30.6.05

Localização no mapa político

Várias vezes me perguntaram a minha orientação política e várias vezes fico sem saber o que responder. Como eu sou a única cabeça ao comando deste blog, a minha orientação será também a orientação deste blog. E mais uma vez digo que não sei o que responder.
Não sei o que responder ou talvez não sabia simplesmente responder a uma pergunta tão complexa que admite tão poucas hipóteses e cujas categorias requerem ou uma ortodoxia total ou um sincretismo às vezes difícil de elaborar entre orientações diferentes.
Para os que ainda se interrogam sobre isso, vou aqui delinear alguns pontos, já que é comum os blogs assumirem-se como blggos "de esquerda" ou blogs "de direita", este é um blog do João.
- Não me identifico com nenhum partido político Português, considero aliás que o espectro partidário de Portugal é reles, populista e sem valor
- Considero que a democracia representativa não é praticada da forma como a nossa interpretação da lei fundamental o pretende. Podemos votar em eleições para eleger os nossos líderes e representantes, mas quem são eles? Na maior parte dos casos criaturas dos aparelhos dos partidos, obedecendo a uma lógica sectarista e elitista, com o objectivo de evitar o progresso do adversário
- Um Estado não é verdadeiramente democrático se as principais preocupações dos seus decisores forem o crescimento económico sem desenvolvimento Humano e estrutural. Por isto entende-se que a mera observação do crescimento do PIB, do défice, da balança de pagamentos e da taxa de desemprego não podem orientar a estratégia do governo sem uma observação a nível mais aprofundado do que estes indicadores implicam. Que interessa uma taxa de desemprego de 2% se o emprego for sobretudo precário e mal-pago? O que significa um crescimento de 5% ao ano durante dez anos se este tiver como causa um único recurso natural? Qual a realidade por detrás de um superavit de 5% se o Estado não investe?
- No que diz respeito à sociedade, defendo medidas cuja importância é exagerada mas que nem por isso deixam de ser relevantes, nomeadamente: a descriminalização do aborto até às 12 semanas, a legalização dos casamentos homossexuais e adopção de crianças por casais desta orientação, a legalização da pesquisa de células estaminais e da clonagem Humana [com fins científicos, não comerciais, entenda-se]. Defendo igualmente a delineação de uma estratégia de longo-prazo cujo objectivo seja o estreitar das desigualdades sociais, tendo em conta que um cidadão de baixo rendimento se pode ver privado de serviços e bens essenciais. Actualmente, assiste-se a essa situação em Portugal devido ao desemprego, precaridade de um grande número de pessoas empregadas, salários baixos, reduzido nível de educação da grande maioria da população Portuguesa, incompetência e inépcia dos decisores quer ao nível político, quer ao nível empresarial. O desenvolvimento em direcção a um país mais igualitário passa por uma parceria conjunta entre Estado e sector privado, sem que os princípios da economia de mercado sejam postos em causa
- Ao nível da União Europeia, defendo uma corrente federalista igualitária, com base na participação equitativa dos estados-membros da União e num esforço conjunto para a criação de interesses comuns, suficientemente importantes para que se possa finalmente implementar uma Política Externa de Segurança Comum digna desse nome, ao contrário do que temos agora. Não seria necessário redefinir documentos ou tratados constitutivos, bastaria uma mudança na conduta dos Estados. É verdade que são aspectos muito caros à soberania de cada um, mas não o eram também a política monetária, a política de fronteiras ou a agricultura? Não abdicámos do controlo monetário, da vigilância das fronteiras, da legislação sobre ambiente, agricultura e
mercado em nome de um projecto de alcance superior?
São estas as premissas que eu aqui defendo. São poucas, é verdade, mas o limite seria interminável. Tirem as vossas próprias conclusões e digam-me se me enquadro no espectro político actual.

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