28.3.06

A linguagem da "elite"...

-Senhor professor, aproveito para saudar a sua brilhante intervenção e congratulá-lo pelo seu excelente raciocínio.
- Oh, senhor doutor, eu é que lhe agradeço a grande honra de poder expor aqui o meu pensamento.
- De facto o senhor professor elaborou uma exposição excelente, trata-se de um pensador de primeira linha.
- Muito obrigado senhor doutor e aproveito para saudar a brilhante obra do senhor doutor, que pode ser encontrada em qualquer biblioteca.
- Eu é que agradeço, senhor professor, por nos ter vindo aqui iluminar com o seu pensamento, tamanha explanação só poderia ser elaborada por uma individualidade com a capacidade do senhor professor.
- O senhor doutor é igualmente uma figura de renome, aliás, eu tenho todos os seus livros numa estante na minha sala em lugar privilegiado (aquela que aparece no fundo quando eu falo para a televisão).
- Ora senhor professor, não me deixe embaraçado. Saiba que eu todos os dias antes de sair de casa folheio as suas obras e procuro conhecimento na sua escrita brilhantemente elaborada.
- Não seja modesto, senhor doutor, saiba que eu todos os dias falo do senhor doutor aos meus alunos e se algum deles não conhece a sua obra, é imediatamente chumbado.
- Fico muito agradecido senhor professor, mas saiba que no meu local de trabalho eu estou sempre a falar do senhor professor e da qualidade inigualável da sua obra, aliás, eu só tenho conversas profundas com indivíduos que conhecem a obra do senhor professor.
- Agradeço-lhe igualmente, senhor doutor, e fique desde já a saber que na minha vida pessoal, passo grande parte do tempo a falar da obra do senhor doutor à minha esposa e aos meus filhos.
- Ora, senhor professor, está a ser demasiado gentil comigo, saiba que eu todos os anos leio cada obra do senhor professor duas vezes, no caso de me ter esquecido de alguma coisa importante.
- Ora, senhor doutor, agora sou eu que me sinto embaraçado. Sabe que todas as noites antes de adormecer, eu cito sempre uma frase sua à minha esposa antes de adormecermos.
- Pois saiba senhor professor, que eu já deixei um casamento porque a minha esposa não conhecia a fundo a obra do senhor professor, ela apenas tinha lido os resumos.
- E saiba o senhor doutor que eu já apliquei um murro na minha esposa e um pontapé no meu filho por eles terem interpretado erroneamente uma premissa da obra do senhor doutor.
- Não me deixe assim, senhor professor, que eu já mandei até fazer um cofre blindado de abertura retardada para guardar a obra completa do senhor professor, não vá acontecer alguma desgraça e eu ficar sem casa.
- Ora senhor doutor, eu em minha casa quando rezo não preciso de nenhuma Bíblia, preciso sim da obra do senhor doutor, que vale muito mais do que qualquer "escritura sagrada".
- Oh, senhor professor, está a envergonhar-me, eu não chego aos seus calcanhares, saiba que por a minha esposa ter mudado de assunto quando eu falava do senhor professor, estivemos de costas voltadas durante 30 dias.
- Olhe senhor doutor, eu e a minha esposa estivemos de costas voltadas durante 60 dias por eu preferir ler a sua obra a conversar com ela.
- Saiba então senhor professor, que o meu filho mais velho já se tentou suicidar por eu passar o tempo de roda das suas obras e não lhe dar atenção.
- Ora senhor doutor, a minha filha suicidou-se há seis meses porque eu passava tanto tempo com a sua obra que já não me lembrava do nome dela...como é que ela se chamava...a coisa?
- Senhor professor, ontem a minha esposa largou tudo e disse que ia para casa da minha sogra porque eu só falava do senhor professor dia e noite.
- Ora senhor doutor, não me deixe embaraçado, a minha esposa hoje pediu o divórcio porque diz que eu estou mais interessado em si do que nela.
- Oh, senhor professor, a minha esposa disse-me que nunca mais me queria ver e hoje vi-a a atirar-se a tudo quanto era marmanjo porque eu já mal falava com ela.
- Senhor doutor...está a pensar no mesmo que eu?
- Senhor professor, concerteza que estou! Faça amor comigo, neste momento, aqui mesmo, neste auditório, em frente a este público!
- Senhor doutor! Tenha vergonha, pensa que eu sou o quê? Um lenço de papel de usar e deitar fora? Fique a saber que eu sou um indivíduo com princípios e com integridade que não é corrompível dessa forma vil e baixa! Comigo só pode haver beijinhos e abraços na primeira saída.
- Mas senhor professor, julgava-o um homem divino, afinal, estou a ver que dificilmente chegaria ao Prémio Nobel.
- Senhor doutor, começo a ver pelo que sai da sua boca que afinal não é nada estranho que nunca tenha chegado a catedrático.
- O senhor professor pode estar cheio de títulos mas não significa que esteja cheio de bom senso e de que seja uma pessoa consciente.
- O senhor doutor gosta muito de fazer propostas arrojadas mas em meu entender é um profissional apenas ligeiramente acima da média.
- Ora, senhor professor, a sua cátedra afinal é numa universidade privada de segunda categoria onde qualquer labrego faz um curso com média de 14 a meter coisas que o senhor professor diz na cabeça, assim também eu!
- Ora, senhor doutor, eu sei e o senhor doutor sabe também, que o senhor doutor só chegou aonde chegou por causa dos seus conhecimentos, senhor doutor, caso contrário o senhor doutor estaria aos 50 anos a atender telefones senhor doutor.
- E o senhor professor, que só escreveu uma obra original e limitou-se a copiar tudo da mesma e a fazer acrescentos, como quem escreve para um jornal tablóide?
- Senhor doutor, tenha cuidado com o que diz, porque eu sei que o senhor doutor concluiu o ensino superior completamente à rasca!
- Tenha paciência, senhor professor, porque eu sei que se o senhor professor não tivesse feito uns "servicinhos" ao director da sua faculdade, nem a licenciatura teria acabado.
- Oh senhor doutor, veja como fala, porque o senhor doutor é um indivíduo com uma falta de conhecimentos gritante
- Deixe-se disso, senhor professor, porque a sua capacidade de argumentação está abaixo da de um aluno da sua faculdade, o senhor nem conseguia levar a melhor perante um aluno de uma turma de ensino especial do 5º ano!
- Oh senhor doutor, pare de dizer parvoíces porque o senhor doutor não passa de um simplório.
- Não se arme em esperto, senhor professor, afinal o senhor professor não tem capacidades nem para ensinar uma ovelha a deixar-se apanhar por um lobo!
- Oh cretino, vamos lá ver uma coisa, aqui o professor sou eu, tás a topar?
- Mas queres o quê, oh meu mariconço universitário, queres que eu te beije a mãozinha lá porque tens 500 atrasados mentais a lamberem-te as botas e a copiarem o que tu dizes para as folhas de exames?
- Não tarda nada tás a encher com uma na tromba, meu grandessíssimo anormal, que é para veres o que é a hierarquia, tu amochas o que eu digo porque eu sou catedrático, tás a assimilar?
- Vê lá se queres que eu te enfie aqui o meu sapato italiano entre as tuas nádegas universitárias, que é para veres a diferença entre o que ser catedrático numa universidade de segunda e ser presidente do conselho de administração de uma empresa como a minha, onde ganho 100 000 euros por mês e tenho um exército de escravos a fazerem-me as vontades todas.
- Ah é? Ah é? Queres resolver isto no corredor, meu grande panasca? Queres ver o que é levar com um soco catedrático na tromba e ficares sem dentes para administrar?
E por aí fora...

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