16.5.04

Y España también, por supuesto!

Cá vai mais um disparo da minha mente!

Ultimamente muito destaque se tem dado por aqui ao casamento do herdeiro da coroa de Espanha. Aliás, a cobertura nos meios de comunicação social Portugueses (com destaque para os três canais nacionais) tem sido ridiculamente exagerada. Mais recentemente, é difícil que haja mais de 2 dias seguidos em que não haja pelo menos uma notícia sobre o casalinho que deu um suspiro de alívio aos cidadãos de Espanha.

Mas agora do meu ponto de vista, o excesso de mediatismo em torno disto (e quando eu digo deste evento digo de qualquer outro acontecimento social que é excessivamente explorado) torna o tema saturante e cansativo para a minha pessoa. Para já, eu sou contra os regimes monárquicos, para mim não há nada como um presidente como chefe de Estado, sem privilégios herdados da família(excepção feita a Kim Jong-Il...), sem origens cruzadas com outras famílias Europeias, sem protocolos no mínimo estranhos.

A cobertura feita pelos media Portugueses chega a atingir o ponto em que basta um dos noivos espirrar, ou ir a uma casa de banho pública (acto muito pouco digno de realeza, que vergonha!!) para aparecer num dos nossos Telejornais. Ou seja, os nossos media contribuem para a promoção do evento e para a construção de uma carga mística e emocional que nos tentam convencer que é inerente ao evento, ao invés de serem verdadeiros profissionais e de nos informarem sobre o evento a partir do que ele realmente é, a sucessão da monarquia Espanhola. Aliás, este ponto é muito pouco explorado, algo que parece incompreensível tendo em conta que a família real em Espanha é um elemento bastante consensual e estabilizador na unidade dos cidadãos Espanhóis, um factor que não podemos esquecer tendo em conta que eles estão aqui ao lado e infelizmente têm um grande poder económico sobre os cidadãos Portugueses.

Não estaremos já num ponto da História em que a objectividade deveria ser norma nos media? Em que uma instituição anacrónica como a monarquia não merece ser tratada com um véu de romantismo e de misticismo como se o que estivesse em causa fosse muito mais do que realmente é? Uma instituição que vai contra a base do Estado de direito (por mais liberal que seja), cujos exemplos mais graves são os da casa Britânica e Espanhola e já agora, a Japonesa, não deveria já perder a aura que tem junto de uma grande quantidade de pessoas que parecem mais interessadas em casamentos dignos de Histórias Medievais do que na objectividade e conceitos por detrás das notícias?

E ainda nem foi o dia da cerimónia propriamente dita! A uma semana do acontecimento, a Espanha já suspendeu o acordo de Schengen e durante a cerimónia o espaço aéreo de Madrid será interditado (se não me engano), conscientes [os serviços de segurança espanhóis] do risco de uma acção terrorista contra um símbolo nacional, não deveria o Estado e a sociedade Espanhóis reduzirem a própria importância da casa real a uma mera instituição decorativa, que é esse aliás o papel das casas reais hoje em dia? Isto claro, é a segunda melhor solução, a primeira seria acabar com as monarquias.

Não deveriam já ter sido abolidos os direitos e regalias especiais que previligiam os membros da realeza, pelo simples motivo de serem filhos de quem são? Estas pessoas não são capazes de conciliar as suas responsabilidades respresentativas com uma vida civil normal? Será que casas reais como a Britânica e a Espanhola não são capazes de viver sem os milhões pagos pelos contribuintes cuja maioria é gasta em si próprios? E porquê a obssessão de manterem as suas linhagens de "sangue azul"? Ao longo dos séculos, os casamentos entre famílias reais tiveram consequências desastrosas, entre as quais se incluem doenças como hemofilia e sífilis, isto para não falar de problemas mentais que ainda hoje parecem afectar alguns membros da realeza.

Enfim, talvez eu mostre excesso de rancor. Talvez uma consequência do que eu estou neste momento a ouvir, "Wolf&Fear" dos Ulver, do incrível álbum (para dizer o mínimo!!) Nattens Madrigal.

Boa noite&até à próxima!

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