1.7.05

Portugal nuclear

Ontem foi revelado o plano de um empresário investir 3,5 mil milhões de Euros na construção de uma central nuclear em Portugal. Esta ideia baseia-se na elevada dependência energética de Portugal, uma das maiores da UE, e no elevado preço dos combustíveis fósseis que prejudicam a retoma económica do país, relembrando que nos últimos dias o barril de petróleo atingiu um máximo histórico de 60 dólares.
A proposta é sem dúvida arrojada e inovadora. Uma central nuclear permitiria aumentar a produção energética de Portugal e reduzir a dependência, nomeadamente em relação a Espanha e aos combustíveis fósseis. Porém, faz sentido que um país desenvolvido no século XXI enverede pelo nuclear, quando esta opção energética já mostrou que não é superior às energias renováveis? É certo que é mais barata que os combustíveis fósseis, que eu considero totalmente obsoletos e colocam em perigo o ambiente, mas num país que se quer moderno e inovador, a opção nuclear deveria ter sido colocada há várias décadas atrás, não na actualidade quando o investimento energético do futuro está nas energias renováveis. Basta observar o exemplo dado pela construção do maior parque de energia solar da Europa em Moura.
Do ponto de vista da segurança, a energia nuclear levanta as suas óbvias preocupações. É verdade que a grande maioria dos empreendimentos nucleares são seguros, e exceptuando Chernobyl e Three Mile Island, não são conhecidos exemplos proeminentes de acidentes nucleares graves. De resto, a segurança nuclear nas respectivas centrais é levada a sério [exceptuando talvez naquela central Britânica onde um jornalista conseguiu entrar sem grandes problemas numa área restrita...] e muito cínico seria eu se partisse do princípio que uma central nuclear Portuguesa incorreria num elevado risco de segurança, devido aos Homers Simpsons que lá trabalham...
O que para mim é mais relevante é a própria aposta na energia nuclear quando esta forma de energia se encontra em declínio na Europa. Alemanha, Espanha, Suécia e Reino Unido estão já a trabalhar em soluções de desmantelamento das suas unidades nucleares. Só agora iríamos começar? Onde está a inovação e o dinamismo?

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