11.7.06

Atentados em Bombaim


Hoje a maior cidade indiana foi alvo de sete explosões premeditadas com o objectivo de provocar o pânico e lançar o caos em Bombaim, centro económico da Índia. Num espaço de vinte minutos, sete bombas deflagraram em comboios suburbanos da cidade de 16 milhões de habitantes [meio de transporte utilizado por mais de 5 milhões de passageiros diariamente], provocando pelo menos 147 mortos e 439 feridos.
Embora o atentado não tenha sido reivindicado, os serviços secretos indianos apontam como responsáveis a organização terrorista Lashkar-e-Toiba e a Students Islamic Movement of India. Além das consequências que estão à vista de todos, um número muito elevado de mortos e de feridos entre uma população que nos últimos anos vive cada vez mais ameaçada pelo terrorismo, é possível que este atentado, integrado numa situação de insegurança na Índia que atinge a população civil, ponha em evidência não só a participação da al-Qaeda [nem é preciso dizer que estará relacionada] mas que possa vir de alguma forma interferir com as relações entre a Índia e o Paquistão.
É do domínio público que o Paquistão apoia, moral, técnica e financeiramente, movimentos terroristas de cariz religioso responsáveis por crimes cometidos na Índia. A situação de permanente tensão entre os dois países torna, aliás, este tipo de prácticas incontornáveis. Mas desta vez, o Presidente do Paquistão apresentou uma condenação imediata dos atentados, o que, se for comprovado o mínimo possível de participação paquistanesa, pode ser utilizado a favor dos dois países na progressiva aproximação entre Nova Deli e Islamabad a propósito de Caxemira. Nos últimos anos, as duas potências nucleares atingiram novos patamares do ponto de vista da pacificação dos actos e palavras em relação às constantes ameaças derivadas do impasse de Caxemira. Embora o conflito esteja bastante longe da resolução, a situação é sem dúvida melhor do que há poucas décadas atrás, é preciso ter em conta que em conjunto, Índia e Paquistão têm cerca de 1 200 milhões de habitantes que representam religiões, culturas e opiniões radicalmente diferentes e que rapidamente pode ser lançada uma espiral de violência intercomunitária.
Infelizmente, a situação do ponto de vista da segurança é de tal forma precária na região que torna necessária a ocorrência de atentados como os de hoje para que as lideranças locais possam falar de paz, pelo bem das suas populações apesar das dificuldades que possam vir a enfrentar por parte dos seus sectores mais extremistas.

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