Edição Extra - Doc Vidas
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"Quem és tu, amargurado, que falas a verdade a alguém que também sofre?" "Tens perante ti Prometeu, que deu o fogo aos mortais." "Tu...aquele que socorreu toda a raça humana? Tu, Prometeu, o destemido, o indomável?"
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Profetas da desgraça...silenciem as vossas palavras!
Indivíduos que vivem para a destruição e que entram em êxtase quando vêem bombardeamentos e ataques...fiquem-se pelos filmes!
É que infelizmente, para uma parte da população global, lá está, não vai haver um conflito entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte. E digo isto porque as autoridades norte-coreanas decidiram, num gesto de espontânea e livre vontade, reabrir o país às inspecções das Nações Unidas e encerrar as suas instalações nucleares, comprometendo-se a renunciar às actividades relacionadas com tecnologia nuclear a curto-prazo.
“O Kim Jong-il está louco?”, podem perguntar...a mim parece-me que já estava há uma boa porção de anos, mas aparentemente alguém com um pingo de bom senso no seu círculo lá lhe deve ter dito que enquanto a Coreia do Norte afirmasse orgulhosamente a todo o Mundo que tinha um programa nuclear em pleno desenvolvimento e que o Japão estava mesmo a pedir outro bombardeamento atómico no trombil, isso arriscava ligeiramente o futuro do seu país. Não que uma arma nuclear não seja sinal de respeito, atenção! Se o Iraque as tivesse, nunca teriam levado com uma invsão daquelas; da mesma forma, se Israel ainda existe e continua inteiro, é em parte devido às armas nucleares que tem mas que eles não dizem se têm ou não – é que estar rodeado de gente que deseja destruí-los é um estímulo à invenção.
Ora no caso da Coreia do Norte, os senhores comprometem-se a acabar com a aventura atómica do Fat Kim a troco de assistência energética – parece razoável, num país sem recursos naturais que se aproveitem e cuja principal atracção é um balofo de óculos escuros foleiros a quem é atribuída a autoria de dezenas de óperas e de obras literárias. Isto tornou possível o regresso das célebres conversações a seis – Coreia do Norte, Coreia do Sul, China, Japão, Estados Unidos e Rússia – que nunca levaram a lado nenhum anteriormente. Será que desta vez é para cumprir? Segundo Mohamed El Baradei, director geral da Agência Internacional da Energia Atómica, foram encerradas cinco instalações em Yongbyon, um local que os EUA ponderaram atacar na década de 1990.
Consta que é possível para os norte-coreanos cumprirem a sua parte do acordo até ao final do ano, se realmente estiverem a falar a sério. Em caso de cumprimento, a Coreia do Norte pode receber um milhão de toneladas de petróleo, uma bela oferta por renunciar às aspirações nucleares.
A sobrevivência é o objectivo número um do regime de Kim Jong-il, um país que é visto como um verdadeiro parque temático estalinista não pode aspirar a muito. Já existe um exemplo recente: a Líbia de Khaddafi renunciou às armas de destruição maciça, ao apoio ao terrorismo e pagou compensações às famílias afectadas por terroristas líbios em 2003, o que a reabilitou face ao ocidente – apesar de Khaddafi continuar a ser dono&senhor do país. A Coreia do Norte parece querer fazer algo de semelhante – percebeu que não conseguia manter o bluff com os EUA durante muito tempo e que em breve Washington iria perceber que o programa nuclear norte-coreano não era exactamente a força titânica que as cabeças de Pyongyang davam a entender que era.
Seja como for, parece-me que não iremos ver imagens destas em breve...
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Inevitável? Talvez, mas a verdade é que antes de ser presidente, Bush já era desprezado – proliferavam as anedotas sobre ele e as suas citações eram extremamente populares um pouco por todo o Mundo. A partir do momento em que tomou posse, um sentimento de desconforto para com os EUA apoderou-se do Mundo e de repente, o anti-americanismo tornou-se em algo aceitável, quase numa moda.
Verdade seja dita que Bush não faz muito pela sua imagem – os primeiros oito meses do seu mandato foram completamente cinzentos e a sua taxa de popularidade baixava a cada mês que passava. Depois chegou o dia 11 de Setembro e, naturalmente, a sua taxa de aprovação atingiu os 90% e virtualmente todos os países do Mundo ofereceram o seu apoio aos Estados Unidos.
Ainda hoje me parece incrível como é que no dia 12 de Setembro de 2001, praticamente todo o Mundo estava ao lado dos EUA e poucos anos depois, os EUA voltaram a ser detestados – terá sido uma proeza pessoal de Bush e da sua administração?
Talvez algo que comece logo mal não se consiga redimir – Bush não tem nem a sabedoria, nem a mestria de alguns dos seus antecessores que conseguiram fazer dos EUA um elemento fundamental do panorama global. Apesar dos seus 300 milhões de habitantes e de uma área que se estende por milhares de quilómetros do Atlântico ao Pacífico, Bush (e o seu staff, nomeadamente Dick Cheney, Donald Rumsfeld, Condoleeza Rice e Paul Wolfowitz) conseguiu que milhões de pessoas em todo o Mundo vissem os EUA como o “seu” território, pouco importando a diversidade de opiniões que por lá existe. Algo na linha de “Bush é presidente, logo os americanos são estúpidos, são fanáticos religiosos e são atrasados”. A mim parece-me um pouco injusto, para dizer o mínimo, que se possa fazer um juízo desses baseado apenas no chefe de estado e de governo. É verdade que o regime presidencialista dos EUA leva a uma identificação estreita entre o presidente e o país – muito mais do que nos países europeus, por exemplo – mas daí até desejar o pior possível aos EUA e olhar com suspeição para tudo o que vem de além-Atlântico, vai uma grande distância.
A presidência de Bush conseguiu assim tornar os EUA no parceiro mais indesejável do Mundo. No final de 2001 e no início de 2003, um número razoável de países colocou-se ao lado de Washington nas invasões do Afeganistão e Iraque, respectivamente. Não vou agora discutir em pormenor as estratégias para um e outro mas todos sabemos que não conseguiram cumprir os seus objectivos. A principal consequência política dessas duas operações foi a descredibilização total dos EUA e um forte sentimento anti-americano que se generalizou e estendeu a todo o Mundo, acompanhado das opiniões do costume – entre os intelectuais de todo o Mundo, por exemplo, tornou-se comum deitar abaixo os EUA nas suas escrituras; cresceu o apoio a movimentos populistas da América Latina – basta dizer que Hugo Chávez e Evo Morález contam com bastantes simpatizantes fora dos seus países não devido às suas causas mas porque nos seus discursos proferem sempre palavras contra os EUA (e não são nada suaves, diga-se), algo semelhante a “inimigo dos EUA é meu amigo”, o que não leva a nada de bom, os EUA já praticaram esta orientação no período bipolar e os resultados não foram bons.
Hoje, Bush é praticamente ignorado. As suas palavras não são ouvidas, nem pelos seus compatriotas – a título de exemplo, o Congresso está novamente a debater uma proposta de retirada das tropas americanas do Iraque, apesar de Bush já ter afirmado que a vai vetar no caso de uma provável votação a favor.
Acontece que, contrariamente ao que muita gente julga, os EUA ainda são uma democracia onde os cidadãos escolhem os seus líderes por um período de tempo limitado (menos os juízes do Supremo Tribunal que são nomeados a título vitalício pelo presidente, mas isso é outra história...) e o período de tempo de Bush está a chegar ao fim. Tomou posse em Janeiro de 2001, reeleito em Novembro de 2004 para um segundo mandato que começou em Janeiro de 2005, o seu sucessor irá ser votado em Novembro do próximo ano para tomar posse em Janeiro de 2009, resta assim um ano e meio de presidência Bush, onde dificilmente serão tomadas medidas fulcrais susceptíveis de provocar indignação entre as pessoas com uma opinião desfavorável dos EUA.
A meu ver, a subida de popularidade provocada pelo 11 de Setembro foi inteiramente provocada pelas circunstâncias e não pelas características pessoais do presidente. Uma vez que, já o vimos, Bush não tem nem uma grande capacidade de liderança, nem uma habilidade diplomática inata para conseguir apoios a nível global, nem uma boa capacidade de comunicação, seria uma questão de tempo até a sua presidência voltar a cair no marasmo – os acontecimentos do seu segudo mandato muito contribuíram para isto, uma situação no Iraque que se arrasta penosamente e onde ninguém sabe ao certo o que há de fazer, escândalos que afectaram alguns dos seus colaboradores mais chegados, alegações de abusos de poder por parte do vice-presidente, falta de transparência na sua administração, etc...
É assim que, se o panorama até lá não se alterar significativamente, George W. Bush irá sair da Casa Branca em Janeiro de 2009 de forma semelhante àquela com que entrou – assobiado, sem apoios e as décadas seguintes irão remetê-lo ao esquecimento, associando apenas o seu nome a verdadeiras tragédias nacionais dos EUA – 11 de Setembro, Afeganistão, Iraque...
Não sei quem vai ser o próximo presidente dos EUA, mas uma coisa é certa – vai ter um trabalho duríssimo pela frente e vai, injustamente a meu ver, herdar um ressentimento global sem precedentes.
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