Cimeira UE-África
Depois de toda uma telenovela e de expectativas crescentes envolvendo vários nomes, já sabemos que em princípio podemos contar com o simpático Robert Mugabe para a cimeira União Europeia - África em Lisboa no próximo mês de Dezembro.
A primeira consequência foi o anúncio do boicote de Gordon Brown, o PM britânico já tinha anteriormente ameaçado que não iria estar presente na cimeira caso a presença de Mugabe se confirmasse, agora parece ser definitivo que não vai estar cara-a-cara com o presidente do Zimbabwe.
No entanto, e infelizmente para o seu ego, Mugabe não vai ser o único ditador presente na cimeira. Muammar Khaddafi vai trazer o seu folclore beduíno para Lisboa, depois de quase 40 anos no poder . Ainda estou para ver se a sua guarda pessoal vai conseguir passar pelo aeroporto. De Angola chega o muito respeitável José Eduardo dos Santos, que está no poder há quase 30 anos, tem um estilo de vida frugal e comedido e, sob os seus auspícios, conseguiu realizar um número eleições livres e transparentes do que o número de membros do governo português que percebem alguma coisa de liderança nacional. Não sei se o presidente do Sudão nos vai agraciar com a sua presença, mas já agora, seria mais um indivíduo com quem se poderia trocar umas palavras interessantes acerca de Direitos Humanos. Ou porque não também falar do muito ético e responsável Ibriss Déby, o presidente do Chade que em 2006 recebeu uma larga quantia em assistência humanitária das Nações Unidas que depois utilizou na compra de armamento para esmagar uma revolta no sul do país. Os velhos estereótipos continuam vivos, sim senhor…
No entanto, e apesar de tudo isto, o grande circo vai ser montado em torno de Mugabe - e eu não percebo porquê. Longe de mim defender o homem forte de Harare, que tem muito a responder acerca da forma como dirige o seu país e como trata os seus cidadãos - há quem o admire mas eu não vejo muito que admirar num homem cujo governo destrói deliberadamente milhares de habitações na capital do país, num bairro onde vivem uma série de opositores ao seu regime.
Porque razão não são outros lideres confrontados com as suas práticas autoritárias? Porque razão Khaddafi passou a ser “bonzinho” aos olhos da comunidade internacional a partir do momento em que anunciou que iria abandonar o apoio a actividades terroristas? Porque motivo Gordon Brown está a fazer uma birra por causa de Mugabe mas não mostrou problemas éticos no que diz respeito à Arábia Saudita ou à China? O PM português também não tem grandes problemas desses, depois de ter elogiado as práticas de Vladimir Putin, de se ter recusado a receber o Dalai Lama e de não ousar tocar na questão dos Direitos Humanos em Angola, José Sócrates prepara-se então para receber Mugabe&outros como se de líderes legítimos e democraticamente eleitos se tratassem. Diferenças culturais, vão-me dizer? Diferentes entendimentos do conceito de democracia? Democracia ocidental como algo que apenas deve ser aplicado no ocidente? Muito bonito, mas desconheço qual a ideologia onde é aceitável manipular eleições, brutalizar a oposição e concentrar o poder político, económico e judicial num estreito círculo de poder e ainda assim afirma estar correcta.
A primeira consequência foi o anúncio do boicote de Gordon Brown, o PM britânico já tinha anteriormente ameaçado que não iria estar presente na cimeira caso a presença de Mugabe se confirmasse, agora parece ser definitivo que não vai estar cara-a-cara com o presidente do Zimbabwe.
No entanto, e infelizmente para o seu ego, Mugabe não vai ser o único ditador presente na cimeira. Muammar Khaddafi vai trazer o seu folclore beduíno para Lisboa, depois de quase 40 anos no poder . Ainda estou para ver se a sua guarda pessoal vai conseguir passar pelo aeroporto. De Angola chega o muito respeitável José Eduardo dos Santos, que está no poder há quase 30 anos, tem um estilo de vida frugal e comedido e, sob os seus auspícios, conseguiu realizar um número eleições livres e transparentes do que o número de membros do governo português que percebem alguma coisa de liderança nacional. Não sei se o presidente do Sudão nos vai agraciar com a sua presença, mas já agora, seria mais um indivíduo com quem se poderia trocar umas palavras interessantes acerca de Direitos Humanos. Ou porque não também falar do muito ético e responsável Ibriss Déby, o presidente do Chade que em 2006 recebeu uma larga quantia em assistência humanitária das Nações Unidas que depois utilizou na compra de armamento para esmagar uma revolta no sul do país. Os velhos estereótipos continuam vivos, sim senhor…
No entanto, e apesar de tudo isto, o grande circo vai ser montado em torno de Mugabe - e eu não percebo porquê. Longe de mim defender o homem forte de Harare, que tem muito a responder acerca da forma como dirige o seu país e como trata os seus cidadãos - há quem o admire mas eu não vejo muito que admirar num homem cujo governo destrói deliberadamente milhares de habitações na capital do país, num bairro onde vivem uma série de opositores ao seu regime.
Porque razão não são outros lideres confrontados com as suas práticas autoritárias? Porque razão Khaddafi passou a ser “bonzinho” aos olhos da comunidade internacional a partir do momento em que anunciou que iria abandonar o apoio a actividades terroristas? Porque motivo Gordon Brown está a fazer uma birra por causa de Mugabe mas não mostrou problemas éticos no que diz respeito à Arábia Saudita ou à China? O PM português também não tem grandes problemas desses, depois de ter elogiado as práticas de Vladimir Putin, de se ter recusado a receber o Dalai Lama e de não ousar tocar na questão dos Direitos Humanos em Angola, José Sócrates prepara-se então para receber Mugabe&outros como se de líderes legítimos e democraticamente eleitos se tratassem. Diferenças culturais, vão-me dizer? Diferentes entendimentos do conceito de democracia? Democracia ocidental como algo que apenas deve ser aplicado no ocidente? Muito bonito, mas desconheço qual a ideologia onde é aceitável manipular eleições, brutalizar a oposição e concentrar o poder político, económico e judicial num estreito círculo de poder e ainda assim afirma estar correcta.