18.3.06

Reféns de tudo o que possamos imaginar

Somos reféns....é a nossa inevitável situação, da qual é quase impossível escapar. Por mais voltas que tentemos dar, somos reféns e dificilmente o deixaremos de ser.
Somos reféns do Governo e do que este decide, a nível fiscal e da política de emprego, bem como ao nível do Serviço Nacional de Saúde, uma vez que do bom funcionamento deste depende a nossa sobrevivência nas piores situações.
Somos reféns da banca, que graças aos seus empréstimos consegue manter o Estado [entidade que emprega mais de 700 000 portugueses] em funcionamento e confere às empresas pequenas, médias e grandes alguma margem de manobra na esfera financeira, para não falar dos milhões de portugueses que têm contraído dívidas àquele sector.
Somos reféns de Espanha, que graças à sua vantagem estratégica sobre Portugal não só consegue reduzir significativamente o caudal dos rios internacionais quando uma seca extrema afecta o seu território como detém uma margem de manobra quase total sobre a nossa soberania alimentar e ainda controla um número elevado de empregos em Portugal.
Somos reféns dos principais accionistas da banca portuguesa, que tomam posições quanto à sua orientação estratégica que podem comprometer o futuro dos seus clientes, através do encerramento de balcões, de fusões e de estratégias de expansão que podem afectar, negativa ou positivamente, o futuro de um grande número de portugueses. Já para não falar dos depósitos off-shore nos quais os bancos portugueses depositam uma parte significativa dos seus activos.
Somos reféns da União Europeia, cujas orientações determinam uma parte significativa da estratégia e administração nacional, através das suas decisões, regulamentos e directivas que são frequentemente invocadas por sucessivos Governos para cobrir as suas acções de consequências negativas.
Somos reféns da Rússia, cuja vantagem no que diz respeito aos recursos energéticos pode fazer vacilar o equilíbrio europeu e, Estado atrás de Estado, condicionar as suas opções. Embora Portugal não esteja directamente ligado àquele país pela via do gás natural, uma posição de força tomada por Moscovo afectaria sempre de forma indirecta o nosso país.
Somos reféns dos Estados do Golfo, muito por culpa da nossa ineficácia na implementação de fontes de energia além das tradicionais [carvão, petróleo, gás natural], que através da exportação do petróleo conseguem fazer tremer os seus importadores, como foi visível no choque petrolífero de 1973, o que significa que a nossa estabilidade está dependente das decisões tomadas por um círculo de indivíduos fundamentalistas que se reúnem algures no deserto.
Somos reféns da China, cujo crescimento acelerado nos últimos anos leva a que todos os entendidos a considerem como a superpotência do século XXI, levando a relações vergonhosas entre Estados ocidentais que se afirmam como garantes dos Direitos Humanos e que se vergam à vontade da República Popular da China, Estado que não quer nem ouvir falar do assunto. Até Jogos Olímpicos em Pequim vão ter....
Somos reféns da religião organizada, que graças à forma como se implantou nas mentes individuais de cada um e na mente colectiva da esmagadora maioria da Humanidade se conseguiu afirmar como inevitável à nossa existência e se impôs como a única força capaz de sustentar a existência transcendental do Ser Humano, quer seja sob a forma do Cristianismo, sob a forma do Islamismo ou sob outra denominação qualquer e que consegue mobilizar milhões de indivíduos, como se de um rebanho de ovelhas sem cérebro se tratassem...
Somos reféns de nós próprios, uma vez que não existe nenhuma forma de vida mais poderosa que o Ser Humano, e sempre o seremos enquanto nos virmos como sobreviventes de uma existência diária e nos submetermos a tudo o que nos convencemos que é necessário.
De quem NÃO somos reféns, afinal? Das Nações Unidas não somos de certeza, uma vez que, infelizmente, aquela organização não é levada suficientemente a sério para que detenha algum poder a nível global. Tal como também não somos reféns da paz ou da prosperidade, muito menos reféns da felicidade... Seria sem dúvida motivo de orgulho poder deixar de ser refém, sem que para isso seja necessário deter uma fortuna incalculável, nesse caso continuaríamos a ser reféns de algo.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

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31 dezembro, 2009 21:05  

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