Apedrejamentos no Irão...mas é tudo legal
No Irão, oito mulheres e um homem foram condenados à morte pelo apedrejamento. Sim, ainda há pessoas que são executadas através do apedrejamento [notem que eu não disse apenas "ainda há pessoas que são executadas"]. De acordo com esta notícia, "The eight women sentenced, whose ages range from 27 to 43, had convictions including prostitution, incest and adultery, Reuters news agency reported. The man, a 50-year-old music teacher, was convicted of illegal sex with a student, reports said."
Aparentemente, nenhum dos "crimes" foi cometido sob coacção nem vitimou ninguém, o que contribui ainda mais para vermos como certos países parecem não saber tratar os seus cidadãos como seres humanos - sendo o Irão uma República Islâmica [oh por favor...uma república de base religiosa não passa de uma mentira a todos os níveis] e se de acordo com as interpretações da lei islâmica, é aceitável apedrejar pessoas até à morte por crimes que não vitimam ninguém, isso torna-se numa prática aceitável se for ordenada pelo poder judicial.
É justo dizer-se que cada país deve tratar dos seus próprios assuntos internos, mas, e correndo o risco de ser rotulado de "ocidental arrogante" ou até mesmo de "neo-colonialista/imperialista", eu prefiro pensar que existem valores universais comuns a toda a Humanidade e que estão acima de correntes religiosas e de doutrinas políticas - caso contrário, nenhuma ideia conseguiria sair do seu local de origem e encontrar eco em locais distantes.
Não é altura de usar adjectivos como "retrógrado" ou de referir paradoxos como "tentativas de modernização que coexistem com métodos medievais" - isso é partir do princípio que todos os países se encontram num processo imparável a caminho do "progresso" e que eventualmente, vamos todos ser regidos pelas mesmas leis.
Acontece que países como o Irão [e já agora, a Arábia Saudita, antes que venham dizer que os aliados dos EUA também fazem coisas destas] consideram que abolir tais práticas seria apenas vergarem-se à pressão do ocidente e isso seria visto como uma humilhação perante o Mundo - o que é compreensível, afinal não criaram um dos estados mais grotescos do Mundo para depois suavizarem as leis devido às pressões externas.
Se no Irão, práticas como a execução por apedrejamento são vistas como normais, que legitimidade temos nós para os criticar? Afinal, os EUA também cometem violações dos Direitos Humanos [numa escala ligeiramente menor], porque é que o Irão não as pode fazer? Claro que partir do princípio que esta medida goza do apoio da maioria dos iranianos é muito imprudente. Afinal, a maioria dos húngaros detestava a ocupação soviética e ninguém os foi ajudar quando estes se levantaram contra o invasor. O mais importante aqui é saber porque razão é que um estado como o Irão ainda existe? Não se trata apenas de práticas judiciais desumanas, trata-se de todo um país que é uma distorção total daquilo que um país deve ser [e já estou a ouvir "deve ser como quem...como os Estados Unidos?"], uma vez que é um estado baseado numa religião e com intenções de manter o seu status quo através da venda de combustíveis fósseis.
Dificilmente se podem esperar atitudes de maior respeito para com os Direitos Humanos vindas do Irão - um país onde os seus dirigentes mais poderosos se dignam a ditar o que é moralmente ofensivo - e o pior de tudo isto é que não se trata de um pequeno país sem projecção mundial, trata-se de um país de grandes dimensões, com uma intervenção directa no seu vizinho Iraque, que financia movimentos terroristas no Médio Oriente e que ainda serve de orientação espiritual a muitos que pretendem instituir um totalitarismo com base na religião islâmica...onde, entre outras coisas, há pessoas condenadas à morte por adultério.
Etiquetas: Irão
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