Geórgia - Rússia, ainda não há paz
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"Quem és tu, amargurado, que falas a verdade a alguém que também sofre?" "Tens perante ti Prometeu, que deu o fogo aos mortais." "Tu...aquele que socorreu toda a raça humana? Tu, Prometeu, o destemido, o indomável?"
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As horas passam e nada parece melhorar - nem os ataques russos param, nem os georgianos parecem aceitar que cometeram um erro com consequências graves para o seu país, como de costume quem sai prejudicado da situação é a população civil, vivam eles na Ossétia ou em qualquer outra parte da Geórgia.
De acordo com este artigo da BBC, alguns dos responsáveis europeus pela política externa e relações internacionais consideram que estamos próximos de atingir tensões semelhantes às que se viviam na Europa antes da II Guerra Mundial, com pelo menos uma acusação de a Rússia estar a agir como a Alemanha hitleriana em 1938 ou a Jugoslávia de Milosevic em 1991. Tal como já aqui disse, a missão de manutenção da paz que a Rússia realiza na Ossétia do Sul desde o final da guerra civil tem muito pouco de pacífica e nos últimos dias serviu apenas de suporte a uma retaliação armada.
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Ao quinto dia de conflito, as perspectivas de resolução pacífica parecem cada vez improváveis. De acordo com a Geórgia, cerca de metade do país encontra-se sob controlo russo e está em curso uma verdadeira invasão em grande escala pelo controlo do país. Se a missão de manutenção da paz russa nunca foi uma verdadeira missão de paz no sentido que a ONU dá à expressão, os acontecimentos de hoje, a confirmarem-se, não deixam margem para dúvidas de que a Rússia tem como objectivo reduzir a Geórgia à mais pequena expressão. As tropas russas não só avançaram além da Ossétia do Sul em direcção a Gori como também entraram no interior do território georgiano a partir da Abecázia. Na prática, abriu-se uma segunda frente, de forma a prender os georgianos que se encontram a combater na fronteira meridional da Ossétia do Sul. Isto entra em contradição directa com o que um general russo afirmou, que a Rússia não pretendia invadir a Geórgia.
Vladimir Putin acusa o ocidente de estar a inverter os papéis e a olha para o problema numa perspectiva maniqueísta de preto e branco - o que é errado, uma vez que é quase impossível criar "bons" contra "maus". Contudo, há muito que o propósito da missão russa se esgotou e ao nunca ter contribuído para a resolução dos separatismos na Geórgia, a Rússia sempre foi uma parte activa do problema.
Para quem acusa a Geórgia de ser a agressora e de ser quem desencadeou este conflito, é igualmente preciso observar o conflito de uma perspectiva mais alargada: não se tratou de uma agressão inusitada ou de uma expansão de território, trata-se da integridade territorial de um país que se vê privado de duas regiões do seu território, porque o seu vizinho tem interesse em manter aquele impasse.
Fora do Cáucaso, ainda não se encontra nada definido, quer a nível de UE, quer a nível da NATO. Será preciso esperar mais 24 horas para sabermos o que vai sair daqui, com toda a certeza a Rússia irá cada vez mais ser vista como um pária aos olhos do ocidente, o que depois das duas guerras da Tchetchénia, não abona nada a favor da Rússia. É pena que a única superpotência mundial esteja demasiado comprometida com outros problemas, caso contrário teríamos espaço para uma actuação verdadeiramente digna por parte de Washington.
Entretanto, a Rússia acusa os media ocidentais de fazerem uma cobertura tendenciosa a favor da Geórgia e de não referirem as atrocidades cometidas pelo lado georgiano - mais uma vez, a falta de bom senso e uma forma bastante primária de tratar do assunto, quando a maior parte dos media russos são marcadamente favoráveis à perspectiva oficial e de acordo com a perspectiva oficial do Kremlin, a Rússia está a fazer o que está certo.
Por sua vez, a Ucrânia, país cujo poder é próximo do da Geórgia, afirma querer rever o acordo que permite à Rússia manter ancorada a frota naval do Mar Negro em Sevastopol [na Crimeia, território ucraniano], em particular, a Ucrânia pretende impedir que a base naval seja utilizada em períodos de conflito armado.
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A era da informação é mesmo boa, não acham?
Nas Nações Unidas, EUA e Rússia trocam acusações acerca da intervenção russa na Geórgia. Enquanto o representante da Rússia afirma que a acção do seu país é legítima e que se destina apenas a proteger civis e militares russos na Ossétia do Sul, o representante dos EUA acusa a Rússia de pretender mudar o regime na Geórgia.
Não seria a primeira vez que a Rússia tenta mudar um regime que não lhe agrada, sobretudo quando a resposta russa vem sob a forma de "Por vezes, alguns líderes democráticos cometem actos que resultam am problemas graves para o seu país" (...) "Há líderes que se tornam obstáculos. Às vezes, esses líderes precisam de reflectir acerca da sua utilidade para o seu povo." Outra coisa em que a Rússia tem bastante experiência é em determinar o que é ou não é bom para vários povos.
Claro que a resposta russa à acusação norte-americana de que Moscovo estaria a criar uma campanha de terror na Geórgia só poderia ser uma - é inaceitável vindo de um país cujas acções na Sérvia, Afeganistão e Iraque são bem conhecidas. Ou seja, uma vez que os EUA estiveram envolvidos em campanhas militares que não tinham razão de existir, a Rússia tem carta branca para fazer o que quiser, uma moralidade exemplar para o Mundo, não haja dúvida.
Começam também a surgir interrogações sobre quem está ao comando desta situação - Medvedev, o recém-empossado presidente, ou Putin, o ex-presidente e actual primeiro ministro? Aparentemente, parece que Putin é melhor a dizer aos EUA para se afastarem do "quintal" russo.
Entretanto, este artigo do The Guardian coloca o conflito numa lógica mais abrangente do que o transporte de recursos energéticos e insere-a num fundo mais alargado acerca das tentativas de reduzir a influência russa na região, onde se juntam a aproximação da Geórgia a NATO e o recente revés que aquele país sofreu no objectivo de aderir à Aliança Atlântica.
Não sabemos como vai sair a Geórgia de tudo isto - Saakashvili, o presidente da Geórgia que ascendeu ao poder depois da revolta popular contra Eduard Shevernadze em Novembro de 2003 [conhecida como a "revolção das rosas"] e que deu ao país uma forte orientação pró-ocidental pode ser o sacrificado no meio de tudo isto, se o status quo acabar por ser ainda mais desfavorável à Geórgia do que já era antes do dia 7 de Agosto.
Como vai sair a economia georgiana depois de vários ataques russos a algumas estruturas vitais?Quanto tempo será preciso para o país recuperar dos danos sofridos e que ainda vai sofrer? A economia georgiana, apesar de ter crescido bastante nos últimos anos, sofreu um sério abalo quando em 2006 a Rússia impôs um embargo às suas exportações de vinho, um dos produtos mais importantes nas exportações georgianas, sem que fosse dada uma razão muito covincente para tal embargo.
Se o passo seguinte for afastar ainda mais a Ossétia do Sul e a Abecázia da Geórgia e torná-las em repúblicas constituintes da Federação Russa de facto, pondo fim às tentativas georgianas de recuperar a sua integridade territorial, o país sairá muito prejudicado e com a sua credibilidade fortemente abalda - Saakashvili pode começar a pensar em fazer o que a Rússia mais gostaria que ele fizesse, uma vez que esta sua acção irresponsável não vai ter sucesso e os georgianos dificilmente podem esperar que a integração euro-atlântica do país chegue em breve.
Parece também que alguém importante na UE leu o que escrevi acerca da falta de voz da Europa nesta situação - será que vai ser levado até ao fim?
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Apesar do meu optimismo ingénuo de ontem, hoje parece mais difícil que este enfrentamento entre a Geórgia e a Rússia [aparentemente] devido à Ossétia do Sul venha a terminar brevemente e com o mínimo de vítimas possível.
Podemos viver na chamada "era da informação" mas é muito difícil obter informações isentas sobre o que de facto se está a passar no terreno, quais foram os danos e quantas pessoas foram afectadas.
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Infelizmente e tal como eu temia, The Dark Knight não é uma transposição de Batman para o grande écran - é qualquer coisa diferente, é um filme de acção contemporâneo, é um filme sobre um louco que por impulsos incontroláveis obtém um enorme prazer em semear o caos e a anarquia e sobre como as forças da ordem e da justiça não o conseguem travar...mas não é um Batman.
Apesar de o argumento em si ser razoável, é desajustado à personagem e à figura de Batman, enquanto parece ter sido feito de encomenda para este Joker, o que reforça a ideia de que o filme está construído em torno de Joker como o motivo de existência do Batman...algo que o próprio, interpretado pelo Heath "dead man" Ledger dá a entender várias vezes.
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Trata-se de uma das datas mais ignoradas da História de Portugal e que, como muitas outras, fazem parte de um contexto mais alargado que é impossível de explicar em algumas linhas. Ainda assim, o dia 24 de Julho representa um evento muito importante para o país e quando um país ignora o seu passado, não está em condições de encarar o seu futuro.
24 de Julho de 1833 foi o dia em que as tropas liberais comandadas pelo Duque da Terceira entraram em Lisboa, após a conquista do Algarve, a travessia do Alentejo e a vitória sobre o general Teles Jordão em Almada. Portugal encontrava-se em guerra civil, entre os absolutistas leais a D. Miguel e os liberais leais a D. Pedro, que abdicara do título de Imperador do Brasil para regressar a Portugal e comandar a ofensiva contra a casa real portuguesa. A guerra civil ganhou um rumo decisivo a favor dos liberais que iriam vencer o conflito no ano seguinte, o qual terminou oficialmente com a assinatura da Convenção de Évora Monte.
Na história não pode haver "bons" nem "maus" e não podemos rotular liberais e absolutistas num espectro preto e branco - é um erro grosseiro e ao cometê-lo corre-se o risco de prejudicar o nosso olhar sobre o presente e sobre o futuro. Do ponto de vista de quem escreve em 2008, não posso deixar de considerar a vitória liberal como positiva para o país - ou talvez deva dizer, "menos negativa". A corrente absolutista rejeitava a nova organização política que se disseminara pela Europa desde 1789 e que, ironicamente, impôs ideias liberais através das Guerras Napoleónicas. O seu contributo não pode ser descartado e o apoio dado pela França e pela Inglaterra à facção liberal foi fulcral ao seu triunfo - pode-se então questionar se a vitória liberal em Portugal não teria sido apenas uma manipulação daqueles dois países que, face à indefinição de Portugal e Espanha não estavam dispostos a perder a sua influência na Península Ibérica e decidiram intervir.
É possível, mas num país pequeno como Portugal que recentemente tinha concedido a independência ao Brasil - a maior e mais importante possessão colonial portuguesa - isolar o país dos seus vizinhos iria trazer consequências nefastas para o seu futuro. Um eventual triunfo absolutista em Portugal, não só iria atrasar as muito necessárias intervenções na ordem do reino [em que Mouzinho da Silveira se tinha destacado, até ser afastado do governo antes do início da guerra civil] como iria colocar o país numa situação perigosa, face às maiores potências da Europa. Decorridas as invasões francesas e a ocupação britânica, Portugal não podia arriscar continuar afastado da corrente que varria a Europa, como se de um recanto isolado se tratasse.
É indiscutível que o período que se seguiu ao final da guerra civil de 1832-34 foi de enorme agitação e instabilidade em todos os sectores da sociedade - de uma magnitude que hoje não compreendemos uma vez que vivemos numa sociedade muito diferente daquela em que estes acontecimentos se desenrolaram - mas não deixa de ser verdade que ao olharmos para a História, conseguimos compreender que são necessárias mudanças dolorosas para assegurar uma evolução positiva - no caso de Portugal não seria tão positiva como se pretendia, ainda assim julgo que o balanço foi positivo.
Por isto, a data de 24 de Julho está ligada a um dos períodos mais importantes da História da Portugal e deixá-la no arquivo é errado - tal como outras datas daquele período, deveria ser assinalada oficialmente e talvez não fosse descabido estabelecer o dia 24 de Julho como o feriado municipal de Lisboa, em vez de um "santo" do século XII.
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