No limiar do ridículo
Atinge-se o ridículo quando coisas que nos parecem possíveis só em delírios (no pior sentido possível, entenda-se) se tornam realidade. Pior ainda, não só se tornam realidade, como são aceites e passam impunes, sem correcção mesmo que constituam coisas impensáveis numa progressão normal da vida.
É com base nisto que aqui afirmo o ridículo que é estermos expostos à publicidade da Media Capital Outdoor e aos programas de alto gabarito cultural da TVI cada vez que apanhamos o Metro em Lisboa, porque temos nós de ouvir 5 vezes o anúncio da 1ª Companhia cada vez que esperamos pelo metro? Eu preferia não ouvir nada, ficava com a mente mais limpa para os meus pensamentos. O que na verdade acontece, é que eu fico com a mente turbulenta dos pensamentos de fúria que me ocorrem quando vejo semelhantes abortos a serem publicitados em espaços públicos. Já agora, uma sugestão: o Metro, como empresa pública que é, não deveria exibir publicidade de um grupo detentor de meios de comunicação privados onde se incluem a revista Lux (ok, psempre foi inovadora, juntamente com a Caras, no sentido em que possibilita a leitura às camadas analfabetas da sociedade!) e a infame TVI.
Moving on, o ridículo atingiu nos últimos dias um novo patamar, com o anúncio do governo de que o aeroporto da Ota é um projecto que irá ser desenvolvido sem mais entraves. Mais de quatro mil milhões de Euros de investimento, uma distância de quase 50km da cidade, um impacto negativo na zona e a dependência da acessibilidade de um TGV cuja construção ainda não começou e que o governo solicitou ao governo espanhol que fosse adiado... Só pode ser por causa dos donos dos terrenos da Ota, segundo me constou, um deles é um senhor com uma idade avançada e que é candidato a Presidente da República.
O TGV por sua vez, vai ser amputado, visto que as únicas linhas a serem construídas serão as de Lisboa-Madrid e Lisboa-Porto, cancelando o projecto Porto-Vigo e Aveiro-Salamanca, porque "não é necessário", ou então não há interesses suficientemente fortes, ou empresas que estejam interessadas visto que os benefícios não eram tão grandes como esperavam....ou não há nenhum terreno que pertença a alguém próximo do executivo?
São estes os ridículos graves, que envolvem o dinheiro dos contribuintes, que nunca são prejudicados mesmo que e o país esteja numa recessão profunda (felizmente não está) e que passam à margem dos ridículos "pequenos" do dia-a-dia, como a programação da TVI...