30.5.04

Mater Europa...não querem ser uma cambada de bastardos pois não? VOTEM!

Cá estou eu outra vez, depois de uma frequência que não sei como é que correu e a preparar-me para a incrivelmente entusiasmante (causadora de ataques cardíacos a quem não está preparado!) e sempre surpreendente frequência de direito internacional público, com aquela matéria capaz de nos deixar o sangue a ferver, tal não é o suspense que aquilo nos provoca!



Sarcasmos à parte...hoje vou escrever um bocadinho sobre as eleições Europeias. Sim, vai haver eleições dia 13!"A sério??" Exactamente, garanto que é completamente verdade, juro pela minha integridade! Sim, são essas eleições a que ninguém liga nenhuma porque não querem "votar para mandar burros a pão-de-ló para Bruxelas" como eu já ouvi dizer. São as eleições com a menor participação (deve rondar os 30% se lá chegar!) e aquelas que a maior parte das pessoas não sabe para que serve.

Contudo, este ano e devido a todo o clima que se está a formar em torno do governo, a campanha eleitoral está a atingir um nível incrível. Só começou ontem, oficialmente, mas há já alguns meses que se vêem cartazes pelas ruas que se não fosse pelos logotipos partidários podiam ser anúncios futebolísticos. Para aproveitar o Euro 2004 os maiores partidos políticos usam e abusam da linguagem futebolística, ou seja "cartão amarelo" para aqui, "mostrar um vermelho" para ali e ainda "temos a melhor equipa/selecção/outra treta qualquer". Muito bonito tudo isto! Ainda mais bonito é o aproveitamento destas eleições que se dizem "Europeias" ou seja, para eleger deputados para o Parlamento Europeu, para lançar mensagens que apenas têm cabimento na política interna do país. Isto deve vir provavelmente deste "pequeno" facto: os Portugueses (a maioria) não sabem o que é a União Europeia! Recentemente, houve sondagens que indicavam um desconhecimento total dos dez novos países que aderiram à UE no passado dia 1 de Maio. Perguntem a um Português anónimo o que a União Europeia significa para ele/ela numa rua qualquer do país e seja qual for o nível social, a menos que se trate de alguém que ou lida com estas questões no seu quotidiano ou então gosta de se manter informado, a resposta vai ser qualquer coisa como: fundos de Bruxelas; lixou-nos a agricultura e a pesca; encheu-nos de fruta Espanhola; abriu-nos as fronteiras para entrar todo o lixo; é só tachos; etc...

Eu sei que as instituições Europeias não primam pela imagem junto dos eleitorados (Portugal não é o único país da UE em que as pessoas mostram desinteresse pelas eleições Europeias), aliás, acho que deveriam fazer muito mais pela sua promoção para que os cidadãos comuns se sintam identificados com o projecto Europeu e mais participativos numa construção que diz respeito a mais de 400 milhões de cidadãos. Contudo, dificilmente se pode atingir um alto nível de esclarecimento se não houver vontade das pessoas. A informação está aí, seja em jornais, revistas, programas televisivos, internet, livros, ou seja, quem não tem um conhecimento mínimo da Europa não é por falta de divulgação, é porque não quer, porque é demasiado teimoso/a para isso, porque acha que Portugal não precisa da Europa para nada e que nunca lá devíamos ter entrado ou simplesmente porque é muito preguiçoso/a para ler qualquer material informativo, nem que seja 10 minutos por dia. Talvez se a Bola e o Record começassem a reservar algumas porções das suas páginas ao Euro-esclarecimento, o nível de conhecimento subisse, que acham??

Enfim, os Portugueses não se interessam e o que é mais preocupante é que não mostram dinamismo. Um grande número de pessoas já se resignou à ideia de que daqui a 20-30 anos o nosso índice de desenvolvimento vai ser ultrapassado pela maior parte dos países da Europa de Centro e Leste. Alguém precisa de encostar um megafone ao ouvido destas pessoas, megafone esse que por sua vez terá o bocal encostado a umas colunas colossais capazes de debitar uns 900W de som, e berrar a plenos pulmões: "Isso só acontece se não fizermos nada por nós!!" Depois da recuperação do choque "O quê?Está a dizer que temos que ser NÓS a evitar isso??Então e o dinheiro de Bruxelas??" Pois é, o dinheiro de Bruxelas foi tanto (nem sei quanto) ao longo dos últimos 18 anos que se o tivéssemos aplicado melhor a esta altura não estávamos com questões destas! Mas claro, a idiossincrasia nacional, sempre tão dinâmica e optimista, já deitou a toalha ao chão e já se rendeu às evidências. Talvez daqui a 30 anos Portugal tenha um grande protagonismo como destino turístico e seja um país para onde os empresários vindos dos importantes centros financeiros da Europa, como Riga, Ljubliana ou Nicosia vêm passar férias para escapar à agitação daquelas cidades frenéticas.

Com isto tudo, quero terminar, dizendo que os Portugueses adoram queixar-se (não é novidade para ninguém) principalmente da UE, mas a maior parte nem sequer votam nem sabem para que serve, ou seja para mim é como se essa opinião não existisse, porque uma opinião sem qualquer fundamento ou reflexão é tão importante como a mensagem que os nossos partidos políticos passam nesta campanha.
Digam o que disserem, eu lá estarei na manhã do dia 13 para exercer o meu direito de voto (só o ganhei há 3 anos, não vou já cuspir na face da democracia!)
Já agora, quem teria sido o iluminado em Bruxelas que escolheu o dia 13 de Junho para estas eleições?? É que no dia 13 é "apenas" o segundo dia do Euro 2004, um dos jogos é o Inglaterra-França que apenas vai paralisar a Europa durante 90 minutos. Depois queixam-se da abstenção! ;)

Boa noite e até à próxima!

26.5.04

I have returned!!

Isto é que foi uma ausência!
Pois, quando se entra em época de frequências começa a ser assim =P Amanhã lá será política externa, por isso hoje não vou aqui escrever nada meu, vou simplesmente colocar aqui um poema que me agrada bastante do poeta Francês Charles Baudelaire, chama-se "Les Litanies de Satan" e por hoje é tudo! Até à próxima!


O toi, le plus savant et le plus beau des Anges,
Dieu trahi par le sort et privé de louanges,

O Satan, prends pitié de ma longue misère!

O Prince de l'exil, à qui l'on a fait du tort,
Et qui, vaincu, toujours te redresses plus fort,

O Satan, prends pitié de ma longue misère!

Toi qui sais tout, grand roi des choses souterraines,
Guérisseur familier des angoisses humaines,

O Satan, prends pitié de ma longue misère!

Toi qui, même aux lépreux, aux parias maudits,
Enseignes par l'amour le goût du Paradis.

O Satan, prends pitié de ma longue misère!

O toi qui de la mort, ta vieille et forte amante,
Engendras l'Espérance, - une folle charmante!

O Satan, prends pitié de ma longue misère!

Toi qui fais au proscrit ce regard calme et haut
Qui damne tout un peuple autour d'un échafaud,

O Satan, prends pitié de ma longue misère!

Toi qui sais en quels coins des terres envieuses
Le Dieu jaloux cacha les pierres précieuses,

O Satan, prends pitié de ma longue misère!

Toi dont l'œil clair connaît les profonds arsenaux
Où dort enseveli le peuple des métaux,

O Satan, prends pitié de ma longue misère!

Toi dont la large main cache les précipices
Au somnambule errant au bord des édifices,

O Satan, prends pitié de ma longue misère!

Toi qui, magiquement, assouplis les vieux os
De l'ivrogne attardé foulé par les chevaux,

O Satan, prends pitié de ma longue misère!

Toi qui, pour consoler l'homme frêle qui souffre,
Nous appris à mêler le salpêtre et le soufre,

O Satan, prends pitié de ma longue misère!

Toi qui poses ta marque, ô complice subtil,
Sur le front du Crésus impitoyable et vil,

O Satan, prends pitié de ma longue misère!

Toi qui mets dans les yeux et dans le cœur des filles
Le culte de la plaie et l'amour des guenilles,

O Satan, prends pitié de ma longue misère!

Bâton des exilés, lampe des inventeurs,
Confesseur des pendus et des conspirateurs,

O Satan, prends pitié de ma longue misère!

Père adoptif de ceux qu'en sa noire colère
Du paradis terrestre a chassés Dieu le Père,

O Satan, prends pitié de ma longue misère!

PRIÈRE
Gloire et louange à toi, Satan, dans les hauteurs
Du Ciel, où tu régnas, et dans les profondeurs
De l'Enfer, où, vaincu, tu rêves en silence!
Fais que mon âme un jour, sous l'Arbre de Science,
Près de toi se repose, à l'heure où sur ton front
Comme un Temple nouveau ses rameaux s'épandront!

23.5.04

O fim da Idade Média

Boa noite!
Hoje vou falar sobre um assunto que me agradou bastante, embora de uma forma algo estranha e distorcida.

Há uns dias atrás, foi assinada entre Portugal e a Santa Sé a nova Concordata, ou melhor, a revisão da Concordata, documento que regulamenta as relações entre Portugal e este micro-estado, o mais pequeno do Mundo, o único em que a língua oficial é o Latim, a última monarquia absoluta da Europa e a última teocracia do continente, o único estado Europeu que vive em função de uma religião, etc...

A Concordata prevê uma série de pontos que ao observá-los apenas posso elogiar, como o fim da isenção fiscal para os clérigos envolvidos em actividades laicas - como o ensino e a exploração de negócios próprios - a equiparação das outras religiões ao catolicismo e a eliminação da necessidade da presença de um bispo em actos oficiais. Se esta Concordata deve ser elogiada pelo conteúdo, ela deve ser muito criticada pela chegada tardia (em 2004 surge uma revisão de um documento assinado em 1940 e cuja única alteração teve lugar em 1975) e em última instância, pela própria existência! Afinal, nunca deveria ter sido necessária!

Mas vamos lá ver:
Só num país excessivamente 'apadralhado' como o nosso (e Portugal nem é dos piores, Espanha, Irlanda e Malta são bem mais retrógrados) é que uma revisão das relações com a igreja demora mais de 60 anos a chegar. O Estado de direito, se não me engano Portugal obedece a este critério, pressupõe uma base laica e secular, como tal separação TOTAL da igreja em relação ao Estado. E de facto, o Estado Português obedece parcialmente a isto, não tem uma religião oficial nem pagamos impostos à igreja (ao contrário do que acontece noutros lados...) mas contudo, falhava noutros aspectos, nomeadamente, no tratamento fiscal concedido à igreja, essa santa instituição, farol de esperança para os mais desfavorecidos, conforto dos mais inquietos - autêntica gaiola de ouro para os que dela fazem parte, sem que muitos dos que procuram a sua "ajuda" a ela tenham direito, e já agora, local de satisfação do impulso sexual de alguns padres!
Já agora, refira-se a tal presença de um bispo nas cerimónias oficiais, qual é a razão de ser disto?

Todo este tratamento preferencial da igreja provém do salazarismo, o regime que instituiu a máxima "Deus, Pátria e Família" e que promovia a imagem dos Portugueses como um povo simples, pobre, católico e com horizontes curtos. Nunca estas palavras se interligaram tão bem! De facto, pobreza, catolicismo e simplicidade são características que se complementam umas às outras, às quais podemos também juntar conservadorismo retrógrado, patriarcalismo e a um nível mais elevado, sectarismo e fanatismo.

Durante a I República, os governantes da época instituiram uma série de medidas "anti-clericais" que restringiram o poder da igreja. Estas medidas foram em parte representadas por Afonso Costa, que se tornou numa das figuras mais odiadas do país. A nacionalização dos bens da igreja, bem como a restrição de actividade religiosa foram medidas demasiado avançadas para a época num país que, tal como hoje, permanecia atrasado em relação ao resto da Europa, e provocaram a fúria da igreja, incluindo o corte de relações com o Vaticano.

Após o estabelecimento do Estado Novo, a igreja foi "compensada" daquilo a que foi submetida durante a I República, e assim temos a santa madre igreja católica apostólica romana a imiscuir-se nos assuntos do país, com influência na agenda política e nos assuntos de carácter social e nos benefícios fiscais. A assinatura da Concordata consagrou uma série de medidas a que a maioria dos Portugueses se habituou e que só muitos anos mais tarde é que repararam quão retrógradas eram. Estas medidas incluiam o ensino obrigatório de religião nas escolas (bem como a presença de um crucifixo nas aulas), a ilegalização do divórcio, a presença de membros da igreja em actos oficiais bem como o benefício implícito dado à igreja numa série de assuntos. Foi assim reforçada a imagem que o Estado Novo queria dar de Portugal, a meta a atingir seria a formação de uma população mansa, ignorante e alheada dos assuntos políticos e económicos que confiasse plenamente no governo e não se sentisse seduzida por subversivos ideais democráticos, ou por outras formas de regimes autoritários, leia-se comunistas.

Felizmente já nada disso acontece e embora em muitos aspectos tenha havido uma clara evolução, noutros continuamos a ter o estigma católico em cima de nós, em parte por responsabilidade dos governos, em parte devido à influência do lobby católico, cujo poder vem em grande parte da permissividade com que foi tratado ao longo das décadas por vários governos em todo o mundo.

Ainda hoje em dia, a igreja católica em vez de se reduzir à sua vocação (isto partindo do princípio que tem alguma!) e de colocar um limite às suas palavras e actos à porta do templo, detém bastante poder, utiliza a comunicação social com tempos de antena privilegiados, é claramente influente em várias individualidades políticas e lança campanhas de lobbying e de tentativa de manipulação da opinião pública, nomeadamente contra o aborto.
Afinal, quem é que pediu a opinião da conferência episcopal portuguesa?

Mais ainda, porque é que na RTP, estação pública de televisão, paga com o dinheiro dos contribuintes, cujo detentor é o Estado (Estado laico, secular onde existe separação) aos domingos não falha a transmissão de uma missa? E quando não é uma missa é um evento religioso com um significado ainda maior? Desde quando é que isso contitui um serviço público?? O melhor exemplo a que eu assisti desta anormalidade anacrónica deu-se no ano passado no dito domingo "de páscoa" onde a nossa estação pública lá estava a prestar um "serviço público" aos Portugueses e a transmitir a missa de páscoa. Durante a cerimónia, o locutor que fazia a narração do evento refere "(...) a verdade da ressurreição de nosso senhor". Ora, este jornalista pode, dentro do seu mundo privado, acreditar plenamente em Humanos pregados a cruzes, nascidos de virgens, que caminham sobre as águas, fazem milagres e ressuscitam depois de mortos. Faz parte do nosso direito acreditarmos naquilo que quisermos, eu também estou no meu direito de acreditar em deuses do fogo, do trovão e do vento, ou de acreditar em elfos, fadas e duendes. Mas num serviço público de televisão no qual os cidadãos confiam (foi recentemente comprovado por um estudo de mercado que a RTP é uma das 'marcas' em quem os Portugueses mais confiam) é perfeitamente abjecto, sectário e retrógrado referir uma coisa destas. Não só do ponto de vista do laicismo e da secularidade, mas também porque uma pessoa que acreditasse noutra mitologia não teria a mínima hipótese de a expôr, ao passo que a santa madre igreja tem direito a uma transmissão em directo!

Tal como eu disse, houve uma grande evolução, mas há ainda muito que precisa de ser feito. Se do ponto de vista jurídico a situação prece bem melhor, do ponto de vista social há ainda muitas lacunas a eliminar, se quisermos deixar de ser um país atrasado. Talvez seja por isto que a igreja gosta tanto de pobres e de analfabetos, esses não questionam e fazem tudo o que o padre manda.
Já agora, não se esqueçam da Opus Dei, organização sinistra, neo-inquisitória que se movimenta sem nós darmos conta e que conta entre as suas fileiras com, por exemplo, o presidente da Assembleia da República, que é apenas o número dois do Estado Português.

Boa noite e não os deixam apanhá-los. Acreditem no que quiserem mas sejam sempre livres-pensadores!

22.5.04

Neo-patriotismo ou comercialismo patriótico?

Porquê?Oh, porque é que teve de ser assim? Porque é que acabou para mim? Porque é que não mo permitem? Porque é que vai sempre contra mim e contra os meus desejos, contra a minha felicidade, enfim, contra o que eu gosto e que não faz mal a ninguém?






Sim, porque é que a RTP deixou de passar os Simpsons??A coisa mais inteligente que saiu dos Estados Unidos nos últimos 15 anos e não querem saber! Implicavam sempre com os Simpsons, cada vez que ia ser transmitido um programa que não era habitual (do tipo, uma transmissão em directo ou um especial) os Simpsons eram sempre sacrificados! Nunca falhava! O que é que tinham contra os Simpsons? Um dos melhores programas estrangeiros que alguma vez passou na televisão Portuguesa e não só o tratavam mal como acabaram por abandoná-lo pura e simplesmente! Era por não ter audiência suficiente? Mas se esse argumento fosse sempre levado a sério, a Dois não teria razão de existir (e os Simpsons passavam na RTP2) e uma série que dura 15 anos seguidos merece no mínimo, muito respeito.

E já deu para escrever qualquer coisa, tal não é a indiganção ;)
Por acaso hoje até ia falar do Euro 2004. Estou pessoalmente bastante ansioso para que comece, não propriamente para ver a selecção Portuguesa (embora ache que temos uma boa equipa) mas mais pelo ambiente e por toda a movimentação que vai gerar em Portugal (é que neste país saloio estamos pouco habituados a coisas "grandes" como esta...). Mas o que eu acho mesmo muita piada é ao patriotismo comercial do futebol! Sim, parece ser a única forma de patriotismo permitida em Portugal (e não só) hoje em dia caso contrário somos "fascistas/nazis/reaccionários/blablabla", palavras proferidas por pessoas que pensam que patriotismo é andar de braço esticado a saudar a bandeira e aspirar à dominação mundial. Ou seja, mais uma consequência da ignorância, porque eu *até já sinto o 'choque e espanto'* sou muito patriota ao mesmo tempo que sou completamente Europeísta. Engulam esta, extrema esquerda e extrema direita, afinal acabam por ser iguais!

Mas como eu estava a dizer, é este patriotismo que surge a cada dois anos (às vezes só surge de quatro em quatro, depende se a selecção se qualifica ou não...) e que invade o país com bandeiras Nacionais, mascotes e cachecóis (em Junho, mês de calor horrível!) e que nos lembra a todos que apesar dos problemas que Portugal sofre, todos nós nos devemos (coloquem um ênfase muito poderoso em "devemos") unir com o propósito comum de apoiar a selecção na busca do título. Claro que os outros assuntos, como o equilíbrio das contas públicas, o sistema de saúde, o sistema educativo, a melhoria das infra-estruturas, a eliminação da corrupção, a revitalização económica, etc, nada disso interessa, isso é tudo secundário! Se os Portugueses estiverem unidos em torno da selecção já vale a pena, afinal a união em torno da selecção parece mostrar que a alma não é pequena (mas ter o país mais atrasado da Europa Ocidental já não faz mal nenhum) e que assim mostramos que realmente somos um povo bastante unido.

Esse patriotismo poderia vir naturalmente dos adeptos Portugueses (seria melhor para a identidade) mas a verdade é que a maior parte desta iniciativa vem da Galp, da TMN, da PT, da Coca Cola, do McDonald's (uau, até estes!) e por aí fora...Que bom termos a petrolífera, as comunicações e a junk food a lembrarem-nos os nossos deveres cívicos como cidadãos da República Portuguesa! Muito obrigado, se não fossem vocês, sector empresarial, a nossa identidade não era nada e não existiria unidade nacional. Aliás, acho mesmo que o país já tinha entrado em guerra civil, se não fossem os senhores simpáticos engravatados que se reúnem em torno de uma mesa no quartel general da sua empresa (ou no QG da representação Portuguesa), já nos tínhamos tornado nos Balcãs da Europa Ocidental!

Já viram que eu hoje estou muito virado para o sarcasmo! Pois é, faz parte de mim, é inerente ao meu niilismo e à minha percepção do mundo e estas minhas críticas surgem como a reacção perfeitamente natural aos estímulos que o mundo me envia. Afinal, o mundo assemelha-se a um grande palco onde se desenrola a interminável tragicomédia da Humanidade (tragicomédia essa que existem também ao nível de cada país, Portugal não é excepção) e eu se pudesse escolher, acho que preferia ser alguém do público ou melhor ainda, o crítico que analisa a peça em questão e depois ou a louva, ou a deita abaixo. Infelizmente, tal não é possível, sou um Humano e como tal faço parte dos figurantes (há Humanos que estão entre os protagonistas, eu sou apenas um pequeno figurante). Mas para ser sincero, tenho achado um espectáculo muito divertido! Até agora, tem valido a pena participar! Só espero que o público não ache o bilhete demasiado caro...


E com isto fico por aqui, são horas de dormir, sou Humano, preciso de dormir!Mas contem com mais amanhã (ou então depois, se amanhã não me apetecer!).

20.5.04

A nossa decadência Nacional - inerente à idiossincrasia ou responsabilidade de todos nós?

Para variar não sei o que vou escrever...
Felizmente neste meu país a lista de assuntos a comentar nunca mais acaba, por isso acho que vou escrever qualquer coisa sobre Portugal e um dos pontos incríveis (não quer dizer que seja no bom sentido) deste país.

Ontem no Telejornal vi passar uma notícia de rodapé sobre o lançamento de uma capanha nacional que tem o objectivo de reforçar a auto-estima dos Portugueses. Os acontecimentos dos últimos anos deixaram os Portugueses com uma imagem ainda mais negativa do que é normal, devido à crise económica, ao processo Casa Pia, à estagnação e declínio que parecem não largar o país, até mesmo à prestação da selecção no Mundial de 2002...Enfim, não se pode dizer que o panorama seja feliz!

Por outro lado, toda a gente sabe que os Portugueses são assim, só vêem o lado negativo de tudo e aproveitam todas as oportunidades para descarregar no país, tal como eu estou a fazer aqui e agora e estou perfeitamente consciente, por isso se não gostarem não me venham com esse argumento da ironia!=P

Mas como eu estava a dizer - ou melhor, a escrever - os Portugueses são já historicamente negativistas, bastante fatalistas até, sempre convencidos que nos aguarda um destino pior do que os outros. Ah, e já agora, acreditam num futuro que não podemos alterar, o tal destino ao qual ninguém escapa...Isto leva-nos à situação em que somos ainda mais negativistas porque não conseguimos escapar ao estigma de sermos o país mais atrasado da Europa Ocidental e de actualmente não estarmos a atingir a convergência com os nossos parceiros comunitários.

Com todo o respeito pela identidade nacional, isto é simplesmente retrógrado e um povo assim não tem futuro!! Aliás, tal mentalidade não tem sequer lugar na identidade nacional. O que os Portugueses parecem não compreender é que a melhoria das condições passa por eles próprios, ou seja, se realmente queremos um país melhor essa iniciativa tem de partir dos próprios Portugueses. Contudo, a maior parte parece pensar que a culpa é sempre "do governo" ou "da União Europeia" ou ainda de outros factores, tantos que nem se conseguem escrever. O que nos leva para a responsabilidade cívica dos Portugueses, ou seja, a culpa é sempre dos outros.

Digam o que quiserem, mas para mim isto provém de uma falta de educação do tamanho do mundo (na qual os Portugueses estão na primeira linha), os Portugueses não sabem ser cidadãos, não são verdadeiros patriotas - com a excepção do patriotismo do futebol, esse sim! - e simplesmente não sabem o que é viver num país desenvolvido. Para a maior parte dos Portugueses, o que mais interessa é ter dinheiro, um carro e ter o seu tele-lixo todos os dias na sua casa. Ora, as duas últimas condições já se encontram satisfeitas para um grande número de pessoas, por isso, acho que só falta mesmo satisfazer a primeira, ou seja, no dia em que a maior parte dos Portugueses tiver um bom ordenado passam a considerar-se felizes, mesmo que o país não tenha evoluído nada.(Surpresa!Dinheiro não significa necessariamente evolução!"Blasfémia!" dirão alguns, "Tapados!" digo eu!)

Toda a quantidade de pessoas negativistas ajudam a criar a imagem de um país estagnado e condenado ao fracasso. Ora, na minha opinião, é muito simples: se os Portugueses fossem um povo inteligente (refiro-me à maioria dos Portugueses, não à minoria dos que o são) tal não aconteceria, Portugal seria um país bastante melhor e ao nível da UE. O facto de sermos um país com 10% de analfabetos e um número ainda maior de analfabetos 'virtuais', ou seja pessoas que mecanicamente sabem ler mas que não sabem o que lêem ajuda muito a isto. Por esse mesmo motivo a maior parte dos Portugueses não lê jornais (aliás, não lê nada de nada!) e um grande número não se interessa em saber mais, só sabem aquilo que alguns opinion-makers lhes metem na cabeça (infelizmente para muitos deles, os opinion-makers são umas bestas) e estão sempre prontos em atirar as culpas para o grau hierárquico superior, porque a culpa é sempre dos outros, claro!

Felizmente, nem todos são assim, senão o nosso país estaria realmente condenado. Os nossos media é que têm muito mais audiência se mostrarem apenas o pior! E quando mostram algo positivo atiram-no sempre para o fim para lhe dar o toque de curiosidade única, quase como se fosse de outro mundo. Mesmo assim, ainda há muita coisa nete país que vale a pena explorar, a maior parte das pessoas que eu conheço têm realmente valor e apesar de tudo, o país tem futuro. Simplesmente, tendo em conta o quadro que nos põem em cima, parece que quem tenta escapar a este oceano de estagnação é um esquesitóide, um maluco sem mais nada que fazer. E com isto fico por aqui!
Até à próxima!

18.5.04

Vlad - Lord Impaler I

Em primeiro lugar, queria saudar a vitória do meu Benfica na final da Taça no dia 16 contra o Porto por 2-1! Foi um jogo memorável, disputado até ao fim do prolongamento e que veio pôr fim a 8 anos sem títulos de espécie alguma por parte do escalão principal do futebol do SLB. Ontem lá fui eu para o Marquês de Pombal festejar com milhares de adeptos em delírio, juntamente com milhares de adeptos que de norte a sul do país fizeram a mesma coisa. Só o Benfica tem este poder de mobilização!

Posto isto, hoje vou escrever sobre uma figura da História que provavelmente a maior parte das pessoas não conhece directamente mas que certamente reconhece a sua influência.
A figura propriamente dita é Vlad Tepes (Vlad, o Empalador) também conhecido como Vlad Drácula, o homem em quem Bram Stoker se inspirou maioritariamente para a figura do Conde Drácula, só que Vlad era príncipe!

Vlad nasceu em 1431 em Sighisoara, na Transilvânia, numa altura em que o seu pai, Vlad II, detinha o cargo de governador militar. Nesta altura, o principado da Transilvânia prestava tributo ao Rei da Hungria e o Império Romano do Oriente ainda não tinha caído. No entanto, a ameaça dos Otomanos estava sempre presente. Vlad II contudo, queria mais do que ser apenas o governador militar da Transilvânia e conspirou para assassinar o príncipe que ocupava o poder na Valáquia, região que equivale ao sul da Roménia e sueste da Hungria. O príncipe Alexandre I foi assim assassinado por Vlad II em 1436, acabando este por ascender ao trono, sob as condições oficiais de vassalagem à Hungria. O poder crescente dos Otomanos nas proximidade levou-o ainda a prestar um tributo ao Sultão. Esta decisão revelou uma inteligente manobra por parte de Vlad II, que compreendeu que não poderia violar as condições de vassalagem ao rei Húngaro mas que não descartou a hipótese de os Otomanos de poderem vir a tornar um problema, como aliás veio a acontecer uns anos mais tarde.

Em 1442, os Turcos invadem a Transilvânia, são derrotados mas Vlad II não combateu ao lado pelos Húngaros, motivo que o levou ao exílio. Há que lembrar que Vlad II era membro da Ordem do Dragão, uma ordem secreta fundada pelo rei da Hungria com o propósito de reunir cavaleiros Europeus cristãos numa aliança destinada a impedir uma invasão islâmica. Devido a esta condição, Vlad II ficou também conhecido como Vlad Dracul (dragão/demónio)
Não durou muito tempo, em 1443, o apoio Turco levou Vlad II ao trono da Valáquia mais uma vez, desta vez com a condição que todos os anos fossem enviados rapazes da Valáquia ao Sultão. Como prova da sua boa fé, Vlad II enviou em 1444 os seus dois filhos mais novos, Vlad III e Radu ao Sultão.

Nesse mesmo ano de 1444, a Hungria quebrou a frágil paz existente na região e lança a campanha de Varna, com o objectivo de expulsar definitivamente os Turcos da Europa. Os Húngaros exigem a participação de Vlad II, aliado da Hungria e membro da Ordem do Dragão nesta missão. Contudo, ele preferiu optar por outra via e enviou o seu filho mais velho, Mircea.
Os cristãos foram derrotados nesta campanha e Vlad II passou a ser alvo da ira dos Húngaros. Em 1447 ele e o seu filho Mircea foram assassinados, coisa que era bastante comum na época para atingir lugares de chefia política.
Foi então colocado um príncipe da confiança dos Húngaros, do clã Danesti.

Ao saberem da morte de Vlad II, os Turcos libertaram Vlad III, com 17 anos na altura, e patrocinaram a sua ascensão ao trono da Valáquia. A sua liderança apenas durou dois meses, pois os Húngaros intervieram e colocaram no trono Vladislov II, ao mesmo tempo que Vlad III encontrava refúgio junto do principado Moldavo, sob liderança do seu primo. No entanto, Vladislov aproximou-se demasiado dos Turcos, o que levou os Húngaros a apoiar Vlad III na ascensão ao trono da Valáquia. Vlad III recebeu os territórios anteriormente governados pelo seu pai e esperou por uma oportunidade de tomar a Valáquia pela força. Em 1453 cai o Império Romano do Oriente e o islão passa dominar aquilo que até então fora um bastião do cristianismo na ponte entre a Europa e a Ásia. Este acontecimento levou a que a Hungria actuasse contra os Turcos e em 1456 a Sérvia (sob domínio Turco) foi atacada, ao mesmo tempo que a Valáquia foi invadida por Vlad III que afastou o seu rival Vladislov do trono (e não foi graças aos bons ofícios de outros líderes nem a negociações diplomáticas!). Estava assim aberto o caminho para que um dos líderes mais sangrentos da História atingisse o poder.

Logo que começou o seu domínio de 12 anos, Vlad III, também conhecido como Vlad Dracula, fez questão de mostrar aos locais a natureza da sua liderança. As atrocidades que cometeu podem ter custado a vida a mais de 100000 pessoas, embora o número exacto nunca virá a ser conhecido. Não havia limites para a sua perversidade, as execuções em massa tornaram-se regra e o seu método favorito era o empalamento. O empalamento é provavelmente o método de execução mais horripilante que existe para um Humano. Consiste em introduzir uma estaca pelo corpo de uma pessoa acima até que ela saia pela boca, deixando o condenando a agonizar durante horas – a estaca nunca era muito afiada para que o empalado não morresse rapidamente – algumas vítimas demoravam dias a morrer, outras formas de empalamento incluíam trespassar uma pessoa através de outra (o que se fazia normalmente com crianças) e pendurar as vítimas em estacas retorcidas.
Vlad Tepes gostava tanto de empalamentos que existem iluminuras e relatos da época que dão conta de banquetes dados por Vlad, rodeados por milhares de empalados. Numa noite, cerca de 30000 comerciantes e nobres foram empalados e Vlad convocou um banquete num local rodeado pelas vítimas. Um dos seus convidados mostrou-se incomodado com o cheiro dos corpos, então Vlad ordenou que fosse empalado numa estaca elevada acima das outras vítimas, para que o cheiro não o incomodasse mais, enfim, cortesias!

Qualquer crime era suficientemente grave para ser punido desta forma. Os alvos mais frequentes eram os nobres de quem Vlad suspeitava e os comerciantes, principalmente os desonestos. Qualquer pessoa que cometesse um assalto ou que enganasse alguém estaria sujeito ao empalamento, incluindo cônjuges infiéis. Esta imposição da autoridade através do terror tem episódios particularmente macabros, uma vez Vlad convidou uma série de pedintes e vagabundos para um grande banquete no seu castelo.
Após uma grande refeição que deliciou os indigentes, Vlad perguntou-lhes se gostariam de deixar de ter qualquer tipo de preocupações que tanto os afectava. Após uma resposta afirmativa geral dos convidados, Vlad ordenou que a sala fosse encerrada e incendiada com todos os convidados lá dentro. O seu objectivo era eliminar a pobreza na Valáquia e promover uma espécie de “justiça social” para que ninguém tivesse de pagar o sustento
dos pobres. Ninguém sobreviveu.

(continua a seguir)

Vlad - Lord Impaler II

(continuação)

No seu primeiro acto como príncipe, Vlad convidou uma série de nobres, também para um banquete, para festejar a sua ascensão ao trono. Muitos destes tinham conspirado contra o seu pai e atraiçoado a sua família. Vlad empalou logo no local os mais velhos, ao passo que os mais novos foram forçados a marchar até ao local onde se erguia o antigo castelo da sua família e obrigados a reconstruí-lo durante meses a fio.

Numa prova da segurança que Vlad conseguiu impor na Valáquia, ele mandou colocar uma taça dourada na praça central de Tirgoviste, capital da Valáquia. Qualquer pessoa poderia beber daquela taça mas quem a roubasse seria empalado. A taça nunca foi roubada.
Outra vez, um mercador estrangeiro decidiu verificar por ele próprio se o que se dizia sobre a autoridade de Vlad era verdade. Deixou vários de ouro numa rua, que desapareceram. O mercador apresentou queixa a Vlad que anunciou aos locais que se o dinheiro não fosse devolvido a cidade seria destruída. Alguns dias depois, o mercador reencontrou o seu ouro e mais um ducado. Foi então ter com Vlad dar-lhe conta do ocorrido e entregou-lhe o ducado que estava a mais. Então Vlad revelou-lhe que se não tivesse sido essa mostra de honestidade, o mercador teria concerteza sido empalado mas como o ducado extra foi devolvido, a sua vida seria poupada.
Outro episódio no mínimo interessante diz respeito ao ladrão que se tentou introduzir no seu castelo. A seguir ao ladrão entrou um guarda Húngaro para o prender, e Vlad executou o soldado, visto que na sua lógica, um cavalheiro nunca entra em casa de outra pessoa sem ter sido convidado.
E há ainda o episódio dos embaixadores enviados à Valáquia que se recusaram a tirar os chapéus na presença do príncipe. Vlad ordenou então que os chapéus fossem pregados às suas cabeças, prática que aliás não era invulgar nesta época e nesta região.
E o que foi talvez o acto mais macabro, ficou conhecido como a floresta dos empalados. Para demover os Turcos de invadir a Valáquia (Vlad sempre tentou manter os Turcos afastados) colocou os cadáveres de 20000 soldados Turcos empalados ao longo de uma floresta que iria ser percorrida pelos Turcos. O comandante Turcos ficou tão horrorizado que regressou a Constantinopla e não se atreveu a ir até ao fim.

O empalamento não foi a única forma de execução aplicada durante os 12 anos de Vlad no poder. Outras formas de execução incluíam desmembramentos, mutilação, esfolamento, cozedura (sim, isso mesmo), esquartejamento, vítimas queimadas vivas, pregos espetados nas cabeças e morte por animais selvagens, entre outras.

O que leva um Humano a cometer tais atrocidades em números tão elevados? As suas motivações pessoais nunca virão a ser conhecidas, mas certamente haveria alguma distorção dentro da sua cabeça, aliada a uma formação ética no mínimo invertida, a que certamente não são alheios os anos que esteve na Turquia, retido pelo Sultão, onde se diz que aprendeu a “técnica” do empalamento. Por outro lado, a sua profunda religiosidade – Vlad era um católico fervoroso – aliada à referida distorção mental, pode ter levado Vlad a tentar impor o seu rígido código moral à população, encarnando o princípio fundamentalista de que nada é suficiente para punir quem age de forma errada e que todos os “pecadores” devem pagar com a morte as suas infracções. Claro que no caso do príncipe, ele podia fazer o que queria! Vlad via a religião como uma forma de purificação, após cada acto macabro, diz-se que entrava num estado de redenção e de fé que o confortavam e o preparavam para “a próxima”.

O Reino da Hungria nunca se mostrou muito amigo de Vlad que não foi capaz de conter os poderosos Turcos por muito tempo. Após a invasão da Valáquia pelos Turcos, Vlad foi retirando para oeste, praticando uma política de terra queimada e envenenando as águas dos poços por onde passava. O episódio da floresta dos empalados provém desta época. AO chegar à Hungria foi preso e segundo se diz, passava o tempo a empalar passarinhos...enfim, faz-se o que se pode com os meios que se tem! Vlad foi entretanto reabilitado quando o seu irão, Radu, chegou ao poder e se aproximou dos Turcos.
Finalmente, quando os Turcos o capturaram em 1476, foi decapitado e o Sultão exibiu a sua cabeça em Constantinopla para que todos pudessem ver que Vlad, o Empalador, tinha mesmo morrido.

As suas atrocidades são suficientemente horríveis para eclipsar as suas outras características, nomeadamente, o seu nacionalismo, coisa muito pouco vulgar na época. Ao contrário da outros líderes da altura movidos pelas riquezas e pela posse de terras, Vlad agia por impulso nacionalista, defendendo a Valáquia do inimigo Turco a todo o custo, sem no entanto, tomando a iniciativa de o atacar, ao mesmo tempo que mantinha uma relação de não-hostlidade com a suserana Hungria. Sob este ponto de vista, Vlad Tepes pode ter aplicado aquilo que se designa por uma estratégia de um estado tampão na Valáquia, absorvendo as tensões entre Hungria e Turquia. Há também que notar que, face à época, eram normais as atrocidades demoníacas dos líderes, as de Vlad apenas se tornaram mais notórias, mas a verdade é que muitos outros se aproximavam dele.

Por estes motivos, não é nada de admirar que Bram Stoker tivesse escolhido Vlad Tepes como figura que mais influenciou a sua personagem Drácula. O próprio Vlad era conhecido como Vlad Dracula, em virtude do seu pai ter sido membro da Ordem do Dragão, que lhe deu a denominação de Dracul, ou seja Dracula seria o filho do dragão/demónio (em Romeno a palavra é a mesma). Quanto ao mito do vampirismo, não é referido na “obra” de Vlad, embora na região dos Balcãs haja vários mitos e histórias que se referem ao vampirismo.
Embora não confirme, tudo indica que Bram Stoker se baseou principalmente em Vlad Dracula, apesar de haver teorias que apontam noutro sentido.

E por hoje é tudo, espero que se sintam mais informados e que este historiazinha não lhes dê pesadelos!;)
Boa noite e até à próxima!

16.5.04

Y España también, por supuesto!

Cá vai mais um disparo da minha mente!

Ultimamente muito destaque se tem dado por aqui ao casamento do herdeiro da coroa de Espanha. Aliás, a cobertura nos meios de comunicação social Portugueses (com destaque para os três canais nacionais) tem sido ridiculamente exagerada. Mais recentemente, é difícil que haja mais de 2 dias seguidos em que não haja pelo menos uma notícia sobre o casalinho que deu um suspiro de alívio aos cidadãos de Espanha.

Mas agora do meu ponto de vista, o excesso de mediatismo em torno disto (e quando eu digo deste evento digo de qualquer outro acontecimento social que é excessivamente explorado) torna o tema saturante e cansativo para a minha pessoa. Para já, eu sou contra os regimes monárquicos, para mim não há nada como um presidente como chefe de Estado, sem privilégios herdados da família(excepção feita a Kim Jong-Il...), sem origens cruzadas com outras famílias Europeias, sem protocolos no mínimo estranhos.

A cobertura feita pelos media Portugueses chega a atingir o ponto em que basta um dos noivos espirrar, ou ir a uma casa de banho pública (acto muito pouco digno de realeza, que vergonha!!) para aparecer num dos nossos Telejornais. Ou seja, os nossos media contribuem para a promoção do evento e para a construção de uma carga mística e emocional que nos tentam convencer que é inerente ao evento, ao invés de serem verdadeiros profissionais e de nos informarem sobre o evento a partir do que ele realmente é, a sucessão da monarquia Espanhola. Aliás, este ponto é muito pouco explorado, algo que parece incompreensível tendo em conta que a família real em Espanha é um elemento bastante consensual e estabilizador na unidade dos cidadãos Espanhóis, um factor que não podemos esquecer tendo em conta que eles estão aqui ao lado e infelizmente têm um grande poder económico sobre os cidadãos Portugueses.

Não estaremos já num ponto da História em que a objectividade deveria ser norma nos media? Em que uma instituição anacrónica como a monarquia não merece ser tratada com um véu de romantismo e de misticismo como se o que estivesse em causa fosse muito mais do que realmente é? Uma instituição que vai contra a base do Estado de direito (por mais liberal que seja), cujos exemplos mais graves são os da casa Britânica e Espanhola e já agora, a Japonesa, não deveria já perder a aura que tem junto de uma grande quantidade de pessoas que parecem mais interessadas em casamentos dignos de Histórias Medievais do que na objectividade e conceitos por detrás das notícias?

E ainda nem foi o dia da cerimónia propriamente dita! A uma semana do acontecimento, a Espanha já suspendeu o acordo de Schengen e durante a cerimónia o espaço aéreo de Madrid será interditado (se não me engano), conscientes [os serviços de segurança espanhóis] do risco de uma acção terrorista contra um símbolo nacional, não deveria o Estado e a sociedade Espanhóis reduzirem a própria importância da casa real a uma mera instituição decorativa, que é esse aliás o papel das casas reais hoje em dia? Isto claro, é a segunda melhor solução, a primeira seria acabar com as monarquias.

Não deveriam já ter sido abolidos os direitos e regalias especiais que previligiam os membros da realeza, pelo simples motivo de serem filhos de quem são? Estas pessoas não são capazes de conciliar as suas responsabilidades respresentativas com uma vida civil normal? Será que casas reais como a Britânica e a Espanhola não são capazes de viver sem os milhões pagos pelos contribuintes cuja maioria é gasta em si próprios? E porquê a obssessão de manterem as suas linhagens de "sangue azul"? Ao longo dos séculos, os casamentos entre famílias reais tiveram consequências desastrosas, entre as quais se incluem doenças como hemofilia e sífilis, isto para não falar de problemas mentais que ainda hoje parecem afectar alguns membros da realeza.

Enfim, talvez eu mostre excesso de rancor. Talvez uma consequência do que eu estou neste momento a ouvir, "Wolf&Fear" dos Ulver, do incrível álbum (para dizer o mínimo!!) Nattens Madrigal.

Boa noite&até à próxima!

15.5.04

A antítese da Humanidade....reside na própria.

Cá estou eu mais uma vez aqui no meu blog.
Espero que quem tenha lido os dois posts anteriores (devia ser só um mas por motivos técnicos, isto não coloca posts tão grandes) tenha ficado a compreender a minha intenção. Veremos se assim foi...

Quanto ao que eu tenho para desbobinar hoje...nunca é fácil.
Mas já que aqui estou, e um bocado no seguimento do raciocínio do último post, vou escrever mais qualquer coisa sobre os Humanos e as suas incríveis características, mas de uma perspectiva mais próxima.

Ora cá vai...Uma coisa que os Humanos levam bastante a sério é o seu código de vida social (ou devo dizer, de imperativos sociais?)
ou seja, todas as sociedades Humanas têm um determinado conjunto de regras que não estão escritas em qualquer código/constituição mas que todos os seus membros as adquirem através da aprendizagem (que pode ser feita de várias formas diferentes). Até aqui, nada de estranho. No entanto, e para poder escrever isto só posso falar da sociedade que conheço, o dito "código" (não confundir com o contrato social de Rousseau) é levado até campos que deixam completamente a parte social e não só cruzam a fronteira do ridículo como ainda penetram abruptamente por este território com as suas hordas, derrubando todas as barreiras possíveis e passeando-se por ele como se fossem donos e senhores...
Ou seja, a conduta social na sociedade Portuguesa (e não só) é uma coisa que para mim é completamente abjecta e idiota e que não está de forma alguma enraizada na matriz cultural Portuguesa, ao contrário daquilo que nos querem fazer pensar.

Por toda a parte ouvem-se pessoas a dizer que determinada conduta é reprovável, ou que não é desta forma que se aborda certo assunto, o pior é quando isto entra pela forma de agir das pessoas alterando completamente a sua forma de vida, passando estas a ter uma postura completamente diferente (em praticamente todos os aspectos) em público e em privado. Em público, as pessoas tentam dar a entender que não só são umas iluminadas, visto que imensos Humanos gostam imenso de falar sobre um determinado tema com um ar absolutamente profissional, como se fossem a máxima autoridade do assunto mesmo que dele não saibam mais do que o nome, como não dão erros absolutamente nenhuns (admitir um engano equivale a passar por ignorante...) e como ainda são importantes.

Basta observar atentamente o panorama para nos apercebermos disto, encontra-se onde quer que procuremos, nos encontros mediáticos de figuras públicas, nos empregos, nas faculdades, nas autoridades...
O tal "código social" deixa de o ser para passar a ser um instrumento nas mãos de quem o utiliza, em vez de ser um meio de equilibrar o relacionamento entre os Humanos nas suas sociedades, eles acabam por se aproveitar na sua própria auto-promoção.
Espera lá!Eu escrevi "auto-promoção"? Que insensibilidade da minha parte! Estou a reduzir estas pessoas a meros egoístas! Esqueci-me que também é usado para beneficiar a família, os amigos, a família dos amigos, os amigos da família, os amigos dos familiares dos amigos, os/as amantes, etc...

Como se servem eles? Não estou a par de todas as técnicas utilizadas, mas actualmente incluem filiação partidária sem qualquer identificação com o partido em causa, graxa ao superior hierárquico, uso de todos os meios que estiverem ao seu alcance para parecer muito melhor do que aquilo que na realidade é, omissão de pensamentos/opiniões que possam ser considerados como contra a corrente, e por aí fora! Ora isto deixa-me particularmente irritado, por motivos muito simples:

- em primeiro lugar, quem usa e abusa destas práticas para a sua promoção social merece apenas que elas tenham o efeito contrário. Ou seja, quem mais pressiona através de meios como aqueles que eu referi, merece uma reacção com uma carga negativa em igual proporção à baixeza que foi aplicada.

- em segundo lugar, os Humanos que são alvo destas práticas, surpreendentemente, aceitam e pactuam com elas, revelando não sei se ingenuidade ou se estupidez pura, ou então tentando talvez atingir algum objectivo oculto. Por isso talvez os alvos mereçam, visto que se quem os aborda consegue dar-lhes a volta, então eles próprios merecem ser alvo de hipocrisias e de outras baixezas!
Não são simples, os Humanos...

Dentro da psicologia Humana encontramos necessidades como alimentação, abrigo, segurança, paixão, e por aí fora. No entanto, pelos vistos há que acrescentar a necessidade de obter estatuto social, coisa a que a maioria dos Humanos aspira embora muitos deles não saibam bem para quê, talvez porque se sentem tão inseguros consigo mesmos que só através de terceiros é que se sentem melhor, talvez porque eles acreditem tão piamente que o estatuto é tudo, que ao contrário da mulher de César, no caso deles, há que parecê-lo, muito (mas mesmo muito) mais do que sê-lo.

Aparentemente é um sistema que não acaba, por um lado os indivíduos que o praticam sentem a necessidade de serem autênticos animais sociais no sentido de agradar aos outros (por mais que os odeiem, é sempre bom mostrar que gostamos muito deles...), do outro lado, por sua vez, o feedback incentiva o comportamento baixo de quem tenta entrar, mostrando aos outros Humanos o que lhes pode acontecer se não colaborarem. Assim vão-se gerando cada vez mais cadeias de comportamentos, vai passando de pais para filhos, e por aí fora gerando um círculo interminável.

Ecce Homo, reduzido ao absurdo e ao ridículo pelo próprio Homem! Quanto mais actos baixos são cometidos, maior a perda da Humanidade por parte de quem os pratica, pois em meu entender, alguns indivíduos vão tão baixo que merecem o título de infra-humanos, visto que a sua coluna vertebral deixa de ser o órgão para aquilo que foi concebida e passa a ter as funções de tapete. Se tudo isto fosse no seguimento de ordens, não seria problemático. No entanto, não é...

Ao mesmo tempo, isto para quem observa praticamente de fora para dentro, é divertidíssimo!! Até ao momento em que me lembro que eu também sou mais um Humano. É então que prometo a mim mesmo, pela minha Humanidade, que nunca descerei de patamar.
Todos os Humanos têm de fazer sacrifícios durante a sua vida em seu nome (e não só) mas nem todos os sacrifícios têm de ser asquerosos.

Boa noite.

13.5.04

Da obra Humana I

Hoje decidi contar uma História, como são quase horas de dormir pode ser que esta noite durma melhor. Quando um dia tiverem filhos (eu espero que não venha a passar por isso!!) podem contar-lhes isto para eles adormecerem. Esta é uma História que se conta há já muitos séculos entre povos que não conhecemos e que provavelmente nunca viremos a conhecer, mas que constitui um retrato bastante aproximado da nossa vida.
Então cá vai:

Era uma vez uma criatura chamada Ser Humano que habitava num planeta chamado Terra. O Ser Humano era sem dúvida nenhuma a elite do planeta. Apesar de este ter milhares de espécies diferentes, o Ser Humano destacava-se claramente porque era a única capaz de produzir pensamentos e raciocínios abstractos, consequência de um cérebro poderosíssimo e infinitamente complexo.

Ora isto não significa que a vida lhes fosse fácil, muito pelo contrário, estas criaturas tinham sensações que mais nenhuma poderia ter, algumas construtivas, outras neutrais e outras destrutivas. Além disso, viam-se perante dilemas e preocupações que nunca poderiam atingir as outras espécies, em virtude dos seus centros de decisão muito menos desenvolvidos. As outras criaturas poderiam ser em muitos casos fisicamente mais ágeis, mais fortes, mais capazes e mais resistentes, mas o Ser Humano aplicava o conteúdo da sua cabeça e encontrava sempre uma forma de os ultrapassar.

Ora, a evolução do Ser Humano não parava, visto que nunca se pode ser demasiado evoluído! À medida que a capacidade de resposta dada pelo cérebro Humano e que a capacidade de raciocínio aumentavam, aumentavam também as questões que lhe assaltavam a mente e para as quais ele não conseguia encontrar resposta. O Ser Humano sofria de bastantes problemas que afectavam, como desastres naturais (a Natureza pode ser uma senhora de muito mau feitio...), fenómenos incríveis, problemas de alimentação, problemas da saúde, problemas de organização dos seus próprios grupos...enfim, o Ser Humano precisava de se organizar para evitar cair em desgraça ou até mesmo deixar de existir devido a problemas no seu próprio núcleo.

O poderoso cérebro Humano aplicou-se e, como não podia deixar de ser, encontrou uma solução. A solução que ele encontrou tornou-se na mais incrível e mais poderosa obra que o Ser Humano alguma vez conseguiu criar. Esta obra, para que pudesse ser construída, precisava inicialmente de uma forte imaginação e criatividade por parte do Ser Humano, de forma a poderem saltar os constrangimentos que os afectavam. Não só foi necessária a criatividade, como também a coordenação com os restantes Seres Humanos encarregados desta obra, de forma a que a obra, quando fosse criada se destinasse a todos os Seres Humanos, e não apenas a um grupo privilegiado. Assim que esta estivesse pronta, a grande novidade seria transmitida ao resto da Humanidade que iria celebrar com toda a efusividade o fim de tão longa busca.
Esta obra foi a Máquina.

A Máquina veio solucionar uma quantidade infindável de problemas que afectavam o Ser Humano. Recorrendo à sua nova 'criatura', que eles tanto prezam, o Ser Humano podia agora retirar um grande peso de cima dos seus ombros. Há falta de meios de sustento? A Máquina resolve! Aproxima-se uma tempestade? A Máquina trata disso!
A Máquina parecia ser tudo aquilo que os Seres Humanos queriam, o que os levou a perguntar "Mas como é que nos nossos primórdios se podia sobreviver sem isto??"
Mais, o génio criativo dos Seres Humanos era de tal forma potente e brilhante que foram capazes de adaptar a sua Máquina aos diferentes pontos do planeta que habitavam e aos diferentes povos que constituíam a Raça Humana (os Seres Humanos sempre foram uma Raça muito dividida...), para que um povo diferente de outro não se pudesse queixar da falta de utilidade da Máquina.

Contudo, por mais poderoso que o cérebro Humano seja, ele é isso mesmo, ou seja Humano, como tal tem falhas. A Máquina que foi vista com um optimismo generalizado por todos, pois era um meio de resolução de problemas, viu-se no centro de uma polémica que abalou toda a Humanidade. A Máquina afinal, tinha consequências negativas muito fortes para a Raça Humana. Estas consequências não foram imediatamente notadas e mesmo muito tempo após a entrada da Máquina na vida Humana, a grande maioria dos Humanos continua a defender incondicionalmente o seu uso no progresso geral da Humanidade.

Descobriu-se então que a Máquina ao ser incumbida da resolução dos problemas dos Humanos apenas fornecia soluções de fachada, ou seja, a resolução dos problemas não era real, o feedback não foi o esperado. Isto é uma consequência da sua própria construção, os Humanos inconscientemente conceberam-na de forma a apenas fornecer as ditas soluções de fachada, afastando assim os Humanos dos problemas que grassavam pela Terra, ao mesmo tempo que estes pensavam que estavam a trabalhar para um futuro melhor para todos. Pior ainda, começavam a surgir divergências no que dizia respeito à utilização da Máquina.

Os Humanos pensavam que ela lhes traria união e uma vida melhor para todos, quando na verdade ela acabou por os dividir, trazendo mesmo bastantes incómodos aos Humanos. Não demorou até ao dia em que a Máquina trazia aos ingénuos (e inocentes) Seres Humanos mais problemas em consequência das resoluções que lhe eram incumbidas. O funcionamento era de tal forma desastroso que quando os Seres Humanos davam por si, o problema original que tentaram resolver através da utilização da Máquina se tinha desdobrado em dezenas de outros problemas e preocupações que agora afectavam a Humanidade a nível global.

Foi então que começaram a surgir vozes contra a Máquina e contra as suas soluções rápidas e fáceis, mas que se revelavam afinal lentas e dolorosas para todos, visto que a maioria dos Humanos acabava por pagar a factura dos erros de outros, mesmo que não tivessem em nada contribuído para o funcionamento da Máquina.

Contudo, era tarde demais para a Humanidade. A Máquina tinha-se tornado tão poderosa, tão abrangente, tão sofisticada (há que referir que ao longo dos tempos, o progresso técnico dos Humanos cresceu exponencialmente) que nenhum povo a dispensava. Ela estava presente em quase todos os sectores e os Humanos cuja profissão estava relacionada com o funcionamento e manutenção das Máquinas em todo o planeta detinham um poder considerável, visto que deles dependia o estado e a vida de milhões de Humanos que por mais graves que fossem as consequências, eles não deixavam de utilizar a Máquina.

(continua no post abaixo...)

Da obra Humana II

(continuação)
O génio criativo dos Humanos parece deter algum instinto suicida visto que investiram tanto trabalho e tanta dedicação na construção e manutenção de uma obra que acabou por os absorver a todos (ou quase todos...) nas suas longas cadeias de dependência, sem que estes dessem conta desse “pequeno pormenor”. A dependência em relação à Máquina é tal, que a maior parte dos Humanos não é capaz de imaginar a vida sem a Máquina para os ajudar, mesmo que a ela não recorram, basta o conceito da Máquina para lhes dar um grande dose de confiança no seu processo produtivo. É de facto uma Raça espantosa, a Raça Humana!

As vozes discordantes nunca se silenciaram, apesar das tentativas dos mais acérrimos defensores da Máquina. Ao longo dos tempos, foram aumentando as vozes daqueles que negam o poder da Máquina, dos que afirmam que o arquitecto/construtor tem sempre vantagem sobre a obra que edificou, que a Humanidade não pode ser domada e que o cérebro Humano é suficientemente poderoso para pensar noutra solução que não passe pela Máquina.

De facto, é interessante a forma como os Humanos funcionam. Várias gerações de Humanos criam a Máquina com boas intenções das quais ninguém duvidava e contudo entre os seus descendentes encontram-se opositores à Máquina num lado, e defensores da Máquina do outro, alguns deles de tal forma imersos na gigantesca rede que a Máquina criou que não são capazes de conceber o seu Mundo sem a Máquina.

Mais uma prova do génio da Humanidade, a Máquina parece ter ganho vida própria, sobrepondo-se ao género Humano: os indivíduos vão, a Máquina fica, sempre estará aqui para nos servir. Contudo, o mais incrível é que a Máquina é, como o nome indica, apenas uma Máquina, um objecto criado pelos Humanos, cuja manipulação conceptual é, sem dúvida, fortíssima mas que permanece um objecto, uma patente Humana.

Esta patente Humana não tem necessariamente de absorver todos os Humanos, aliás isto não acontece. Contudo, a dependência Humana em relação à Máquina é de tal forma elevada que atingiu um ponto em que não haveria qualquer outra hipótese para o futuro da Humanidade senão destruir a Máquina, não só o conceito central de “Máquina”, como todas as Máquinas que se encontravam espalhadas pelo Mundo. Desta forma, os Humanos iriam dar mais uma vez ao seu poderoso cérebro uma outra oportunidade, visto que este há muito que era utilizado só em questões menores e que pregou um grande susto aos Humanos durante um considerável período de tempo.

Armados com a sua inteligência e resistência psicológica, os Humanos são capazes de destruir a Máquina, sem que isto implique actos violentos ou aquilo a que os Humanos denominam por “crimes” nos quais se atacam estruturas e até os próprios Humanos. As ‘vantagens’ da Máquina não atingem muitos Humanos e estes são Humanos libertos de quaisquer constrangimentos no que diz respeito à necessidade da Máquina.

Como forma de punir a obra por esta tentar destruir o seu dono (um autêntico monstro de Frankenstein, esta obra!) sem que este, contudo a veja como responsável, os Humanos libertam-se da presença da Máquina e passam a vê-la como factor externo ou nem sequer a ter em conta no seu dia-a-dia.
Compete aos Humanos esta monumental tarefa, visto que a Raça Humana é composta por mais de 6 biliões de indivíduos, a maior parte dos quais com os seus cérebros escravizados por um sistema opressor que não lhes permite pensar fora daquela óptica ou direcção e que não lhes fornece nenhuma alternativa real.

Assim é, aproximadamente, a História da grande massa Humana e da sua maior obra. Não podemos deixar de dar o nosso apoio a esta luta pela liberdade, pois trata-se da forma mais básica de liberdade que está em causa, aqui fica a minha saudação a esse combate interminável contra as malhas da Máquina e aos resistentes que se recusam a aceitar as premissas que a dão como indispensável!

12.5.04

Lethe

Hoje por falta de tempo (e por excesso de sono) não vou desenvolver nenhuma ideia nem vou divagar sobre nenhum assunto. Hoje vou apenas colocar aqui a letra de uma música que eu gosto imenso, Lethe dos Dark Tranquillity, e que eu recomendo sinceramente a toda a gente, se conseguirem e estiverem dispostos a ouvir uma banda Death Metal sem ter um colapso...eu tenho o álbum, se quiserem eu empresto.
Boa noite e até à próxima!

Lethe
Give me the drink of the fluid
That disintegrates
And lend me the sweet balm and blessing
Of forgetfulness, empty and strong

Hold me near, unravel the stars
As I speed through the heavens
Speed through the night
For you are my blade and my rope
You are my
Lethe

In currents of cobalt
You storm through my heart
To sever, to puncture
The memories that burn
Let sweep through the arteries
In sharp stabs of pain
Your talonlike fingers to kill me again

Steal me, invade me and charge me again
For I burn and I shudder
Burn with each movement of

So, cleansed through a floodlight
I appear; reforged and renewed
Caressed by the sweet balm and blessing
Of forgetfulness, empty and strong
Lethe,
Hold me near, my one friend and guide
As I drown through your fingers
Drown through your love
For you are the life I hate
You are my
Lethe

Drag me down, in passionate sighs
With the ocean above me
And flames in my eyes
And grant me a life I can live
Without...


Música: Martin Henriksson
Letra: Niklas Sundin
Dark Tranquillity - The Gallery

11.5.04

Ad astra per aspera - I

Boa noite!

Hoje resolvi escrever sobre uma das ciências que mais me fascina, há já bastante tempo e que me permite, sem sair do meu lugar, escapar deste mundo, desta dimensão, destas preocupações, para um nível superior, um nível onde os constrangimentos desaparecem e onde, de repente, tudo o resto deixa de ter importância.

Não, eu não tenho tendências suicidas!! Hoje apetece-me escrever sobre astronomia!
De uma forma muito simples, a astronomia é a ciência que estuda os astros e os seus movimentos. No entanto, para mim a astronomia é muito mais do que isso. Através da astronomia, temos consciência de quão pequenos e insignificantes nós, Humanos, Terráqueos somos perante o Universo.

A Terra, é sem dúvida um oásis no nosso sistema Solar, pensamos nós: é o único planeta com temperaturas que suportam as nossas formas orgânicas de vida, é o único planeta cuja atmosfera tem a quantidade necessária (ou até mais) de cada gás essencial à vida (principalmente o oxigénio, ainda que este também exista na atmosfera de Marte, em quantidades ínfimas e bastante disperso) e finalmente, o único com água em estado líquido, elemento essencial à nossa vida. Mas reparem que eu escrevi “nossa” vida, os milénios que precederam a nossa existência, os milénios que foram necessários até que a Humanidade atingisse o estádio de desenvolvimento em que se encontra (e do qual eu espero sinceramente que evolua e bastante) fizeram-nos crer que a vida inteligente só pode existir à nossa escala, com as condições que nós conhecemos.

Não temos que fazer disto um dogma! A vida inteligente não tem que ser orgânica, não tem que depender de recursos como oxigénio ou água. Partindo, de uma forma muito solta, talvez até errada, da obra de Platão, a alma Humana apenas necessita do corpo porque este é a base da alma. No entanto, após a morte física do corpo, a alma subsiste, daí que Platão avance com a expressão “O dever do filósofo é morrer e estar morto” (Fédon) Por isso, baseando-me nestas premissas, e sem me esquecer de substituir “alma” por “razão” ou “inteligência”, já posso avançar (mais descansado), a seguinte questão: não será concebível a existência de vida extraterrestre fora das condições que nós julgamos ser essenciais? Eu admito que é bastante difícil de encontrar, principalmente porque até agora ainda não se vislumbrou qualquer vestígio que permita inferir da existência de vida inteligente em qualquer outro planeta do nosso sistema solar, mas nenhum planeta do nosso sistema solar (à parte, obviamente, da Terra) foi explorado em todas as suas vertentes.

Contudo, ainda dentro da linha de pensamento que uma forma de vida necessita de água e/ou oxigénio para viver, as possibilidades ainda não acabaram! Em 1994, uma sonda enviada pelo Pentágono detectou a presença de gelo nos pólos da nossa Lua, quem é capaz de meter as mãos no fogo em como não existem, ou pelo menos nunca existiram, organismos vivos nessa região? Mesmo que se tratem de micro-organismos, não desvaloriza em nada, afinal a vida na Terra também terá começado dessa forma. Em Marte, uma pequeníssima parte da atmosfera é constituída por Oxigénio, as temperaturas não são tão extremas como noutros planetas (vão dos –120ºC até a uns incríveis, tendo em conta o planeta, +20ºC), foi recentemente descoberto gelo, sem esquecer a existência de longas estrias no planeta, que se assemelham a canais, embora estas possam muito bem ser fenómenos geológicos.

Entrando no sistema solar exterior, Europa, uma das luas de Júpiter, é o corpo celeste onde há maior probabilidade ser encontrada vida, por um motivo muito simples, a sua superfície coberta maioritariamente de gelo, encontra-se marcada por imensas fracturas, sob essas fracturas foi possível detectar a existência de oceanos sob a crosta da lua, oceanos cuja temperatura será elevada e nos quais é perfeitamente possível que haja vida. Não seria um investimento incrível enviar um ou mais submarinos-robot a Europa que penetrem no interior da lua e atinjam esses oceanos? Como serão as suas profundidades? Terão formas de vida? Será que a geologia de Europa vai ao longo dos próximos milénios, inundar a superfície da lua com rios e lagos? O filme 2010, sequela de 2001, avança com essa possibilidade, no evento de Júpiter se tornar numa estrela...será que isto já é sonhar demasiado?

A astronomia não é, de forma alguma, uma ciência para “freaks” ou apenas acessível a génios (muito pelo contrário, até eu me sinto atraído por ela), creio que o estudo do universo à nossa volta e a exploração espacial constituem um interesse comum de toda a Humanidade e não apenas do(s) Estado(s) que financia(m) esses empreendimentos. A partir do momento em que ultrapassamos a fronteira da nossa atmosfera e nos libertamos da gravidade terrestre, cruzamos a fronteira entre o nacionalismo (que afirmamos na Terra) e o outro conceito que está para além da nossa atmosfera e que eu sinceramente não sei qual é, talvez o possamos denominar como “universalismo”?

À superfície do nosso pequeno planeta, já muito martirizado mas mesmo assim com muito para oferecer, encontramos um sem número de razões para nos dividirmos, para nos virarmos uns contra os outros, para nos arrependermos e depois nos unirmos e dizer que nada daquilo se vai repetir, para nos afirmarmos em prejuízo dos outros e para elevarmos os nossos estandartes o mais acima possível dos outros (argumento falacioso, visto que a elevação de um acima de outro pode actuar em seu prejuízo no futuro). Mas a partir do momento em que saímos da atmosfera, estamos a entrar num reino no qual muitos poucos já estiveram (os afortunados astronautas, algo que eu nunca serei mas que sempre irei admirar) e de repente a nossa mente, tal como o ambiente à nossa volta, torna-se límpida, esquecemos todos os constrangimentos (quer dizer, quase todos, convém que o oxigénio não acabe!) a partir desse ponto, estamos a deixar a nossa marca na História, somos pioneiros, somos parceiros uns dos outros nesta viagem pelo desconhecido e passamos apenas a ser “Terráqueos”. Posso já estar a divagar, mas se as viagens espaciais já fossem acessíveis ao comum dos cidadãos, elas constituiriam uma excelente terapia para as mentes mais cansadas e mais constrangidas.

(Este post contiuna a seguir,vão lendo!)

Ad astra per aspera - II

Nota:este post era demasiado grande para ser colocado de uma só vez, por isso tive que o dividir, esta é a segunda parte que eu coloquei primeiro, para que a ordem no site seja tal como eu a escrevi.

O Universo oferece tantas possibilidades como o número de estrelas que nele existe, ou até mais! O nosso sistema solar é apenas um conjunto de 9 planetas, que gravitam em torno de uma pequena estrela, que nós de forma egoísta e pouco imaginativa chamamos apenas “Sol”, porque tínhamos a mania que éramos os mais importantes do Universo e que tudo girava à nossa volta! Todas as outras estrelas conhecidas têm um nome específico ou pelo menos um número de código. O nosso Sol, podem-se admirar alguns, é na realidade uma estrela anã, medindo pela massa e volume das outras incontáveis estrelas do nosso Universo.

A diversidade é tão grande que se encontram estrelas que vão desde o branco ao vermelho e até ao azul e roxo (estas, por sinal as mais quentes, cuja superfícies atingem os 55000ºC, ao passo que a temperatura na superfície da nossa estrela amarela é de “apenas” 5000-6000ºC.
Um aspecto particular da astronomia que me atrai é o do ciclo de vida das estrelas. Embora já não saiba tanto sobre este tema como já soube há cerca de 5-6 anos atrás, quando eu tinha mais tempo para me dedicar a esta área, a formação, a vida e a morte de uma estrela, que dura milhares de milhões de anos, é sem dúvida alguma uma amostra de quão fascinante o Universo pode ser.

Mesmo que se olhe apenas para as fotos do Hubble (e de outros telescópios) é impossível ficar indiferente às nuvens de gás e de poeira cósmica (cuja dimensão a nossa mente não consegue compreender) que se espraiam pelos céus negros em tons de laranja, verde, azul, vermelho e de outras cores, carregadas de hidrogénio e de outros componentes, congregando gravidade em torno de um núcleo que milhões de anos mais tarde irá ser a fornalha de uma estrela, que brilhará tanto ou ainda mais que a nossa, e cuja gravidade pode vir a atrair vários corpos celestes à sua órbita, alguns deles possuindo vida, quem sabe...

A morte de uma estrela como o nosso Sol é igualmente fascinante. As reacções produzidas no núcleo de uma estrela não se podem realizar sem hidrogénio (e provavelmente outras componentes, mas peço desculpa pela incorrecção científica, não sei tanto como gostaria!), quando este acaba, a estrela começa a expandir-se, absorvendo os corpos celestes mais próximos, a sua cor torna-se mais avermelhada, a sua produção de energia diminui e finalmente o gás que a constitui começa a dissipar-se pelo espaço, varrendo tudo à sua passagem. Este espectáculo impressionante vai ocorrer com o nosso Sol dentro de aproximadamente 5 mil milhões de anos (não me parece que lá chegaremos...), no final, a estrela em questão irá tornar-se numa pequena estrela anã branca, que com o tempo irá arrefecer tornando-se numa anã preta, sem brilho.

No entanto, este é apenas um dos fins possíveis, dependendo da massa ou da gravidade da estrela, há finais muito mais incríveis e violentos. Uma estrela gigante ou supergigante irá terminar a sua vida com uma explosão de proporções absolutamente inimagináveis chamada Supernova, com uma luz tão intensa que pode brilhar mais do que uma galáxia e com ondas de choque inclassificavelmente devastadoras. Apesar de incrível, este estado é apenas temporário, durando alguns meses, tal não é a quantidade de energia despendida.

Após a explosão, e mais uma vez dependendo da massa, a estrela pode ter dois fins diferentes, ou o seu núcleo subsiste, girando a uma velocidade elevadíssima e emite ondas de rádio (captadas pelos rádio-telescópios terrestres) com uma precisão absolutamente perfeita, tornando-se assim numa estrela de neutrões, ou “pulsar”, ou então, aquilo que toda a gente já ouviu falar, mas que muitos poucos sabem concretamente o que é (eu próprio NÃO estou incluído nesse grupo restrito), um buraco negro. Um buraco negro forma-se quando a massa e a gravidade no núcleo de uma estrela gigante são tão elevados após a explosão, que em torno do dito núcleo forma-se uma região de gravidade infinitamente elevada que arrasta tudo o que estiver nas suas imediações para o seu centro, a velocidade de escape é tão alta que a própria luz (a 300 000 km/segundo) é sugada sem possibilidade de escapar à sua atracção, daí o nome “buraco negro”, o próprio espaço/tempo é distorcido nesta região e o que nela acontece é impossível de saber. Será que iremos viajar no tempo? Será que seremos transportados para outro ponto do universo? Será que seremos pura e simplesmente esmagados pela força brutal da gravidade?

É sem dúvida estranho, para não dizer quase impossível, que a luz, reconhecida como a matéria mais veloz do universo, impossível de ultrapassar, seja amarrada e sugada para uma região da qual para escapar é necessário ultrapassar a velocidade de 300 000 km/segundo, esse “dogma” (arrisco-me a chamá-lo assim) da comunidade científica constitui, afinal, um falso ídolo face aos buracos negros. Por isso, pergunto eu, o que é um buraco negro? Cientificamente, o essencial já eu escrevi, mas isso não é desafio nenhum. O maior desafio está em tentar explicar como é que é possível neste Universo, que aparentemente se mantém coeso graças à gravidade, necessitar de uma velocidade superior à velocidade mais elevada possível para escapar não sabemos a quê! Serão os buracos negros erros no nosso universo, erros resultantes de estrelas demasiado pesadas? Ou serão eles formas de corrigir erros? Não serão um alerta para os nossos físicos e astrónomos que lhes diz que a luz pode não ser a matéria mais veloz do universo?
No que diz respeito aos buracos negros, eu não vou ficar por aqui, mais tarde, a propósito de outros assuntos, eu vou voltar a desenterrar este tema.

Mas agora, são horas de dormir...tenho as pálpebras pesadas e todas estas “viagens” cansaram-me a mente...se alguém leu este post todo até ao fim, não sei muito bem o que lhe hei de dizer, provavelmente uma de duas coisas: “muito obrigado e parabéns por me aturares!” ou então “arranja uma vida própria e não percas tempo a ler as divagações de um maluco que anda com a cabeça nas nuvens!” ou melhor, com a cabeça além das nuvens... ;)

Só quero acabar com mais dois pormenores, no final deste ano a sonda Cassini-Huygens irá atingir a órbita de Saturno. Enquanto Cassini permanecerá em torno do planeta gigante, Huygens será enviada à superfície de Titan, a maior lua das 22 que este planeta tem à sua volta. O motivo da missão não é nenhuma extravagância, a constituição de Titan e a sua atmosfera são semelhantes às da Terra, há milhares de milhões de anos atrás, analogamente será possível, de acordo com as mentes por detrás da missão, aprender mais sobre a História da vida no nosso planeta.
Por fim, desafio os meus colegas de turma a estabelecer um paralelismo entre o Universo e os seus fenómenos e as relações internacionais no nosso planeta, se quiserem, as relações dentro do nosso planeta como o microcosmos representativo do macrocosmos! Claro que posso só estar a dizer tretas...

Boa noite!

9.5.04

Decadência interna

Saudações!
Aqui vai mais uma entrada deste meu "promissor" blog!
Enquanto lá fora o dia está cinzento e ameaça chover e as colunas do meu PC ribombam com "Transilvanian Hunger" dos Darkthrone (obrigado Black Metal Radio!) hoje é o dia de eu ir ao Estádio da Luz ver o último jogo do campeonato, Benfica - U.Leiria que pode decidir a ida do Glorioso à última pré-eliminatória da Liga dos Campeões, ao mesmo tempo que o Sporting vai tentar manter o olho num enventual deslize do Benfica para tentar atingir o 2º lugar, esperemos que isso não aconteça, dei €25 pelo bilhete, exijo uma vitória!

E por falar de futebol, decidi escrever alguma coisa sobre o "Apito Dourado", um nome no mínimo 'estranho' (para não dizer foleiro) que tem vindo a marcar os media Portugueses nas últimas semanas. Como não podia deixar de ser, esta operação tem grandes probabilidades de ser um micro-cosmos do país, ou seja o caciquismo, a corrupção e os aliciamentos que se fazem em nome do poder local e, pior ainda, de resultados desportivos não são um exclusivo dos muito 'respeitáveis' senhores que foram interrogados no âmbito desta operação. Aliás, o clube de futebol que terá sido beneficiado é da 2ª Divisão B, dificilmente um escalão que associemos a subornos de grande escala, como Rolexes e maços de notas de €500. Obviamente é apenas a ponta do iceberg. As pessoas que estarão envolvidas nisto (cujos nomes eu não vou referir, porque uma pessoa é sempre inocente até que se prove a sua culpabilidade) revelam não só uma "baixeza" incrível como uma grande insegurança implícita, uma falta de confiança nas suas capacidades e em última análise, uma manifesta falta de patriotismo e de educação. A corrupção no mundo do futebol e as suas ligações à política (neste caso a um autarca) é uma das manchas da ordem que vigora em Portugal. Não só porque, como eu já disse, demonstra baixeza por parte dos envolvidos, como também uma falta de valores e de ética que infelizmente parece atingir um grande número de Portugueses que ocupam cargos relevantes no panorama local e nacional.

Disse insegurança implícita porque utilizar subornos para conseguir a nomeação de árbitros amigos é um insulto quer aos árbitros, porque são imediatamente equiparados a porcos corruptos, quer aos jogadores da equipa em questão, pois equivale a dizer "não confio em vocês para ganhar um jogo importante, é melhor arrancar alguma coisa ao árbitro", se estivesse no papel de um dos jogadores no clube em questão, (e se as alegações forem verdadeiras) eu faria os possíveis por sair do clube se o dirigente corrupto não se demitisse.
Falta de patriotismo e de educação porque as pessoas em questão ou não compreendem ou não querem compreender que a corrupção é a raíz dos maiores males do nosso mundo, por inconsciência (ou por mero desleixo) essas pessoas não associam a corrupção a problemas maiores. Afinal, basta observar os casos de alguns dos países mais pobres do mundo para perceber que a grande maioria dos seus gravíssimos problemas (fome, falta de infraestruturas, falta de educação) decorre em última instância, da corrupção endémica no aparelho de Estado. No caso da operação Apito Dourado, ainda não sabemos até que ponto se estende a corrupção, mas não é descabido estabelecer uma analogia com a corrupção nos aparelhos de Estado (e nem é preciso ir até aos PMAs), afinal a corrupção funciona como um doença infecto-contagiosa, o contacto com aqueles que ela infectou é perigoso e não deve ser realisado sem tomadas as devidas precauções. O favorecimento ao "amigo" ou ao "compadre", pode parecer inofensivo para quem o pratica e para quem dele beneficia, mas constitui um elo (mesmo que involutário) numa corrente interminável que enstrangula, com cada escândalo, a democracia e o desenvolvimento.
Contudo, não podemos ser tão negativistas, é verdade que a corrupção é infecta, deplorável e merece toda a nossa condenação e repulsa, mas o facto de esta operação (bem como as outras) se ter desenrolado e as investigações estarem em curso demonstra, por um lado, a forma como a corrupção afecta o nosso país, por outro lado ficamos também a saber que o nosso sistema judicial não é tão mau como o pintam, que há magistrados sérios (e patriotas) e que a corrupção não atinge tudo, constituindo um aviso sério a todos os que estão a ponderar enverdar por essa via.
Lancei-me neste tema e foi no que deu...
Os meus speakers estão a 'ribombar' "Jesus Tød" de Burzum, curiosamente do mesmo 'círculo' que a banda que eu referi muitas linhas atrás.

Uma óptima semana e...que o Benfica ganhe, sem baixezas!

8.5.04

Origem

Avé!
Para começar, decidi explicar a razão do título deste blog.
Já devem ter reparado no endereço 'jp-prometheus'. Se "jp" não é estranho para ninguém que me conheça, "prometheus" já merece uma explicação. Caso não tenham reparado "Prometheus" significa Prometeu, essa figura da mitologia Grega que eu muito admiro. Prometeu foi um dos Titãs, a raça antiga dos deuses Gregos. Certamente, a maioria conhece o mito de "Prometeu agrilhoado", contra a vontade dos outros deuses, Prometeu concedeu uma série de dádivas aos Humanos, entre as quais o alfabeto e a inteligência, de acordo com Platão e a que o tornou mais conhecido, o fogo.
Contudo, Zeus retirou o fogo após ter sido enganado por Prometeu no que dizia respeito a um sacrifício, no qual Zeus apenas recebeu gordura e ossos, enquanto os Humanos receberam a carne.

Após Zeus ter retirado o fogo aos Humanos, Prometeu secretamente devolveu-o por formas ocultas, enganando mais uma vez Zeus. Quando este descobriu que tinha sido enganado, a sua cólera foi terrível. Criou Pandora, a fonte da queda dos Humanos (embora eu não ache que seja assim tão mau...) e acorrentou Prometeu a uma montanha. Para agravar o castigo, todos os dias uma águia atacava Prometeu e arrancava-lhe o fígado. Como Prometeu era imortal, o fígado voltava a nascer todas as noites e voltava a ser arrancado pela águia num tormento que parecia interminável.
O castigo de Prometeu terminou quando Hércules se colocou simbolicamente no seu lugar, e reconciliou-se com Zeus.

A História de Prometeu já está suficentemente bem documentada, se quiserem saber mais façam uma pesquisa. Prometeu para mim é uma figura com um significado simbólico que ultrapassa a mitologia. Prometeu constitui a ideia por trás de uma série de actos com vista ao engrandecimento Humano. O facto de se tratar de um deus que enganou o mais poderoso dos deuses em benefício dos Humanos constitui por si só, um motivo de homenagem. Eu vou até ao ponto de ligar Prometeu a Lúcifer e a todos os Humanos que vêem na Humanidade o motor da mudança e do engrandecimento.
Por hoje acho que vou ficar por aqui, para, espero eu, suscitar o vosso interesse. No futuro vou-lhes dar a oportunidade de mais uma vez entrarem nesta temática, ainda que de forma indirecta.

Bom fim-de-semana!

Grand opening...

Muito boa noite a quem quer que seja que está a ler isto!
Este é o post inaugural do meu blog que resulta de uma ideia que me passou pela cabeça a altas horas da noite quando eu já devia estar a dormir!
Mas enfim, se estás a ler isto é porque eu te falei deste blog e logo, és uma pessoa em quem eu confio minimamente, caso contrário não te dizia nada!
Aviso-te desde já que podes ficar abalado/a com algumas das coisas que eu vou escrever por aqui, talvez até mesmo chocado/a. Isso não vai mudar em nada o que eu vou escrever, a mente de cada Humano é um Reino privado no qual ninguém tem o direito de se imiscuir. Podem protestar se quiserem, mas não altero as minhas posições.
Já agora, quanto às alterações, elas vão surgindo conforme a inspiração, não esperem uma base periódica, posso estar duas semanas sem escrever nada, mas também posso escrever alguma coisa nova todos os dias se tiver alguma coisa para dizer.
Divirtam-se, dentro do possível!
João

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