AA - e por aí abaixo...
Num comunicado divulgado ontem, a agência de rating Standard&Poor's re-avaliou o rating de longo prazo da República Portuguesa de AA para AA- tendo o mesmo acontecido à Participações Públicas S.A. e à Metro de Lisboa.
Embora a descida não seja tão singificativa como eu esperava - em pior situação encontram-se a Grécia e a Itália, por exemplo - esta acção reflecte sem dúvida uma situação preocupante que pode afectar a recuperação económica de Portugal.
Significa simplesmente que a longo prazo, o risco de emprestar dinheiro a Portugal aumenta ligeiramente, pelo que terão de ser aplicadas maiores taxas de juro. Ontem, o economista César das Neves afirmou que isso não se iria reflectir directamente e neste momento nos cidadãos Portugueses ao nível de créditos mas que pode levar o Estado a subir os impostos de forma a que os empréstimos feitos a Portugal continuem a ser possíveis. Ao mesmo tempo, a imagem de Portugal sai prejudicada e mais dificilmente será para o país obter empréstimos no mercado internacional.
São precisamente esses empréstimos ao Estado que poderiam ser aplicados na recuperação do país, visto que o investimento público tem concerteza um papel a desempenhar na política económica do país. Face à situação das empresas privadas Portuguesas - estranhamente, as PMEs são afectadas por um fenómeno a que, nos países de economia de mercado, chamamos de "crises" e que aceitamos como perfeitamente naturais e inevitáveis [porque não pode uma crise ser antes um arrefecimento do crescimento económico, ao invés de uma recessão?] enquanto as grandes empresas apresentam lucros e os seus directores vêem os seus vencimentos aumentar - e à sua bem-encaminhada perda de competitividade dentro e fora do país, seria de esperar que o Estado conseguisse injectar alguma vitalidade na fragilizada economica Portugesa. Contudo, os 6,2% de défice não o permitiriam, pelo menos sem a Comissão Europeia cair em cima do Estado por causa disso.
Existirão assim razões para que o défice seja a principal preocupação dos decisores Portugueses? Será Portugal um país tão importante no contexto da UE que por não termos o défice controlado vamos ser castigados exemplarmente? Quais seriam as consequências disso a nível Europeu, de desrespeitar o PEC [que nunca foi muito respeitado mas nenhum líder o assume frontalmente] numa altura em que a UE se encontra num momento de crise [esta mais dentro das cabeças de cada um] após o chumbo do Tratado Constitucional na França e Holanda e o fiasco que ocorreu no Conselho de Bruxelas?
É mais que óbvio que a opinião pública não se podia preocupar menos com o défice. Para os cidadãos, as principais preocupações são o desemprego e o mal-estar económico. A partir daqui, estaria dado o mote para que o Estado assumisse um papel muito mais activo na recuperação económica do país, ao invés de aumentar o IVA e de aplicar medidas que levam as pessoas a julgar que serão sempre os mesmos a pagar a "crise". Assim sendo, seria bastante popular uma acção de investimento público disposta a criar emprego e a melhorar as condições de vida.
Como pode isso ser, com um défice de 6,2% e um re-avaliação em baixa do rating de Portugal? Ao pedir um crédito a qualquer entidade bancária, Portugal ver-se-ia assim obrigado a pagar juros mais elevados, o que torna estes empréstimos menos atractivos. Seja qual for a solução, não gostaria de estar na pele dos decisores nacionais.
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