5.10.05

A Turquia e a UE, qual deles vai vergar mais?

A Justiça é cega...sempre me disseram, e é assim que a sua estátua se apresenta em todos os órgãos de soberania nos quais ela é aplicada. Isto vigora em Portugal e em qualquer outro país que se diz democrático (porque apesar do que nós possamos pensar, Portugal é uma democracia e não me venham dizer que é só no papel! Não é uma classe de porcos corruptos, sem insulto para os suínos, que se consegue sobrepor à democracia ) logo, não há tratamentos diferenciados, porque somos todos iguais perante a lei. Assim é quando de cidadãos, ou de particulares esse trata. E quando se trata de pessoas colectivas? Será a Justiça igualmente cega? Não, não é uma pergunta retórica, gostava mesmo de saber se por princípio, a justiça é igual para todas as pessoas colectivas.
Mais concretamente, gostava de saber se vai ser permitido à Turquia aceder à União Europeia sem aplicar (o passo seguinte à transposição) as normas democráticas que vigoram nos 25 respeitantes à liberdade de imprensa e à liberdade de associação, bem como respeitando o reconhecimento de todos os 25 Estados-Membros, quando Ankara apenas reconhece 24. Afirma o governo turco que a República de Chipre não representa toda a ilha, como tal não a poderia reconhecer. Sabendo que na União Europeia há líderes capazes de pegar no mais ínfimo pormenor para bloquear a adesão turca à UE, isto demonstra não só irresponsabilidade como arrogância por parte de Ankara, baseando-se no princípio de que a União precisa mais da Turquia do que o oposto, que deixar o seu país de fora seria demasiado perigoso e que vai existir um flexibilização de critérios de forma a reduzir o impacto da assimilação do Acervo Comunitário e do respeito pelas normas democráticas, inúmeras vezes atropeladas pelas autoridades turcas. A adesão a um bloco tão importante como a União Europeia requer um compromisso sério e responsabilidade por parte dos países candidatos, como a Croácia já o testemunhou.
Ao manipular cinicamente os factores em jogo, as autoridades turcas parecem dar como garantida a adesão e dada a importância da entrada do seu país na União, parecem convencidas que se trata de um projecto too big to fail, ou seja, que a vigilância rigorosa do cumprimento dos Critérios de Copenhaga por parte da União pode ser entendida pelos turcos como preconceito ou paranóia, algo que não ficaria nada bem a uma União Europeia que se diz aberta e democrática. Se a Turquia conseguir assimilar a importância da sua candidatura e, fazendo jus à sua ambição, se portar como um país Europeu, haverá Justiça na sua adesão.

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