Eu vs. o resto do Mundo --> batalha perdida?
Quando se atinge a saturação? Quando é que chegamos ao ponto em que com toda a certeza, podemos dizer "não quero ter nada a ver com isto, nunca mais!"?
Nunca atingi esse ponto de ruptura com tudo o que me rodeia, mas não é de certeza por falta de circunstâncias... Todas as razões podem ser invocadas, desde a paciência que já não conseguimos manter (ou fingir), aos sentimentos a que já não nos agarramos, sem esquecer a fraqueza, essa terrível sensação que tentamos a todo o custo evitar mas à qual muitos de nós sucumbem. Como disse, ainda não atingi um ponto de ruptura mas seria até reconfortante se isso acontecesse. Seria a confirmação de algo que é uma evolução natural de tudo o que me rodeia, todo este carrossel incessante à minha volta a berrar-me aos ouvidos e a expulsar-me do seu espaço, do qual eu, com todo o gosto, me retiro sem qualquer arrependimento, mágoa ou lágrima no canto do olho.
Não sei sou eu ou se é mesmo difícil acharmos que nos sentimos realizados ou satisfeitos com o que desejamos, mas que vivo em permanente estado de antagonismo com a realidade que me é imposta, disso não haja a menor dúvida. E no entanto, este antagonismo acaba por não ser uma causa guerreira ou uma raiva prestes a rebentar, é antes, infelizmente, uma forma de vida e de existência, uma síntese que desenvolvi ao longo dos anos e cuja etapa actual mais não é do que isso mesmo, apenas mais um capítulo desta obra bizarra a que chamamos "vida". E como atinjo o oposto do antagonismo, pergunto eu a mim próprio...como se ainda tivesse sentido perguntá-lo. Talvez praticando o oposto exacto de tudo o que fiz até agora? Se naquele momento tivesse dito que sim, ou naquela ocasião tivesse dito que não, ou noutra altura tivesse feito algo diferente... Não se trata de arrependimento, trata-se de uma forma de reacção às circunstâncias.
Como uma linha de um eixo que se quer constante, sempre com as mesmas coordenadas do princípio ao fim, é assim que queremos as nossas vidas, sinceramente não sei se a minha é assim, não sei se fiz correcções à rota ou se a desviei em algum ponto, inadvertidamente, para uma rota errada. Mas afinal, qual é a rota? A da felicidade? Isso tem rota? Como é que podemos fazer planos para algo tão subjectivo como os nossos sentimentos? Vou até ao ponto de dizer que como senhores absolutos dos destinos de cada um, não podemos reduzir a nossa vida a linhas, ou será que podemos reduzi-las...a círculos, círculos que por maiores que sejam acabam por voltar ao mesmo? Eu gosto de pensar que acabamos da mesma forma que começámos, ou seja, no zero, apenas me faltam os meios para avaliar e compreender esse mesmo zero.
E o que tem tudo isto a ver com ruptura? Simples, posso não estar em ruptura com o que me rodeia, (quem me conhece sabe que eu não embarco em explosões emocionais como estas) mas desejaria estar, para poder simplesmente desprender-me de tudo o que me amarra sem quaisquer tormentos psicológicos que daí advenham. Libertar-me de arquétipos a que eu tão lealmente me agarro mas que acabam por me prejudicar, de noções que eu entendo de forma diferente e que me dão uma vista cínica e céptica das coisas. Entre todos os responsáveis, eu sou o maior deles, porque não tive a visão necessária para atingir isto por mim próprio, porque tiveram de ser as malditas circunstâncias (que se fossem personificadas em alguém, eu gostaria de as deixar em mau estado) a mostrarem-me porque é que o que eu tanto desejava atingir não pode ser cumprido e que vou ter de me conformar com algo que nem remotamente corresponde às minhas expectativas...
O pior de tudo, é que eu não posso fazer nada contra isto, pelo menos por agora, porque fui tão endoutrinado nas tais circunstâncias, fui de tal forma assimilado por estas, que delas estou totalmente dependente e não me concebo fora delas, não sei o que seria sem estes paradigmas que me orientam, não imagino o que poderia ser a minha vida se eu virasse as costas a tudo o que considero como importante. A razão para isto? Mais uma vez as "circunstâncias" (a repetição constante deste conceito é intencional) que me convencem que isso não seria correcto, que eu não posso permitir que isso aconteça... Mais do que tentar mudar o que me rodeia, o que me rodeia está-me a mudar a mim e eu estou a perder a batalha, se não tomar medidas drásticas acabo por me tornar em mais uma lástima de Humano que se arrasta por aí, feliz com as coisas mais banais e superficiais do dia a dia, sem fazer jus ao conceito de "Ser Humano"... só gostava mesmo de saber porquê... E neste preciso momento em que eu, por questões de pragmatismo, vou ver uma pequena (mas importante) parte do que me rodeia como um ser vivo consciente e racional, pergunto-lhe: o que tens contra mim?
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home