Arquitectura estalinista
O domínio de Estaline sobre a URSS não se limitou ao aspecto político da centralização, absolutismo e repressão ou ao aspecto económico da colectivização forçada da economia com o objectivo de tornar a União Soviética na maior potência mundial. A vertente cultural e artística foi também alvo da acção do PCUS e, na sua faceta mais visível, a arquitectura estalinista é a expressão máxima da concepção de Estaline, da sua visão para a União Soviética e do seu pensamento de consequências terríveis para milhões de cidadãos soviéticos (e não só) que sofreram com as suas decisões. Por considerar que o espaço soviético sofria de um atraso crónico face ao Ocidente, Estaline entendeu empreender um corte político, económico, social e cultural com o passado, de forma a eliminar todos os vestígios do Império Russo e contruir a URSS não de acordo com a teoria marxista-leninista mas sim de acordo com os seus próprios desígnios pessoais, num projecto que vai além de tudo o que já fora antes visto e onde o "regente absoluto" aparece como o próprio Leviathan, centralizador de todos os poderes e com capacidade de enviar milhões de pessoas para a morte com uma assinatura.
Como expressão de tais desígnios, não surpreende que entre 1933 e 1955 (dois anos após a morte de Estaline), tenha sido empreendida em Moscovo a construção das estruturas que haveriam de ficar para a história como "As sete irmãs" e que representavam materialmente o plano estalinista de engrandecimento da União Soviética. Inspirado no Municipal Building de nova York, construído em 1914 com base num estilo Romano Imperial, Estaline delineou a sua concepção para o chamado "Palácio dos Sovietes", cujo projecto e construção estariam a cargo da recém-criada Academia de Arquitectura ao abrigo de uma lei de 1932 que ilegalizava todas as organizações independentes e obrigava à criação de novas organizações laborais sujeitas ao escrutínio do PCUS. O Palácio dos Sovietes era demasiado ambicioso para ser contruído - consistia numa estrutura ascendente, vagamente semelhante a um míssil apoiado numa plataforma, culminada por uma estátua de Estaline e que no total atingia uma altura superior a 400 metros - mas as "pérolas" que se seguiram adaptaram o seu modelo e personificaram a isão arquitectónica do líder absoluto.
A galeria dos sete arranha-céus estalinistas de Moscovo é assim composta pelos seguintes edifícios:
- Universidade Estatal de Moscovo
- Hotel Leningradskaya
- Hotel Ukrayna
- Ministério dos Negócios Estrangeiros Soviético
- Ministério dos Transportes Soviético
- bloco de apartamentos em Kotelnecheskaya
- bloco de apartamentos em Krasnaya Presnya
Universidade Estatal de Moscovo (1949-1953)
Os edifícios apresentam um estilo neo-clássico e uma construção ascendente de forma a simbolizar um crescendo até chegar a um topo glorioso representativo dos ideais estalinistas. O estilo é também referido como se os edifícios tivessem a estrutura semelhante a um bolo de casamento. Foram ainda colocadas no topo dos edifícios antenas e esferas metálicas capazes de reflectir a luz solar e para os distinguir dos arranha-céus americanos. A morte de Estaline em 1953 e a posterior destalinização tiveram como uma das suas consequências a extinção da Academia de Arquitectura em 1955, bem como da construção estalinista, o que não significa quenão tenham surgido edifícios inspirados pelo arquitectónico de Estaline, quer na URSS, quer nos países do Pacto de Varsóvia.