28.11.06
O que leva o líder da igreja católica a visitar um país onde o número de católicos é inferior a trinta mil? Mais um sinal de que os assuntos religiosos foram, são e nunca deixarão de ser interligados com política, caso contrário nunca um líder católico teria motivos para visitar a Turquia.
Quando pensamos no estado do Vaticano, a primeira coisa que nos vem à cabeça, normalmente não é política ou manobras estratégicas, mas a verdade é que constitui uma das entidades mais activas do ponto de vista diplomático - resta saber se as consequências são positivas ou negativas.
Para os meus lados, uma vez que considero toda e qualquer interferência da religião na vida pública [e já agora privada também] como negativa, a minha opinião será mais que óbvia. Mas é um sinal que não podemos ignorar, o Vaticano e a organização que o administra, é uma entidade política com motivações religiosas e as suas acções vão além dos assuntos favoritos da igreja - como a contracepção, clonagem, aborto, eutanásia e pesquisa de células estaminais.
Não nos podemos esquecer que a igreja católica tem uma estratégia bem delineada acerca da sua existência e coexistência com os estados que compõem o sistema internacional, sejam eles habitados maioritariamente por católicos ou não. Subestimar a sua capacidade de influenciar consciências será ignorar uma ameaça com potencial para agitar mentalidades e provocar pressões políticas em assuntos que, aparentemente, nada têm a ver com a religião cristã.
Afinal, nem toda a política religiosa é feita por muçulmanos irados que incendeiam vestígios da presença ocidental nas ruas, o catolicismo tem as suas formas mais subtis de exercer pressão e se não for devidamente controlado [leia-se, restringido e amarrado, reduzido ao mínimo] pode tornar-se num verdadeiro problema para as autoridades mais incautas.
26.11.06
É impressão minha ou...
...Lisboa está cada vez mais vazia?
A sério, o que pretendem fazer da nossa capital? Um ponto turístico numa parte, um depósito de casas velhas e degradas onde vivem idosos, marginais e traficantes de droga noutra parte, e uma área de condomínios de luxo onde vivem famílias prósperas noutra parte - é o que dá a entender e é o que é referido na última edição do Expresso.
Não se tratando apenas da subida dos encargos para os residentes, a falta de qualidade dos serviços em Lisboa leva cada vez mais pessoas para fora da cidade. Como se justifica que numa cidade de onde sairam mais de 250 000 pessoas em 25 anos se construam novos empreendimentos todos os anos? Em breve, a população de Lisboa vai situar-se abaixo do limiar dos 500 000 habitantes, enquanto os concelhos da área metropolitana vão continuar a aumentar os seus números. No dia em que a cidade de Lisboa apenas funcione durante as horas de expediente e seja uma cidade fantasma durante a noite e fins-de-semana, o que lhe vão fazer?
25.11.06
Polvo
Fossem os nossos decisores pessoas íntegras e de confiança, não haveria problema.
Sendo eles quem são, há um grande problema. Não é preciso muito para ver que o actual governo sofre de um problema de identidade - isso reflecte-se em traços de autoritarismo e operações de propaganda que esticam bastante o limite do tolerável em democracia.
Como tal, esta notícia só pode ser vista com cepticismo e desconfiança, não estivesse a administração do Estado nas mãos de quem está.
22.11.06
ITER
Foi ontem assinado em Paris o acordo que vai permitir o início das experiências de energia de fusão - um processo análogo ao que se verifica no interior das estrelas - com o objectivo de criar uma nova forma de produção de energia para o terceiro milénio, reduzir a dependência dos combustíveis fósseis e criar um património científico para a Humanidade. O carácter universal do projecto ITER é confirmado pelos signatários do acordo - União Europeia, EUA, Japão, China, Índia, Rússia e Coreia do Sul - e o reactor experimental será construído no sul de França, com um investimento de 5 mil milhões de Euros. O reactor experimental irá gerar cerca de 500 MW de energia, no que será a primeira utilização de energia de fusão no planeta Terra.
20.11.06
Old habits die hard
E alguns não desaparecem. A arrogância é um deles e por mais operações de maquilhagem que façam, nunca deixa de existir. Já em Outubro vimos como foi assassinada uma jornalista crítica do Kremlin, com contornos muito suspeitos que apontam, ou para participação das autoridades russas, ou pelo menos para conivência. Ontem um ex-agente dos serviços secretos a viver em Londres, também ele crítico do actual poder em Moscovo, foi envenenado e encontra-se em estado grave. Não sei o que será maior - se a perversão e autoritarismo do poder russo e a impunidade com que silencia os seus opositores mais incómodos, se a falta de integridade e a bofetada com que lida com os assuntos, que não parecem mudar em nada com os tempos. Nem com os tempos, nem com as circunstâncias, os que esperavam uma mudança depois dos protestos de Outubro passado já devem ter recolhido o optimismo, porque a Rússia está de facto diferente - há 20 anos, seria fácil encontrar um culpado, hoje não é e dificilmente será punido.
19.11.06
Aqui está ela
Foi hoje posta à venda na América do Norte - fizeram-se filas e filas enormes de seguidores ansiosos, e no entanto não houve distúrbios como houve há três dias atrás por ocasião de um outro lançamento, isto porque a Nintendo teve o bom senso de disponibilizar cerca de 400 000 unidades para lançamento, de forma cenas tristes e fizeram muito bem - o sucesso está a ser grande mas bem organizado. Dia 2 de Dezembro é a vez do Japão e por cá, no dia 8 veremos como vai ser. Aguardamos, com ansiedade mas paciência, porque a paciência é uma virtude.
18.11.06
Primeiro contacto
Já a experimentei...e gostei muito!
Joguei cerca de 5 minutos do Zelda - Twilight Princess e as primeiras impressões são estas:
- jogar um RPG desta forma requer um nível de concentração que até aqui ignorávamos, ao mesmo que aumenta e bastante, a absorção e o realismo do jogo
- uma série de movimentos tornam-se mais soltos menos pré-definidos, sobretudo os golpes de espada
Joguei cerca de 5 minutos do Zelda - Twilight Princess e as primeiras impressões são estas:
- é necessário um pouco de tempo de habituação ao Wiimote, não tanto pela parte do movimento instintivo, mas sim para podermos fazer uma interacção correcta entre o comando e o meio
- uma série de movimentos tornam-se mais soltos menos pré-definidos, sobretudo os golpes de espada
- há um pequeno desfasamento temporal [cerca de meio segundo] entre o movimento que fazemos com a mão e o golpe de espada propriamente dito, mas será concerteza impossível de evitar
Esta foi, muito provavelmente, a forma mais complexa de ter a primeira experiência com a Wii, os jogos Zelda nunca primaram pela simplicidade mas a verdade é que se com o Twilight Princess, não foi difícil entrar no sistema, com os outros jogos certamente que será rápida a integração total no universo Wii.
17.11.06
Fuga à educação
Reconhecer uma equivalência ao ensino secundário a pessoas que tenham deixado a escola no 9º ano e tenham 3 anos de experiência profissional não é mais do que abandonar uma parte fulcral do papel do Estado no que diz respeito à educação, nomeadamente à educação intermédia.
Quais serão então os critérios? Uma pessoa com o 9º ano de escolaridade não tem competências para trabalhar num emprego que lhe permita adquirir um grau de conhecimentos comparável aos de uma pessoa com o ensino secundário completo. Como vão ser vistas, assim, as pessoas com um certificado de equivalência ao ensino secundário? Como "equivalentes à educação secundária" ou como pessoas que concluíram o 12º ano, quando isto não aconteceu?
E vão poder ter acesso à universidade? Como, se para isso os alunos do 12º ano têm de realizar exames nacionais? Voltámos à mesma questão, como vão avaliar as competências e conhecimentos de forma a que aquelas pessoas possam aceder à universidade?
Parece-me que a verdadeira mensagem do Governo é antes esta: não se incomodem em cumprir o 12º ano, saiam da escola depois do 9º ano, vão para um emprego onde não têm nenhum nível de responsbilidade nem poder de decisão, ganhem [pouco] dinheiro, o país gasta menos, e ao fim de 3 anos é como se tivessem feito o mesmo que qualquer pessoa com o 12º ano. E assim se contornam as estatísticas que apontam Portugal como o país da UE com o menor índice de qualificações da sua população activa.
PS: será que é assim que o "Portugal de Sócrates" se vai realizar?
16.11.06
14.11.06
Será em Março
Mais de três anos depois, com interrupções, providências cautelares, polémicas, gastos desnecessários, atrasos inimagináveis, parvoíce e disparate e muita poeirada pelo meio, será em Março de 2007 que o túnel do Marquês, promessa eleitoral de Santana Lopes em 2001, estará finalmente pronto.
A obra mais inútil de Lisboa e que mais problemas causou à circulação na cidade será inaugrada em Março do próximo ano, mas...pode não ser desta. Afinal, a extensão do metro vai interferir com a saída do túnel para a Avenida António Augusto de Aguiar. Não me digam que julgavam que isto ia estar resolvido de uma única vez, lembrem-se que isto é uma obra em Portugal e se os prazos fossem cumpridos sem qualquer problema, seria de estranhar.
Só para chatear, o Empire State Building demorou pouco mais de um ano a ser construído.
Impunidade
Impunidade, disseram vocês?
Que outro nome tem então, um massacre de manifestantes sem que os perpetradores sejam alvo de um castigo exemplar? Eu também não conheço outro nome, mas às vezes acontecimentos a milhares de quilómetros de distância mostram-nos algumas coisas sobre ós próprios que talvez preferíssemos não saber.
Em 2005, no mês de Maio, mais concretamente num país chamado Uzbequistão, umas certas autoridades que detêm o poder de fazerem virtualmente tudo o que quiserem, levaram este monopólio de poder às consequências mais negras. O resultado? No próprio país, nenhum. Esperava-se uma vaga de contestação internacional, indignação, talvez até acções concretas, mas pocuo passou do plano simbólico.
A União Europeia, fazendo jus à sua condição de potência económica mas de cortesia política para com os outros, aprovou um pacote de sanções ligeiramente incomodativas, algo na linha de "Ficámos perturbados com os acontecimentos no vosso país, por favor parem de massacrar civis inocentes. Se não o fizerem, teremos de vos pedir, por favor, mais uma vez." E foi isto.
Hoje, essas medidas foram renovadas, não que tenham alguma consequência, mas apenas para satisfazer as consciências mais pesadas de alguns protagonistas europeus. Na prática, pocuo muda, pelo contrário, os uzbeques continuam a sofrer o mesmo risco de morrer às mãos das autoridades do que em 2005 e enquanto a União Europeia não tiver a coragem de assumir uma vocação de intervenção global e de convencer os seus intervenientes que não há mal nenhum em adoptar uma voz firme contra um país que, em nosso entender, pratica umas acções eticamente pouco correctas [este foi o eufemismo mais suave que eu encontrei], a própria evolução da UE manterá perspectivas pouco promissoras.
12.11.06
10.11.06
Para quem ainda os levava a sério
Na edição de ontem da Visão temos uma "bela" lista das quantias que o Orçamento de Estado para 2007 prevê em despesas dos gabinetes de cada ministro do actual governo.
Leiam-na e digam-me se não é motivo mais do que suficiente para um levantamento geral da população portuguesa. Se até aqui eu dificilmente seria capaz de levar o governo a sério, agora é oficial: ética, civismo e integridade são incompatíveis com cargos políticos.
9.11.06
Regresso à actividade
Depois de uma curta interrupção, eis este espaço de volta à actividade.
É óbvio que não se poida ignorar os últimos acontecimentos. Vai mudar alguma coisa em Washington? Duvido, de acordo com os Democratas, a sua maioria na Câmara dos Representantes vai representar o regresso "da honestidade e ética" à instituição. Sem ser cínico, julgo que essas são duas qualidades raras naquele local, tanto para o lado dos republicanos como para o lado dos democratas.
Claro que foi positivo Donald Rumsfeld ter finalmente deixado o governo. Positivo, ou devo dizer, menos negativo, uma vez que foi uma correcção que devia ter sido feita há 6 anos [se ele nunca tivesse entrado na administração, nunca seria uma substituição mas vocês perceberam]. E mais uma vez, o erro do costume - não podem sair do Iraque. Querem, claro que querem, eu também quereria se lá estivesse, mas isso teria como consequência a queda final do país e os EUA ganhariam mais um inimigo.
Por aqui, hoje e amanhã temos uma greve geral da função pública, e felizmente que assim é. Face a um governo que encara uma maioria absoluta como carta branca para fazer, literalmente, o que quer e inverter as interpretações do funcionamento da sociedade - congelamento que se mantém da progressão de carreiras da função pública, aumento do IVA, encerramento de maternidades e urgências, alterações ao estatuto da carreira docente, aumento do IRS sobre sectores mais fragilizados dos contribuintes, etc.
Claro que para aprovar uma lei simples que descrminalize a prática de aborto de uma vez por todas, são necessários meses e meses de debates, comissões, trocas de insultos, marcação de referendo e tudo isto para decidir algo que já devia ter sido decidido há anos atrás.
Face a tudo isto, espero que mais greves gerais se realizem, bem como todas as acções possíveis que prejudiquem a imagem de um governo que se dá ao luxo de pagar reportagens em publicações estrangeiras que apresentem Portugal como um país em crescimento devido à benéfica actuação do executivo "socialista" e do "salvador" Sócrates.
1.11.06
Obstáculos desconhecidos
Por algum motivo que me ultrapassa, não consegui aqui colocar imagens nos últimos dias, e uma vez que tinha planeado fazer isso mesmo para estes dias, suponho que este espaço vai ficar numa espécie de suspensão durante mais dois ou três dias até que eu coloque mais um post inteiramente escrito. Até lá, as minhas desculpas aos [quatro ou cinco] leitores que por aqui passam diariamente.
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