Da obra Humana I
Hoje decidi contar uma História, como são quase horas de dormir pode ser que esta noite durma melhor. Quando um dia tiverem filhos (eu espero que não venha a passar por isso!!) podem contar-lhes isto para eles adormecerem. Esta é uma História que se conta há já muitos séculos entre povos que não conhecemos e que provavelmente nunca viremos a conhecer, mas que constitui um retrato bastante aproximado da nossa vida.
Então cá vai:
Era uma vez uma criatura chamada Ser Humano que habitava num planeta chamado Terra. O Ser Humano era sem dúvida nenhuma a elite do planeta. Apesar de este ter milhares de espécies diferentes, o Ser Humano destacava-se claramente porque era a única capaz de produzir pensamentos e raciocínios abstractos, consequência de um cérebro poderosíssimo e infinitamente complexo.
Ora isto não significa que a vida lhes fosse fácil, muito pelo contrário, estas criaturas tinham sensações que mais nenhuma poderia ter, algumas construtivas, outras neutrais e outras destrutivas. Além disso, viam-se perante dilemas e preocupações que nunca poderiam atingir as outras espécies, em virtude dos seus centros de decisão muito menos desenvolvidos. As outras criaturas poderiam ser em muitos casos fisicamente mais ágeis, mais fortes, mais capazes e mais resistentes, mas o Ser Humano aplicava o conteúdo da sua cabeça e encontrava sempre uma forma de os ultrapassar.
Ora, a evolução do Ser Humano não parava, visto que nunca se pode ser demasiado evoluído! À medida que a capacidade de resposta dada pelo cérebro Humano e que a capacidade de raciocínio aumentavam, aumentavam também as questões que lhe assaltavam a mente e para as quais ele não conseguia encontrar resposta. O Ser Humano sofria de bastantes problemas que afectavam, como desastres naturais (a Natureza pode ser uma senhora de muito mau feitio...), fenómenos incríveis, problemas de alimentação, problemas da saúde, problemas de organização dos seus próprios grupos...enfim, o Ser Humano precisava de se organizar para evitar cair em desgraça ou até mesmo deixar de existir devido a problemas no seu próprio núcleo.
O poderoso cérebro Humano aplicou-se e, como não podia deixar de ser, encontrou uma solução. A solução que ele encontrou tornou-se na mais incrível e mais poderosa obra que o Ser Humano alguma vez conseguiu criar. Esta obra, para que pudesse ser construída, precisava inicialmente de uma forte imaginação e criatividade por parte do Ser Humano, de forma a poderem saltar os constrangimentos que os afectavam. Não só foi necessária a criatividade, como também a coordenação com os restantes Seres Humanos encarregados desta obra, de forma a que a obra, quando fosse criada se destinasse a todos os Seres Humanos, e não apenas a um grupo privilegiado. Assim que esta estivesse pronta, a grande novidade seria transmitida ao resto da Humanidade que iria celebrar com toda a efusividade o fim de tão longa busca.
Esta obra foi a Máquina.
A Máquina veio solucionar uma quantidade infindável de problemas que afectavam o Ser Humano. Recorrendo à sua nova 'criatura', que eles tanto prezam, o Ser Humano podia agora retirar um grande peso de cima dos seus ombros. Há falta de meios de sustento? A Máquina resolve! Aproxima-se uma tempestade? A Máquina trata disso!
A Máquina parecia ser tudo aquilo que os Seres Humanos queriam, o que os levou a perguntar "Mas como é que nos nossos primórdios se podia sobreviver sem isto??"
Mais, o génio criativo dos Seres Humanos era de tal forma potente e brilhante que foram capazes de adaptar a sua Máquina aos diferentes pontos do planeta que habitavam e aos diferentes povos que constituíam a Raça Humana (os Seres Humanos sempre foram uma Raça muito dividida...), para que um povo diferente de outro não se pudesse queixar da falta de utilidade da Máquina.
Contudo, por mais poderoso que o cérebro Humano seja, ele é isso mesmo, ou seja Humano, como tal tem falhas. A Máquina que foi vista com um optimismo generalizado por todos, pois era um meio de resolução de problemas, viu-se no centro de uma polémica que abalou toda a Humanidade. A Máquina afinal, tinha consequências negativas muito fortes para a Raça Humana. Estas consequências não foram imediatamente notadas e mesmo muito tempo após a entrada da Máquina na vida Humana, a grande maioria dos Humanos continua a defender incondicionalmente o seu uso no progresso geral da Humanidade.
Descobriu-se então que a Máquina ao ser incumbida da resolução dos problemas dos Humanos apenas fornecia soluções de fachada, ou seja, a resolução dos problemas não era real, o feedback não foi o esperado. Isto é uma consequência da sua própria construção, os Humanos inconscientemente conceberam-na de forma a apenas fornecer as ditas soluções de fachada, afastando assim os Humanos dos problemas que grassavam pela Terra, ao mesmo tempo que estes pensavam que estavam a trabalhar para um futuro melhor para todos. Pior ainda, começavam a surgir divergências no que dizia respeito à utilização da Máquina.
Os Humanos pensavam que ela lhes traria união e uma vida melhor para todos, quando na verdade ela acabou por os dividir, trazendo mesmo bastantes incómodos aos Humanos. Não demorou até ao dia em que a Máquina trazia aos ingénuos (e inocentes) Seres Humanos mais problemas em consequência das resoluções que lhe eram incumbidas. O funcionamento era de tal forma desastroso que quando os Seres Humanos davam por si, o problema original que tentaram resolver através da utilização da Máquina se tinha desdobrado em dezenas de outros problemas e preocupações que agora afectavam a Humanidade a nível global.
Foi então que começaram a surgir vozes contra a Máquina e contra as suas soluções rápidas e fáceis, mas que se revelavam afinal lentas e dolorosas para todos, visto que a maioria dos Humanos acabava por pagar a factura dos erros de outros, mesmo que não tivessem em nada contribuído para o funcionamento da Máquina.
Contudo, era tarde demais para a Humanidade. A Máquina tinha-se tornado tão poderosa, tão abrangente, tão sofisticada (há que referir que ao longo dos tempos, o progresso técnico dos Humanos cresceu exponencialmente) que nenhum povo a dispensava. Ela estava presente em quase todos os sectores e os Humanos cuja profissão estava relacionada com o funcionamento e manutenção das Máquinas em todo o planeta detinham um poder considerável, visto que deles dependia o estado e a vida de milhões de Humanos que por mais graves que fossem as consequências, eles não deixavam de utilizar a Máquina.
(continua no post abaixo...)
Então cá vai:
Era uma vez uma criatura chamada Ser Humano que habitava num planeta chamado Terra. O Ser Humano era sem dúvida nenhuma a elite do planeta. Apesar de este ter milhares de espécies diferentes, o Ser Humano destacava-se claramente porque era a única capaz de produzir pensamentos e raciocínios abstractos, consequência de um cérebro poderosíssimo e infinitamente complexo.
Ora isto não significa que a vida lhes fosse fácil, muito pelo contrário, estas criaturas tinham sensações que mais nenhuma poderia ter, algumas construtivas, outras neutrais e outras destrutivas. Além disso, viam-se perante dilemas e preocupações que nunca poderiam atingir as outras espécies, em virtude dos seus centros de decisão muito menos desenvolvidos. As outras criaturas poderiam ser em muitos casos fisicamente mais ágeis, mais fortes, mais capazes e mais resistentes, mas o Ser Humano aplicava o conteúdo da sua cabeça e encontrava sempre uma forma de os ultrapassar.
Ora, a evolução do Ser Humano não parava, visto que nunca se pode ser demasiado evoluído! À medida que a capacidade de resposta dada pelo cérebro Humano e que a capacidade de raciocínio aumentavam, aumentavam também as questões que lhe assaltavam a mente e para as quais ele não conseguia encontrar resposta. O Ser Humano sofria de bastantes problemas que afectavam, como desastres naturais (a Natureza pode ser uma senhora de muito mau feitio...), fenómenos incríveis, problemas de alimentação, problemas da saúde, problemas de organização dos seus próprios grupos...enfim, o Ser Humano precisava de se organizar para evitar cair em desgraça ou até mesmo deixar de existir devido a problemas no seu próprio núcleo.
O poderoso cérebro Humano aplicou-se e, como não podia deixar de ser, encontrou uma solução. A solução que ele encontrou tornou-se na mais incrível e mais poderosa obra que o Ser Humano alguma vez conseguiu criar. Esta obra, para que pudesse ser construída, precisava inicialmente de uma forte imaginação e criatividade por parte do Ser Humano, de forma a poderem saltar os constrangimentos que os afectavam. Não só foi necessária a criatividade, como também a coordenação com os restantes Seres Humanos encarregados desta obra, de forma a que a obra, quando fosse criada se destinasse a todos os Seres Humanos, e não apenas a um grupo privilegiado. Assim que esta estivesse pronta, a grande novidade seria transmitida ao resto da Humanidade que iria celebrar com toda a efusividade o fim de tão longa busca.
Esta obra foi a Máquina.
A Máquina veio solucionar uma quantidade infindável de problemas que afectavam o Ser Humano. Recorrendo à sua nova 'criatura', que eles tanto prezam, o Ser Humano podia agora retirar um grande peso de cima dos seus ombros. Há falta de meios de sustento? A Máquina resolve! Aproxima-se uma tempestade? A Máquina trata disso!
A Máquina parecia ser tudo aquilo que os Seres Humanos queriam, o que os levou a perguntar "Mas como é que nos nossos primórdios se podia sobreviver sem isto??"
Mais, o génio criativo dos Seres Humanos era de tal forma potente e brilhante que foram capazes de adaptar a sua Máquina aos diferentes pontos do planeta que habitavam e aos diferentes povos que constituíam a Raça Humana (os Seres Humanos sempre foram uma Raça muito dividida...), para que um povo diferente de outro não se pudesse queixar da falta de utilidade da Máquina.
Contudo, por mais poderoso que o cérebro Humano seja, ele é isso mesmo, ou seja Humano, como tal tem falhas. A Máquina que foi vista com um optimismo generalizado por todos, pois era um meio de resolução de problemas, viu-se no centro de uma polémica que abalou toda a Humanidade. A Máquina afinal, tinha consequências negativas muito fortes para a Raça Humana. Estas consequências não foram imediatamente notadas e mesmo muito tempo após a entrada da Máquina na vida Humana, a grande maioria dos Humanos continua a defender incondicionalmente o seu uso no progresso geral da Humanidade.
Descobriu-se então que a Máquina ao ser incumbida da resolução dos problemas dos Humanos apenas fornecia soluções de fachada, ou seja, a resolução dos problemas não era real, o feedback não foi o esperado. Isto é uma consequência da sua própria construção, os Humanos inconscientemente conceberam-na de forma a apenas fornecer as ditas soluções de fachada, afastando assim os Humanos dos problemas que grassavam pela Terra, ao mesmo tempo que estes pensavam que estavam a trabalhar para um futuro melhor para todos. Pior ainda, começavam a surgir divergências no que dizia respeito à utilização da Máquina.
Os Humanos pensavam que ela lhes traria união e uma vida melhor para todos, quando na verdade ela acabou por os dividir, trazendo mesmo bastantes incómodos aos Humanos. Não demorou até ao dia em que a Máquina trazia aos ingénuos (e inocentes) Seres Humanos mais problemas em consequência das resoluções que lhe eram incumbidas. O funcionamento era de tal forma desastroso que quando os Seres Humanos davam por si, o problema original que tentaram resolver através da utilização da Máquina se tinha desdobrado em dezenas de outros problemas e preocupações que agora afectavam a Humanidade a nível global.
Foi então que começaram a surgir vozes contra a Máquina e contra as suas soluções rápidas e fáceis, mas que se revelavam afinal lentas e dolorosas para todos, visto que a maioria dos Humanos acabava por pagar a factura dos erros de outros, mesmo que não tivessem em nada contribuído para o funcionamento da Máquina.
Contudo, era tarde demais para a Humanidade. A Máquina tinha-se tornado tão poderosa, tão abrangente, tão sofisticada (há que referir que ao longo dos tempos, o progresso técnico dos Humanos cresceu exponencialmente) que nenhum povo a dispensava. Ela estava presente em quase todos os sectores e os Humanos cuja profissão estava relacionada com o funcionamento e manutenção das Máquinas em todo o planeta detinham um poder considerável, visto que deles dependia o estado e a vida de milhões de Humanos que por mais graves que fossem as consequências, eles não deixavam de utilizar a Máquina.
(continua no post abaixo...)
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