14.6.07

Zimbabwe à beira do colapso?

De acordo com um relatório de uma organização humanitária a trabalhar no país, o Zimbabwe vai entrar em colapso dentro de seis meses. Não é uma previsão, não é um cenário, é apresentado como uma inevitabilidade. E vê-se bem porquê, desde que há sete anos, o governo de Robert Mugabe iniciou uma política de expropriação de terras aos fazendeiros brancos e as entregou a grupos de veteranos sem conhecimentos de agricultura que a economia do país começou a entrar numa espiral negativa. As medidas autoritárias, a repressão crescente, as demolições dos bairros degradados de Harare onde viviam centenas de milhares de pessoas, a hiperinflação, que já ultrapassou os 4000% e vai continuar a subir, de acordo com as previsões, apontam para que até ao final do ano, o país simplesmente deixe de funcionar.

Com base em tudo o que o governo de Mugabe já fez nos últimos anos, não é de prever que mude as suas orientações tão depressa. Por todo o país, a maior parte da população já perdeu a esperança, quando o desemprego ronda os 80% e a maior parte das pessoas não consegue assegurar uma alimentação adequada - o próprio serviço nacional de saúde já praticamente deixou de existir. Durante algum tempo, os círculos mais próximos de Mugabe estiveram satisfeitos com o status quo, apesar da pobreza crescente e da degradação das condições de vida da população. Esta sentença vem indicar que a situação está perto do fim e que o país caiu num precipício do qual pode resultar uma guerra se nada for feito.

Não sei porque motivo permitiram que isto acontecesse. De acordo com cidadãos do Zimbabwe, as condições de vida há muito que ultrapassaram o intolerável e houve até quem defendesse que o Reino Unido deveria intervir no país - afinal, segundo essas opiniões, intervieram no Iraque por menos do que aquilo. As Nações Unidas nunca souberam lidar com a situação, os vizinhos do Zimbabwe, pelo menos os vizinhos influentes (leia-se, África do Sul) nunca se mostraram muito preocupados, até mantiveram muito boas relações com eles - menos Moçambique, a quem pelos vistos o Zimbabwe não paga a factura da electricidade importada produzida pela barragem de Cahora Bassa, electricidade essa que se encontra racionada no país...

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