26.6.04

Adieu Napoleon! Deu-me bastante gozo.

É com muito agrado que eu tenho visto os maiores colossos do futebol Europeu a serem eliminados um por um. Primeiro, fizemos os Espanhóis retirarem mais cedo e depedimo-nos com um gigantesco "Adios España!", bastante merecido. Depois, foi "Arrivederci Italia", que também mereceu a eliminação depois de ter feito demasiado anti-futebol nos dois primeiros jogos e, ainda por cima, acusaram a Suécia e a Dinamarca de combinarem o resultado. Devem pensar que aquelas duas equipas são de Nápoles ou da Sicília, não?
Quarta-feira, e "Auf Wiedersehen Deutschland!", a uma selecção que desde a final do Euro'96 que não ganha um jogo num campeonato da Europa. Ontem, começam os quartos-de-final e começam pelo melhor, com a nossa monumental vitória sobre a Inglaterra =D Hoje foi "Au revoir, France" que é capaz de ser mais um "Adieu" visto que vai levar muito tempo até voltarmos a organizar um torneio internacional de futebol.
Quanto aos que ficam no campeonato, todos eles reúnem a minha simpatia. Se Portugal não conseguir ganhar o próximo jogo, não me preocupo especialmente com nenhuma das equipas que sobra, gosto bastante da Suécia, da Holanda, da Rep.Checa (que até agora tem sido a melhor selecção do torneio!), da Dinamarca e recentemente passei a gostar da Grécia, que hoje aguentou muito bem o jogo com a França. Assim sendo, só sobram outsiders para o título. Das 6 equipas ainda em competição, apenas duas foram campeãs (Holanda em 1988 e Dinamarca em 1992) e a antiga Checoslováquia ganhou o título em 1976, numa altura em que o campeonato se desenrolava em moldes diferentes.
Tenho pena de só faltarem 5 jogos para o fim, o tempo realmente passou muito depressa e ainda tenho bem viva a memória de um dia de Outubro de 1999 em que a UEFA anunciou Portugal como país organizador do Euro'2004. O ambiente que se viveu por aqui foi, e continua a ser, fantástico, a organização tem sido de primeira classe, os jogos no geral têm sido bastante bons e sem problemas de segurança de maior. Espero sinceramente que no futuro, Portugal venha a organizar um outro grande evento deste género, talvez os Jogos Olímpicos de 2016, quem sabe? Ou o Mundial de 2014, embora pareça demasiado ambicioso para um país tão pequeno organizar um torneio com 32 selecções...mas de qualque modo, não é proibido pois não? A nossa maior vitória foi trazer a organização para Portugal e chegarmos todos os dias a biliões de pessoas em todo o mundo.

Eu tenho estado tão bonzinho ultimamente, com uns posts tão dóceis e inofensivos...mas em breve tudo vai regressar ao normal!
Já agora, também em breve, vou colocar aqui uma crítica ao último álbum dos Nightwish, bem como ao terceiro álbum dos Ulver que eu comprei a semana passada.
Até lá&boa noite!

19.6.04

Habe Ich der Herrschaft? Oder Macht? Hmm, meine Weltanschauung ist in Wachstum

Sim!Constatei que eu tenho poder sobre outros!Poder de alterar a agenda, de restaurar o status quo, de influenciar a tomada de decisões e em última instância, de alterar o futuro!!









Pois é, há cerca de 3 semanas enviei um email de protesto à RTP por causa do cancelamento dos Simpsons na nossa televisão pública, e agora voltaram!!Fiquei tão feliz! A RTP compreendeu que não podia ficar indiferente à indignação de um cidadão, que isto poderia representar uma de muitas perdas da já reduzida audiência da Dois e consciencializados pela minha mensagem, chegaram à conclusão que era melhor retomarem a transmissão dos Simpsons! Hehehe, hoje os Simpsons, amanhã, o mundo!!!
Que faria se eu tivesse dirigido o meu email ao George Bush, ou a um cartel da droga, ou à al-Qaeda? Tenho de começar a potencializar esta minha faceta, descobrir qual a sua verdadeira extensão e maximizá-la para poder introduzir as minhas prioridades nas mais elevadas esferas da agenda internacional!
Só não posso deixar que me suba à cabeça, tem que haver um limite. Ou seja, espero que não me deixem chegar ao ponto em que eu vou tentar invadir a Rússia, porque isso vai ser o princípio do meu fim!
Boa noite!

18.6.04

A Batalha pela Europa foi lançada: Napoleão espera manter as rédeas mas há que lhe gritar: "Assez!"

Mais uma ausência, devido a motivos que já sabemos =P
Seis dias depois não posso deixar de dar a minha opinião sobre o Euro 2004 até agora!

A Selecção começou de forma desastrosa contra a Grécia. Por falta de preparação, por subestimar o adversário, falta de concentração, talvez jogadores incompatíveis uns com os outros, um sistema pouco eficaz (contra 5 defesas e contra-ataque só um ponta de lança?!), enfim...tudo isto se conjugou com a idade avançada de alguns jogadores Portugueses e deu na derrota por 2-1 que já sabemos. Não posso esquecer a faceta de defesa do Cristiano Ronaldo que devia pensar que se pode fazer uma falta por trás dentro da área que o árbitro não repara e o Fernando Couto a dançar o vira aquando do primeiro golo da Grécia, talvez para proteger a sua integridade que já está bastante fragilizada. A Grécia por sua vez, mostrou uma defesa inexpugnável e um contra-ataque rápido, preciso e eficaz, como todos vimos. Soube muito bem aproveitar os erros do adversário - aos 2 minutos já tinham remamatado e aos 7 estavam a ganhar.

A Espanha está muito entretida numa guerra psicológica contra Portugal e foi ao ridículo de os seus jornais deportivos acusarem o árbitro do Portugal-Espanha, o Sueco Anders Friesk, de não saber lidar com a pressão e de beneficiar Portugal. Até chegaram a dizer que já lhes marcaram um golo, absolutamente ridículo. Entre outras coisas, apontam que o árbitro não conhece o futebol latino e que há particularidades que podem ser mal interpretadas. Essas particularidades só podem ser o teatro intenso que é tão comum em Portugal e em Itália cada vez que um jogador toca noutro e que na minha opinião deve ser punido com um cartão amarelo. Afinal, as regras do futebol são as mesmas em toda a parte. Quanto à equipa, parece também sofrer de excesso de confiança e não estava preparada para o empate Grego, isto para uma Selecção que já tinha perdido com a Grécia, por isso só pode ter um nome: arrogância, o que não admira nada vindo da Espanha.

A Inglaterra e a França mostraram ao mesmo tempo potencialidades e fraquezas. A Inglaterra, sem encantar conseguiu dominar a França durante uma grande parte do jogo até ter sofrido aqueles dois golos de forma incrível, ontem apresentou um resultado melhor depois de ganhar à Suíça por 3-0. A França no jogo com a Inglaterra esteve submetida mas aproveitou muito bem os dois lances de bola parada que de forma tão incrível a beneficiaram. Além de Beckham não ter marcado o penalty. A Suíça não parece ser capaz de lidar com estas duas equipas, ao passo que a Croácia me surpreendeu bastante no jogo de ontem com a França. O resultado foi 2-2 devido a um erro provocado por falta de coordenação dos defesas Croatas, o que tem origem na "diáspora" futebolística do país. A Selecção Croata mostrou uma grande capacidade de recuperação e esteve muito próxima da vitória até ao fim.

A Suécia protagonizou até agora a única goleada (5-0) do torneio frente a uma Bulgária sem inspiração nem capacidade para os segurar. Tem uma grande fluidez no ataque e excelentes jogadores. O jogo de hoje com a Itália vai demonstrar as verdadeiras capacidades dos jogadores Suecos. A Itália por sua vez, foi bastante irritante (como sempre nestas fases iniciais) com a Dinamarca e mais uma vez, não mostra empenho em dar espectáculo, isto foi ainda agravado pela cuspidela de Totti a um jogador dinamarquês. A Dinamarca esteve em grande no empate (0-0) com a Itália, e merecia até ter ganho, hoje meteu mais dois golos à infeliz Bulgária num jogo morno e bastante incaracterístico.

A Alemanha não se mostrou como eu esperava no jogo frente à Holanda. Se na primeira parte esteve bem, na segunda já não foi capaz de travar os Holandeses que mostraram, mais uma vez as virtudes do seu estilo, conciliando velocidade e técnica e conseguiram meter um golo pelo buraco da agulha aos Alemães quase no fim da segunda parte, o que deve ter sido bastante amargo para a Selecção de Rudi Voeller. Quanto ao República Checa-Letónia, não o vi, por isso não posso dar grandes opiniões. Quero apenas dizer que a Letónia não é nenhuma insignificância nem está ali para encher ou ser um bombo de festa.

Vejo como pouco provável uma vitória Portuguese no torneio, no entanto, é futebol e tudo é possível. Se a lógica imperasse, não havia motivo para se realizarem jogos. Além de Portugal, as minhas preferências vão para a Holanda, República Checa, Suécia e Alemanha. Até à semana passada, a Itália estava na minha lista de preferências, mas deixou de estar desde o jogo com a Dinamarca e o infeliz comportamento de Totti, mania que é estrela!

Hoje fico por aqui, daqui a pouco vai começar o Suécia-Itália e eu não posso perder. Só espero que a Itália não faça o seu jogo irritante de se meter tudo na defesa sem jogar nem deixar jogar, se assim for, então espero que a Suécia os desbarate a todos!
Boa noite!

12.6.04

Of light&darkness...

Hoje está um daqueles dias que eu detesto, ou seja, está um calor incrível e o maior astro é mais malévolo do que benevolente à vida na Terra, pelo menos para mim!
Por isso, vou contrabalançar este clima com "Vampiria" dos Moonspell, para dar um ambiente absolutamente obscuro e Transilvânico ao meu quarto, um fragmento das trevas num sítio inundado de luz!
São dias como este que me fazem querer ficar em casa, embora isso também não seja uma alternativa muito razoável, a casa aquece bastante e tenho de aturar uma série de coisas...

O que é a luz? O que são as trevas?
A resposta está dentro de cada um de nós e difere de acordo com o nosso mundo interior. Para mim, são conceitos neutros mas nem por isso indiferentes. Para a maior parte das pessoas, "luz" tem uma conotação positiva, ao passo que "trevas" tem uma conotação bastante negativa. Talvez por falta de reflexão, ou talvez por medo? As trevas pressupõem, implicitamente, o oposto ao que nós gostamos, um vazio de tudo o que é 'bom' e em que todos sofremos. Para mim é diferente, diferente em duas dimensões. Não só porque eu tenho conceitos diferentes de "luz" e "trevas" quanto ao significado, mas também na abordagem dos seus efeitos, consequências e origens. Para os poder analisar, é preciso antes de tudo fazer uma transição conceptual e compreender que aquilo que normalmente se designa por "trevas" representa, para mim, aquilo que normalmente se designa por "luz" e vice-versa. Ou seja, é como dizer que as trevas de outros são a minha luz. No entanto, por questões práticas e de comodidade, vou usar aqui os conceitos com o seu siginificado vulgarizado.

A "luz" (as minhas trevas) representam a camada superficial, plastificada, manufacturada e adulterada das ideias, conceitos, pensamentos e acções de cada um. Uma construção admirável, sem dúvida, de todas as falsidades, mentiras e hipocrisias da sociedade, ideias perfeitamente vazias, coisas absolutamente banais, falta de raciocínio e aceitação vulgar sem qualquer ponderação de tudo o que nos é imposto, sem questionar minimamente, ou sequer tentar compreender o porquê. É o dogmatismo aceite sem a menor criação de dúvidas, sem a mínima elasticidade mental para poder contra-argumentar. Em particular, são os ridículos protocolos sociais, é a condescendência com que os Humanos se tratam uns aos outros, desprezando completamente a capacidade mental de cada um, que infelizmente, lhes dão razão, honrosas excepções sejam feitas! É a religião organizada, é o cristianismo, é o Vaticano, é a Bíblia, são as "aparições" de Fátima (A Igreja criou o marketing! Há que reconhecer que foi bastante inovadora!), é o fundamentalismo cristão, islâmico e judaico, é a "cultura pop" nas suas vertentes mais asquerosas seguida por quem nem sequer tenta conhecer outras formas. É a ignorância da qual não nos apercebemos e que todos sofremos, a um ou outro nível, não a nível concreto de conhecimentos estabelecidos mas sim ignorância no sentido de não sabermos potencializar o nosso cérebro, o organismo mais complexo que até agora foi descoberto no nosso planeta. Todos sofremos com isto, alguns mais do que outros, sem dúvida, mas todos somos vítimas da "luz" infecciosa e dos constrangimentos que nos cria. Eu próprio acabo por cair nela em várias ocasiões, felizmente que tenho consciência disso e muitas vezes vou a tempo de corrigir a minha acção. Desempenham bem o seu trabalho, os construtores da luz! A única "luz" a que eu sinto uma verdadeira ligação é ao Estádio da Luz!;)

As "trevas", a minha luz, representam para mim, tudo o que se opõe à dita "luz". E denominam-se trevas porque são quase impenetráveis para aqueles que foram cegados pela luz, demasiado limitados, constrangidos, amarrados para admitirem algo que vá contra as suas construções, aparentemente fortalezas inexpugnáveis mas frágeis castelos de areia para quem conhece minimamente as duas faces. As trevas representam o mundo a evitar para os cidadãos cumpridores e exemplares do mundo da luz, enculturados de tal forma neste ambiente que temem as trevas, temem ser invadidos por elas e temem cair no grande desconhecido. Esta construção implícita dentro das mentes dos seguidores da "luz" é imposta silenciosamente (ou talvez não) pelos sucessivos construtores daquele meio, para evitar ao máximo a perda de seguidores, reduzindo as trevas a uma atracção exótica que tem piada até certo ponto, antes de se tornar perigosa. Dentro das trevas, encontramos tudo, ou quase tudo, que nos torna verdadeiramente Humanos, o que nos permite ser as criaturas mais poderosas da Terra, o que nos dá orgulho dessa condição, a capacidade de criar um património ou de estabelecer novos patamares na constante Evolução Humana. Um grande número das conquistas realizadas graças às "trevas" foram realçadas pela "luz" como sendo assimiladas a esta, tornando-as partes da dita construção superficial. Das trevas vieram os melhores cientistas que a Humanidade conheceu, capazes de derrubar as barreiras que impedem o nosso progresso, destruidores de dogmas, desafiam os limites, quer físicos quer psicológicos, que nos são impostos. Das trevas vieram ainda os grandes artistas que marcaram a História da Humanidade ao longo dos séculos, os que usando a sua criatividade, criaram novos mundos e levaram a mente Humana a lugares nunca dantes imaginados, daqui vieram também os filósofos que desde há séculos nos concedem a sua excelente perspectiva sobre a Humanidade e as suas ideias.

Não há que temer as "trevas", muitas pessoas limitadas pela luz, sem o saberem, adoram as trevas, e isso só por si já constitui um motivo de congratulação para todos os incompreendidos pelo mundo. É possível criar um equilíbrio entre luz e trevas, é possível ainda colocar um factor neutro entre os dois, evitando assim que um se sobreponha ao outro, é possível até fundi-los, unindo assim a Humanidade com o fim de levar a um mundo melhor para todos nós, um mundo em que os Humanos, a grande maioria, sejam infinitamente interessantes, sem constrangimentos, sem submissões, sem dogmas e com uma criatividade interminável, sem que isso implique anarquia e irresponsabilidade total. Porque somos Humanos, porque já criámos tudo o que nos rodeia, porque criámos aquilo que muitos julgam que nos criou!

Da terra de ninguém, despeço-me por hoje...

10.6.04

O estado do nosso Estado. E já agora da Nação também!

Dia 10 de Junho, dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas...não, aqui é mais o "dia que nos permite fazer ponte na 6ª feira e dia em que faltam 48 horas para o incío do Euro 2004!"
O patriotismo do futebol nunca esteve tão forte, nunca vi tantas bandeiras nacionais na rua, pelo menos na minha, e -ironia suprema!- muitas delas compradas em lojas Chinesas que recentemente abriram por aqui! Só gostava de saber onde é que vão estar caso Portugal não ganhe o Europeu...
Aliás, onde é que estiveram este tempo todo!A actual bandeira Portuguesa foi designada em 1910, só agora é que se lembram que ela existe? Sabem o que significa? Sabem que, apesar de ter sido adoptada durante a I República ela transpira simbologia cristã no seu centro?
Mas afinal só podemos ser patriotas durante um evento desportivo? Fomos reduzidos a isso? A Nação está num Estado (e neste caso, escrevi "Estado" com letra maíuscula com uma intenção de ambiguidade) de tal forma deprimente que só o futebol nos dá motivos para estarmos orgulhosos de sermos Portugueses?
Um país, ou melhor, um povo, que apenas encontra no futebol um motivo para se sentir patriota e até pseudo-nacionalista, tem alguma coisa que não está bem na sua psicologia, na sua auto-estima, na sua consciência.

Claro que estes meus comentários arriscam-se a ser vistos como anti-futebol, anti-Portugal ou pior ainda, como vazios de conteúdo, só para me queixar! Vamos lá esclarecer uma coisa: pessoalmente, gosto imenso que Portugal seja o país organizador do Euro 2004, ainda me lembro muito bem, como se fosse ontem, daquela tarde em Outubro de 1999 em que o presidente da UEFA anunciou que o nosso país seria o anfitrião do torneio. Desde o princípio que acompanhei (na medida em que pude) as notícias relacionadas com a preparação para o evento, desde as primeiras projecções que apontavam para gastos de 60 milhões de contos para construir 5 novos estádios e renovar 5 estádios já existentes (entre os quais o da Luz) com um participação do estado na ordem dos 25%. Ao longo dos tempos, derrapagens financeiras (como não podia deixar de ser!) dispararam os custos, a última vez que alguém se atreveu a fazer uma previsão (pelo menos a última vez que eu vi os meios de comunicação social a referirem-se explicitamente ao custo total dos estádios) ela apontava para cerca de 360 milhões de contos, e isto foi ainda antes de o Euro se tornar na moeda Nacional. Agora provavelmente já ninguém quer fazer essas contas com medo de constatar uma realidade demasiado forte para a consciência nacional.

Assistimos também a atrasos nas obras, como em Leiria e na Luz, onde mais de uma vez as obras foram paradas e os acessos demoraram mais do que o previsto a serem concluídos. Assistimos a contradições políticas, como as bancadas da oposição após as legislativas de Abril de 2002 a criticaram, ou melhor, a bombardearem o governo de coligação a propósito dos gastos com o Euro, quando na verdade o campeonato foi atribuído em Outubro de 1999, numa altura em que a crise (Qual crise??Não pode haver crise!Afinal, "um milhão de Portugueses foi de férias para o Algarve" - António Guterres) ainda não se vislumbrava. Provavelmente acharam que os estádios se pagavam a eles próprios, ou antes de nos apercebermos que estávamos em crise ainda não convinha manipular o Euro para satisfazer a agenda política...

Enfim, aqui ficou mais um desabafo. Durante o dia de hoje, é tudo da minha parte. De ressalvar que hoje não me escondi nas trevas da noite para aqui colocar uma parte da minha mente, aliás estou a escrever isto à hora em que o sol e o calor mais irritam!

9.6.04

Redefinições no grande teatro onde nos encontramos.

Hoje foi o dia da frequência de estratégia. Como sempre, eu devia ter estudado mais do que na realidade estudei. Ter lido algumas (poucas) partes da matéria durante as últimas férias não me serviu de muito e eu acabei por só estudar seriamente nos 3 dias antes da frequência, ou seja, ainda estava eu na ressaca da maravilhosa 6ª feira do Metal, com os ouvidos a zunir e tudo, e estava a investir na matéria.
Mas apesar de tudo, a frequência até deu para fazer com bastante fluidez, as perguntas eram muito concretas e só faltou lá estar escrita a resposta. No segundo grupo, a questão a que eu respondi sobre a UEO tinha um tópico em que era pedido para nos referirmos às relações entre a UEO e a NATO e qual o seu futuro. Ora isto não deu p/desenvolver plenamente como eu queria, porque, e para variar, o final da última pergunta vai sempre coincidir com o final do tempo, ou seja, é tudo prá frente!

Visto que a UEO foi este ano incorporada na União Europeia, após cerca de 13 anos de trabalho conjunto a executar as decisões no plano militar da UE, é bastante visível que esta incorporação (e extinção jurídica da UEO, cumprindo assim o prazo de 50 anos da vigência do tratado) demonstra uma grande vontade da UE em desenvolver a sua própria política de defesa e de segurança, deixando de estar dependente dos EUA para estas questões. Afinal, já não existe uma ameaça, sobre a forma de Pacto de Varsóvia, que paire sobre a Europa Ocidental, ex-países comunistas são hoje membros da NATO e da UE e os conceitos estratégicos foram alterados. Lógico que se levantam logo vozes discordantes nos EUA e dentro da própria Europa, entre defensores de uma Europa independente no aspecto da defesa e defensores de uma ligação aos EUA. Coisa que aliás, faz todo o sentido. Estas divergências provêm de uma falta de esclarecimento por parte dos dirigentes e de uma agenda internacional ainda dominada pelos EUA que nos convence que o poder mais importante é o poder militar, que se tivermos um sector defensivo bem equipado e com capacidade de projecção global podemos obter uma projecção global estável do poder político, económico, cultural, etc... É óbvio que é importante ter Forças Armadas eficazes e bem equipadas, mas as FA não constituem a espinha dorsal do desenvolvimento e da estabilidade de um país. O próprio conceito de defesa nacional Portuguesa refere a defesa nacional como uma actividade "desenvolvida pelo Estado e pelos cidadãos". Se por Estado podemos interpretar essencialmente as FA, no que diz respeito aos cidadãos o caso é bastante diferente.
Além disso, é claro para todos que os EUA coleccionam inimigos ao longo dos tempos. Durante o séc. XX não foi pequeno o número de Estados que mostrou a sua oposição e mesmo desagrado face aos Estados Unidos, Estados que acabaram por desenvolver políticas ofensivas contra a superpotência e que foram denominados "Estados párias" por Washington, talvez porque os EUA consideram tudo o que vai contra si como desviante a nível global. No entanto, é raro encontrar inimigos declarados da UE, só alguns partidos políticos dentro da própria União...

Obviamente, os atentados terroristas mais recentes vieram mostrar que esta ameaça do início do século XXI não se dirige concretamente contra uma unidade política, mas sim contra a comunidade internacional, pelo menos é isso em que eu acredito. Se isto for aquilo que os EUA querem que eu acredite, então conseguiram, afinal foi preciso acontecer os atentados de 11 de Setembro para que a luta contra o terrorismo fosse colocada nas agendas de uma série de Estados. Até aí, quase parecia que o terrorismo internacional era praticamente nulo, quando na verdade imensos Estados sofrem há décadas com este problema. Por isso, se antes da tomada de consciência do "inimigo terrorismo internacional" até seria aceitável passar as FA para um plano secundário ou ainda mais, hoje em dia já não é completamente assim, embora seja essencial que os Estados não se tornem em feudos militares devido à obssessão com a segurança.

Com isto quero dizer que devido à natureza da ameaça, é quase impossível determinar concretamente quais são as actividades que colocam em risco o espaço abrangido pela NATO e que dizem respeito a esta e quais as actividades que merecem a atenção e a intervençao da UEO e da futura Força de Reacção Rápida Europeia, projecto ambicioso, sem dúvida, mas marcado por uma inércia política. Talvez porque a Europa continue a achar que por ser diferente dos EUA não necessite de se afirmar globalmente no plano militar. Mas por outro lado, o esforço de integração Europeia, que já consituti hoje em dia algo até mais coeso do que uma Confederação sob alguns pontos de vista, implique necessariamente um desenvolvimento do factor militar, sem nunca entrar nos exageros dos EUA que devido à sua condição de única superpotência necessitam de uma máquina militar cada vez mais dispendiosa para poderem projectar o seu poder a nível global, incluindo nesta esfera o antigo inimigo, que apesar de se ter democratizado continua a olhar com suspeição a presença militar Americana, nomeadamente na Ásia Central. Como paradigma da integração supranacional, a UE pretende dotar-se de uma Força de Reacção Rápida ou até de algo mais que isso que lhe permita ser vista como um único Estado coeso face ao exterior das suas fronteiras, mantendo as existências dos Estados que a constituem.

Mais uma vez, coloca-se a questão: quais são as competências da NATO e quais são as competências da UEO? Afinal, todos os membros da UEO (10 Estados) são membros da NATO (26 Estados), o que pode, nas cabeças de alguns decisores, formar uma imagem de vassalagem Europeia à Aliança Atlântica, talvez de uma força Europeia manipulada por Washington para fazer o seu trabalho sujo...Não será certamente isto que os Europeus querem, pelo menos não é o que eu quero. Uma corrente aponta para que a NATO desempenhe missões de artigo 5º do tratado do Atlântico Norte, ao passo que a UEO desempenharia missões fora do âmbito do artigo 5º, ou seja, implicaria envolvimento em missões de paz, provavelmente dentro e fora da Europa. No entanto, a NATO já desempenhou missões que não se incluíam no dito artigo e até executou acções de ingerência humanitária (operação Força Aliada, 1999). Qual será então o futuro?

É muito difícil avançar com um projecto de defesa Europeu sem vontade política dos dirigentes da UE, acrescentada às divergências existentes dentro da União com diferentes perspectivas sobre a segurança e defesa. Além disso, os Estados neutros que fazem parte da UE (Irlanda, Finlândia, Suécia, Áustria) irão também tomar parte em semelhante projecto? Se no que diz respeito a missões de manutenção da paz esta questão pode não clocar grandes problemas, ela pode já trazer complicações se a UE se deparar com uma situação na qual é necessária uma retaliação militar ou um ataque preventivo, face a indícios que apontem para um ataque iminente. Estes Estados aceitarão perder a sua neutralidade em nome da integração no projecto Europeu? Afinal, a UE não é apenas mercado comum e abertura de fronteiras, como muitas pessoas parecem pensar. Irão estes Estados considerar a UE como um interesse a defender como se do próprio Estado se tratasse e assim incorporar plenamente a defesa da Europa na sua defesa nacional, acabando assim com os problemas que a violação da sua neutralidade lhes poderia trazer?

Ao mesmo tempo que os Europeus discutem estes e outros assuntos, os EUA continuam a desenvolver a sua máquina militar e a sua tecnologia, confiantes na sua condição de superpotência como principal orientadora da agenda internacional. Enquanto existir um gap tecnológico entre EUA e Europa não existirá autonomia da defesa Europeia, ao mesmo tempo que enquanto não houver uma mentalização completa por parte dos dirigentes Europeus de que um exército e um Força de Reacção Rápida para a Europa serão benéficos, a dita autonomia não se concretizará. Mas ainda outra vez, volto a perguntar, como distinguir competências NATO de competências UE? Não pode ser só a entrada em jogo do factor Norte Americano, afinal a UE tem interesses na América do Norte e vice-versa. As duas organizações não podem existir de costas voltadas, actuando ao mesmo tempo, no mesmo cenário mas sem cooperação, isso é inconcebível, talvez uma partilha de competências dentro da mesma missão seja mais indicado. Por outro lado, esta partilha pode levantar uma série de problemas jurídicos e burocráticos, tornando assim difícil de distinguir quais os diferentes papéis a desempenhar pelas duas organizações.

A meu ver, o problema no núcleo desta questão é a integração Europeia que ainda não foi plenamente concluída. Após mais alguns anos de esforço de integração, será possível definir com precisão o que é um interesse da UE, quando é que ele está em risco, quando é que a organização está ameaçada, qual é a força a designar para a situação e quais vão ser as suas funções, para evitar diferendos com a NATO, desenvolvendo assim ao longo do século XXI uma parceria Euro-Atlântica baseada na complementaridade e não na concorrência e desconfiança.

Que raio, porque é que não escrevi isto na frequência??!!
Boa noite!

5.6.04

Master of Puppets!

Cá estou eu de volta, agora sem posts tão frequentes, é verdade mas nem por isso com coisas menos intensas para escrever!

Ontem estive naquilo que foi simplesmente uma das melhores noites de que eu tenho memória! Juntamente com mais nove colegas -que eu aproveito para saudar!- fomos ao Rock in Lisboa para ver a noite Metal, na qual alinhavam os Moonspell, Sepultura, Slipknot, Incubus e Metallica. Antes dos Moonspell ainda actuou uma banda nova Portuguesa chamada Civic mas não deu para ouvir, por isso não sei como foi.

Apesar de termos chegado já às 17:40, conseguimos ficar mesmo na frente, a um metro das grades e a uma distância muito curta do palco, eram lugares privilegiados!
Às 18:00 os Portugueses Moonspell subiram ao palco. Achei a hora muito mal escolhida, uma banda com a carga gótica e obscura dos Moonspell não é para subir ao palco às 18:00 duma tarde abrasadora de Junho -tava um calor horrível- fala quem já os viu numa noite de eclipse. Mas os Moonspell deram um grande espectáculo, foram bastante variados naquilo que tocaram, desde as mais intensas e agressivas In and Above Men, From Lowering Skies, Alma Mater (sempre incrível!!!) até às mais elaboradas e de sonoridade mais profunda e gótica Full Moon Madness (absolutamente linda!apesar de não haver lua...), Vampiria e Opium!Foi bastante semelhante ao concerto deles no Coliseu de Lisboa em Novembro, até no pormenor do ceptro com um caveira que o vocalista Fernando Ribeiro brandiu durante o espectáculo. Tive pena que durasse menos de uma hora e de a hora não ser a indicada, mas os nossos representantes nacionais no palco não se deixaram intimidar pelo Sol e arrancaram uma onda de aplausos e de opiniões favoráveis!

Seguiram-se os Sepultura, estes Brasileiros que são uma das melhores bandas de thrash metal de sempre e que eu já esperava que arrasassem com o local. Só não esperava era que fosse com tanta intensidade! Desde o princípio ao fim, as descargas de puro thrash levaram a multidão metaleira ao delírio, foi um concerto extremamente intenso no qual tocaram as minhas favoritas, ou seja Territory, Refuse/Resist, Arise e Roots, cada uma delas com uma dose de peso incrível e uma intensidade semelhante a um terramoto!
A bateria e a guitarra, rapidíssimas, o baixo com uma potência capaz de fazer vibrar o chão e a performance do vocalista foi excelente, é um verdadeiro homem do palco, na minha opinião as críticas de quem acha que Sepultura sem Max Cavalera na voz já não tem razão de ser, são completamente erradas!

Após a devastação dos Sepultura, era hora de meter qualquer coisa na barriga porque o estômago já se estava a manifestar. Apesar de a distância ser curta ainda demorou o seu tempo p/ir buscar comida. Mas cheguei mesmo a tempo de ver os Slipknot. Uma banda que até gostava quando tinha 16/17 anos mas que não me considerava um verdadeiro fan porque os achava pouco variados. Como tal, só conhecia as músicas mais antigas, como a que abriu o espectáculo, a brutal sIc. Se os Sepultura foram a brutalidade que eu disse, Slipknot não ficou atrás, nalguns pontos até superou, o mosh foi mais intenso e a banda incentivava-nos a arrasarmos tudo! Vou dar aqui a minha sincera opinião, tecnicamente eu não acho os Slipknot grande coisa, com excepção talvez do baterista. Não são grandes músicos como os Moonspell ou os Metallica, mas o que não têm em técnica compensam em carga e em intensidade porque aquilo ontem foi uma das maiores brutalidades que eu já ouvi, apesar de como eu já ter dito, só ter identificado algumas músicas. E como nota positiva, a banda mostra um grande apreço por Portugal e pelos seguidores Portugueses, cerca de 70 000, que assistiram ao concerto, aliás o vocalista foi quem melhor falou Português, dos não-lusófonos que actuaram!

A seguir, veio a banda rock Incubus que não se enquadra muito bem no cartaz da noite. Não sou fan, o que não quer dizer que não goste, mas a verdade é que só reconheci duas músicas...Quanto à actuação em si, foi competente, a banda esforçou-se e tecnicamente não assinalo nada, aliás os momentos mais pesados não foram marcados por uma inferioridade em termos sonoros. Só que os outros momentos cortaram com o ambiente do festival. Se eu fosse fan de Incubus naturalmente a minha reacção tinha sido outra mas como não sou, não evitei aborrecer-me durante a actuação. Enfim, talvez tenham sido designados para aquele dia, àquela hora para acalmar o pessoal.

Finalmente, após os Incubus, a banda que todos esperavam, os grandes senhores do Metal, uma das bandas que mais é associada ao género, Metallica! Há que dizer que ainda levaram cerca de uma hora a aparecer (entraram pouco depois da 1:00) o que criou um ambiente cada vez mais ansioso e expectante. Finalmente, os Reis entraram e arrancaram a maior ovação da noite, com os 70 000 fans a receberem-nos de forma apoteótica! Desde o princípio ao fim, execuções excelentes, tanto a nível técnico como a nível de intensidade, uma banda que aliás junta muito bem as duas componentes. Apesar da excelência da prestação, a banda não se desligou do público, muito pelo contrário, o vocalista James Hetfield falou várias vezes com o público, houve mais do que um momento em que assistimos a prestações a solo por parte dos músicos - destaco o momento do guitarrista Kirk Hammet - entre alguns temas. Os efeitos pirotécnicos foram incríveis, mesmo nos momentos certos, quando pensávamos que o espectáculo já tinha atingido o climax! É difícil destacar pontos em especial, mas eu pessoalmente queria referir Master of Puppets e One! São músicos excelentes, que são capazes de tocar de uma forma tecnicamente perfeita e ao mesmo tempo darem uma carga emocional incrível às composições, neste caso destacam-se as interpretações do álbum St.Anger, apesar de a actuação ter sido dominada por temas mais antigos, como Battery, Hit the Lights e And Nothing Else Matters, além das que eu já referi. Ao longo de duas horas e meia, a actuação mais longa do cartaz, os Metallica mostraram no palco porque é que são uma das maiores bandas Metal do mundo e porque é que têm uma legião de fans interminável. Mais uma vez vieram os elogios ao público Nacional e uma quase-garantia de que não vamos ter de esperar mais cinco anos para os voltarmos a ver no nosso país. Se houve um ponto neste concerto que não foi perfeito, foi o pequeno pormenor de não terem tocado Fade to Black, um dos temas que eu mais adoro e que eu certamente ia acompanhar a letra, mas por outro lado tivemos uma data de outros temas dos Metallica, por isso eu posso esquecer o referido pormenor!
Escusado será dizer, a próxima vez que cá estiverem, eu lá estarei!

Após o concerto dos Metallica é que eu me dei conta do estado em que estava, todo partido, com dores nas pernas, nos braços, nos ombros, na cabeça, garganta arranhada e um zunido nos ouvidos que ainda hoje, 21 horas depois do concerto, se faz sentir, além de ainda me sentir cansado, foi mesmo exaustivo! Mas são consequências que valem definitivamente a pena!

Hoje fico por aqui, tenho de estudar para uma frequência =P Se tiverem oportunidade, vão ver Metallica, mesmo que não sejam fans vão gostar de certeza!
Boa noite!

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