguei. “Como?”, podem perguntar. A resposta está à nossa volta: fazemos parte de uma sociedade amputada incapaz de regenerar as suas células doentes [talvez semelhante a um cancro estacionário] e que se mantém a si própria num equilíbrio precário que ameaça pender para o abismo a qualquer momento. Os nosso intervenientes a todos os níveis, político, económico, social, cultural, ou seja, todos nós, são afectados por um sistema que processa os seus membros e os transforma em entidades com comportamentos e interesses semelhantes aos seus. Querem uma prova? O sentimento de estagnação e finalmente de declínio nunca foi, no passado recente, tão acentuado como agora. Diariamente somos atingidos pela informação que nos deveria sensibilizar para esse processo destrutivo, mas em vez de criar anticorpos, o seu efeito é marginal. Pro-activos dificilmente seremos, reactivos aparentemente não somos, o que sobra então, sobreviventes?Esses “sobreviventes” não são mais do que sacrificados, indivíduos cuja funções e desempenhos cinzentos na sociedade se encarregam de perpetuar e agravar o clima doentio que expus acima.
“Porquê?”, será a próxima interrogação. Porque deixámos, porque não levantámos obstáculos, porque acreditámos cegamente no que nos disseram [e acreditámos logo nos piores conselheiros possíveis], tornando-nos nada mais do que espectadores passivos até que recentemente e de forma algo trágica, nos apercebemos de que estamos à beira de nos tornarmos irrelevantes, que a nossa eventual extinção não iria causar nenhuma diferença significativa entre os que nos rodeiam, pelo contrário, seria antes vista como um acto de misericórdia, afinal, há quem acredite que sempre deveria ter sido assim.

“E qual o nosso futuro?”, suponho que esta seja uma interrogação bastante colocada. Não consigo imaginar, até prefiro nem pensar nisso, uma vez que baseado na experiência recente, esse cenário seria do mais desolador possível. Se até aqui foi uma espiral descendente, pode vir a ser ainda pior. Deveríamos estar a absorver a lição que nos é dada através desta forma, fria, cruel mas necessária e terapêutica, se dela tirássemos as devidas conclusões e não repetíssemos os mesmos erros. Infelizmente não é assim, e salvo poucos que apesar do ambiente à sua volta insistem em contrariar a “ordem não-escrita vigente”, a grande maioria mostra um desinteresse assombroso que me leva não a uma interrogação, mas sim a uma exclamação: vocês merecem!
Boa noite.

19.4.06

Reciprocidade

Às vezes é justo quando é aplicada a quem o merece. Obrigado Cláudia e espero que o tempo seja teu amigo.

16.4.06

Sempre tivemos razão

Sempre tivemos razão...
A verdade não pode ser encontrada no vento ou na chuva, muito menos num canto empoeirado da mente... Porque nos deixámos enganar de tal forma durante tanto tempo? E porque perseguimos nós os que julgávamos errados de forma tão violenta? Sem o compreendermos, encarnámos a força malévola que jurámos combater durante tanto tempo, que seria o suficiente para nos condenar a uma eternidade de tormentos e de martírios. Que diferença afinal, faz uma frase num livro? Toda a diferença, não pela frase em si, esta é neutra, mas pelo que dela fazemos e pelo que dela fizemos não merecemos o ar que respiramos ou a água que bebemos.
E daqui para onde vamos? Estendemos a mão aos que perseguimos, pedimos desculpas, afinal são nossos irmãos, podem sempre contar connosco? Ao conforto da ingenuidade e das boas intenções...a esses nunca escaparemos, nem sequer queremos escapar, é tão acolhedor, quase que nos faz feliz saber que ajudámos alguém cuja natureza não compreendemos mas que nos disseram que devíamos ajudar. Afinal, nem sempre tivemos razão... Ou tivemos, e decidimos ignorá-la como quem a olhar para o céu cinzento ignora que acima das nuvens, o Sol nunca desapareceu? E porque demorou ela tanto tempo a aparecer? Da iluminação ao obscurantismo é apenas um passo, basta uma palavra mal empregue, dirigida aos ouvidos errados, que a reencaminham a um cérebro mal orientado, e temos as trevas da razão instaladas antes do próximo pôr do sol.
E o que fazemos então? Destruímos, esventramos, estropiamos, matamos em nome do que julgamos ser correcto contra aqueles que estão incorrectos, afinal eles vêem mal, eles ouvem mal, eles pensam mal, temos de os corrigir, nem que seja à força, caso contrário tempos muito piores virão. Sim, tempos muito piores virão, podemos ter a certeza, mas nunca para os executores, esses ficarão felizes na sua nova realidade, livres de tudo e qualquer empecilho que os possa perturbar. Ou será que não? Claro que não, como é que isto ainda pode ser equacionado? Num Mundo de trevas, nunca há paz, por mais que esta seja apregoada e imposta pela força dos ditos justos e verdadeiros, se o obscurantismo está instalado, os seus executores não vão ficar por aí, vão antes subir à próxima etapa. Vão definir círculos cada vez mais apertados com o seu lápis infeliz em torno de si próprios, até que quando se apercebem, desenharam uma linha suficientemente grande para que se possam enforcar nela e servir de exemplo aos poucos que sobraram.
E então, pendurados na praça pública, na árvore dos enforcados, os que sobraram vão observar o triste testemunho morto-vivo do que aconteceu e se ainda houver alguma réstia de esperança e de sabedoria no Mundo, vão pensar que algo esteve errado nos seus últimos tempos...vão-se aperceber que aquele caminho só leva à queda e tudo farão para não terem o mesmo triste desfecho daqueles para quem um dia olharam com admiração e respeito, julgando-os Senhores da Verdade e da Razão.
Afinal, sempre a tivemos cá dentro, apenas decidimos não lhe ligar quando ela mais precisava da nossa atenção. Infelizmente nem toda a gente a atinge, mas quem tem o privilégio de manter um relação próxima e frutífera com a razão sabe que ao contrário do que se julga ser correcto, mentes com razão não traçam círculos em torno das mentes sem razão tentando nobremente resgatá-las para junto de nós. Não...longe disso, muito longe, afastamo-nos o mais depressa possível do seu turbilhão devastador para que possamos estar a uma distância segura do seu rasto de destruição. Mas nunca nos afastamos o suficiente para os perdermos de vista, pelo contrário, fazemos questão de reservarmos lugares na primeira fila para assistir ao glorioso espectáculo que é ver aqueles bárbaros a debaterem-se com as suas próprias fúrias e aplaudimos quando se chacinam uns aos outros, fazendo um favor a todos nós ao livrarem-nos da sua vil e pérfida existência.
Sim, temos razão, eles não fazem falta nenhuma, mas uma vez que cá estão, podemos pelo menos aproveitar o espectáculo que nos reservaram. Afinal, ninguém é perfeito, nem a mais sã e razoável das mentes e por mais razão que tenhamos, nenhum prazer é comparável ao de vermos um adversário (sem honra nem glória e que ontem nos tentou destruir) a ser envenenado na sua própria substância tóxica e a gritar pela nossa ajuda... À medida que a sua agonia se aproxima do fim, aproximamo-nos da reles criatura, cujos olhos brilham perante a possibilidade de, no último segundo, lhes estendermos a mão, como eles nos fizeram num aparente pedido de perdão pelo mal causado...
E aí, num momento digno de ser assinalado com um fundo sonoro ensurdecedor, diremos com todo o nosso orgulho "Eu tenho razão...e tu não" e assistimos à queda final do inimigo para as mais negras profundezas da irracionalidade, das quais ele nunca vai sair e se vai arrastar penosamente num teatro que faria vergonha ao mais insignificante dos habitantes que se encontram no reino animal. Sempre tivemos razão...e sempre a teremos.

Black Metal Radio, um paraíso terrestre

Um recurso ao serviço dos seguidores das sonoridades mais extremas... Onde podemos encontrar, à distância dos nossos dedos e da nossa vontade que nos distingue, um autêntico presente, uma recompensa à dedicação e à devoção pelo Black Metal e Death Metal? Já para não falar na perseverança em apreciar estilos que são virtualmente ignorados pelos media e pela generalidade da população. Black Metal Radio preenche a lacuna, da Califórnia para o nosso Mundo, o Mundo onde a nossa mente viaja ao som dos Mayhem, Immortal, Dissection, Morbid Angel, Marduk, Arcturus, Emperor, SiriuS, e onde durante alguns minutos podemos escapar desta realidade repelente que nos mergulha sem alternativa nas suas asquerosas premissas de submissão e aparências. Graças aos deuses que existe o Metal!

200 posts!

Atingir o número de 200 entradas neste blog é sem dúvida motivo de algum orgulho da minha parte. Não só indica que este espaço tem um tempo de vida superior à média, como evidencia uma certa disciplina e dedicação da minha parte a este blog que me teria surpreendido há cerca de dois anos quando foi iniciado. Mais ainda, cheguei às 200 entradas antes de chegar aos 2 anos de vida. Em 708 dias desde a sua criação, Prometeu Agrilhoado atingiu as 200 entradas, uma média (se quisermos ser exageradamente exactos) de uma entrada a cada 3,54 dias, ou então uma entrada a cada 82 horas... Mas nada disto é linear, e quem passa por aqui sabe que a publicação neste espaço é altamente irregular e varia desde diária a semanal, com períodos de escrita a cada quatro dias pelo meio. Tal como a periodicidade, as ideias aqui expressas também primam pela não-linearidade, e espero sinceramente que seja impossível alguém poder reduzir este blog a um itinerário A à B à C à D à E... Quis apenas realçar esta marca com algum fundo e substância, não faria sentido simplesmente escrever como título "200 POSTS" e passar à frente e no espírito deste blog, até numa marca simples e trivial, consegui dizer alguma coisa. Espero que a marca 200 seja multiplicada ao longo dos próximos anos. Até lá.

14.4.06

Skyscrapercity, uma BOA face da globalização

Skyscrapercity é um fórum com um conteúdo que ultrapassa o de muitos sites, em quantidade e qualidade. Feito pelos seus utilizadores, o seu tema é o urbanismo em geral e os arranha-ceús em particular. Dentro das suas múltiplas discussões encontramos fotografias e respectivas votações de arranha-ceús, de simples edifícios altos, de monumentos, de skylines quer de cidades grandes como de povoações pequenas e de cenário não-urbanos. Nem as cidades criadas por jogadores de Sim City foram esquecidas, sendo possível enviar imagens das nossas criações para o site. Existe ainda uma divisão geográfica por continente e por país sempre que existam assuntos suficientes. E sim, existe uma secção para Portugal, embora não tenhamos verdadeiros arranha-céus no nosso país.
Divirtam-se.

13.4.06

Podemos celebrar o Yom Kippur, por favor?

Porque razão os feriados cristãos são celebrados? Seja qual for a religião praticada pela maioria dos portugueses, a celebração oficial de feriados de carácter religioso implica uma responsabilização passiva por parte do Estado em violação da sua separação da igreja. Porque razão são acontecimentos cujo dia nem sequer é exacto celebrados como feriados? Uma vez que a "Sexta-feira santa", o dia 15 de Agosto, o dia 1 de Novembro e os dias 8 e 25 de Dezembro são celebrados, deveriam igualmente ser feriados os feriados muçulmanos, hindus, judaicos e todos os outros cujas religiões tenham seguidores em Portugal. Tratamento igual para todos, certo? Ou temos discriminação religiosa, uma violação clara de Constituição da República?

12.4.06

Poderia ser pior?

Gostava muito de saber quem foram os infelizes que escreveram e gravaram aquela "obra" de dois ou três minutos que passa constantemente em todos os canais da SIC a anunciar a sua cobertura do Mundial de 2006. Há já muito tempo que não ouvia nada tão mau, até a "Força" da Nelly Furtado tinha mais qualidade do que aquele horror, e a "Força" já era bastante má... É mesmo necessário a SIC fazer um atentado daqueles?? Ou será que é necessário dizer aos portugueses 458 374 590 vezes que é a única estação de sinal aberto onde será possível ver os jogos do Mundial?
Atendendo à qualidade da SIC generalista, estou a ver que vamos ter uma belíssima cobertura do acontecimento. Paradoxalmente, eu gostava muito mais de ver jogos de futebol quando o mediatismo era menor e quando não havia anúncios mais foleiros do que uma feira de aldeia animada pelo regresso dos emigrantes em Agosto a publicitar o acontecimento com dois meses de antecedência.
De facto, já reparei – e muita gente certamente que também – num padrão assustador: em Portugal, quanto pior for o seleccionador nacional, mais pesada é a cobertura mediática. Vejamos: no Euro 2000, com Humberto Coelho à frente da Selecção (o melhor seleccionador nacional das últimas décadas) a cobertura foi bastante mais comedida. Após nessa prova termos mostrado que podíamos derrotar algumas das melhores equipas da Europa e de sermos reconhecidos como uma das melhores selecções do Mundo (ah, e da Europa também! Sabiam?) seguiu-se o Mundial 2002, com a Selecção comandada por uma anedota (daquelas mesmo más) chamada António Oliveira, no qual éramos abertamente candidatos ao título. Em 2004, comandados pelo patriarca de telenovela (mais uma vez, das más) chamado Luiz Felipe Scolari, foi outro turbilhão de cobertura mediática para só fazermos dois jogos realmente bons (Espanha e Inglaterra) e protagonizarmos o (duplo) erro mais ridículo do ano. Perdemos a final, mas o Seleccionador ficou (claro, em equipa que perde duas vezes com o mesmo adversário no espaço de um mês não se mexe!) em vez de se demitir como é costume nestas ocasiões. Em 2006, o senhor patriarca já afirmou que vamos trazer a Taça...o resultado está nos écrans da SIC, for your enjoyment.

6.4.06

Para Angola, rapidamente e em força...

O mediatismo e a importância que cercam a visita oficial do Governo de José Sócrates a Angola demonstram a falta de moralidade e de REAL empenho no desenvolvimento sustentável da democracia e dos Direitos Humanos naquele país.
O objectivo da visita parece ser, pura e simples, quantitativo, uma vez que com Sócrates seguem setenta empresários portugueses – que representam 30% do PIB, ou seja, não são donos de mercearias ou de pastelarias – e foram assinados nove acordos, com o principal objectivo de facilitar o investimento português em Angola, sem esquecer uma linha de crédito de 300 milhões de Euros.
Qual é a moralidade de um governo que se afirma "socialista" e de um Primeiro Ministro que diz ser "social-democrata de inspiração Nórdica" ao curvar-se perante a administração de José Eduardo dos Santos e de Fernando Dias dos Santos e vender a sua (suposta) valorização da democracia e Direitos Humanos pela internacionalização das empresas portuguesas? É certo que o MPLA, sendo de formação marxista, actualmente é uma força de mercantilismo e capitalismo selvagem, o que explica parcialmente os 70% de angolanos que, quase 31 anos depois da independência e de um processo de paz conturbado, vivem abaixo do limiar da pobreza.
Porque concede o governo português uma linha de crédito de 300 milhões de Euros a um governo referenciado pelo seu desempenho negativo no que diz respeito à corrupção? Talvez, no entender do nosso governo, a diferença abissal entre a generalidade da população angolana e a classe de indivíduos próximos do regime não tenha nada a ver com a corrupção, tal como os 26 anos de José Eduardo dos Santos como Chefe de Estado e o vistoso casamento recente da sua filha. Suponho que o estudo da Transparency International, onde Angola é classificada na posição 151 entre 159 estados analisados, não tenha qualquer validade. Ou por outro lado, será que o efeito do investimento chinês em Angola conseguiu sinizar a posição portuguesa? Afinal, um dos motivos que leva tantos governos africanos a apreciarem bastante o investimento chinês é a sua ausência de contrapartidas e de perguntas incómodas sobre democracia, Direitos Humanos e respeito pelo meio ambiente. Se não os podes vencer, junta-te a eles...sim, parece-me ser uma máxima muito prática num teatro de darwinismo económico imoral, como aquele que parece estar a desenrolar-se em Angola, já considerada uma "terra de novas oportunidades".
Ou se da corrupção, passarmos para o plano dos Direitos Humanos (o que, se formos a ver, está bastante ligado), o senhor Primeiro Ministro tem sempre a questão de Cabinda, a província angolana onde continuam a verificar-se violações daqueles direitos, coincidentemente na pequena província que exporta mais de 70% do petróleo angolano. Foram discutidos os Direitos Humanos e a democracia, senhor Primeiro Ministro? Não, não me parece. Afinal, José Eduardo dos Santos afirmou que ainda não está decidida a data das próximas eleições angolanas, afirmação que José Sócrates comentou de forma bastante simples "política interna [de Angola]". Muito bem, mas isto também é política interna angolana?
A facilidade ao investimento merece o silêncio de um governo de uma chamada "democracia ocidental", senhor Primeiro Ministro? Como interlocutores privilegiados de Angola na Europa, Portugal deveria, através da diplomacia, pressionar as autoridades angolanas no sentido de empreenderem um progressivo desmantelamento da corrupção no país a todos os níveis e promover um maior respeito pelos Direitos Humanos. Nada disso acontece, o prémio é demasiado grande e não apostar naquele território seria perder o bolo para outros. Afinal, o respeito pelos Direitos Humanos nunca abriu as portas a ninguém, pois não? Ou será que a recente fixação de um número cada vez maior de portugueses em Angola graças ao investimento português naquele país se pode incluir naquela já esquecida promessa eleitoral de José Sócrates, a de "criar 150 000 postos de trabalho"?

2.4.06

Update

A secção dos links foi ligeiramente actualizada. Quem se der ao trabalho de ver, vai encontrar alguns (poucos) links novos, divirtam-se.

1.4.06

Porque este assunto não pode ser visto em tons de preto e branco...

Sinceramente, eu detesto a cultura da vitimização. É insuportável a forma como se nos apresentam casos de indivíduos que são à partida colocados em dois espectros de carga valorativa diametralmente oposta, o grupo A [malvados, sem escrúpulos, mentirosos, desumanos] e o grupo B [vítimas, presas fáceis, apanhados nas malhas de um sistema injusto, "coitadinhos" se quisermos]. Passem por aqui e descubram um exemplo de algo que se não for tratado com o devido cuidado, pode resvalar para a vitimização completa de uns e para a demonização irreversível de outros.

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