21.4.06

Vírus...infecção...tratamento...

Fomos infectados por um vírus, é a simples conclusão a que cheguei. “Como?”, podem perguntar. A resposta está à nossa volta: fazemos parte de uma sociedade amputada incapaz de regenerar as suas células doentes [talvez semelhante a um cancro estacionário] e que se mantém a si própria num equilíbrio precário que ameaça pender para o abismo a qualquer momento. Os nosso intervenientes a todos os níveis, político, económico, social, cultural, ou seja, todos nós, são afectados por um sistema que processa os seus membros e os transforma em entidades com comportamentos e interesses semelhantes aos seus. Querem uma prova? O sentimento de estagnação e finalmente de declínio nunca foi, no passado recente, tão acentuado como agora. Diariamente somos atingidos pela informação que nos deveria sensibilizar para esse processo destrutivo, mas em vez de criar anticorpos, o seu efeito é marginal. Pro-activos dificilmente seremos, reactivos aparentemente não somos, o que sobra então, sobreviventes?Esses “sobreviventes” não são mais do que sacrificados, indivíduos cuja funções e desempenhos cinzentos na sociedade se encarregam de perpetuar e agravar o clima doentio que expus acima.
“Porquê?”, será a próxima interrogação. Porque deixámos, porque não levantámos obstáculos, porque acreditámos cegamente no que nos disseram [e acreditámos logo nos piores conselheiros possíveis], tornando-nos nada mais do que espectadores passivos até que recentemente e de forma algo trágica, nos apercebemos de que estamos à beira de nos tornarmos irrelevantes, que a nossa eventual extinção não iria causar nenhuma diferença significativa entre os que nos rodeiam, pelo contrário, seria antes vista como um acto de misericórdia, afinal, há quem acredite que sempre deveria ter sido assim.

“E qual o nosso futuro?”, suponho que esta seja uma interrogação bastante colocada. Não consigo imaginar, até prefiro nem pensar nisso, uma vez que baseado na experiência recente, esse cenário seria do mais desolador possível. Se até aqui foi uma espiral descendente, pode vir a ser ainda pior. Deveríamos estar a absorver a lição que nos é dada através desta forma, fria, cruel mas necessária e terapêutica, se dela tirássemos as devidas conclusões e não repetíssemos os mesmos erros. Infelizmente não é assim, e salvo poucos que apesar do ambiente à sua volta insistem em contrariar a “ordem não-escrita vigente”, a grande maioria mostra um desinteresse assombroso que me leva não a uma interrogação, mas sim a uma exclamação: vocês merecem!
Boa noite.

Click Here