22.5.04

Neo-patriotismo ou comercialismo patriótico?

Porquê?Oh, porque é que teve de ser assim? Porque é que acabou para mim? Porque é que não mo permitem? Porque é que vai sempre contra mim e contra os meus desejos, contra a minha felicidade, enfim, contra o que eu gosto e que não faz mal a ninguém?






Sim, porque é que a RTP deixou de passar os Simpsons??A coisa mais inteligente que saiu dos Estados Unidos nos últimos 15 anos e não querem saber! Implicavam sempre com os Simpsons, cada vez que ia ser transmitido um programa que não era habitual (do tipo, uma transmissão em directo ou um especial) os Simpsons eram sempre sacrificados! Nunca falhava! O que é que tinham contra os Simpsons? Um dos melhores programas estrangeiros que alguma vez passou na televisão Portuguesa e não só o tratavam mal como acabaram por abandoná-lo pura e simplesmente! Era por não ter audiência suficiente? Mas se esse argumento fosse sempre levado a sério, a Dois não teria razão de existir (e os Simpsons passavam na RTP2) e uma série que dura 15 anos seguidos merece no mínimo, muito respeito.

E já deu para escrever qualquer coisa, tal não é a indiganção ;)
Por acaso hoje até ia falar do Euro 2004. Estou pessoalmente bastante ansioso para que comece, não propriamente para ver a selecção Portuguesa (embora ache que temos uma boa equipa) mas mais pelo ambiente e por toda a movimentação que vai gerar em Portugal (é que neste país saloio estamos pouco habituados a coisas "grandes" como esta...). Mas o que eu acho mesmo muita piada é ao patriotismo comercial do futebol! Sim, parece ser a única forma de patriotismo permitida em Portugal (e não só) hoje em dia caso contrário somos "fascistas/nazis/reaccionários/blablabla", palavras proferidas por pessoas que pensam que patriotismo é andar de braço esticado a saudar a bandeira e aspirar à dominação mundial. Ou seja, mais uma consequência da ignorância, porque eu *até já sinto o 'choque e espanto'* sou muito patriota ao mesmo tempo que sou completamente Europeísta. Engulam esta, extrema esquerda e extrema direita, afinal acabam por ser iguais!

Mas como eu estava a dizer, é este patriotismo que surge a cada dois anos (às vezes só surge de quatro em quatro, depende se a selecção se qualifica ou não...) e que invade o país com bandeiras Nacionais, mascotes e cachecóis (em Junho, mês de calor horrível!) e que nos lembra a todos que apesar dos problemas que Portugal sofre, todos nós nos devemos (coloquem um ênfase muito poderoso em "devemos") unir com o propósito comum de apoiar a selecção na busca do título. Claro que os outros assuntos, como o equilíbrio das contas públicas, o sistema de saúde, o sistema educativo, a melhoria das infra-estruturas, a eliminação da corrupção, a revitalização económica, etc, nada disso interessa, isso é tudo secundário! Se os Portugueses estiverem unidos em torno da selecção já vale a pena, afinal a união em torno da selecção parece mostrar que a alma não é pequena (mas ter o país mais atrasado da Europa Ocidental já não faz mal nenhum) e que assim mostramos que realmente somos um povo bastante unido.

Esse patriotismo poderia vir naturalmente dos adeptos Portugueses (seria melhor para a identidade) mas a verdade é que a maior parte desta iniciativa vem da Galp, da TMN, da PT, da Coca Cola, do McDonald's (uau, até estes!) e por aí fora...Que bom termos a petrolífera, as comunicações e a junk food a lembrarem-nos os nossos deveres cívicos como cidadãos da República Portuguesa! Muito obrigado, se não fossem vocês, sector empresarial, a nossa identidade não era nada e não existiria unidade nacional. Aliás, acho mesmo que o país já tinha entrado em guerra civil, se não fossem os senhores simpáticos engravatados que se reúnem em torno de uma mesa no quartel general da sua empresa (ou no QG da representação Portuguesa), já nos tínhamos tornado nos Balcãs da Europa Ocidental!

Já viram que eu hoje estou muito virado para o sarcasmo! Pois é, faz parte de mim, é inerente ao meu niilismo e à minha percepção do mundo e estas minhas críticas surgem como a reacção perfeitamente natural aos estímulos que o mundo me envia. Afinal, o mundo assemelha-se a um grande palco onde se desenrola a interminável tragicomédia da Humanidade (tragicomédia essa que existem também ao nível de cada país, Portugal não é excepção) e eu se pudesse escolher, acho que preferia ser alguém do público ou melhor ainda, o crítico que analisa a peça em questão e depois ou a louva, ou a deita abaixo. Infelizmente, tal não é possível, sou um Humano e como tal faço parte dos figurantes (há Humanos que estão entre os protagonistas, eu sou apenas um pequeno figurante). Mas para ser sincero, tenho achado um espectáculo muito divertido! Até agora, tem valido a pena participar! Só espero que o público não ache o bilhete demasiado caro...


E com isto fico por aqui, são horas de dormir, sou Humano, preciso de dormir!Mas contem com mais amanhã (ou então depois, se amanhã não me apetecer!).

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