Impunidade
Impunidade, disseram vocês?
Que outro nome tem então, um massacre de manifestantes sem que os perpetradores sejam alvo de um castigo exemplar? Eu também não conheço outro nome, mas às vezes acontecimentos a milhares de quilómetros de distância mostram-nos algumas coisas sobre ós próprios que talvez preferíssemos não saber.
Em 2005, no mês de Maio, mais concretamente num país chamado Uzbequistão, umas certas autoridades que detêm o poder de fazerem virtualmente tudo o que quiserem, levaram este monopólio de poder às consequências mais negras. O resultado? No próprio país, nenhum. Esperava-se uma vaga de contestação internacional, indignação, talvez até acções concretas, mas pocuo passou do plano simbólico.
A União Europeia, fazendo jus à sua condição de potência económica mas de cortesia política para com os outros, aprovou um pacote de sanções ligeiramente incomodativas, algo na linha de "Ficámos perturbados com os acontecimentos no vosso país, por favor parem de massacrar civis inocentes. Se não o fizerem, teremos de vos pedir, por favor, mais uma vez." E foi isto.
Hoje, essas medidas foram renovadas, não que tenham alguma consequência, mas apenas para satisfazer as consciências mais pesadas de alguns protagonistas europeus. Na prática, pocuo muda, pelo contrário, os uzbeques continuam a sofrer o mesmo risco de morrer às mãos das autoridades do que em 2005 e enquanto a União Europeia não tiver a coragem de assumir uma vocação de intervenção global e de convencer os seus intervenientes que não há mal nenhum em adoptar uma voz firme contra um país que, em nosso entender, pratica umas acções eticamente pouco correctas [este foi o eufemismo mais suave que eu encontrei], a própria evolução da UE manterá perspectivas pouco promissoras.
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