2.5.06

A doença da democracia Portuguesa

A operação conjunta realizada por várias forças de segurança hoje pelas 7:00 no Bairro da torre, Camarate, e que resultou na apreensão de armas, silenciadores, droga e na detenção de vários indivíduos relacionada com a posse e venda daqueles materiais representa mais do que uma rusga num bairro degradado dos arredores de Lisboa. A própria existência de locais como aquele, auxiliada pelas imagens televisivas que mostravam uma antena parabólica em cerca de metade das barracas, e complementada pela conduta das pessoas que ali vivem são uma recordação constante que em Portugal, a democracia ainda tem um longo caminho a percorrer para atingir os seus ideais, e talvez a proximidade deste acontecimento ao 25 de Abril ajude à escrita deste post.
Assim sendo, quando num país democrático e desenvolvido, existe às portas da capital e no final da pista do seu aeroporto internacional, um bairro de onde são disparados tiros contra os aviões e onde as forças de segurança necessitam de 600 agentes para apreender armas e droga, algo errado se passa dentro das nossas fronteiras. Algo muito errado, ao nível do Estado e ao nível das pessoas, porque um Estado que após 30 anos de democracia não foi capaz de solucionar o problema dos múltiplos bairros degradados em torno das suas áreas urbanas [e os bairros sociais não são a melhor solução, já está comprovado], sofre de um défice democrático e é irresponsável perante os seus cidadãos.
Da mesma forma, um bairro onde uma grande quantidade dos seus moradores, apesar das precárias condições de vida, ostenta antenas parabólicas e onde se encontram armas de calibre de guerra, com um poder de fogo superior às armas das forças policiais e onde os habitantes não hesitam em disparar contra a polícia quando esta aparece e em alegar brutalidade policial se um suspeito for imobilizado por agentes da autoridade, representa um grave problema mental ao nível dos cidadãos, cidadãos no sentido lato, diga-se, uma vez que pessoas que se dedicam ao tráfico de armas e tráfico de droga não merecem o título de “cidadão”. Um país não se pode desenvolver sem um compromisso sério e honesto das autoridades e da população. Enquanto existirem situações como a que decorreu hoje de manhã naquele bairro, o desenvolvimento de Portugal estará seriamente posto em causa.

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