28.7.05

Os piores momentos do Século XX - Momento XII: Repressão da Primavera de Praga, 1968



Em 1968, o Partido Comunista Checoslovaco dirigido por Aleksander Dubcek afirmou a sua vontade de aplicar na Checoslováquia uma política denominada de "socialismo com rosto humano". O que isto significava na prática era um maior acesso da população à gestão do país, o fim da censura à imprensa e da repressão da polícia política, liberdade de associação e de expressão, bem como um maior grau de iniciativa privada à economia, ao mesmo tempo que se manteriam os benefícios sociais do socialismo, nomeadamente, a educação que abrangia quase toda a população, o pleno emprego, a segurança social e o livre acesso a cuidados de saúde.

Durante a primavera de 1968 vivia-se na Checoslováquia um clima de optimismo geral perante o presente e o futuro, a população podia manifestar a sua opinião sem receio de represálias e as medidas eram bastante populares. Na URSS, a primavera de Praga era vista de outra forma. Dentro da administração de Brejnev, prevaleceu a corrente daqueles que favoreciam a intervenção militar, a fim de salvaguardar as prerrogativas socialistas afirmadas por Moscovo e evitar que a vaga alastrasse aos outros membros do Pacto de Varsóvia. Refira-se que Dubcek nunca mostrou vontade de sair do Pacto de Varsóvia ou de se afastar do Comecon, encarando a União Soviética como uma aliada que não iria intervir no processo, o que a própria URSS deu a entender.

Em agosto, o Pacto de Varsóvia mostrou que Dubcek estava enganado e na noite de 20 para 21, tropas Soviéticas, Polacas, Húngaras, Búlgaras e da RDA entraram na Checoslováquia, apesar de a URSS ter retirado do país pouco tempo antes e de a decisão ter sido tomada sem ter passado pelas devidas instâncias legais. A estratégia delineada por Dubcek alguns meses antes era vista como contra-revolucionária e burguesa por parte das autoridades, algo que teve origem numa hiperbolização da situação no país por parte de informadores ao serviço da URSS e que pintaram um quadro afastado da verdade para que Moscovo pudesse dar um ar de legitimidade à intervenção, aos olhos dos países do Bloco de Leste, diga-se.

Apesar do mediatismo, houve violência e confrontos nas ruas de Praga. Houve homicídios levados a cabo pelas forças do Pacto de Varsóvia e mais uma vez, o resto do Mundo assistiu passivamente à forma como Moscovo aplicava a sua ordem na sua esfera de influência, ao abrigo da doutrina Brejnev de "soberania limitada". Apesar das garantias Soviéticas afirmarem o contrário, Dubcek foi preso, levado para Moscovo, destituído e acabou como jardineiro, enquanto o aparelho político Checoslovaco era ocupado por indivíduos leais a Moscovo. Praga só iria conhecer a libertação definitiva com a Revolução de Veludo, em 1989.


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