Restauração
Hoje, na véspera de um dos feriados mais mal-tratados pelos Portugueses, temos uma ocasião única no nosso país, única não só para estabelecer uma nova forma de ver o nosso Estado mas para nos consciencializarmos de que, acima de tudo, o nosso país depende de nós próprios, que vivemos numa democracia e que disso devemos fazer uso, que somos cidadãos interessados no futuro de Portugal e que sejam quais forem os nosso métodos, o nosso fim comum é sempre o bem de Portugal.
A dissolução da A.R. para mim tem duas leituras:
- por um lado, significa que o Presidente da República fez uso dos seus poderes com a devida moderação e em nome do interesse nacional ao pôr fim a um governo que não se mostrava suficientemente capaz para a tarefa que tinha pela frente. Pelos acontecimentos dos últimos quatro meses ficou claro que sejam quais forem os nomes à frente das respectivas pastas, o que administrava o país não era um governo, mas antes várias agremiações separadas sem respeito umas pelas outras (em primeira instância) e sem respeito por Portugal e pelos Portugueses(em última instância). Os exemplos da desordem inicial que caracterizou a tomada de posse do governo, do humilhante teatro Borndiep, da colocação dos professores e da total falta de coesão no que diz respeito à problemática inerente à coligação de governo eram sintomas do que aconteceu na tarde de 30 de Novembro de 2004. O toque final, dado no dia de ontem pela demissão do ministro Henrique Chaves foi a cereja no bolo, a confirmação final de que o governo não era suficientemente sério para Portugal
-a segunda leitura está em parte relacionada com a legitimidade política (ou melhor, falta dela) do governo de Santana Lopes e vai sem dúvida recair na já referida consciencialização dos Portugueses para o seu (nosso) país. Pela primeira vez no passado recente - e quando eu escrevo "passado recente" refiro-me aos acontecimentos desde há cerca de 8 anos para cá, afinal não sou nenhum ancião - temos indícios (embora não completos) de que uma maior parte da sociedade civil Portuguesa está sensibilizada para os problemas e desafios que se colocam perante Portugal no século XXI e nas várias frentes que o nosso país integra. O impulso de que um país letárgico necessita para avançar é o de uma população consciente, informada e imparcial, capaz de analisar a conjuntura na qual o seu país se insere e de escolher racionalmente qual a melhor opção - ou a opção menos má, no caso de Portugal - para comandar o seu país. Em Portugal podemos ainda não ter desenvolvido essa condição plenamente mas estou convencido de que temos condições para melhorar bastante neste aspecto, no futuro próximo.
Desde sempre que os Portugueses se queixam das autoridades - um autêntico pseudo-desporto nacional - culpando-as por tudo o que nos afecta, com a possível excepção do clima... Essa desresponsabilização por parte da sociedade civil está prestes a iniciar o seu fim, é nosso direito e dever tomarmos consciência de que a democracia não é um sistema criado para as câmaras e para a satisfação de uma pequena elite oligopólica - tanto económica como política - enquanto que os cidadãos comuns se devem sacrificar em nome de metas que a própria administração não sabe atingir. A democracia é, como o nome indica mas que nunca é demais repetir, o "poder do povo", esquecendo todas as conotações anacrónicas que esta expressão pode ter. Significa muito simplesmente que a iniciativa da mudança do status quo reside na sociedade civil, que engloba todos os sectores presentes na sociedade Portuguesa, desde os mais anónimos dos agricultores, pescadores e comerciantes até aos mais influentes empresários e figuras de comando do Estado. A democracia permite acima de tudo que os cidadãos construam a sua própria realidade, que não tenhamos que aceitar o que nos é imposto, que todos somos indivíduos que afirmamos a nossa vontade e determinação em nome de um bem comum por vias diferentes e com o devido respeito que isso implica. A pior antitese da democracia não é forçosamente a do regime totalitário e repressivo, imposto por uma minoria no poder mas sim a que embora nominalmente democrática, dispõe de uma sociedade civil quase inexistente e de uma população semi-analfabeta (no que diz respeito ao seu país) e que não sabe utilizar o sistema democrático a seu favor. Tal é o risco que temos sempre presente, não só em Portugal mas em todas as democracias ocidentais.
Por estes motivos é que é vital para todos os cidadãos que vivam sob regimes democráticos que nunca os deixem existir num estado de coma, que nunca adormeçam as suas consciências e que nunca percam a sua sensibilidade no que diz respeito ao fim do seu país. Cada país é o que os seus cidadãos fazem dele, ainda temos oportunidades para o fazer em Portugal. Qualquer progressão que seja feita sob este objectivo, por mais pequena que seja, é um contributo importantíssimo para o nosso país. Seja qual for o desenrolar desta "crise política" que temos pela frente, o vencedor só pode ser Portugal.
A dissolução da A.R. para mim tem duas leituras:
- por um lado, significa que o Presidente da República fez uso dos seus poderes com a devida moderação e em nome do interesse nacional ao pôr fim a um governo que não se mostrava suficientemente capaz para a tarefa que tinha pela frente. Pelos acontecimentos dos últimos quatro meses ficou claro que sejam quais forem os nomes à frente das respectivas pastas, o que administrava o país não era um governo, mas antes várias agremiações separadas sem respeito umas pelas outras (em primeira instância) e sem respeito por Portugal e pelos Portugueses(em última instância). Os exemplos da desordem inicial que caracterizou a tomada de posse do governo, do humilhante teatro Borndiep, da colocação dos professores e da total falta de coesão no que diz respeito à problemática inerente à coligação de governo eram sintomas do que aconteceu na tarde de 30 de Novembro de 2004. O toque final, dado no dia de ontem pela demissão do ministro Henrique Chaves foi a cereja no bolo, a confirmação final de que o governo não era suficientemente sério para Portugal
-a segunda leitura está em parte relacionada com a legitimidade política (ou melhor, falta dela) do governo de Santana Lopes e vai sem dúvida recair na já referida consciencialização dos Portugueses para o seu (nosso) país. Pela primeira vez no passado recente - e quando eu escrevo "passado recente" refiro-me aos acontecimentos desde há cerca de 8 anos para cá, afinal não sou nenhum ancião - temos indícios (embora não completos) de que uma maior parte da sociedade civil Portuguesa está sensibilizada para os problemas e desafios que se colocam perante Portugal no século XXI e nas várias frentes que o nosso país integra. O impulso de que um país letárgico necessita para avançar é o de uma população consciente, informada e imparcial, capaz de analisar a conjuntura na qual o seu país se insere e de escolher racionalmente qual a melhor opção - ou a opção menos má, no caso de Portugal - para comandar o seu país. Em Portugal podemos ainda não ter desenvolvido essa condição plenamente mas estou convencido de que temos condições para melhorar bastante neste aspecto, no futuro próximo.
Desde sempre que os Portugueses se queixam das autoridades - um autêntico pseudo-desporto nacional - culpando-as por tudo o que nos afecta, com a possível excepção do clima... Essa desresponsabilização por parte da sociedade civil está prestes a iniciar o seu fim, é nosso direito e dever tomarmos consciência de que a democracia não é um sistema criado para as câmaras e para a satisfação de uma pequena elite oligopólica - tanto económica como política - enquanto que os cidadãos comuns se devem sacrificar em nome de metas que a própria administração não sabe atingir. A democracia é, como o nome indica mas que nunca é demais repetir, o "poder do povo", esquecendo todas as conotações anacrónicas que esta expressão pode ter. Significa muito simplesmente que a iniciativa da mudança do status quo reside na sociedade civil, que engloba todos os sectores presentes na sociedade Portuguesa, desde os mais anónimos dos agricultores, pescadores e comerciantes até aos mais influentes empresários e figuras de comando do Estado. A democracia permite acima de tudo que os cidadãos construam a sua própria realidade, que não tenhamos que aceitar o que nos é imposto, que todos somos indivíduos que afirmamos a nossa vontade e determinação em nome de um bem comum por vias diferentes e com o devido respeito que isso implica. A pior antitese da democracia não é forçosamente a do regime totalitário e repressivo, imposto por uma minoria no poder mas sim a que embora nominalmente democrática, dispõe de uma sociedade civil quase inexistente e de uma população semi-analfabeta (no que diz respeito ao seu país) e que não sabe utilizar o sistema democrático a seu favor. Tal é o risco que temos sempre presente, não só em Portugal mas em todas as democracias ocidentais.
Por estes motivos é que é vital para todos os cidadãos que vivam sob regimes democráticos que nunca os deixem existir num estado de coma, que nunca adormeçam as suas consciências e que nunca percam a sua sensibilidade no que diz respeito ao fim do seu país. Cada país é o que os seus cidadãos fazem dele, ainda temos oportunidades para o fazer em Portugal. Qualquer progressão que seja feita sob este objectivo, por mais pequena que seja, é um contributo importantíssimo para o nosso país. Seja qual for o desenrolar desta "crise política" que temos pela frente, o vencedor só pode ser Portugal.