28.10.06
27.10.06
25.10.06
24.10.06
Já não podemos alegar ignorância
Há coisas que todos nós sabemos mas que preferimos ignorar, porque nos sentimos mehor assim, porque sossega a nossa consciência...seja lá porque for, gostamos da sensação de desresponsabilização e de pensar que, enquanto cidadãos comuns, nada podemos mudar, uma frustração que vem por bem.
Enquanto vivíamos na ignorância, tínhamos uma boa desculpa. Agora, que detemos um verdadeiro monopólio do conhecimento, chegámos a outro patamar: aquele onde sabemos as coisas, mas preferimos não alterar a situação, afinal porquê nós?? Mais alguém há de o fazer!
Estou a falar desta situação e das suas possíveis consequências. Se temos fora mundiais onde se discutem problemas políticos e económicos que afectam a nossa vivência enquanto cidadãos, porque não é dada a mesma importância a assuntos que afectam a nossa existência enquanto seres Humanos?
23.10.06
22.10.06
O que se faz numa situação destas?
Tratando-se deste país, duvido que algo seja feito, mas uma acção como esta não é aceitável. Sobretudo quando o Mundo está a observar, mas é apenas um espectador e se juntarmos a isso alguns complexos anacrónicos, temos a receita para mais uma situação vergonhosa para a comunidade internacional.
21.10.06
Iraque 2006
Depois de erros incontáveis e de perdas terríveis, eis que o Presidente dos EUA aceitou a comparação entre a guerra do Iraque e a guerra do Vietname. Um país como os EUA deveria ter consciência disto, ao fim de três anos e meio de conflito incessante, o desgaste da acção militar comandada pelos EUA torna-se cada vez mais um verdadeiro ponto negro na História recente dos EUA e um factor de descredibilização, já para não dizer que é principal móbil do anti-americanismo e a "inspiração espiritual" dos actos terroristas contra os Estados Unidos.
Mesmo que a compração não seja inteiramente correcta, podem ser retiradas conclusões semelhantes. Afinal, vemos que um conflito no qual um dos beligerantes não beneficia da sua participação só pode ter um desfecho mau, a menos que os milhares de soldados norte-americanos que se encontram no Iraque se identifiquem plenamente com a sua missão no terreno, o que dificilmente é verdade. Que as forças armadas norte-americanas não estavam no passado [e continuam a não estar no presente] preparadas para combater um inimigo que não se rege pelas regras implíctas da guerra, uma vez que não estão a combater um estado, estão em vez disso a aguentar um estado no fio de uma navalha. Que a situação de única superpotência confere implicitamente aos EUA uma margem de manobra que estes não souberam aproveitar e que, ao fim de três anos e meio, a grande maioria dos iraquianos continua a viver com medo e a segurança dos EUA não melhorou em razão da guerra no Iraque.
Para que serviu e qual o futuro da intervenção americana no Iraque? Retirou do poder um déspota totalitário, um resquício de outros tempos que representava um perigo terrível para os seus compatriotas, talvez seja este o único ponto positivo. O que os EUA não se aperceberam foi que, ao remover Saddam do poder, no fundo o único objectivo da invasão, removeram também aquele que era talvez o único elemento unificador do estado iraquiano para muitos dos seus cidadãos. Isto explica porque razão o ambiente no país é de guerra civil, apesar de o novo governo se encontrar totalmente dependente de Washington em inúmeras questões. Ou os EUA não preveram situações de violência sectária e de separatismo de cariz étnico e religioso? Impossível, essas vozes existiram, mas foram ignoradas e eis que o Iraque no final de 2006 surge como uma mera entidade política sem solução para os seus problemas de segurança e como um ponto activo de instabilidade no Médio Oriente [uma região bastante pacífica, como se sabe...], uma base para o terrorismo com atentados diários e frequentes episódios de violência com desfechos trágicos para a população civil.
Que podem então fazer os EUA? Qualquer americano de bom-senso diria "retirar o mais depressa possível do Iraque", tem uma certa razão, ninguém gosta de ver o seu país alvo do ódio de milhões de pessoas em todo o Mundo e de ver o seu nome arrastado pela incapacidade de gestão de um conflito, juntamente com as perdas semanais de soldados americanos e que já se aproximam das 3000 desde a invasão. Porém, uma superpotência não pode abandonar um país que dela tanto precisa, com que cara iria Washington encarar o Mundo, se tiver gravado na sua frente "abandonámos o Iraque e deixámos que a guerra civil se instalasse", sobretudo na proximidade de eleições?
20.10.06
18.10.06
Isto não se chama união...
...é mais uma anexação. Surpreendidos? Acho que os portugueses não se importavam, desde que tivessem um ordenado mais alto no fim do mês. Apesar de isto indicar uma tendência para uma possível marginalização de Portugal.
17.10.06
A RTP ignora-nos
A RTP não aprende e mais uma vez tirou-nos os Simpsons...não sei o motivo, talvez achassem que a série não é suficientemente boa para continuar a exibir, apesar de ser uma verdadeira instituição a nível mundial. Sejam quais forem as razões, estão erradas, tenho dito! Não é a retirar do ar algumas das melhores produções vindas dos EUA que a RTP se torna numa estação de qualidade, a substituição dos Simpsons pelo Futurama [que não é má, mas não tem comparação possível] mostra uma atitude que se expressa da seguinte forma "Os Simpsons são muito caros, vamos dar-lhes o Futurama, que até já nem é feito, e como é do mesmo criador o público não estrebucha", ainda para mais quando se trata da Dois, tenho a certeza que o argumento será o alto preço dos Simpsons. Mas isto não fica sssim, pela primeira vez escrevi para o provedor do espectador e, uma vez que a minha crítica respeitava todas as regras estipuladas pela RTP, eles vão pelo menos ter de a ler. Espero que outros seguidores façam o mesmo, para que continuemos a ter uma das poucas produções que são realmente boas.
16.10.06
Discworld, um Mundo parecido com o nosso...mas diferente
Imaginem o nosso Mundo...já imaginaram? Agora invertam tudo o que sabem e juntem-lhe algumas cores...já ficam com uma ideia aproximada do que vos vou apresentar aqui. Discworld é uma série de obras do autor inglês Terry Pratchett que satirizam o nosso Mundo mas, atenção!, nenhuma das obras se desenrola no nosso Mundo. De facto, a acção situa-se num mundo chamado, adivinharam, Discworld, um mundo com um formato de disco [pois claro!], assente nos dorsos de quatro grandes elefantes, que por sua vez se encontram sobre a carapaça da Grande A'Tuin, uma tartaruga de proporções estupidamente inimagináveis que vagueia pelo Universo sem rumo. Esta configuração, claro, não podia deixar de afectar a natureza dos habitantes do disco, de formas tão estranhas e ao mesmo tempo tão familiares que quase pensamos que o disco vive dentro de cada um de nós.
15.10.06
Ninguém os avisou?
Alguém na RTP terá pensado que escolher um único indivíduo para serconsiderado "O Maior Português de Sempre" é uma ideia, no mínimo........sem qualquer lugar? Isto para não ser mais ofensivo...
Sim, eu sei que em Inglaterra e na Alemanha se fizeram programas iguais mas uma coisa que ainda não perceberam é que nem tudo o que é feito fora de Portugal é, necessariamente, bom. Pelo contrário, o conceito de escolher uma única pessoa para receber o título de "O Maior Português de Sempre" num país com mais de 800 anos de História não faz sentido nenhum, mas esta é a resposta "alternativa" e "cultural" da RTP às suas congéneres privadas...
14.10.06
Cabeça de Turco
Em França, foi aprovada uma lei que proíbe a negação do genocídio Arménio, que entre 1915 e 1917 resultou na morte de cerca de um milhão e meio de arménios pelo então Império Otomano, actual Turquia. Na Turquia, o assunto é um tabu altamente restrito e mencioná-lo é considerado crime contra o estado e contra a identidade turca, punível com pena de prisão, tal como insultar a figura de Atatürk, o fundador da actual República da Turquia.
Imediatamente vieram manifestações de repúdio, oficiais e oficiosas, pacíficas e violentas, críticas da Turquia e da Comissão Europeia e apelos a boicote dos produtos franceses. Sem razão de existir, digo eu. Porquê? Porque a França é um estado de direito democrático inserido no contexto da realidade comum à Europa Ocidental - significa isto que partilha muitos aspectos históricos com os seus parceiros Europeus, uma história recente muito aproximada, bem como uma evolução das circunstâncias quase paralela. Não foi na Europa que teve lugar um dos maiores genocídios da História, perpetrado nas décadas de 1930 e 40 pelo Terceiro Reich? Em vários países, a negação deste genocídio foi criminalizada, a França apenas tomou uma atitude análoga em relação a um outro acto criminoso, este cometido durante a Primeira Guerra Mundial e que teve como alvo o povo arménio. Se a Alemanha consegue encarar o seu passado recente, porque não a Turquia?
As ameaças da Turquia que este acto político por parte da França pode prejudicar a aproximação do estado turco à União Europeia não têm qualquer fundamento. Se de facto se verificar um resfriamento das relações entre a Turquia e a UE, isso não é resultado desta lei francesa mas sim de um sentimento já existente na Turquia que apenas aproveitará um pretexto para se afastar da integração europeia.. Mais uma vez, a Turquia mostra que não sabe lidar com assuntos políticos europeus e que se os seus interesses não forem satisfeitos [neste caso, se as suas leis de legitimidade duvidosa não forem observadas por países europeus democráticos], mostram o seu lado mais arrogante e ameaçam com a atitude típica de quem não sabe o que é uma democracia ou respeitar as leis de um estado democrático. O reconhecimento do genocídio Arménio nem sequer é um critério de adesão à União Europeia, uma vez que foi perpetrado pelo Império Otomano e não pelo actual estado turco, o que demonstra que a Turquia não sabe o que diz e cede rapidamente às correntes extremistas que se encontram dentro das suas fronteiras e que pretendem silenciar todas as vozes críticas à conduta do estado, como aliás se viu pelo exemplo do vencedor do Prémio Nobel da Literatura, que no ano passado foi preso por insultos à identidade turca. Isto parece uma conduta de um estado democrático que pretende iniciar um processo de integração europeia?
13.10.06
12.10.06
Bem-vindos!
Já me esquecia de dar as boas-vindas oficiais à Coreia do Norte por ter entrado no exclusivo e prestigiado clube dos detentores de armas nucleares. Parabéns Coreia do Norte, que bom ver que vocês apesar da fome, da pobreza e da carência da vossa população ainda encontram tempo, tecnologia e dinheiro para fazer coisas tão divertidas! Que o vosso futuro seja tão explosivo como a preciosidade que vocês acabaram de anunciar ao Mundo!
11.10.06
10.10.06
Teste nuclear
Agora já se convenceram? Já perceberam que apaziguar uma situação destas não é o mais indicado, que fazer concessões não é a forma indicada e que isso apenas vai reduzir a margem de manobra? Agora já se aperceberam, após fazerem um teste nuclear e eis que o discurso muda completamente. Mas o que esperavam? Que com conversações de desanuviamento e garantias de não-agressão conseguiam evitar que a Coreia do Norte não fizesse isto? Todos tiveram uma parte de responsabilidade - os EUA por não saberem lidar com o assunto e por terem passado de uma posição de relativa vantagem para a postura de George Bush e o “Eixo do Mal”. A Coreia do Sul por ter optado por uma política inteiramente de dedicação ao seu vizinho do norte, sem uma única vez criticar as suas acções e o sustentar com as suas exportações. A China, por permitir que um país totalmente dependente de si assumisse uma posição destas, e a Rússia por estar convencida que ainda é a União Soviética e que o seu dever é de ser um contrapeso aos EUA. Visto a partir de hoje, não seria tão má ideia se o alvo tivesse sido a Coreia do Norte em vez do Iraque, pois não? Claro, nunca é boa ideia invadir um país, mas seria menos mau. É justo, hoje é tarde de mais para pensar nisso e ninguém vai querer enterrar as suas forças num estado nuclear. Por outro lado, há anos que sabem que a Coreia do Norte tem armas nucleares, só estiveram à espera do teste de ontem para o assumir. Porque razão?
9.10.06
O que chamam a isto?
Quando se chega a este ponto, compreendemos que não estamos na mesma posição. Os conceitos de democracia e de liberdade de expressão são universais e não estão sujeitos a interpretações erróneas. Um assassinato político não é típico de uma democracia, já o sabemos, mas aparentemente há senhores na Rússia que não sabem e para quem dirige um país que tem muito pouco a ver com qualquer dos nossos vizinhos europeus, o que nós chamamos de democracia não é o mesmo que ele pretende aplicar, ainda que o nome seja o mesmo.
Ao assassinar uma jornalista, é o próprio país que sai prejudicado, o seu nome, a sua credibilidade e a sua postura. Depois disto, quem pode levar a Rússia a sério? Um país que se diz democrático e onde situações de anarquia e de crime patrocinado pelo Estado fazem parte do quotidiano e onde uma situação de ruptura económica transitou para uma situação de oligarquia estatal mas onde os níveis de intimidação nunca desapareceram não se pode considerar como igual a nós.
Sejam quais forem as diferenças de concepção, nada justifica assassinatos políticos, nem este nem nenhum outro e através de acções como esta, a Rússia demonstra que não sabe o que é democracia, que não sabe gerir os seus problemas [ou não quer] e que não se podem reduzir as vantagens da transição democrática às receitas petrolíferas.
7.10.06
A Inglaterra dá o (pior) exemplo
Inversão total e mais um ridículo episódio das nossas patéticas condutas. Infelizmente, nada indica que vá terminar e após centenas de anos necessários para edificar as nossas sociedades democráticas, o estado de auto-desrespeito é tão grande que permitimos que coisas destas aconteçam.
Depois de ter acontecido isto, provocando as reacções que já se imaginavam e se esperam de indivíduos com uma mentalidade retrógrada e deslocada, hoje encontrei isto. É difícil dizer o que é pior, se reacções iradas pela primeira notícia, se a decisão que originou a segunda. Seja como for, eu chamo a isto um desvirtuar total dos pilares onde assenta a nossa sociedade, tenho dito.
6.10.06
Regressou!
Eis que regressou, alguém percebeu que algo tinha de ser feito e...temos o Daily Show de volta à SIC-Radical! Uma das poucas boas decisões tomadas num canal de televisão português!
5.10.06
4.10.06
Festa no Extremo Oriente
Parece que vai haver fogo-de-artifício na Coreia do Norte...e dos grandes, envolvendo uma grande quantidade de energia nuclear... Não sabemos quando mas foi muito simpático da parte dos senhores norte-coreanos em deixarem-nos saber as suas intenções! Para fazerem a festa em pleno, podiam realizar tudo num dos palácios do "líder".
3.10.06
2.10.06
Uma dúzia de castanhas
O nosso país vive num perfeito anonimato a nível mundial no que diz respeito à sua colocação no panorama global das artes. Muitas vezes apontada como hermética e fechada sobre si mesma, a cultura em Portugal necessita de um impulso mediático capaz de fazer por Portugal o que grande vultos artísticos mundiais fizeram pelos seus países.
Mantendo uma linha de constante atenção sobre o que de melhor e pior se faz em Portugal no panorama das artes e da cultura, Prometeu Agrilhoado apresenta-vos, em primeira mão, o projecto mais arrojado e mais ousado do cinema português. Encontrando-se ainda numa etapa primordial de desenvolvimento, pretende ser um produto cinematográfico capaz de fazer nome por si próprio e que abra um lugar cativo para Portugal no firmamento cinematográfico mundial.
Não se trata do estereotipado filme português, adaptação moderna de uma obra literária existente com a qual poucos ou nenhuns portugueses se identificam e que não vai além de alguns nichos em festivais de cinema europeus. Trata-se de um projecto que envolve cineastas portugueses e estrangeiros, situado inteiramente na cidade de Lisboa [porque a nossa capital pode ser tão telegénica como Nova York ou Paris] e que, através das mais avançadas técnicas de realização actual, faz um retrato de um episódio comum na vida de cada português, que acaba por ser comum ao cidadão contemporâneo de qualquer país do Mundo. Uma mesma história contada por realizadores diferentes, um drama pessoal filmado por alguns dos maiores mestres do cinema mundial…
Não se trata do estereotipado filme português, adaptação moderna de uma obra literária existente com a qual poucos ou nenhuns portugueses se identificam e que não vai além de alguns nichos em festivais de cinema europeus. Trata-se de um projecto que envolve cineastas portugueses e estrangeiros, situado inteiramente na cidade de Lisboa [porque a nossa capital pode ser tão telegénica como Nova York ou Paris] e que, através das mais avançadas técnicas de realização actual, faz um retrato de um episódio comum na vida de cada português, que acaba por ser comum ao cidadão contemporâneo de qualquer país do Mundo. Uma mesma história contada por realizadores diferentes, um drama pessoal filmado por alguns dos maiores mestres do cinema mundial…
Uma premissa tão simples para uma obra tão complexa - tendo como base um momento aparentemente banal da existência cinzenta do citadino actual mas que evolui para uma profunda reflexão sobre o passado, o presente e o futuro de cada um, sobre as angústias e as lutas pessoais de cada um, sobre os traumas abertos e as feridas fechadas, sobre as paixões enterradas e as raivas ressuscitadas que surgem sistematicamente na nossa mente, num espaço de tempo que apenas pode durar uns breves cinco segundos.
Sem mais demoras, é com orgulho que lhes apresentamos o projecto que dá pelo seguinte nome de produção - "ERA UMA DÚZIA DE CASTANHAS, FAZ FAVOR".
Esta superprodução assenta no seguinte formato - um episódio da vida urbana como qualquer outro. Um homem, solitário, igual a tantos outros, cujo nome desconhecemos, está de pé, numa fila para comprar castanhas a um comum vendedor de castanhas, cena comum nas manhãs e tardes de Inverno na cidade de Lisboa. Enquanto espera, observa o que se desenrola à sua volta e inicia uma série de reflexões que se materializam à sua volta, em parte reflexos da sua própria condição, em parte baseadas na sociedade que ele integra. Tornando-se cada vez maiores e mais poderosas, o homem sente-se cada vez mais alienado daquele espaço e conclui que se afastou da sua vida, que já não é um jovem idealista com vontade de mudar o Mundo, que pode nunca o ter sido e que tem vivido uma existência fútil e sem uma orientação capaz de o levar à felicidade e à utopia que todos desejamos atingir. Uma base comum, para várias formas de apresentar a história. Um final comum, também, uma vez que, passado o episódio na mente do homem, todas as histórias terminam com o protagonista a chegar à sua vez e a pedir ao vendedor "Era uma dúzia de castanhas, faz favor" e a abandonar a cena, sem sabermos para onde - irá para casa? Irá para o emprego? Irá encontrar-se com amigos? Irá por fim à sua vida? Irá para o seu carro, apanhar um comboio ou um autocarro de longa distância, até para o aeroporto, quem sabe, para se afastar de tudo o que conhece e iniciar uma nova vida?
Ao que Prometeu Agrilhoado apurou, aceitaram fazer parte deste projecto os seguintes realizadores, cada um com as suas particularidades:
Manoel de Oliveira - encontrando-se à espera da sua vez, o homem fita os vultos cinzentos e monolíticos que passam à sua volta. Crianças cabisbaixas, pela ausência de Sol naquela fria e nebulosa manhã de Dezembro, homens sem expressão, dirigindo-se para os seus empregos sem sentido… esta observação é brutalmente interrompida por uma mulher, de olhar caloroso mas de expressão distante, que acaba de comprar as suas castanhas e que lhe caem das mãos à sua frente. Por um golpe de sorte, não saem do seu embrulho, uma página da lista telefónica de assinantes de cidade de Lisboa, edição 2001/02, e aterram aos pés do nosso protagonista. Sem mudar de expressão, o homem inclina-se, apanha o embrulho do chão, estende-o à mulher e expressa "As suas castanhas", com um tom de voz suave mas ao mesmo tempo cortante, capaz de se fazer ouvir à sua interlocutora apesar do intenso trânsito à sua volta. No instante em que ele estende o braço, recorda-se dos momentos de infância em dias semelhantes, em que uma dúzia de castanhas representavam mais do que uma mera guloseima, eram uma amiga nos frios dias de inverno, agravados pelas frias paredes da casa da sua avó onde vinha passar as férias do natal. A mulher retira o embrulho da sua mão e desaparece sem uma palavra, o que não altera o estado de espírito do homem.
Pedro Almodóvar - fazendo parte de uma fila composta por dois drag-queens que actuam no bar próximo, três prostitutas na casa dos cinquenta que se queixam do frio e da ausência de clientes e de um jovem com ar de agastado pela heroína e algo mais, um homem aparentemente saudável e vestido com um banal fato e gravata que se encontra em qualquer agência bancárias reflecte sobre a sua condição única naquele meio e chega à conclusão que o objectivo do Homem moderno não é atingir a felicidade, é sim afirmar-se pela diferença e relembrando na sua infância como tudo era diferente, as lições ensinadas na catequese e a forma como os seus pais se referiam às pessoas que fazem parte da fila onde se integra, o nosso protagonista pela primeira vez sentiu-se um alienígena no seu próprio meio, ou talvez, num termo mais preciso, um des-integrado, um estado de espírito para o qual não temos alternativa semântica senão colocar um hífen numa palavra que fomos buscar às ciências exactas. No final, quando chega a sua vez, o homem pede as suas castanhas e retira-se em paz consigo mesmo e com o mundo.
Emir Kusturica - num meio caótico, marcado por um conflito fratricida sem sentido entre indivíduos que são vizinhos, um homem está na fila para comprar castanhas enquanto à sua volta grupos de ciganos dançam. Enquanto aguarda a sua vez, assiste a discussões violentas que têm tanto de agressivas como de ridículas, bem como a apelos à morte e destruição, intercalados por alguns solitários apelos à unidade da parte de nostálgicos deslocados. À sua frente, encontra-se uma bela mulher que atinge o seu coração com o olhar. Após comprar as suas castanhas, o homem agarra a mulher com o braço disponível e voa para longe, deitando um olhar de misericórdia sobre aquele que foi o seu país, e recomeça a sua vida com uma nova amada num local distante de outro continente
Woody Allen - um homem de meia idade de elevado estatuto socio-profissional sente um grande vazio na sua vida extra-laboral. Ainda não ultrapassou o divórcio de há 3 anos após um casamento turbulento de 15 anos com uma mulher obssessiva-compulsiva que lhe elevava o desejo a níveis que nunca antes ele imaginou (nem sequer nos seus tempos de estudante). Apesar de tudo, estava satisfeito com o seu casamento, mas ano após ano, os pormenores que marcavam a personalidade da sua mulher acentuavam-se e nos últimos anos de vida em conjunto, já não reconhecia a sua esposa (excepto, claro, na cama, onde ela se mostrava cada vez mais insaciável). Enquanto aguarda a sua vez na fila, o homem revê na sua mente a ex-mulher, onde é que ela estaria? O que estaria ela a fazer? Estaria a dar com outro homem em doido? E nesse caso, em que sentido - na vida em geral ou apenas debaixo dos lençóis? À sua frente, estão dois psiquiatras que discutem um caso clínico de internamento de uma mulher ninfomaníaca que desenvolveu tendências sociopatas perigosas. O homem pensa, será a sua esposa? Sem se aperceber, atrás de si está uma jovem de vinte e poucos anos com feições em tudo semelhantes à sua ex-mulher - com os mesmos traços lânguidos, com a mesma altura, com uma expressão semelhante, até com uma insinuação nos olhos parecida com a que a sua esposa fazia quando tinha vontade de saciar o seu desejo. Após comprar as suas castanhas, o homem repara na jovem e não lhe tira os olhos de cima até que esta termine a transação. Aqui, o filme perde o som e vemos apenas o homem timidamente a iniciar uma conversa com a jovem e os dois afastam-se do ângulo de visão da câmara.
Quentin Tarantino - um homem com uma dose exagerada de raiva contida aguarda impacientemente a sua vez para comprar uma dúzia de castanhas. Observando o mundo cinzento e vazio à sua volta, ele decide que não pode esperar mais. Vemos o protagonista a abrir a sua gabardine de onde retira duas Uzis carregadas e dispara indiscriminadamente sobre as pessoas à sua volta (mas não contra as que se encontram na fila) espalhando o pânico e o terror. Transeuntes, carros, autocarros, motas, janelas de edifícios...tudo é um alvo para este indivíduo. Quem se encontrava na fila despareceu, fugiu para um local onde não possa ser atingido pelas balas deste louco. Todos, menos o vendedor, aterrorizado e em estado de choque, não foi capaz de se mexer e limita-se a olhar para as pessoas em pânico, para os mortos que caem na via pública e para os feridos que gritam por socorro. Finalmente, quando o homem se encontra frente-a-frente com o vendedor, a câmara foca-se nos olhos do homem, para em seguida se afastar e nos mostrar um plano afastado do sítio onde a personagem se insere, e aí vemos que o massacre sanguinário se desenrolou na mente do homem e que a cena continua a ser um banal dia urbano. Ao pedido de "Era uma dúzia de castanhas faz favor", o vendedor corresponde e quando o homem se afasta e abre o cartucho, vemos as páginas que embrulham as castanhas manchadas de sangue.
Esta super-produção irá com toda a certeza, colocar Lisboa no mapa do cinema mundial. A nossa capital vai tornar-se numa referência da Sétima Arte e a fama vai-se tornar inerente a Lisboa, uma capital tão telegénica como Paris.
1.10.06
Geórgia vs. Rússia
Ser Presidente da Geórgia tem os seus riscos. Desagradar a Moscovo é um deles, eu não gostava de ser vizinho da Rússia e ainda para mais quando se tem dois territórios independentistas apoiados por Moscovo nas suas fronteiras.
A partir do momento em que se anuncia a retirada da esfera dos interesses da Rússia, as atenções do Kremlin começam a voltar-se. Já houve um aviso, neste Inverno, através do corte da circulação de petróleo. Agora, depois de detenção de quatro oficias russos, acusados de espionagem [acusação nada infundada, uma vez que a Rússia está por trás dos separatismos da Abecázia e da Ossétia do Sul], a Rússia o pior momento do seu desentendimento com a Geórgia desde a indpendência.
Putin não ficou nada satisfeito, e encara a preservação da soberania da Geórgia como um acto de guerra. Como se um país do tamanho e com os recursos da Gérogia pudesse tentar dirigir um acto de guerra contra a Rússia, ainda para mais, próximo do Ocidente.
Não sei se a situação irá piorar, mas que é sempre bom ver a forma como Moscovo continua a tratar os seus vizinhos, lá isso é, sobretudo porque nos faz ver como privilegiados por não termos uma fronteira com a Rússia.
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