26.5.06

O grande pântano português

Qual a palavra que devemos levar mais a sério? A de peritos portugueses ou de um perito norte-americano? Neste caso, acho que deveríamos levar mais a sério a que foi expressa por este senhor, Jack Welch, durante um debate do Fórum para a Competitividade, onde o gestor de renome mundial aponta o dedo aos empresários portugueses e realça a má imagem que o país tem nos meio empresarial europeu e americano. A fraca competitividade, o baixo nível dos recursos humanos e gestão medíocre servem de exemplo a um país que nos últimos anos assiste a um declínio acentuado do seu vigor e cujos fantasmas parecem ser impossíveis de exorcizar.
Desde há vários anos que na imprensa da especialidade surgem artigos de peritos, portugueses e estrangeiros, que apontam para a necessidade de investimento nos recursos humanos, de especialização da economia portuguesa num ramo onde possam ser desenvolvidos bens de alta tecnologia e de elevado valor acrescentado que possam criar economias de escala e elevar o desempenho económico português.
Não são nenhuma novidade as sugestões e apelos feitos aos empresários e gestores portugueses no sentido de investirem na formação dos seus recursos humanos, de apostarem na internacionalização das suas marcas e de tomarem iniciativas. E no entanto, há mais de cinco anos que os portugueses olham unicamente para o Estado como solução do problema. Não se trata aqui de uma questão de “Estado a mais” ou “Estado a menos”, independentemente do que Belmiro de Azevedo possa pensar, trata-se sim de um forte impulso vindo da sociedade e do sector privado para a inversão do cenário, ao qual o Estado não será indiferente. Como produto da actividade Humana que é, o Estado reflecte os seus criadores. Quando a sociedade é improdutiva e decadente, dificilmente o Estado poderá intervir com sucesso.
Como pode o Estado criar um número decisivo de empregos, ter um papel fulcral na modernização e projecção das empresas portuguesas e conseguir uma subida do nível de vida dos trabalhadores quando a actividade económica do sector privado parece afundar-se num pântano sem soluções? É algo que os empresários portugueses e o governo não compreendem, ou não querem compreender. Até agora, os portugueses ignoraram ou fingiram ignorar as vozes que sugeriam soluções, ou no mínimo ideias que poderiam ter um ligeiro impacto no sentido de pôr fim ao marasmo. Esta sugestão, vinda de uma individualidade reconhecida mundialmente na matéria, provavelmente também será ignorada. Portugal tem o que merece.

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