10.6.04

O estado do nosso Estado. E já agora da Nação também!

Dia 10 de Junho, dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas...não, aqui é mais o "dia que nos permite fazer ponte na 6ª feira e dia em que faltam 48 horas para o incío do Euro 2004!"
O patriotismo do futebol nunca esteve tão forte, nunca vi tantas bandeiras nacionais na rua, pelo menos na minha, e -ironia suprema!- muitas delas compradas em lojas Chinesas que recentemente abriram por aqui! Só gostava de saber onde é que vão estar caso Portugal não ganhe o Europeu...
Aliás, onde é que estiveram este tempo todo!A actual bandeira Portuguesa foi designada em 1910, só agora é que se lembram que ela existe? Sabem o que significa? Sabem que, apesar de ter sido adoptada durante a I República ela transpira simbologia cristã no seu centro?
Mas afinal só podemos ser patriotas durante um evento desportivo? Fomos reduzidos a isso? A Nação está num Estado (e neste caso, escrevi "Estado" com letra maíuscula com uma intenção de ambiguidade) de tal forma deprimente que só o futebol nos dá motivos para estarmos orgulhosos de sermos Portugueses?
Um país, ou melhor, um povo, que apenas encontra no futebol um motivo para se sentir patriota e até pseudo-nacionalista, tem alguma coisa que não está bem na sua psicologia, na sua auto-estima, na sua consciência.

Claro que estes meus comentários arriscam-se a ser vistos como anti-futebol, anti-Portugal ou pior ainda, como vazios de conteúdo, só para me queixar! Vamos lá esclarecer uma coisa: pessoalmente, gosto imenso que Portugal seja o país organizador do Euro 2004, ainda me lembro muito bem, como se fosse ontem, daquela tarde em Outubro de 1999 em que o presidente da UEFA anunciou que o nosso país seria o anfitrião do torneio. Desde o princípio que acompanhei (na medida em que pude) as notícias relacionadas com a preparação para o evento, desde as primeiras projecções que apontavam para gastos de 60 milhões de contos para construir 5 novos estádios e renovar 5 estádios já existentes (entre os quais o da Luz) com um participação do estado na ordem dos 25%. Ao longo dos tempos, derrapagens financeiras (como não podia deixar de ser!) dispararam os custos, a última vez que alguém se atreveu a fazer uma previsão (pelo menos a última vez que eu vi os meios de comunicação social a referirem-se explicitamente ao custo total dos estádios) ela apontava para cerca de 360 milhões de contos, e isto foi ainda antes de o Euro se tornar na moeda Nacional. Agora provavelmente já ninguém quer fazer essas contas com medo de constatar uma realidade demasiado forte para a consciência nacional.

Assistimos também a atrasos nas obras, como em Leiria e na Luz, onde mais de uma vez as obras foram paradas e os acessos demoraram mais do que o previsto a serem concluídos. Assistimos a contradições políticas, como as bancadas da oposição após as legislativas de Abril de 2002 a criticaram, ou melhor, a bombardearem o governo de coligação a propósito dos gastos com o Euro, quando na verdade o campeonato foi atribuído em Outubro de 1999, numa altura em que a crise (Qual crise??Não pode haver crise!Afinal, "um milhão de Portugueses foi de férias para o Algarve" - António Guterres) ainda não se vislumbrava. Provavelmente acharam que os estádios se pagavam a eles próprios, ou antes de nos apercebermos que estávamos em crise ainda não convinha manipular o Euro para satisfazer a agenda política...

Enfim, aqui ficou mais um desabafo. Durante o dia de hoje, é tudo da minha parte. De ressalvar que hoje não me escondi nas trevas da noite para aqui colocar uma parte da minha mente, aliás estou a escrever isto à hora em que o sol e o calor mais irritam!

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