Vlad - Lord Impaler II
(continuação)
No seu primeiro acto como príncipe, Vlad convidou uma série de nobres, também para um banquete, para festejar a sua ascensão ao trono. Muitos destes tinham conspirado contra o seu pai e atraiçoado a sua família. Vlad empalou logo no local os mais velhos, ao passo que os mais novos foram forçados a marchar até ao local onde se erguia o antigo castelo da sua família e obrigados a reconstruí-lo durante meses a fio.
Numa prova da segurança que Vlad conseguiu impor na Valáquia, ele mandou colocar uma taça dourada na praça central de Tirgoviste, capital da Valáquia. Qualquer pessoa poderia beber daquela taça mas quem a roubasse seria empalado. A taça nunca foi roubada.
Outra vez, um mercador estrangeiro decidiu verificar por ele próprio se o que se dizia sobre a autoridade de Vlad era verdade. Deixou vários de ouro numa rua, que desapareceram. O mercador apresentou queixa a Vlad que anunciou aos locais que se o dinheiro não fosse devolvido a cidade seria destruída. Alguns dias depois, o mercador reencontrou o seu ouro e mais um ducado. Foi então ter com Vlad dar-lhe conta do ocorrido e entregou-lhe o ducado que estava a mais. Então Vlad revelou-lhe que se não tivesse sido essa mostra de honestidade, o mercador teria concerteza sido empalado mas como o ducado extra foi devolvido, a sua vida seria poupada.
Outro episódio no mínimo interessante diz respeito ao ladrão que se tentou introduzir no seu castelo. A seguir ao ladrão entrou um guarda Húngaro para o prender, e Vlad executou o soldado, visto que na sua lógica, um cavalheiro nunca entra em casa de outra pessoa sem ter sido convidado.
E há ainda o episódio dos embaixadores enviados à Valáquia que se recusaram a tirar os chapéus na presença do príncipe. Vlad ordenou então que os chapéus fossem pregados às suas cabeças, prática que aliás não era invulgar nesta época e nesta região.
E o que foi talvez o acto mais macabro, ficou conhecido como a floresta dos empalados. Para demover os Turcos de invadir a Valáquia (Vlad sempre tentou manter os Turcos afastados) colocou os cadáveres de 20000 soldados Turcos empalados ao longo de uma floresta que iria ser percorrida pelos Turcos. O comandante Turcos ficou tão horrorizado que regressou a Constantinopla e não se atreveu a ir até ao fim.
O empalamento não foi a única forma de execução aplicada durante os 12 anos de Vlad no poder. Outras formas de execução incluíam desmembramentos, mutilação, esfolamento, cozedura (sim, isso mesmo), esquartejamento, vítimas queimadas vivas, pregos espetados nas cabeças e morte por animais selvagens, entre outras.
O que leva um Humano a cometer tais atrocidades em números tão elevados? As suas motivações pessoais nunca virão a ser conhecidas, mas certamente haveria alguma distorção dentro da sua cabeça, aliada a uma formação ética no mínimo invertida, a que certamente não são alheios os anos que esteve na Turquia, retido pelo Sultão, onde se diz que aprendeu a “técnica” do empalamento. Por outro lado, a sua profunda religiosidade – Vlad era um católico fervoroso – aliada à referida distorção mental, pode ter levado Vlad a tentar impor o seu rígido código moral à população, encarnando o princípio fundamentalista de que nada é suficiente para punir quem age de forma errada e que todos os “pecadores” devem pagar com a morte as suas infracções. Claro que no caso do príncipe, ele podia fazer o que queria! Vlad via a religião como uma forma de purificação, após cada acto macabro, diz-se que entrava num estado de redenção e de fé que o confortavam e o preparavam para “a próxima”.
O Reino da Hungria nunca se mostrou muito amigo de Vlad que não foi capaz de conter os poderosos Turcos por muito tempo. Após a invasão da Valáquia pelos Turcos, Vlad foi retirando para oeste, praticando uma política de terra queimada e envenenando as águas dos poços por onde passava. O episódio da floresta dos empalados provém desta época. AO chegar à Hungria foi preso e segundo se diz, passava o tempo a empalar passarinhos...enfim, faz-se o que se pode com os meios que se tem! Vlad foi entretanto reabilitado quando o seu irão, Radu, chegou ao poder e se aproximou dos Turcos.
Finalmente, quando os Turcos o capturaram em 1476, foi decapitado e o Sultão exibiu a sua cabeça em Constantinopla para que todos pudessem ver que Vlad, o Empalador, tinha mesmo morrido.
As suas atrocidades são suficientemente horríveis para eclipsar as suas outras características, nomeadamente, o seu nacionalismo, coisa muito pouco vulgar na época. Ao contrário da outros líderes da altura movidos pelas riquezas e pela posse de terras, Vlad agia por impulso nacionalista, defendendo a Valáquia do inimigo Turco a todo o custo, sem no entanto, tomando a iniciativa de o atacar, ao mesmo tempo que mantinha uma relação de não-hostlidade com a suserana Hungria. Sob este ponto de vista, Vlad Tepes pode ter aplicado aquilo que se designa por uma estratégia de um estado tampão na Valáquia, absorvendo as tensões entre Hungria e Turquia. Há também que notar que, face à época, eram normais as atrocidades demoníacas dos líderes, as de Vlad apenas se tornaram mais notórias, mas a verdade é que muitos outros se aproximavam dele.
Por estes motivos, não é nada de admirar que Bram Stoker tivesse escolhido Vlad Tepes como figura que mais influenciou a sua personagem Drácula. O próprio Vlad era conhecido como Vlad Dracula, em virtude do seu pai ter sido membro da Ordem do Dragão, que lhe deu a denominação de Dracul, ou seja Dracula seria o filho do dragão/demónio (em Romeno a palavra é a mesma). Quanto ao mito do vampirismo, não é referido na “obra” de Vlad, embora na região dos Balcãs haja vários mitos e histórias que se referem ao vampirismo.
Embora não confirme, tudo indica que Bram Stoker se baseou principalmente em Vlad Dracula, apesar de haver teorias que apontam noutro sentido.
E por hoje é tudo, espero que se sintam mais informados e que este historiazinha não lhes dê pesadelos!;)
Boa noite e até à próxima!
No seu primeiro acto como príncipe, Vlad convidou uma série de nobres, também para um banquete, para festejar a sua ascensão ao trono. Muitos destes tinham conspirado contra o seu pai e atraiçoado a sua família. Vlad empalou logo no local os mais velhos, ao passo que os mais novos foram forçados a marchar até ao local onde se erguia o antigo castelo da sua família e obrigados a reconstruí-lo durante meses a fio.
Numa prova da segurança que Vlad conseguiu impor na Valáquia, ele mandou colocar uma taça dourada na praça central de Tirgoviste, capital da Valáquia. Qualquer pessoa poderia beber daquela taça mas quem a roubasse seria empalado. A taça nunca foi roubada.
Outra vez, um mercador estrangeiro decidiu verificar por ele próprio se o que se dizia sobre a autoridade de Vlad era verdade. Deixou vários de ouro numa rua, que desapareceram. O mercador apresentou queixa a Vlad que anunciou aos locais que se o dinheiro não fosse devolvido a cidade seria destruída. Alguns dias depois, o mercador reencontrou o seu ouro e mais um ducado. Foi então ter com Vlad dar-lhe conta do ocorrido e entregou-lhe o ducado que estava a mais. Então Vlad revelou-lhe que se não tivesse sido essa mostra de honestidade, o mercador teria concerteza sido empalado mas como o ducado extra foi devolvido, a sua vida seria poupada.
Outro episódio no mínimo interessante diz respeito ao ladrão que se tentou introduzir no seu castelo. A seguir ao ladrão entrou um guarda Húngaro para o prender, e Vlad executou o soldado, visto que na sua lógica, um cavalheiro nunca entra em casa de outra pessoa sem ter sido convidado.
E há ainda o episódio dos embaixadores enviados à Valáquia que se recusaram a tirar os chapéus na presença do príncipe. Vlad ordenou então que os chapéus fossem pregados às suas cabeças, prática que aliás não era invulgar nesta época e nesta região.
E o que foi talvez o acto mais macabro, ficou conhecido como a floresta dos empalados. Para demover os Turcos de invadir a Valáquia (Vlad sempre tentou manter os Turcos afastados) colocou os cadáveres de 20000 soldados Turcos empalados ao longo de uma floresta que iria ser percorrida pelos Turcos. O comandante Turcos ficou tão horrorizado que regressou a Constantinopla e não se atreveu a ir até ao fim.
O empalamento não foi a única forma de execução aplicada durante os 12 anos de Vlad no poder. Outras formas de execução incluíam desmembramentos, mutilação, esfolamento, cozedura (sim, isso mesmo), esquartejamento, vítimas queimadas vivas, pregos espetados nas cabeças e morte por animais selvagens, entre outras.
O que leva um Humano a cometer tais atrocidades em números tão elevados? As suas motivações pessoais nunca virão a ser conhecidas, mas certamente haveria alguma distorção dentro da sua cabeça, aliada a uma formação ética no mínimo invertida, a que certamente não são alheios os anos que esteve na Turquia, retido pelo Sultão, onde se diz que aprendeu a “técnica” do empalamento. Por outro lado, a sua profunda religiosidade – Vlad era um católico fervoroso – aliada à referida distorção mental, pode ter levado Vlad a tentar impor o seu rígido código moral à população, encarnando o princípio fundamentalista de que nada é suficiente para punir quem age de forma errada e que todos os “pecadores” devem pagar com a morte as suas infracções. Claro que no caso do príncipe, ele podia fazer o que queria! Vlad via a religião como uma forma de purificação, após cada acto macabro, diz-se que entrava num estado de redenção e de fé que o confortavam e o preparavam para “a próxima”.
O Reino da Hungria nunca se mostrou muito amigo de Vlad que não foi capaz de conter os poderosos Turcos por muito tempo. Após a invasão da Valáquia pelos Turcos, Vlad foi retirando para oeste, praticando uma política de terra queimada e envenenando as águas dos poços por onde passava. O episódio da floresta dos empalados provém desta época. AO chegar à Hungria foi preso e segundo se diz, passava o tempo a empalar passarinhos...enfim, faz-se o que se pode com os meios que se tem! Vlad foi entretanto reabilitado quando o seu irão, Radu, chegou ao poder e se aproximou dos Turcos.
Finalmente, quando os Turcos o capturaram em 1476, foi decapitado e o Sultão exibiu a sua cabeça em Constantinopla para que todos pudessem ver que Vlad, o Empalador, tinha mesmo morrido.
As suas atrocidades são suficientemente horríveis para eclipsar as suas outras características, nomeadamente, o seu nacionalismo, coisa muito pouco vulgar na época. Ao contrário da outros líderes da altura movidos pelas riquezas e pela posse de terras, Vlad agia por impulso nacionalista, defendendo a Valáquia do inimigo Turco a todo o custo, sem no entanto, tomando a iniciativa de o atacar, ao mesmo tempo que mantinha uma relação de não-hostlidade com a suserana Hungria. Sob este ponto de vista, Vlad Tepes pode ter aplicado aquilo que se designa por uma estratégia de um estado tampão na Valáquia, absorvendo as tensões entre Hungria e Turquia. Há também que notar que, face à época, eram normais as atrocidades demoníacas dos líderes, as de Vlad apenas se tornaram mais notórias, mas a verdade é que muitos outros se aproximavam dele.
Por estes motivos, não é nada de admirar que Bram Stoker tivesse escolhido Vlad Tepes como figura que mais influenciou a sua personagem Drácula. O próprio Vlad era conhecido como Vlad Dracula, em virtude do seu pai ter sido membro da Ordem do Dragão, que lhe deu a denominação de Dracul, ou seja Dracula seria o filho do dragão/demónio (em Romeno a palavra é a mesma). Quanto ao mito do vampirismo, não é referido na “obra” de Vlad, embora na região dos Balcãs haja vários mitos e histórias que se referem ao vampirismo.
Embora não confirme, tudo indica que Bram Stoker se baseou principalmente em Vlad Dracula, apesar de haver teorias que apontam noutro sentido.
E por hoje é tudo, espero que se sintam mais informados e que este historiazinha não lhes dê pesadelos!;)
Boa noite e até à próxima!
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home