18.5.06

Bush down the drain...

George W. Bush apresenta o índice de popularidade mais baixo desde que iniciou funções em Janeiro de 2001. Depois de ter atingido valores a rondar os 90% no seguimento dos atentados de 11 de Setembro, a sua popularidade não pode resistir à sua personalidade e à sua forma de dirigir o país, bem como aos erros cometidos pela sua administração. Desde a recessão económica que provocou um aumento do desemprego e uma consequente subida da criminalidade [recessão que os EUA já superaram], à insolvência do sistema educativo e de saúde, passando pela invasão do Iraque que contava inicialmente com um apoio substancial da opinião pública e de medidas impopulares como por exemplo, a adopção do Patriot Act, em Novembro de 2004 Bush conseguiu ser reeleito contra um adversário que não oferecia suficientes perspectivas de mudança ao eleitorado descontente.
Desde o início do seu segundo mandato em Janeiro de 2005, Bush raramente ouve boas notícias. Ao caos em que mergulhou o Iraque, tornando necessária a presença por tempo indeterminado das tropas americanas naquele país e aumentando semanalmente o número de vítimas iraquianas e de soldados americanos mortos, juntou-se o furacão Katrina que expôs sérias falhas na organização interna dos serviços de emergência, o falhanço da Área de Comércio Livre das Américas, as extremamente controversas escutas telefónicas efectuadas pela NSA a cidadãos americanos, os escândalos que atingiram membros da sua administração, a crescente tensão em relação ao problema da imigração ilegal para o país, a dificuldade em abordar o programa nuclear iraniano e, finalmente, a controversa nomeação do General Micheal Hayden para director da CIA.
Nada distou ajudou Bush, tudo contribuiu para a queda de popularidade do Presidente. Embora o Presidente dos EUA não seja um Chefe de Estado todo poderoso que concentre os poderes na sua mão, é a face visível de um imenso sistema, e essa face só dispõe de opiniões favoráveis junto de 29% do eleitorado dos EUA, sem surpresas, claro. Neste segundo mandato, George Bush tentou agradar a quase todos os sectores internos e externos, e a juntar às suas já conhecidas tiradas que caem bastante bem junto das comunidades evangélicas que muito contribuíram para a sua eleição, no plano interno de seguimento a medidas que o aproximaram do perfil do Partido Democrata e no plano externo aproximou-se à União Europeia, podendo-se já considerar que o afastamento provocado pela divergência em relação ao Iraque está superado. Too little, too late.
É impossível agradar a todos e por mais que George Bush e o Partido Republicano pretendam deixar caminho aberto para um sucessor, seja quem for o candidato daquele partido em 2008 vai ter uma tarefa extremamente complicada. Se a larga maioria dos Democratas e Libertários nunca gostou de ter Bush como Presidente, existe uma desilusão cada vez maior entre os sectores mais conservadores da sociedade Norte-Americana que consideram que Bush não cumpre os seus desígnios.
Todos tínhamos uma ideia de quem era George W. Bush antes de ser eleito. Pelo que ouvíamos do então Governador do Texas, a opinião era unânime: é um inculto, um ignorante, um saloio, um idiota. Não que isto seja novidade no posto presidencial, de maneira nenhuma, mas é através de situações como esta que agora observamos que podemos ter a certeza absoluta disto: este homem não é líder para a maior potência do Mundo.

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