20.4.05

A nova cabeça do Vaticano

Depois de 18 dias de "Sé vacante", eis que o Vaticano, o mais pequeno estado do Mundo e última monarquia absoluta da Europa, estado que nunca ratificou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, elegeu o seu novo Chefe de Estado, nada mais menos do que Joseph Ratzinger, até ontem o dirigente do sucessor natural do Tribunal do Santo Ofício.

Face à desilusão de uma grande franja de seguidores da igreja de Roma que esperavam um Chefe de Estado Africano, Latino-Americano ou um Europeu menos polémico, começam a delinear-se possíveis cenários para o reinado de Ratzinger.

Se a herança do seu predecessor é considerada pesada, um olhar mais equilibrado mostra-nos que não será assim tão difícil de seguir, pelo menos no que diz respeito às características políticas e profissionais do cargo, visto que o carisma não se transmite. Karol Woityla pode ter ficado na História como o homem que abriu a Igreja ao Mundo mas rapidamente chegamos à conclusão que ele foi um líder autoritário no que diz respeito à administração interna do Vaticano. Infelizmente para nós, "administração interna" no Vaticano não diz respeito apenas aos exíguos limites do seu território [0,44 quilómetros quadrados em Roma] mas sim aos cerca de mil milhões de seguidores que a igreja de Roma tem em todo o Mundo.

Ratzinger, em tantos aspectos semelhante a um dirigente do Comité Central de um Partido Comunista da União Soviética [que ironia tão gira...], apresenta muitos pontos comuns com Woityla, principalmente nos pontos que constituem a maior fractura entre a igreja católica e a população mundial - moral sexual, aborto, celibato dos padres, descriminação das mulheres. Por isso, acho no mínimo estranho que tantas vozes afirmem que este vai ser um pontificado "de transição", transição para o quê? Tudo indica que Ratzinger foi a autêntica personalização da consciência moral de Woitlya nos assuntos internos da igreja católica, as suas declrações são sobejamente conhecidas, uma delas afirmando que a "salvação apenas pode ser atingida através da igreja católica" - talvez este seja o ponto de ruptura com o reinado de Woitlya, um maior monolitismo no que diz respeito às outras religiões - não me parece uma franse muito diplomática, sobretudo vinda de um homem que é desde ontem o número um de uma instituição com a qual mil milhões de pessoas se identificam.

Quanto à minha perspectiva, como anti-clerical, anti-igreja e anti-cristandade, a Profaníssima Trindade numa única criatura, a eleição de Ratzinger representa um cenário desejável, que é o gradual afastamento da igreja em relação às pessoas, principalmente na Europa. De um ponto de vista mais Humano e mais aberto, seria dúvida desejável a eleição de um Chefe de Estado Latino-Americano ou Africano. Contudo, desta vez o meu lado mais cínico apoderou-se e tendo em conta que na minha profana opinião, o desmoronar da igreja está no interesse da Humanidade, a eleição de um Chefe de Estado mais sectário e conservador, capaz de suscitar grandes controvérsias em torno da sua instituição é a que serve melhor os meus próprios interesses. Talvez eu tenha a sorte de assistir à erosão visível da igreja.

Por último quero apenas ressalvar algo macabramente irónico quanto às posições da igreja no que diz respeito aos métodos de contracepção. Se na Europa isto é um assunto ultrapassado, na América Latina e África constituti um problema muito mais grave do ponto de vista Humano. A igreja, ao afirmar-se contra o uso de métodos contraceptivos, apela a um princípio bíblico segundo o qual os Humanos devem multiplicar-se nunca contrariar a "vontade divina" por detrás do acto da concepção, logo são claramente contra os métodos de controlo da população, ainda que isso pudesse ser óptimo para alguns dos países mais pobres do Mundo. Como todos também sabemos, a não utilização de métodos de contracepção é a porta de entrada das doenças sexualmente transmissíveis no organismo Humano, muitas existem mas as mais proeminentes são o HIV e as Hepatites. Tendo em conta que nos países em desenvolvimento o acesso a tratamentos médicos para as pessoas que padecem destas doenças é extremamente limitado, uma grande parte da população infectada acaba por morrer, após um longo e doloroso sofrimento. Apesar da posição da igreja, ela acaba por ser apologista do controlo da população, só que de um controlo doloroso, será que é difícil meter isto na cabeça??

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

este artigo foi escrito por alguem que para alem de nao saber nada sobre o vaticano-que nao se resume a cidade do vaticano- e tambem um difamador de pessoas que nao conmhece...somente fala delas... nomeadamente a Sua Santidade o papa bento16.
eu nao sou catolico praticante e mesmo assim sei reconhecer a injustica que este anrquista esta a fazer contra como refriu "...cerca de mil milhoes de pessoas..." mais uma pelo menos que sou eu....

um conselho pesquise antes de fazer insinuacoes como as que fez, para lem de nao lhe ficar bem so mosta qunto ignorante e.

Rodrigo Torres da Silva

23 novembro, 2007 20:34  

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