14.7.04

Paradoxal? De maneira nenhuma!

Saudações!
Estes últimos 9 dias foram marcados por uma ausência de posts aqui neste meu "caixote", não por me encontrar ocupado com alguma coisa, visto que as responsabilidades da faculdade acabaram no dia 23 de Junho mas mais por estagnação mental e falta de inspiração para escrever alguma coisa. Pois é, as férias são óptimas mas ao mesmo tempo o meu cérebro entra em estado vegetativo o que não é nada bom para registos como este blog que eu aqui tenho. Prova disso são os mais de dois meses de existência do blog e a presença de apenas 24 posts, o que dá menos de 1 a cada dois dias... Por outro lado, eu acredito em escrita com um mínimo de qualidade, prefiro estar 10 dias sem escrever e depois lançar algo minimamente racional do que limitar-me a descrever o meu dia-a-dia enfadonho.

Depois das opiniões políticas dos útlimos posts e daquelas linhas sobre o Euro 2004 que eu agora preferi abandonar, afinal já acabou há 10 dias, hoje, dia 14 de Julho, aniversário da Tomada da Bastilha, vai sevir para voltar à actividade normal do blog, pelo menos até eu ir de férias no dia 3 de Agosto.

Assim, gostava aqui de lançar uma opinião que provavelmente chocaria muita gente se fosse mais divulgada mas como quem lê isto está praticamente num círculo restrito de indivíduos não vai chocar ninguém. É simples, cheguei à conclusão que o cristianismo é nada mais, nada menos que uma forma de proto-comunismo! Pode parecer estranho à primeira leitura, mas vejam bem: o objectivo da prática da religião cristã do ponto de vista do Humano que não é clérigo, é atingir a salvação da alma e uma eternidade num local denominado "céu" onde a alma goza de um período interminável de paz e felicidade; de acordo com a doutrina cristã, principalmente a vertente católica, todos os Homens são iguais perante a divindade à qual prestam culto, aos olhos de quem não existem ricos nem pobres, grandes ou pequenos, inteligentes ou broncos, etc. Ou seja, um tratamento igual para todos.

Contudo, isto não é ainda o suficiente para afirmar o que eu disse atrás. Vamos mais longe: o cristianismo, e mais uma vez, a vertente católica é mais insistente nesta questão, advoga o nivelamento por baixo da Humanidade. Somos todos iguais, ou seja minúsculos e insignificantes perante uma divindade misericordiosa (mas ao mesmo tempo irascível e invejosa...) que tem pleno poder sobre o nosso destino após a morte (após a minha não há-de ter de certeza!!). O cristianismo chega a fazer a apologia da pobreza e tem uma ligação particular aos meios em que os Humanos dispõem de um nível de vida muito baixo (porque será que milhões de cristãos são pobres e analfabetos?), independentemente dos benefícios que isso possa trazer à igreja cristã. Afinal, a pobreza e a indigência são os meios no qual o cristianismo se desenvolve mais rapidamente e nos quais é mais fácil recrutar novos seguidores.

Se fizermos uma comparação com o Marxismo, raíz teórica do Comunismo, encontramos semelhanças. O Marxismo surgiu no contexto da Revolução Industrial e dos graves problemas sociais que as modificações profundas dos sectores produtivos trouxeram à força de trabalho no mundo industrialisado. O objectivo inicial do Marxismo é a destruição do sistema capitalista e a sua substituição por um sistema no qual a anterior relação de luta de classes fosse eliminada, abrindo caminho para uma sociedade sem classes na qual nenhum indivíduo possui poder sobre o outro, no sentido em que um patrão detinha poder sobre um operário, ou em que um senhor feudal detinha poder sobre um vassalo. No Marxismo, a infra-estrutura iria assim condicionar a super-estrutura, alterando profundamente as relações sociais, políticas e económicas. No cristianismo, passa-se algo semelhante, só que ao invés de se desenrolar no quotidiano, como no Marxismo, passa-se no sector espiritual. Ou seja, o cristianismo pretende, uma vez consumada a passagem da alma do nosso Mundo para o além, inseri-la numa nova infra-estrutura, na qual nenhum Humano terá poder sobre outro, criando assim uma "sociedade" ideal num plano além da nossa dimensão, no qual as origens de cada indivíduo serão irrelevantes.

Tal como no Marxismo, os mais sofredores serão recompensados, afinal de acordo com a doutrina de Karl Marx, a classe operária explorada pelo sistema capitalista, nada teria a perder com a destruição do capitalismo e só teria benefícios a tirar de uma revolta violenta contra o patronato ao passo que no cristianismo, os pobres de espírito e os que se martirizam em nome de fantasmas que só existem no seu imaginário serão os maiores beneficiários de uma vida eterna de paz e felicidade no dito "céu". Diferenças materiais à parte, podemos estabelecer uma analogia entre as duas doutrinas.

Já agora, mais uma semelhança: nenhuma delas resulta!
Aqui ficou o meu regresso, provavelmente um post ao meu estilo mas que me deixa satisfeito por ter tido inspiração para o dia de hoje!
Nos próximos dias, outros se seguirão. Até lá!

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