Prenda de natal histórica
Não escrevo isto hoje por acaso, pois vou assinalar uma pequena efeméride pessoal - será patética para uns, indiferente para outros e bizarra para mais alguns mas não deixa de ter importância.
Quanto vale ao certo, uma prenda de natal? Para muitas pessoas, as prendas de natal são apenas uma obrigação social, algo que abrimos na noite de 24, agradecemos e uns dias depois já nos esquecemos que existem. Para outros são coisas que vão inteiramente contra as expectativas e que alimentam um ressentimento crescente em relação à pessoa que a ofereceu. Mas felizmente, para muitos outros, são objectos cujo uso nos traz uma enorme felicidade e que acabam por durar anos e anos sem fim.
É o caso desta prenda em particular, que eu recebi há 15 anos atrás, no natal de 1991.
Apesar de já ser bastante conhecida noutros país há alguns anos, em Portugal era algo muito recente e que, tal como os seus homólogos de outras marcas e categorias, tinha entrado no nosso país quase de rompante. Num instante não era conhecida, no outro era quase um objecto de culto. Para quem na altura era um miudinho, desembrulhar um embrulho enorme e descobrir que a minha prenda era algo chamado NINTENDO ENTERTAINMENT SYSTEM [conhecido para a posteridade como NES] dava um ar sério - aquilo era mais do que um brinquedo como eu até então recebia, era um sistema de jogos, coisa que eu não tinha, e pela primeira vez em minha casa, tinha acesso a divertimento virtual interactivo. Depois de, com o devido apoio logístico de adultos, ter ligado a máquina cinzenta à televisão e à corrente eléctrica, tinha nas mãos um paralelepípedo preto e cinzento com 5 botões que controlavam a acção que decorria no écran - acção essa a duas dimensões e com um número de cores bastante reduzido, tratava-se de Super Mario Bros., o jogo mais vendido do Mundo, com 40 milhões de cópias por todo o planeta.
E que há de especial nisto tudo? Um miúdo recebeu uma máquina de jogos no natal, grande coisa, isso acontece em todo o Mundo, todos os anos. Têm razão, acontece, mas esta foi a mais especial delas todos - foi provavelmente a melhor oferta material que me podiam ter feito. Foi graças àquela coisa cinzenta com cabos e entradas que passei a conhecer um verdadeiro Universo de criatividade e que podia assumir outros papéis e desempenhar missões e divertir-me mais com os meus amigos... Foi, digamos, um verdadeiro investimento.
Claro que em 1991 já se encontrava obsoleto - o original foi lançado no Japão em 1983, nos EUA em 1985 e na maior parte da Europa Ocidental entre 1986 e 1987. Além de que simultaneamente em Portugal já existia uma máquina mais poderosa e com jogos bem mais avançados de uma marca concorrente, uma máquina chamada Mega Drive que na época era a coisa mais avançada que existia no país. Não durou muito tempo, ainda eu não conhecia quem estava por trás do meu recém-oferecido NES, e já um ano antes no Japão se encontrava à venda o seu sucessor, que nas terras do Sol Nascente era conhecido como Super Famicom mas que no ocidente seria imortalizado com o nome de Super Nintendo e que se tornou, em pleno direito, a máquina mais avançada e mais vendida do Mundo nos anos que se seguiram.
Isso para mim era um desconhecimento total. No espaço de algumas semanas, passei de ignorante a jogador e isso tornou-se numa parte substancial das minhas referências. Há muita gente que os desdenha [sobretudo porque nunca os jogaram], há muita gente que os considera como divertimentos infantis e quem considere que fazem mal ao cérebro. Problema deles, eu há 15 anos conheci um dos maiores divertimentos da minha vida e posso sem dúvida nenhuma afirmar: foi a melhor prenda de natal que já recebi até hoje!
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