24.9.05

Eine besser zukunft für Deutschland

Assistimos a um cenário curioso, naquele que é, discutivelmente, o país mais poderoso da Europa. O partido que venceu as eleições legislativas, com uma curta margem sobre o segundo classificado, não dispõe de condições para formar governo e não celebra vitória. Por sua vez, o actual partido no poder, que perdeu as eleições, anuncia vitória e afirma ter condições necessárias para formar uma maioria estável no Bundestag, partindo de uma coligação SPD – Verdes – Die Linke, que lhe permite governar com estabilidade. Por sua vez, o partido mais provável de se coligar ao grupo CDU – CSU que apoiou Angela Merkel para o cargo de Chanceler, os liberais do FDP, não atingiram a votação necessária para formar uma maioria absoluta com os democratas-cristãos. Ou não terá sido antes a CDU – CSU que não convenceu suficientes alemães a votarem em si? Qualquer que tenha sido, os resultados estão à vista, e contrariamente ao que se costuma dizer por cá, os alemães são bem mais criativos e imaginativos que pensamos, pois em vez de terem dado uma vitória clara a Schröder ou a Merkel, preferiram deixar os dois partidos à beira do abismo, obrigando os seus líderes a uma flexibilização mental e a uma série de cálculos, prevendo todos os cenários possíveis para o futuro próximo da Alemanha.

Contrariamente ao que os empresários possam pensar, este cenário é muito interessante do ponto de vista político e, sobretudo, do ponto de vista da democracia, porque dá um sinal bem claro que o desgaste democrático na Europa não tomou conta de um dos seus países mais importantes, passo a explicar porquê: em toda a Europa Ocidental, as décadas de estabilidade democrática e de desenvolvimento, embora tenham resultado no nível de vida mais elevado do Mundo para os seus cidadãos, vieram afastá-los dos princípios nos quais os seus países se baseiam. Isto porquê? Porque o poder político nacional é sempre dominado por dois grandes partidos que alternam ciclicamente entre si o governo. Os dois partidos são invariavelmente um partido dito social-democrata [em Portugal como os políticos são idiotas, chamam-lhe um partido socialista] e um partido dito democrata-cristão ou partido conservador, ou partido liberal, que em Portugal, pela razão referida no parêntese anterior, é conhecido como um partido social democrata. Os partidos mais pequenos, que nunca vencem as eleições legislativas, desempenham várias vezes o papel de decisores em situações delicadas, ou de parceiros de coligação, sendo estes partidos conhecidos como ecologistas, comunistas, direitistas, populistas, e outras generalizações engraçadas acabadas em "ista". Infelizmente para nós, isto resulta num alheamento da política em relação ao cidadão e vice-versa. Todas as pessoas [ou pelo menos a maioria] tem esta estrutura na cabeça, e de acordo com o progresso ou não, do país no período da legislatura, recompensam ou castigam o partido do poder, numa alternância cíclica a que cinicamente nos habituámos e que vai contra o próprio vocábulo "democracia".
E o que tem a Alemanha a ver com isto? Ao votarem como votaram no passado domingo, os alemães mostraram que não podem entregar a liderança do seu país a um bloco bicéfalo e que o seu papel no processo democrático vai muito além de colocar um X num quadrado para validar o SPD ou a CDU e instalá-los no poder por mais quatro anos. Os alemães mostraram que têm consciência da situação do seu país e que querem ver um maior respeito pelas suas opções nomeadamente, esta, que deve estar a ser alvo de discussões incríveis no seu país. Para a máquina bicéfala, foi uma grande lição, para os partidos ditos "terceiros", é uma grande oportunidade, para os alemães, é a forma de se fazerem ouvir junto dos corredores do poder, cada vez mais distantes da população de uma Europa cada vez mais integrada.

21.9.05

O povo adora uma boa artista

Hoje fomos brindados com uma actuação inédita da Garota de Ipanema! Esta natural do Brasil voou para Portugal, onde devido à sua imensa popularidade [tem um núcleo de fans fervorosos!] teve de receber protecção policial da multidão em delírio que aclamava o seu nome. Aliás, o nome e a obra desta autêntica diva é tão grande que até um tribunal interrompeu o seu regular funcionamento para ouvir a actuação desta tão talentosa senhora! Isto é de tal forma febril que ela foi proibida de abandonar o país, de forma a evitar revoltas populares que exigissem a permanência da artista no nosso país, tal não é a admiração que nutrem por tão popular senhora...
Isto é inconstitucionalidade atrás de inconstitucionalidade, o que o povo não faz pela sua diversão, aliás, as autoridades também! Agora que falamos disso, estou com curiosidade quanto à obra artística da referida senhora, mas não sei o nome do álbum. Alguém me ajuda? Só sei que tem uma capa azul...

15.9.05

60ª Assembleia Geral das Nações Unidas - New York 2005

Assembleia Geral das Nações Unidas: ocasião que se repete todos os anos em Setembro, na qual se ouvem promessas mais impossíveis do que em todas as casas do Pai Natal juntas ( daquelas que se encontram em todos os grandes espaços comerciais do Mundo) no mês de Dezembro.
Ou dito de outra forma, e porque eu acredito nas Nações Unidas, o melhor exemplo de como as palavras do Chefe de Estado ou do Chefe de Governo representam pouco mais do que uma retórica vazia e de uma tentativa de apaziguar as vozes mais enérgicas que insistem em mudar conjunturas que lhes parecem erradas (e a mim também). Ao ouvir as declarações dos mais de 150 Chefes de Estado e de Governo que se deslocam a Nova York para se dirigirem à Organização com 191 Estados Membros, o mais ingénuo dos Terráqueos julgaria que a partir daquele instante, entraria em marcha todo o processo capaz de cumprir a 100% os objectivos expressos pela figura que se dirigiu ao Mundo. Por sua vez, o mais céptico de nós julgaria tratar-se apenas de frases soltas sem razão de existência que apenas expressam o "dever ser" como forma de mantermos vivas, por mais algumas gerações, aquilo que julgamos ser o famigerado "mundo melhor" mas que constantemente nos mostramos incapazes de o criar para os nossos descendentes, dando origem à seguinte questão: somos apenas incompetentes, ou cruéis?
Nem uma coisa nem outra – porque não sou maniqueísta – mas na verdade as duas. Observemos então os discursos: os líderes dos países em desenvolvimento vão do ressentimento ao graxismo, culpando os países desenvolvidos (e apenas estes) pelos seus problemas, enquanto outros se mostram fiéis ao seu maior fornecedor, explicando assim involuntariamente a sua situação de pobreza viciosa, através dos privilégios concedidos a oligarquias todo-poderosas com ligações ao Mundo desenvolvido. Nenhum, ou muito poucos, são os esforços dirigidos às causas internas, invariavelmente a corrupção, o desrespeito pelas leis e a falta de um interesse nacional definido, ou poderia apenas dizer, falta de vontade política. Quanto aos discursos dos países desenvolvidos, assemelham-se a um autêntico Pai Natal (cá voltamos ao mesmo...) com a diferença que as suas promessas não fazem as crianças ficar acordadas toda a noite, prontas para abrir os seus presentes. Porém, ao ouvi-los não julgamos nós que "vai ser desta vez" que vai haver um esforço a nível global, coordenado e bem delineado, entre países desenvolvidos e em desenvolvimento? Talvez esteja a ser demasiado ríspido para com a ONU, trata-se de uma organização respeitável com fasquias muito elevadas e que rapidamente desilude face aos números de pobreza global (um dos muitos indicadores possíveis) mas seria injusto para com a organização diminuí-la ou acusá-la de inutilidade por não conseguir cumprir na íntegra os objectivos dispostos na sua Carta constitutiva. Analogamente, quantos governos deixariam de existir se assim fosse?
Esta é uma questão que eu gostaria de colocar a todos os Chefes de Estado e de Governo presentes naquela sala e à qual gostaria de obter uma resposta sincera: o que é afinal, para vocês, a Organização das Nações Unidas? Uma organização que congrega todos os Estados soberanos do Mundo sob os mesmos objectivos? Metade da cotação... Gostaria ainda de perguntar, o que fazem vocês nas Nações Unidas, se não são capazes de se coordenar e de cumprirem os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, a Declaração Universal dos Direitos Humanos (e todos os outros convénios respeitantes aos Direitos das Crianças, à Abolição de Todas as Formas de Discriminação Contra as Mulheres, ou até a jurisdição do Tribunal Internacional de Justiça) ou sequer o mais simples dos objectivos da organização: o da paz. Os que acusam a organização de paralisia e de inutilidade são os que mais contribuem para esses mesmos pontos críticos, impedindo que a ONU seja o que deveria ser, um sujeito internacional activo (julgo que lhe falta um membro importante – membro no sentido figurado, note-se, não estou a falar de nenhum Estado) e com uma vontade própria respeitada em todo o Mundo, não um mero instrumento ou prolongamento da política externa dos Estados, ou uma soma de todas partes, com todos os riscos que isso implica.

11.9.05

Informação completamente [in]útil!

Só por curiosidade, na Finlândia, existem [e existiram] 1273 bandas metal, na Suécia são 1753 e na Noruega 656. A região é mesmo um dos maiores centros de desenvolvimento do género nas suas mais variadas vertentes - death metal, black metal, viking metal, metal sinfónico, etc... contribuindo para um cenário vibrante do metal no Norte da Europa. Isto dá um total de 3682 bandas do género [em Portugal são cerca de 275] o que nos leva a uma conclusão interessante: já sabíamos que os Nórdicos têm o melhor nível de vida do Mundo, agora sabemos que têm também o melhor panorama musical do globo!
Fonte: Encyclopaedia Metallum, link na devida secção.

8.9.05

Parecia ter batido no fundo, mas....

...no momento em que eu julgava que as televisões portuguesas não podiam, de forma alguma, descer de nível, hoje fomos brindados com a implosão das torres de Tróia como notícia de abertura. Mais do que uma simples demolição de dois edifícios inúteis, foram um verdadeiro acontecimento social! A implosão foi transmitida em directo na SIC, teve direito a tribuna VIP que assistiu ao evento como se de uma festa de ano novo se tratasse e o próprio Primeiro Ministro teve as honras de accionar o detonador que reduziu a pó os dois mostrengos [era um detonador simbólico, mas ao mesmo tempo muito irónico porque tudo o que Sócrates diz não passa do plano simbólico...] e a cobertura televisiva nos noticiários das 20:00 teve direito a mais de quinze minutos, ou seja, mais ou menos o mesmo tempo de antena que teria direito um jogo de futebol capaz de parar o país.
As torres em questão faziam parte de um projecto turístico fracassado da década de 1970, foram demolidas por se encontrarem abandonadas e para que se possa dar início à construção de um novo complexo. Isto justifica a transmissão televisiva? Se qualquer dúvida houvesse sobre a mesquinhez e atraso dos decisores nas televisões portuguesas, dissiparam-se e a partir de agora é oficial: este é um país tão saloio que a implosão de duas torres que se encontravam abandonadas há anos assume importância ao ponto de abrirem os informativos de maior audiência! Qual é afinal a razão por detrás disto? Será a implosão das torres a única notícia que as estações de televisão acharam que não iria deprimir os portugueses? Mas não adoram eles bombardear-nos com notícias que parecem querer deliberadamente baixar a nossa auto estima ao ponto de termos vontade de fugir daqui?

6.9.05

Homer Simpson - phrase for the day!

"If you really want something in this life, you have to work for it. Now, quiet! The're about to announce the lottery numbers... "

3.9.05

Contaminação - vírus ataca em grande escala a nível nacional

As medidas previstas para impedir que a gripe das aves chegue a Portugal são relevantes, mas temos uma doença de carácter nacional que a maior parte das pessoas, muito menos as autoridades, ainda não tomou consciência. O que torna esta doença em algo extremamente complexo, quase impossível de erradicar, é o seu carácter prolongado e os anticorpos que foi criando ao longo dos anos. É difícil de categorizar, não tenho a certeza se se trata de um vírus, de uma bactéria ou de um bacilo...talvez seja um vírus, se tivermos em conta as suas características e desenvolvimentos, começa por ser algo muito pequeno que se alastra pelo organismo, destruindo as defesas que encontra, enfraquecendo as estruturas e contaminando os organismos à sua volta, pode ainda entrar em mutação e tornar-se mais poderoso, mais perigoso e resistente aos antibióticos. Sim, tratá-la-emos como um vírus, ainda que não tenhamos a certeza do que se trata.

Este vírus trata-se de um pequeno filamento de tamanho submicroscópico, que infecta as células existentes no plasma, cuja função, já sabemos, é de transportar oxigénio ao cérebro e os nutrientes aos órgãos, se bem me lembro. A consequência de uma infecção por parte deste vírus é a degradação do estado das células que infecta, tornam-se cada vez mais frágeis, menos eficientes nas suas funções, podendo mesmo tornar-se irremediavelmente perdidas, tal não é o estado do seu núcleo e citoplasma, após terem sido infectadas pelo referido vírus. As que são perdidas, a muito custo são regeneradas – este vírus possui um poder destrutivo particularmente grande, sendo notória a forma como afecta a regeneração das células, foram registados casos de células que, aquando da sua regeneração, foram substituídas por células doentes – enquanto as infectadas levam uma existência agonizante, definhando ao longo da corrente e prejudicando as células saudáveis em seu redor, bem como os organismos perante os quais se reporta.
As consequências em grande escala são um organismo cada vez mais debilitado, à medida que as células infectadas se multiplicam e alastram a todos os órgãos vitais, arrastando-os na sua degradação e autodestruição, à medida que a proteína responsável se alimenta à custa das células que consome. Se não for travado a tempo, ainda dentro de cada célula, antes de atingir os órgãos vitais, principalmente o fígado e o cérebro, o vírus pode degradar a qualidade de um organismo inteiro, levando-o a ser irreconhecível dos outros. Em casos extremos, verificou-se mesmo a morte de alguns pacientes.
Encontramo-nos num ponto decisivo no combate a este vírus. Ele já existe há bastante tempo, de acordo com os relatos a que temos acesso, é impossível determinar com exactidão o ano em que foi registado pela primeira vez no nosso país, mas ele existe e é visível. Como qualquer vírus poderoso, consegue renovar-se e tornar-se cada vez mais resistente aos antibióticos e vacinas, podemos até afirmar que este vírus possui várias estirpes que mudam consoante o tempo. Eu pessoalmente concordo com a teoria mais recente, cujos pressupostos afirmam que na última campanha de vacinação, o vírus não foi erradicado mas sim substituído por uma nova geração [de estirpe até então desconhecida] mais resistente e com maior consistência, aproveitando-se da fraqueza das células que infectaram. O mais trágico, é que nada disto foi registado na altura.
Isto não é invenção, nem tão pouco um delírio ou uma teoria da conspiração. Como já disse, o vírus existe e se as defesas não forem reforçadas, podemos mesmo atingir uma situação de pânico nacional, visto que não há cura, apenas tratamento e prevenção. Importa assim, o mais depressa possível, lançar uma campanha a larga escala que incida não só sobre a quantidade e eficiência dos leucócitos [vulgo, glóbulos brancos, responsáveis pela defesa do organismo] bem como sobre as próprias células susceptíveis de serem infectadas. O combate ao vírus não pode conhecer tréguas, tem de ser levado até ao fim, sem quaisquer interrupções [por mais que isso custe]. O vírus tem de ser encarado com toda a implacabilidade que ele merece e o único objectivo que nos interessa é a sua erradicação.
Desafio-vos agora a interpretar o meu texto, sejam livres e eu vos direi a distância a que acertaram do ponto nevrálgico.

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