23.6.05

O futuro [possível] da UE

Perante o fracasso das conversações referentes às perspectivas financeiras da UE, as figuras a quem foi atribuída a maior culpabilidade foram, sem surpresa, Tony Blair e Jan Peter Balkenende, acusados por Jacques Chriac e Jean Claude Juncker de não terem tomado a atitude necessária ao compromisso orçamental e de estarem totalmente voltados para os seus próprios interesses, um por ter recusado cedências no já conhecido "British rebate", outro ainda sob a influência da vitória do "Não" no referendo ao Tratado Constitucional e que alegou o argumento de os Holandeses serem os maiores contribuintes per capita para o orçamento da União.

Se estas acusações têm fundamento, não podendo por isso ser atacadas, o que é vazio enão tem razão de ser é a recusa da França em ceder na quantidade de fundos recebidos ao abrigo da PAC. Qual a razão de um dos países mais ricos e desenvolvidos da UE receber 40% da verba destinada à Política Agrícola Comum? Não vai de maneira nenhuma ao encontro do discruso de Chirac que acusava o não-Europeísmo "patético" do Reino Unido e Holanda. De acordo com a França, esta verba foi reiterada num acordo de 2002 e que não poderá ser alterado senão daqui a vários anos, final de discussão. Se algumas dúvidas houvesse quanto à posição que Chirac pretende assumir na construção Europeia, dissiparam-se e é esta intransigência e dualidade dos padrões aplicados ao seu país e aos seus vizinhos que o torna numa figura impopular fora do seu país. Não estaria concerteza expectante por uma vitória esmagadora do "Sim" nos referendos ao Tratado Constitucional quando exige um espírito de "Euro-altruísmo" da parte de alguns países e trata-o como um tabu intocável no que diz respeito ao seu próprio país. Chirac já deveria ter consciência disto, ou dez anos na presidência da França não lhe ensinaram nada?
Deploráveis ainda as reacções dos líderes Europeus ao desfecho das conversações do Conselho de Bruxelas que encerrou a Presidência Luxemburguesa da UE. A dissolução de qualquer espírito de união que pudesse existir numa questão de dias colocou em evidência a fraqueza da coesão política Europeia e a sua falta de preparação para se tornar num actor de vocação global. É impossível dissociar este desentendimento dos "nãos" nos referendos recentes, quando o clima de construção Europeia é forçado ao ponto de os líderes se desentenderem imediatamente e enveredarem por acusações irresponsáveis, não pode ser esperado que os cidadãos validem um projecto que lhes parece distante.

Click Here