Os grandes quê...?
Seria um pouco exagerado da minha parte dizer que os portugueses gostam de ser explorados por déspotas autoritários - afinal, ontem só tivemos uma pequena amostra. Mas não deixa de ser verdade que, quando mais de 200 000 pessoas votam num concurso de televisão (que não pretende ser o paradigma da informação e do esclarecimento) cujo propósito é eleger "o maior português de sempre" e as duas primeiras figuras (com cerca de 60% dos votos) são duas relíquias do século XX português, os melhores exemplos de que alguns indivíduos não fazem falta alguma ao país onde nasceram e que representam, entre todos os que aspiraram à nossa liderança, as piores visões possíveis para o país, algo está podre na sociedade portuguesa.
Há quem diga que é um voto de protesto...eu não sei até que ponto isso pode ser verdade. Uma vez que para votar em algum dos dez finalistas era necessário fazer uma chamada de valor acrescentado pela qual se pagariam 60 cêntimos mais IVA, sinto-me inclinado para dizer que a maioria dos telespectadores que votou nos dois velhos abutres, fê-lo por convicção e por acreditar naquilo que fez.
E afinal de contas, que representam (ou representavam) eles? Um que esteve no poder durante 36 anos e só dele saiu quando foi gravemente ferido por uma peça de mobiliário, acreditava que Portugal deveria ser um país "pobre mas honrado", onde fosse respeitada a trilogia sagrada "deus, pátria e família" e liderado por um homem que, mais do que um político comum, era um "pai" para os seus cidadãos, para que estes pudessem continuar com as suas vidas (de preferência simples e sem política envolvida) sem discutir o que se passava no topo.
Outro não esteve no poder (porque nunca o conseguiu) mas tivemos um vislumbramento do que seria a sua governação em 1975, graças a pérolas como "Portugal nunca terá um Parlamento" e "A União Soviética é o Sol que nos aquece". Defendendo uma visão de um Estado partidarizado e centrado na luta de classes, pretendia a abolição da propriedade privada e da liberdade individual, sacrificando a livre iniciativa em nome do fim da "exploração do Homem pelo Homem" e com o objectivo de atingir precisamente o oposto disso mesmo (o comunismo). O facto de ter defendido as nada felizes intervenções soviéticas na Hungria em 1956 e na Checoslováquia em 1968 não abona nada a seu favor.
Felizmente que temos mais e melhores figuras que aqueles dois. Apesar de tudo, temos sempre o nosso próprio ser e esse, não importa quão más sejam as opções daqueles que nos rodeiam, ninguém nos pode tirar (aqueles dois bem tentaram...). Podem ter votado, na sua grande maioria, em Salazar e Álvaro Cunhal, mas eu não votei nem num, nem noutro e são tão português como os outros. Há dez milhões de entidades humanas independentes neste nosso país e enquanto eu tiver a minha liberdade individual de poder dizer o que bem me apetecer sobre este território onde eu vivo e sobre as pessoas que comigo compartilham este espaço, sinto-me muito menos preocupado do que a vitória daqueles dois podres alguma vez me poderia fazer sentir.
Há quem diga que é um voto de protesto...eu não sei até que ponto isso pode ser verdade. Uma vez que para votar em algum dos dez finalistas era necessário fazer uma chamada de valor acrescentado pela qual se pagariam 60 cêntimos mais IVA, sinto-me inclinado para dizer que a maioria dos telespectadores que votou nos dois velhos abutres, fê-lo por convicção e por acreditar naquilo que fez.
E afinal de contas, que representam (ou representavam) eles? Um que esteve no poder durante 36 anos e só dele saiu quando foi gravemente ferido por uma peça de mobiliário, acreditava que Portugal deveria ser um país "pobre mas honrado", onde fosse respeitada a trilogia sagrada "deus, pátria e família" e liderado por um homem que, mais do que um político comum, era um "pai" para os seus cidadãos, para que estes pudessem continuar com as suas vidas (de preferência simples e sem política envolvida) sem discutir o que se passava no topo.
Outro não esteve no poder (porque nunca o conseguiu) mas tivemos um vislumbramento do que seria a sua governação em 1975, graças a pérolas como "Portugal nunca terá um Parlamento" e "A União Soviética é o Sol que nos aquece". Defendendo uma visão de um Estado partidarizado e centrado na luta de classes, pretendia a abolição da propriedade privada e da liberdade individual, sacrificando a livre iniciativa em nome do fim da "exploração do Homem pelo Homem" e com o objectivo de atingir precisamente o oposto disso mesmo (o comunismo). O facto de ter defendido as nada felizes intervenções soviéticas na Hungria em 1956 e na Checoslováquia em 1968 não abona nada a seu favor.
Felizmente que temos mais e melhores figuras que aqueles dois. Apesar de tudo, temos sempre o nosso próprio ser e esse, não importa quão más sejam as opções daqueles que nos rodeiam, ninguém nos pode tirar (aqueles dois bem tentaram...). Podem ter votado, na sua grande maioria, em Salazar e Álvaro Cunhal, mas eu não votei nem num, nem noutro e são tão português como os outros. Há dez milhões de entidades humanas independentes neste nosso país e enquanto eu tiver a minha liberdade individual de poder dizer o que bem me apetecer sobre este território onde eu vivo e sobre as pessoas que comigo compartilham este espaço, sinto-me muito menos preocupado do que a vitória daqueles dois podres alguma vez me poderia fazer sentir.