17.11.06

Fuga à educação

Reconhecer uma equivalência ao ensino secundário a pessoas que tenham deixado a escola no 9º ano e tenham 3 anos de experiência profissional não é mais do que abandonar uma parte fulcral do papel do Estado no que diz respeito à educação, nomeadamente à educação intermédia.
Quais serão então os critérios? Uma pessoa com o 9º ano de escolaridade não tem competências para trabalhar num emprego que lhe permita adquirir um grau de conhecimentos comparável aos de uma pessoa com o ensino secundário completo. Como vão ser vistas, assim, as pessoas com um certificado de equivalência ao ensino secundário? Como "equivalentes à educação secundária" ou como pessoas que concluíram o 12º ano, quando isto não aconteceu?
E vão poder ter acesso à universidade? Como, se para isso os alunos do 12º ano têm de realizar exames nacionais? Voltámos à mesma questão, como vão avaliar as competências e conhecimentos de forma a que aquelas pessoas possam aceder à universidade?
Parece-me que a verdadeira mensagem do Governo é antes esta: não se incomodem em cumprir o 12º ano, saiam da escola depois do 9º ano, vão para um emprego onde não têm nenhum nível de responsbilidade nem poder de decisão, ganhem [pouco] dinheiro, o país gasta menos, e ao fim de 3 anos é como se tivessem feito o mesmo que qualquer pessoa com o 12º ano. E assim se contornam as estatísticas que apontam Portugal como o país da UE com o menor índice de qualificações da sua população activa.
PS: será que é assim que o "Portugal de Sócrates" se vai realizar?

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