25.9.07

Scratch my back and I'll scratch yours

Desde 1994 que a Lusoponte detém a exclusividade da exploração de qualquer ponte rodoviária que se construa entre Vila Franca de Xira e a foz do rio Tejo. Na altura, o contrato que lhe conferiu esse direito (e que a mim parece-me ligeiramente inconstitucional) foi aprovado por um decreto lei do governo, liderado pelo actual presidente da república, cujo ministro das obras públicas se chamava Ferreira do Amaral. Acontece que esse indivíduo hoje é apenas o presidente da Lusoponte, ou seja, não teria interesse rigorosamente nenhum em explorar mais ponte menos ponte sobre o rio Tejo, até passam poucos carros sobre a 25 de Abril e a Vasco de Gama, para quê mais uma?

E aqui vimos um excelente exemplo de troca de favores e de sinergias entre o sector público e o sector privado. Vemos também como a integridade e seriedade eram marca do governo liderado por um homem que hoje é presidente da república e que está a ter um excelente entendimento com o actual primeiro ministro que ou muito me engano, ou pretende ficar na história de Portugal com o título de "Cavaco do século XXI".

Claro que se for feita uma ponte ferroviária à qual se acrescente um tabuleiro rodoviário, a Lusoponte vai ter que ser compensada - a Procuradoria Geral da República até já considerou isso e tudo - afinal esteve Ferreira do Amaral tão bem aplicado a planear aquilo tudo para deitarem o arranjinho por água abaixo, literalmente?

Mas não se sintam mal, Ferreira do Amaral tem mais companheiros nisto - quando Gerhard Schröder deixou o Governo alemão em 2005, foi-lhe oferecido um cargo de dirigente numa empresa controlada pela Gazprom, isto após o seu governo ter assinado um contrato com a dita cuja que previa a construção de um gasoduto entre a Rússia e a Alemanha que estranhamente contorna os países Bálticos e a Polónia.

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