15.10.05

Desleixo tecnológico...o senhor PM está a ler isto?

Quando se criam expectativas demasiado elevadas, a desilusão pode tornar-se perigosa, ao ponto de ser violenta e piorar ainda mais a situação anterior à criação das referidas expectativas.
Atendendo ao desenvolvimento admirável da tecnologia que não parece conhecer entraves e que eu considero como uma das mais emblemáticas e elogiáveis vertentes da espécie Humana, a criação de expectativas irrealistas quanto ao seu uso pode ser pior do que a ausência da própria tecnologia. Sim, a tecnologia aproxima as pessoas, colocou-nos no espaço, trouxe avanços incalculáveis à qualidade de vida e permitiu-nos descobrir e manipular factores que nunca julgámos possíveis. E contudo continua a falhar, continua a sofrer perturbações que não devia, continuam a verificar-se erros que prejudicam toda a nossa actividade que se encontra dependente da tecnologia, quer sejamos profissionais ou utilizadores domésticos.
Não deveríamos, como consumidores de bens tecnológicos e dependentes destes para o nosso dia-a-dia, tornarmo-nos mais exigentes quando gastamos dinheiro em tecnologia? Ou tornámo-nos tão indiferentes que nem sequer nos incomodamos com as falhas constantes de um produtos só porque este já tem um ano? Mais grave, significa que apesar de todo o progresso e da concorrência que abunda no sector tecnológico, pelo menos ao nível do utilizador doméstico, os produtores continuam a tratar os consumidores como se de crianças se tratassem, a quem é possível atirar algo que vale 1000, 1500 ou 2000 Euros e substituir como se de um brinquedo de plástico de tratasse. Isto é a banalização dos avanços tecnológicos e é nivelar por baixo, quer a qualidade dos produtos que sai manchada e a inteligência dos consumidores que se vêem assim numa posição em que apenas se preocupam em adquirir bens que podem nem ter metade da qualidade pretendida ou corresponder a metade das expectativas criadas.
É paradoxal, que num clima de livre economia de mercado e concorrência entre marcas, onde supostamente o consumidor deveria ser o maior beneficiado, passa-se absolutamente o contrário, visto que ocorre um nivelamento pela base, ou seja, em vez de haver uma concorrência entre produtos de alta qualidade que cumpram as expectativas do consumidor, acabam por durar como um hamburguer, com as consequências óbvias que daí advêm, ou seja, a perda do interesse dos consumidores, não pela aquisição do produto mas pelo próprio produto em si, deixam de o adquirir por causa do que ele é ou pelo que ele representa ou pela utilidade que pode ter, mas pela campanha que recebeu ou pelo impacto que vai ter junto dos amigos e colegas...

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